sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Tentativa de golpe não teria ocorrido sem Bolsonaro, diz Lula

O presidente Lula (PT) falou na manhã desta quinta-feira (8) sobre a operação da Polícia Federal que mira o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus ex-ministros, assessores e chefes das Forças Armadas.

"O dado concreto é que houve uma tentativa de golpe. Houve tentativa de destruir uma coisa que construímos há muito tempo que é o processo democrático. Queremos saber quem financiou quem pagou quem financiava aqueles acampamentos para que nunca mais aconteça o que aconteceu no dia 8 de janeiro [de 2023]", disse Lula em entrevista à rádio Itatiaia.

"O cidadão [Bolsonaro] que estava no governo não estava preparado para ganhar, não estava preparado para perder, não estava preparado para sair, tanto é que não teve coragem e foi embora para os Estados Unidos, porque deve ter participado da construção dessa tentativa de golpe. Acho que não teria acontecido sem ele."

"As pessoas precisam aprender que eleição democrática a gente perde e a gente ganha quando a gente perde a gente lamenta quando a gente ganha a gente toma posse e governa", seguiu Lula.

"Ele [Bolsonaro] passou o tempo inteiro criando suspeição sobre urna. Tática que utilizou para criar na sociedade um descrédito. Quando você cria um descrédito, você pode fazer qualquer coisa, desmoraliza o processo."

A Polícia Federal cumpre na manhã desta quinta (8) mandados de busca e prisão contra ex-ministros de Bolsonaro e militares envolvidos na suposta tentativa de golpe para manter o ex-presidente no poder.

Um dos alvos é o próprio ex-presidente, ele terá que entregar o passaporte em 24 horas para a PF. Bolsonaro já foi condenado pelo TSE por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral e é alvo de diferentes outras investigações no STF (Supremo Tribunal Federal). Ele está inelegível até 2030.

Entre os alvos das medidas desta quinta-feira estão os ex-ministros general Augusto Heleno, Braga Netto e Anderson Torres. Também são alvos outros militares.

Ao todo, a PF cumpre quatro mandados de prisão preventiva e 30 mandados de busca e apreensão em 10 estados e no Distrito Federal. Entre os presos está o ex-assessor de Bolsonaro, Marcelo Câmara. O militar já era investigado no caso da fraude ao cartão de vacinação do ex-presidente.

Outro detido é Filipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais de Bolsonaro. Também é alvo de mandado de prisão Rafael Martins.

Entre os militares são alvos o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa e que comandou a investida do Exército contra as urnas, e o general Estevam Cals Theophilo Gaspar Oliveira, que era chefe do Comando de Operações Terrestres.

A PF também faz busca em endereços do ex-comandante da Marinha no governo Bolsonaro, Almir Garnier Santos.

A ação foi batizada de Tempus Veritatis e investiga uma organização criminosa que, diz a PF, atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito "para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder."

As medidas foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, no âmbito do inquérito das milícias digitais.

·        Bolsonaro não pode ter contato com investigados e nem sair do país

O ex-presidente Jair Bolsonaro também é alvo da operação Tempus Veritatis, deflagrada na manhã desta quinta-feira (8/2) pela Polícia Federal. A operação apura possível organização criminosa que atuou em tentativa de golpe. De acordo com informações do O Globo, Bolsonaro foi intimado nesta manhã em sua casa em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, está proibido de manter contato com os demais investigados, inclusive por meio de advogados. Ele também tem que entregar o passaporte em até 24 horas. 

 

Ø  “Quero que Bolsonaro tenha a presunção de inocência, que eu não tive”, diz Lula

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, em entrevista realizada à rádio Itatiaia nesta quinta-feira (8), que Jair Bolsonaro (PL) tenha presunção de inocência, após uma operação da Polícia Federal, deflagrada também nesta manhã, mirar ex-aliados do ex-presidente e o próprio Bolsonaro.

“Eu não quero fazer julgamento do que pode acontecer na Justiça brasileira”, afirmou Lula à Itatiaia. “O que eu quero é que o Bolsonaro tenha a presunção de inocência, que eu não tive. O que eu quero é que seja investigado e que seja apurado. Quem tiver responsabilidade pelos seus erros, que pague pelos seus erros.”

A respeito da operação em si – na qual foram cumpridos mandados contra Valdemar Costa Neto, Augusto Heleno, Anderson Torres e Walter Braga Netto, entre outros aliados de Bolsonaro –, Lula disse que não podia comentar muito.

“Eu sinceramente não tenho muitas condições de falar sobre uma ação da Polícia Federal porque isso é uma coisa sigilosa, é uma coisa da polícia, é uma coisa da Justiça, e não cabe ao presidente da República ficar dando palpite em uma atuação dessa”, afirmou o petista.

“Eu espero que a Polícia Federal faça a coisa do jeito mais democrático possível, que não haja nenhum abuso, que faça aquilo que a Justiça determinou que faça, e depois apresente para a sociedade o resultado daquilo que eles encontraram”, acrescentou.

Lula criticou, ainda, o comportamento de Bolsonaro nas eleições de 2022.

“As pessoas precisam aprender: eleição democrática a gente perde e a gente ganha. Quando a gente perde, a gente lamenta. Quando a gente ganha, a gente toma posse e governa o país”, disse. “O cidadão que estava no governo não estava preparado pra ganhar, não estava preparado pra perder, não estava preparado pra sair”

“Ele [Bolsonaro] deve ter participado da construção dessa tentativa de golpe”, afirmou o presidente. “Então vamos esperar as investigações. Eu espero que no tempo mais rápido possível a gente possa ter um resultado do que foi que verdadeiramente aconteceu no Brasil.”

 

Ø  Golpe: objetivo de políticos e militares era manter Bolsonaro no poder

 

Investigações da Polícia Federal (PF) apontam que políticos e militares se aliaram para uma suposta tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. O objetivo, segundo as apurações, era manter Jair Bolsonaro (PL) no poder e colocar em dúvida o resultado das eleições realizadas em 2022.

Na manhã desta quinta-feira (8/2), policiais federais cumprem quatro mandados de prisão preventiva e 33 de busca e apreensão em 10 estados da Federação no âmbito da Operação Tempus Veritatis.

Os alvos são aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Entre eles estão o presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto; o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Augusto Heleno; além dos ex-ministros Braga Netto e Anderson Torres.

Um dos presos foi Filipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência. O outro ex-assessor preso foi o coronel Marcelo Câmara, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Além dos mandados de busca e prisão, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou 48 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas.

Policiais federais cumprem as medidas judiciais nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.

·        O plano de golpe

Segundo a PF, o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.

O primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas Eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022.

O segundo eixo de atuação consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.

O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados, em apoio à Polícia Federal. Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

       “Se tiver que virar a mesa é antes das eleições”, disse Augusto Heleno em reunião com Bolsonaro

O ex-ministro general Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, afirmou, em reunião ministerial comandada pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL), que “se tiver que virar a mesa é antes das eleições”. O general, um dos principais conselheiros de Bolsonaro, disse ainda que era necessário “agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas”

A reunião aconteceu em julho de 2022 e fora convocada por Bolsonaro, de acordo com a Polícia Federal. Um vídeo da reunião foi encontrado no computador do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro durante o governo.

“Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições”, afirmou Augusto Heleno.

Os investigadores da PF sustentam que a fala do então ministro evidencia a necessidade de os órgãos de Estado vinculados ao governo federal atuarem para assegurar a vitória de Bolsonaro.

“Eu acho que as coisas têm que ser feitas antes das eleições. E vai chegar a um ponto que nós não vamos poder mais falar. Nós vamos ter que agir. Agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas. Isso pra mim é muito claro”, afirmou Heleno no encontro.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, ao autorizar a operação deflagrada nesta quinta-feira (8) escreveu em sua decisão que a descrição da reunião “nitidamente, revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo”.

 

Ø  Golpistas tinham apoio de militares com táticas de forças especiais

 

Alvos da Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira (8/2), bolsonaristas que organizavam uma tentativa de golpe de Estado tinham apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais para atuar à época das eleições presidenciais, em 2022.

Dos investigados pela PF nesta ação, ao menos 16 são militares.

Investigações apontam que o grupo se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas urnas, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.

Os militares divulgavam notícias falsas quanto a lisura das eleições de 2022. O objetivo era estimular seguidores a ficarem na frente de quartéis e instalações das Forças Armadas. Plano final seria criar o ambiente propício para o golpe de Estado.

Eles incitavam outros militares a aderirem ao Golpe de Estado, diretamente ou por meio de influenciadores nas redes sociais. Havia, ainda, apoio à ações golpistas, reuniões e planejamentos de ações para manter as manifestações em frente aos quartéis militares, incluindo mobilização, logística e financiamento de militares das Forças Especiais.

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Os alvos da ação da PF são aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Entre eles, estão o presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto; o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Augusto Heleno; além dos ex-ministros Braga Netto (Casa Civil) e Anderson Torres (Justiça).

Foram presos Filipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, e o coronel Marcelo Câmara, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro na Presidência e atual segurança do ex-presidente contratado pelo PL. De acordo com fontes da PF, Martins foi preso em Ponta Grossa (PR).

 

Ø  Operação contra ex-ministros de Bolsonaro é resultado de delação de Mauro Cid

 

A operação da Polícia Federal (PF) que mirou bolsonaristas nesta quinta-feira (8) teve como base a delação de Mauro Cid, segundo fontes da PF.

Entre os alvos estariam o próprio Bolsonaro, além do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Netos, além de ministros e assessores do ex-presidente.

A CNN apurou que os mandados foram autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), dentro do inquérito das milícias digitais.

De acordo com investigadores, “boa parte” das acusações que fundamentarem o cumprimento de prisões, buscas e apreensões tiveram confirmação na colaboração premiada de Mauro Cid.

Integrantes da PF afirmam que a delação vem produzindo resultados há alguns meses. A nova operação intitulada Tempus Vetitaris, que na tradução literal significa Hora da Verdade, seria o maior resultado obtido até agora.

“E alguns diziam que a delação era ruim”, disse à CNN uma fonte da Polícia Federal responsável pela operação.

Delações premiadas são utilizadas como meio de prova, por diversas investigações. O instrumento foi popularizado pela operação Lava Jato.

·        Exército foi informado sobre operação contra militares

O Exército foi comunicado pela Direção-Geral da Polícia Federal que haveria operação nesta quinta-feira (8) contra 16 militares da instituição.

“Estive pessoalmente com o General Tomás ontem. Ele destacou oficiais para acompanhar as diligências em vilas militares”, disse Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF, à CNN.

Trata-se de uma reunião protocolar de “respeito” entre as instituições.

 

Fonte: FolhaPress/CNN Brasil/Metropoles

 

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