O que esperar de Hezbollah, Israel e Irã
após morte de Hassan Nasrallah?
O assassinato de Hassan Nasrallah por Israel, o líder de longa data do Hezbollah, representa uma
grande escalada na guerra entre o país e o grupo militante libanês.
Os acontecimentos dos
últimos dias aproximaram ainda mais o Oriente Médio de um conflito muito mais
amplo e ainda mais prejudicial, que envolve tanto o Irã quanto os Estados
Unidos.
Os ataques israelenses
contra alvos do Hezbollah continuaram ao longo deste sábado (28/9), com as
Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmando terem matado mais uma figura da
liderança do grupo libanês.
Mas o que pode
acontecer daqui para frente?
A resposta para essa
pergunta depende, em grande parte, de outras três questões básicas.
·
O que esperar do
Hezbollah?
O Hezbollah está se
recuperando após sofrer um golpe atrás do outro.
Sua estrutura de
comando foi decapitada, com mais de uma dúzia de comandantes de alto escalão
assassinados. Suas comunicações foram sabotadas com as detonações chocantes de seus pagers e walkie-talkies, e muitas de suas armas foram destruídas em ataques aéreos.
"A perda de
Hassan Nasrallah terá implicações significativas, potencialmente
desestabilizando o grupo e alterando suas estratégias políticas e militares no
curto prazo", diz o analista de segurança do Oriente Médio baseado nos EUA
Mohammed Al-Basha.
Mas qualquer
expectativa de que esta organização veementemente anti-Israel desista de
repente e busque a paz nos termos de Israel está provavelmente equivocada.
Na manhã deste domingo
(29/9), as forças de Israel afirmaram ter identificado mísseis cruzando do
Líbano para Israel, que dizem ter caído em áreas abertas.
O Hezbollah já
prometeu continuar em sua luta. O grupo ainda tem milhares de combatentes,
muitos deles veteranos recentes de combate na Síria - e todos eles parecem
estar exigindo vingança.
A organização libanesa
ainda tem um arsenal substancial de mísseis, com muitas armas de longo alcance
e guiadas com precisão que podem atingir Tel Aviv e outras cidades israelenses.
Certamente haverá
pressão dentro das fileiras do Hezbollah para usá-las em breve, antes que
também sejam destruídas.
Mas se o grupo de fato
decidir usar essas armas, em um ataque em massa que sobrecarregue as defesas
aéreas de Israel e mate civis, a resposta de Israel provavelmente será
devastadora, causando estragos na infraestrutura do Líbano ou até mesmo se
estendendo ao Irã.
·
O que esperar do Irã?
O assassinato de
Hassan Nasrallah é um golpe tanto para o Irã quanto para o Hezbollah. Teerã
anunciou cinco dias de luto após a morte do líder do grupo libanês.
O líder supremo
iraniano, aiatolá Ali Khamenei, disse que o ataque "não ficará sem
vingança".
Segundo Khamenei, a
ofensiva contrária a Israel se tornará "ainda mais poderosa".
Ele disse ainda que,
embora a frente de resistência tenha perdido um "porta-estandarte
notável" e o Líbano tenha perdido um "líder incomparável", o
Hezbollah se tornará mais forte.
O país, porém, tomou
uma série de precauções de emergência, como esconder Ali Khamanei caso ele
também seja alvo de tentativas de assassinato.
O Irã ainda não
retaliou pelo assassinato em julho do líder político do Hamas Ismail Haniyeh em
Teerã, um golpe que foi considerado uma grande humilhação para o país, segundo
especialistas.
Mas os últimos
acontecimentos devem fazer com que os membros linha-dura do regime iraniano
contemplem algum tipo de resposta.
O Irã tem uma galáxia
inteira de milícias aliadas fortemente armadas ao redor do Oriente Médio, que
compõem o chamado "Eixo da Resistência".
Além do Hezbollah e do
Hamas, o eixo é formado pelos houthis no Iêmen e vários grupos na Síria e no
Iraque. O Irã poderia muito bem pedir a esses grupos que intensificassem seus
ataques às bases israelenses e americanas na região.
Mas qualquer que seja
a resposta escolhida pelo Irã, o país provavelmente calibrará seus cálculos
para que suas consequências parem pouco antes de desencadear uma guerra que não
pode esperar vencer.
Nenhum dos lados quer
uma guerra regional em grande escala, mas ao mesmo tempo ninguém quer parecer
fraco.
·
O que esperar de
Israel?
Se ainda restavam
dúvidas antes da morte de Hassan Nasrallah, elas provavelmente desapareceram
agora.
Israel claramente não
tem intenção de pausar sua campanha militar para o cessar-fogo de 21 dias
proposto por 12 nações, incluindo seu aliado mais próximo, os Estados Unidos.
Os ataque aéreos
israelenses continuam neste domingo, com mais alvos do Hezbollah na mira.
As IDF afirmaram ter
matado outra figura de liderança do Hezbollah no sábado. Segundo os militares
israelenses, Nabil Qaouk, chefe do conselho de segurança preventiva do
Hezbollah e membro-chave do seu conselho central, foi morto por caças.
Neste domingo, Israel
afirmou ainda que atingiu "dezenas" de alvos do Hezbollah durante a
noite. Segundo a imprensa libanesa, pelo menos 15 pessoas foram mortas
Israel acredita ter o
Hezbollah na defensiva agora, o que provavelmente significa que vai querer
continuar com sua ofensiva até que a ameaça que os mísseis do grupo libanês
representam seja removida.
Mas a menos que o
Hezbollah ceda - o que é improvável - é difícil imaginar como Benjamin
Netanyahu pode atingir seus objetivos em relação ao grupo sem uma operação por
terra.
As IDF divulgaram
imagens de um treinamento da sua infantaria perto da fronteira para esse
propósito.
Mas o Hezbollah também
passou os últimos 18 anos, desde o fim da última guerra, treinando para lutar
na próxima.
Em seu último discurso
público antes de sua morte, Nasrallah disse a seus seguidores que uma incursão
israelense no sul do Líbano seria, em suas palavras, "uma oportunidade
histórica".
Para as IDF, entrar no
Líbano seria relativamente fácil. Mas sair poderia - como acontece em Gaza -
levar meses.
¨ O dilema do Irã em se envolver ou não em disputa do aliado
Hezbollah com Israel
Muitos conservadores
linha-dura do Irã estão ficando preocupados com a falta
de atitude do país, à medida que Israel ataca o grupo armado libanês Hezbollah, seu aliado mais
próximo e de longa data.
Quando o presidente
iraniano, Masoud Pezeshkian, discursou na Assembleia Geral da ONU na
terça-feira (24/9), ele criticou a guerra de Israel em Gaza e alertou que os ataques ao Líbano não
poderiam ficar sem resposta.
Mas Pezeshkian, eleito
em julho, adotou um tom mais conciliador do que seus antecessores linha-dura,
evitando a retórica voltada para a aniquilação do arqui-inimigo da República
Islâmica.
"Buscamos a paz
para todos, e não temos intenção de entrar em conflito com nenhum país",
ele declarou.
O presidente também
anunciou a disposição do seu governo de retomar as negociações nucleares com as
potências ocidentais, dizendo: "Estamos prontos para interagir com os
participantes do acordo nuclear de 2015".
Outras autoridades
iranianas de alto escalão e comandantes do Corpo da Guarda Revolucionária
Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) também estavam sendo excepcionalmente
contidos ao manifestar suas intenções de se vingar de Israel pelas ações contra
seu país e seus principais aliados, o Hamas e o Hezbollah.
Mas o ataque de Israel
nesta sexta-feira (27/9) que matou o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, pode
mudar o cenário.
O líder supremo
iraniano, aiatolá Ali Khamenei, disse que o ataque "não ficará sem
vingança".
Segundo Khamenei, a
ofensiva contrária a Israel se tornará "ainda mais poderosa".
Ele disse ainda que,
embora a frente de resistência tenha perdido um "porta-estandarte
notável" e o Líbano tenha perdido um "líder incomparável", o
Hezbollah se tornará mais forte.
·
Relação entre Irã e Hezbollah
O Irã armou, financiou
e treinou o Hamas e o Hezbollah, mas os líderes de Teerã contam com o Hezbollah
como um importante meio de dissuasão para impedir ataques diretos de Israel ao
seu país.
O apoio iraniano tem
sido fundamental para a transformação do Hezbollah na força armada e ator
político mais poderoso do Líbano desde que o IRGC ajudou a fundar o grupo na
década de 1980.
O Irã é o principal
fornecedor das armas que o Hezbollah pode usar contra Israel, especialmente
mísseis avançados e drones, e os EUA já alegaram anteriormente que o país
também disponibiliza cerca de US$ 700 milhões em fundos anualmente.
Na semana passada,
Mojtaba Amani, embaixador do Irã no Líbano, ficou gravemente ferido quando
seu pager explodiu na embaixada em Beirute. Outros milhares de pagers e walkie-talkies usados
por membros do Hezbollah também explodiram em
dois ataques que mataram 39 pessoas no total.
O Irã culpou Israel,
mas não fez nenhuma ameaça pública imediata de retaliação.
Em contrapartida,
quando Israel atacou o consulado iraniano em Damasco, capital da Síria, em abril, matando oito
comandantes de alto escalão das Forças Quds do IRGC, o
Irã respondeu rapidamente lançando
centenas de drones e mísseis contra Israel.
O Irã também prometeu
retaliar depois de culpar Israel pelo assassinato do líder político do
Hamas, Ismail Haniyeh, em
Teerã, no fim de julho, embora ainda não tenha anunciado nenhuma operação.
Um ex-comandante do
IRGC disse à BBC que ameaçar Israel repetidamente, sem cumprir as ameaças,
estava prejudicando ainda mais a credibilidade da força entre seus apoiadores
dentro do Irã e seus representantes no exterior.
Na segunda-feira
(23/9), o presidente Pezeshkian disse a membros da imprensa americana, em Nova
York, que Israel estava tentando atrair o Irã para uma guerra.
"O Irã está
pronto para aliviar as tensões com Israel e depor as armas, se Israel fizer o
mesmo", ele insistiu.
Alguns conservadores
linha-dura próximos ao líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, criticaram
o presidente por falar em aliviar as tensões com Israel, afirmando que ele
deveria reconhecer sua posição e evitar dar entrevistas ao vivo.
Pezeshkian deveria
participar de uma coletiva de imprensa em Nova York na quarta-feira (25/9), mas
ela foi cancelada. Não ficou claro se ele foi forçado a cancelar por causa de
seus comentários.
No Irã, o poder está
nas mãos do aiatolá Khamenei e do IRGC. São eles que tomam as principais
decisões estratégicas, e não o presidente.
Barak Ravid, um
jornalista israelense do site de notícias americano Axios, informou na
terça-feira que duas autoridades israelenses e diplomatas ocidentais indicaram
que o Hezbollah estava pedindo ao Irã que ajudasse o grupo a atacar Israel. As
autoridades israelenses afirmaram que o Irã havia dito ao Hezbollah que "o
momento não é adequado", segundo Ravid.
Na semana passada, o
apresentador do programa iraniano de televisão Maydan, conhecido por ter
vínculos com o IRGC, citou fontes da inteligência iraniana afirmando que Israel
também "havia realizado uma operação especial no mês passado, matando
membros do IRGC e roubando documentos".
Ele afirmou que a
imprensa iraniana havia sido proibida de noticiar o incidente, que supostamente
aconteceu no interior do Irã, e que as autoridades estavam tentando controlar a
narrativa.
Em resposta, a agência
de notícias Tasnim, que também é ligada ao IRGC, negou as alegações.
A República Islâmica
se encontra em uma situação precária. O país teme que um ataque a Israel possa
provocar uma resposta militar dos EUA, arrastando o país para um conflito mais
amplo.
Com uma economia
estagnada devido às sanções dos EUA e à contínua turbulência interna, um
potencial ataque dos EUA contra o IRGC poderia enfraquecer ainda mais o aparato
de segurança do regime, encorajando possivelmente os opositores iranianos a
rebelarem mais uma vez.
No entanto, se o Irã
se abster de intervir diretamente no conflito do Hezbollah com Israel, corre o
risco de enviar um sinal a outras milícias aliadas na região de que, em tempos
de crise, a República Islâmica pode priorizar sua própria sobrevivência e interesses,
em detrimento dos delas.
Isso poderia
enfraquecer a influência e as alianças do Irã em toda a região.
¨ 'Com ataque a Beirute que matou líder do Hezbollah, Israel deixa
Ocidente impotente'
É hora de parar de
falar sobre o Oriente Médio estar à beira de uma guerra muito mais séria. Após
o devastador ataque israelense que matou o líder do Hezbollah Hassan
Nasrallah, parece que a região já foi arrastada para
esse cenário.
A série de explosões
que atingiram Beirute na noite de sexta-feira (27/9) e na manhã deste sábado
(28) foi uma das mais poderosas ouvidas em qualquer uma das guerras do Líbano,
me relatou uma amiga que está na cidade.
A morte de Nasrallah
foi confirmada pelo Hezbollah em um
comunicado, no qual o grupo também prometeu "continuar sua luta"
contra Israel e seu apoio contínuo a Gaza e Palestina, defendendo "o
Líbano e seu povo firme e honrado".
Segundo os militares
israelenses, outros comandantes do Hezbollah também foram mortos durante o que
foi descrito como um “ataque direcionado” à sede do grupo em Dahieh, um
subúrbio da capital libanesa.
Mas esse não foi o
último bombardeio de Israel na sexta. Os militares israelenses
anunciaram que continuariam atacando alvos do Hezbollah e as explosões
continuaram na manhã deste sábado, com registros de fumaça no céu de Beirute.
Durante a sexta-feira,
antes dos ataques, havia esperanças, embora tênues, de que o primeiro-ministro
israelense Benjamin Netanyahu estivesse
pelo menos considerando discutir uma proposta de cessar-fogo de 21 dias. Ela
veio dos EUA e da França e foi apoiada pelos aliados ocidentais mais
significativos de Israel.
Mas em um discurso
tipicamente desafiador e por vezes agressivo na Assembleia Geral da ONU em Nova
York, Netanyahu não falou sobre diplomacia.
Ele disse que Israel
não tinha escolha a não ser lutar contra inimigos selvagens que buscavam sua
aniquilação. O Hezbollah seria derrotado — e haveria vitória total sobre o
Hamas em Gaza, o que garantiria o retorno dos reféns israelenses, afirmou.
Longe de serem
"cordeiros levados ao abate" — uma frase às vezes usada em Israel
para se referir ao Holocausto nazista — Israel estava vencendo, disse ainda
Netanyahu.
O enorme ataque em
Beirute registrado pouco depois de ele terminar seu discurso foi um sinal ainda
mais enfático de que uma trégua no Líbano não está na agenda de Israel.
Seria viável que o
ataque tivesse sido programado para dar sequência às ameaças de Netanyahu de
que Israel poderia, e iria, atingir seus inimigos, onde quer que estivessem.
O Pentágono, o
departamento de defesa dos EUA, disse que não recebeu nenhum aviso prévio de
Israel sobre o ataque.
Uma foto divulgada
pelo gabinete do primeiro-ministro em Jerusalém mostrou Netanyahu cercado por
equipamentos de comunicação no que parecia ser seu hotel na cidade de Nova
York. Segundo a legenda da imagem, trata-se do momento em que ele autorizou o
ataque a Beirute.
O Secretário de Estado
dos EUA, Antony Blinken, defendeu as soluções para o Oriente Médio nas quais
vem trabalhando por meses. Ele disse que ainda havia espaço para negociação -
uma afirmação que parece vazia.
Os americanos têm
poucas vantagens para usar contra qualquer um dos lados dessa disputa.
Eles não podem, por
lei, falar com o Hezbollah e o Hamas, pois classificam os grupos como
organizações terroristas estrangeiras. Com as eleições nos EUA a apenas algumas
semanas de distância, a Casa Branca está ainda menos propensa a pressionar
Israel do que no ano passado.
Vozes poderosas no
governo e no Exército de Israel já queriam ter atacado o Hezbollah nos dias
após os ataques do Hamas em outubro de 2023. Eles argumentaram que poderiam dar
um golpe decisivo em seus inimigos no Líbano.
Os americanos os
persuadiram a não seguir esse caminho naquele momento, argumentando que os
problemas que tal ação poderia causar na região compensavam qualquer benefício
potencial de segurança para Israel.
Mas, no decorrer do
último ano, Netanyahu adquiriu o hábito de desafiar os desejos do
presidente Joe Biden sobre a maneira
como Israel deve atuar no conflito.
Apesar de fornecer a
Israel as aeronaves e bombas usadas no ataque a Beirute, o presidente Biden e
sua equipe foram meros espectadores de tudo que aconteceu.
A política do líder
americano no último ano, como um apoiador vitalício de Israel, foi tentar
influenciar Netanyahu mostrando solidariedade e apoio, entregando armas e
proteção diplomática.
Biden acreditava que
poderia persuadir Netanyahu não apenas a mudar a maneira como Israel estava
agindo — o presidente americano disse repetidas vezes que o país estava impondo
muito sofrimento e matando muitos civis palestinos — mas a aceitar um plano americano
para o futuro que se baseava na criação de um Estado palestino independente ao
lado de Israel.
Netanyahu rejeitou a
ideia de imediato e ignorou o conselho de Joe Biden.
Após o ataque a
Beirute, Blinken repetiu seu argumento de que uma combinação entre dissuasão e
diplomacia havia evitado uma guerra mais ampla no Oriente Médio. Mas, à medida
que os eventos fogem do controle dos EUA, ele está cada vez menos convincente.
Grandes decisões estão
por vir. Primeiro, com ou sem Nasrallah, o Hezbollah terá que decidir como usar
seu arsenal de armas restante. Eles tentarão organizar um ataque muito mais
pesado contra Israel? O grupo pode entender que, se não usar seus foguetes e
mísseis que ainda estão armazenados, Israel vai causar ainda mais destruição do
seu lado da fronteira.
Os israelenses também
devem tomar decisões com consequências importantes. Já se fala sobre uma
operação terrestre contra o Líbano e, embora ainda não tenha mobilizado todas
as reservas de que pode precisar, uma invasão está na agenda de Israel.
E alguns no Líbano
acreditam que, no caso de uma guerra terrestre, o Hezbollah poderia anular
algumas das forças militares de Israel.
Diplomatas ocidentais,
entre eles os aliados mais fiéis de Israel, esperavam acalmar as coisas,
instando Israel a aceitar uma solução diplomática.
Eles agora observarão
os eventos com consternação e também com uma sensação de impotência.
Fonte: BBC News
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