segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

'Relíquia do passado': EUA veem OTAN como ferramenta para controlar a Europa, diz cientista político

Um cientista político especializado em relações exteriores descreveu a Aliança Atlântica como tendo de pintar ameaças na Rússia e na China para justificar o complexo militar-industrial dos EUA.

A existência da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) é uma relíquia da Guerra Fria a serviço dos interesses americanos, com o objetivo de impedir laços mais estreitos entre a Europa e a Rússia, disse um analista de relações exteriores baseado em Londres, Reino Unido.

Adriel Kasonta descartou os temores ocidentais de um ataque russo à OTAN como infundados, argumentando que tais temores são propagados para justificar os gastos militares e apoiar o complexo militar-industrial dos EUA.

"A OTAN é uma relíquia do passado que serve como uma ferramenta útil para manter esse ambiente de ameaça de possibilidade imaginária de conflito e serve como uma ferramenta para pressionar os europeus a não conduzirem sua própria política externa", declarou Kasonta.

Ele destacou os incentivos econômicos por trás da retratação da Rússia e agora da China como bichos-papões, e sugeriu que essas narrativas são projetadas para manter os países europeus alinhados com os objetivos políticos dos EUA e não com os seus próprios.

Kasonta também rejeitou a ideia de que a China domina o BRICS, sublinhando a confiança e a cooperação entre as nações na construção de um mundo multipolar, em que todos os países "têm a mesma voz".

O analista apoiou a avaliação de Vladimir Putin, presidente da Rússia, destacando o respeito mútuo e os objetivos comuns compartilhados pela Rússia e pela China em oposição a um mundo unipolar dominado pelos EUA. Ele criticou a incapacidade de Washington de se adaptar às mudanças na dinâmica do poder global, insistindo em uma ordem mundial em que as nações não sejam servas da potência hegemônica.

"O presidente Vladimir Putin, junto com o líder chinês XI Jinping [...] querem construir um mundo multipolar, onde seus respectivos interesses nacionais sejam respeitados por outros atores. Além disso, eles pretendem criar uma ordem mundial em que as nações mais fracas ou menores também tenham algo a dizer, em vez de serem submissas e subservientes a um único país", vê o cientista político.

 

Ø  OTAN defende intensificar produção de armas e preparar ‘confronto de décadas’ contra a Rússia

 

Em coletiva ao jornal alemão Welt am Sonntag, publicada neste sábado (10/02), o diplomata norueguês Jens Stoltenberg, secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), afirmou que os países membros da aliança militar foram aconselhados a incrementar a produção de armas nos próximos anos.

Segundo o chefe da OTAN, esse reforço na fabricação de novos armamentos deve ter como objeto a preparação para um possível “confronto de décadas” contra a Rússia.

“A OTAN não procura uma guerra com a Rússia, mas devemos nos preparar para um confronto que poderá durar décadas”, explicou Stoltenberg.

Em outro trecho da entrevista, o diplomata norueguês disse que os países da aliança devem “reconstruir e expandir sua base industrial o mais rapidamente, para aumentar o fornecimento à Ucrânia e reabastecer suas reservas próprias”.

“Isso significa passar do atual ritmo de produção mais lento, típico de tempos de paz, para uma produção rápida, mais adequada a tempos de conflito”, ressaltou.

·        Polêmica surgida na Alemanha

As declarações de Stoltenberg surgem em meio a um debate que acontece principalmente na Alemanha, após o ministro da Defesa desse país, Boris Pistorius, afirmar que Berlim está se preparando para um possível ataque de Moscou.

“A dissuasão é o único meio eficaz de se posicionar antecipadamente contra um agressor. Se formos atacados, devemos ser capazes de travar uma guerra. Isso é crucial. Temos de nos preparar para isso”, afirmou o ministro germânico.

 

Ø  Citando suposta ameaça da Rússia, Defesa da Dinamarca insta a acelerar investimentos militares

 

De acordo com Troels Poulsen, ministro da Defesa da Dinamarca, a Rússia "aumentou tremendamente" a produção militar e pode ter capacidade para "atacar mais cedo do que esperávamos".

A Dinamarca deve acelerar seus investimentos militares após novas informações indicarem que a Rússia está se rearmando mais rápido do que o esperado e que poderia atacar um país da OTAN dentro de três a cinco anos, afirmou na sexta-feira (9) o ministro da Defesa do país nórdico.

"A capacidade da Rússia de produzir equipamentos militares aumentou tremendamente", disse Troels Poulsen ao jornal dinamarquês Jyllands-Posten.

"Não se pode descartar a possibilidade de que, em um período de três a cinco anos, a Rússia teste o Artigo 5 e a solidariedade da OTAN. Não era essa a avaliação da OTAN em 2023. Trata-se de um novo conhecimento que está vindo à tona agora", disse ele.

Poulsen disse que não há ameaça direta contra a Dinamarca, mas a aliança poderia enfrentar ataques "híbridos" para desestabilizar um Estado-membro do bloco.

"A Rússia tem potencialmente a vontade de fazer isso. Agora eles também podem ter a capacidade militar mais cedo do que esperávamos. Há motivos para estarmos realmente preocupados", disse ele.

Nas últimas semanas vários Estados-membros da OTAN têm declarado um suposto aumento no nível da ameaça militar da Rússia.

Durante a sua entrevista a Tucker Carlson, um jornalista dos EUA renomado, Vladimir Putin, presidente da Rússia, sublinhou, em resposta a uma pergunta, que não tem nenhuns desígnios com a Polônia e a Letônia, mas acrescentou que responderá caso o território russo seja atacado. Putin também declarou previamente que a Rússia não tem quaisquer disputas territoriais com os Estados-membros da OTAN.

 

Ø  Chanceler: Hungria está sob ataque por defender negociações de paz na Ucrânia

 

A Hungria está sendo fortemente atacada pela comunidade transatlântica pela sua posição sobre o conflito na Ucrânia, em que apela a negociações entre Moscou e Kiev, disse à Sputnik o ministro das Relações Exteriores húngaro Peter Szijjarto.

"Nós sempre deixamos claro que a única maneira de salvar as vidas das pessoas dentro e em torno da Ucrânia é chegar ao fim desta guerra o mais rápido possível. E a única maneira de fazer isso é um cessar-fogo e negociações de paz. Essa é a nossa posição", disse ele.

O chanceler acrescentou que "estamos sob enorme ataque por esta nossa posição na comunidade transatlântica".

No entanto, de acordo com Szijjarto, a pressão externa não força Budapeste a mudar sua posição sobre o conflito na Ucrânia.

Desde o início do conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia em fevereiro de 2022, Budapeste tem defendido consistentemente um cessar-fogo e negociações de paz, tomando uma posição independente sobre a questão das sanções e dos laços econômicos com Moscou, bem como se recusando a fornecer armas a Kiev. A Hungria tem sido alvo de duras críticas e ameaças por sua recusa em seguir a linha de política externa da UE, mas até hoje não mudou sua posição em relação à Ucrânia.

 

Ø  EUA e Reino Unido escalaram a situação no Oriente Médio e no mar Vermelho, diz Irã

 

O Ministério das Relações Exteriores iraniano criticou Washington e Londres por atacar e violar a soberania do Iêmen.

Os EUA e o Reino Unido cometeram um erro estratégico ao atacar o Iêmen, eles estão contribuindo para a escalada da crise na região do Oriente Médio e no mar Vermelho em particular, disse o ministro das Relações Exteriores do Irã durante sua visita ao Líbano.

"Nosso ministro das Relações Exteriores sublinhou que os EUA e o Reino Unido cometeram um erro estratégico ao atacar o Iêmen, e acrescentou que os EUA e o Reino Unido, ao violarem a soberania e a integridade territorial do Iêmen, estão contribuindo para a escalada da crise na região e no mar Vermelho", informou o ministério.

O movimento governista Ansar Allah no norte do Iêmen, também conhecido como houthis, que controla grande parte da costa do mar Vermelho do Iêmen, advertiu anteriormente sobre sua intenção de atacar qualquer navio afiliado a Israel, pediu a outros países que chamassem suas tripulações de volta, e que ficassem longe deles no mar. Várias empresas de navegação decidiram suspender a navegação pelo mar Vermelho.

Os houthis afirmaram que suas ações no mar Vermelho tinham como objetivo influenciar as ações de Israel e ajudar os palestinos na Faixa de Gaza, e afirmaram que não estavam interferindo na liberdade de navegação na região. Países árabes e muçulmanos advertiram repetidamente os EUA de que o apoio incondicional às ações israelenses na Faixa de Gaza espalharia o conflito por toda a região.

Os EUA e o Reino Unido têm atacado alvos houthis desde meados de janeiro, que chamam de resposta à ameaça à liberdade de navegação no mar Vermelho. Mohammed al-Husi, membro do conselho político supremo do Ansar Allah, descreveu os ataques como barbárie terrorista e uma agressão deliberada e injustificada.

•        Chancelaria do Irã diz que tem trocado mensagens com os EUA sobre Hezbollah

O Irã e os Estados Unidos trocaram mensagens durante a guerra de quatro meses de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza, inclusive sobre o Hezbollah, disse o ministro das Relações Exteriores iraniano neste sábado (10).

"Durante esta guerra e nas últimas semanas, houve uma troca de mensagens entre o Irã e a América", afirmou Hossein Amirabdollahian através de um tradutor em uma conferência de imprensa que encerrou sua visita de um dia a Beirute segundo a Reuters.

O Hezbollah tem trocado tiros quase que diariamente com os militares israelenses ao longo da fronteira para apoiar o Hamas, e prometeu "lutar até ao fim" caso Tel Aviv lance uma guerra total contra o Líbano.

Amirabdollahian alertou Israel contra tomar quaisquer medidas em direção a uma guerra mais ampla contra o Líbano, dizendo que esse seria o "último dia" do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. O chefe da política externa iraniana disse que Teerã vê uma solução política como a única maneira de acabar com a guerra em Gaza, relata a mídia.

"O Irão e o Líbano confirmam que a guerra não é a solução, e que absolutamente nunca procuramos expandi-la", disse Amirabdollahian ao lado do seu homólogo libanês, Abdallah Bou Habib.

Ele também disse que Teerã estava em negociações com a Arábia Saudita sobre uma solução política para as hostilidades em Gaza.

O Hamas propôs esta semana um cessar-fogo de quatro meses e meio, durante o qual os restantes reféns detidos pelo grupo seriam libertados, Israel retiraria as suas tropas de Gaza e seria alcançado um acordo sobre o fim da guerra.

Netanyahu chamou os termos do Hamas de "ilusórios" e prometeu continuar lutando. Mas Amirabdollahian disse que o Hamas estava a apresentar ideias baseadas em uma "visão realista" e que deveriam ser amplamente apoiadas para pôr fim à guerra.

 

Fonte: Sputnik Brasil/Opera Mundi

 

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