Novo
sistema de relações internacionais está se formando no Sahel após golpes de
Estado, diz analista
Um
novo sistema sub-regional de relações internacionais começou a se formar no
Sahel após os golpes de Estado em Burkina Faso, Níger e Mali, disse Nikita
Panin, especialista do Centro de Estudos Africanos da Escola Superior de
Economia russa, à Sputnik.
De
acordo com ele, os países do Sahel desenvolveram em pouco tempo um modelo de
cooperação coletiva baseado em abordagens diferentes das europeias.
"Elas
diferem dos fundamentos neofuncionais que foram ideologicamente formados nos
países ocidentais e aperfeiçoados nos exemplos da integração europeia, sobre os
quais a maioria das integrações africanas também é construída. Portanto,
estamos vendo agora ali um novo modelo sub-regional de relações internacionais
tomando forma gradualmente", disse.
Em
sua opinião, a principal conclusão é que os novos regimes militares nos países
do Sahel acabaram conseguindo provar sua sustentabilidade, e até mesmo ter um
amplo apoio popular.
"Além
disso, isso foi feito com uma revisão radical dos fundamentos da política
externa desses países e, ainda mais importante, das prioridades do
desenvolvimento nacional e das abordagens para atingir essas metas",
acrescentou, sublinhando a virada desses países das antigas metrópoles para a
Rússia.
Isso
se deve, entre outras razões, ao fato de esses países precisarem de fortalecer
sua soberania, segurança e desenvolver o setor social.
"Esses
países viram a Rússia como um parceiro compreensivo e pragmático", disse.
Assim,
em 2019 pela primeira vez foi realizada uma cúpula Rússia-África em Sochi,
reunindo quase todos os líderes de um dos maiores continentes para discutir a
cooperação econômica com a Rússia. A segunda cúpula ocorreu em julho de 2023,
em São Petersburgo.
Ao
mesmo tempo, o Ocidente perdeu muito durante os últimos anos por causa desses
processos, mas "isso não é motivo para descartá-lo completamente, nem
anula suas relações com os países do continente".
O
especialista atribuiu a redução da presença do Ocidente na África ao fato de o
antigo modelo de interação, quando os países ocidentais exportavam recursos
brutos da África e, assim, alimentavam suas economias, não estar mais
funcionando.
Os
países africanos estão adaptando sua legislação de acordo com as exigências da
época e levando em conta as ofertas mais favoráveis apresentadas por novos
parceiros, razão pela qual a concorrência no continente está se intensificando
e assumindo novas formas.
"Não
se pode descartar outros atores que, na verdade, não são menos importantes:
seja o Japão ou a Coreia do Sul, a Turquia ou o Brasil. Cada país tem seu
próprio paradigma de relações com a África, seus próprios pontos de vista e
suas próprias abordagens. E isso, é claro, cria um vórtice bastante complexo de
relações internacionais com os países do continente, no qual é preciso ser
capaz de se encaixar corretamente", concluiu.
De
2021 até 2023 os militares chegaram ao poder em três países do Sahel: o Mali,
Burkina Faso e o Níger. Os novos governos começaram a repensar a política
externa e suas relações com as antigas metrópoles e os Estados Unidos.
As
novas autoridades exigiram que os contingentes militares estrangeiros dos EUA e
da França saíssem de seus países.
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Mali, Níger e Burkina
Faso pedem à ONU medidas contra Kiev por apoiar terrorismo na região do Sahel
As
missões permanentes de Mali, Níger e Burkina Faso conclamaram o Conselho de
Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para tomar medidas contra a
Ucrânia por seu apoio ao terrorismo no Sahel.
É o
que sinaliza a carta conjunta elaborada pelas nações nesta terça-feira (20).
"Através
desta carta conjunta, os ministros das Relações Exteriores de Burkina Faso, do
Mali e do Níger apelam ao Conselho de Segurança da ONU para que assuma a sua
responsabilidade relativamente à escolha deliberada da Ucrânia de apoiar o
terrorismo em África, em particular na região do Sahel", indicaram os três
países no documento ao qual a Sputnik teve acesso.
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Apoio
Em
meio a um conflito armado que já dura mais de 12 anos no Mali e que deixou
cerca de 8,8 milhões de pessoas em situação de fome, a Ucrânia é acusada de
apoiar grupos terroristas no Sahel que trazem ainda mais instabilidade para a
região. Enquanto países rompem relações com Kiev em retaliação, o Ocidente
seguirá calado frente à situação?
Desde
o fim do último mês, autoridades do Mali e da Mauritânia, na região do Sahel
africano, investigam o envolvimento de instrutores militares e da inteligência
ucraniana com rebeldes separatistas apoiados por grupos como o Daesh (também
conhecido como Estado Islâmico, organização terrorista proibida na Rússia e em
outros países), o que gera uma situação constante de insegurança, deslocamento
em massa e situação humanitária caótica.
Em
retaliação às intervenções, o Mali e o Níger, em solidariedade, decidiram
romper relações diplomáticas com Kiev. Enquanto isso, a Rússia, que está em
conflito com a Ucrânia e conta com amplo apoio dos países africanos em meio à
histórica cooperação no continente, declarou por meio da representante oficial
do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, que o apoio ucraniano
aos terroristas não surpreende, e pediu a atenção da comunidade internacional à
atuação de Kiev.
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Especialista:
proibição ucraniana à Igreja Ortodoxa se encaixa na 'agenda globalista' do
Ocidente
A
nova legislação ucraniana que proíbe a igreja Ortodoxa está em conformidade com
a "agenda globalista" perseguida pelo Ocidente, disse o ex-oficial do
Exército dos EUA, Scott Bennett, à Sputnik.
A
Suprema Rada (parlamento da Ucrânia) aprovou a leitura final de um projeto de
lei que proíbe a Igreja Ortodoxa Ucraniana canônica na terça-feira (20). A lei
deve entrar em vigor em 30 dias.
A
estratégia depende da proibição de instituições religiosas para impedir que as
pessoas pratiquem o culto religioso, além de mirar em igrejas, disse o
ex-analista de contraterrorismo do Departamento de Estado dos EUA e ex-oficial
de guerra psicológica, Scott Bennett.
"A
liderança ucraniana está usando a tática de uma caça às bruxas política e
tentando rotular a ortodoxia religiosa como uma operação militar secreta da
inteligência russa", observou Bennett.
A
aprovação da lei confirma a "corrupção absoluta do parlamento
ucraniano", disse ele, lembrando que o mandato presidencial de Vladimir
Zelensky expirou em maio e, portanto, ele não pode mais ratificar atos do
parlamento.
"A
Ucrânia adotando um projeto de lei que proíbe a igreja ortodoxa ucraniana abre
a porta para a Rússia ser a defensora da salvação religiosa", disse
Bennett, acrescentando que isso poderia redefinir a Rússia como um país
"se levantando para preservar o direito do povo ucraniano de adorar a Deus
da maneira religiosa ortodoxa que eles praticam há centenas de anos".
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Castells: por que o
Ocidente não deve bulir com a China
Hangzhou
continua balançando às margens de seu belo lago, que se tornou um destino
preferido para luas de mel. Antigo centro do comércio de seda facilitado pelo
majestoso rio que a atravessa, tem uma significativa história cultural e
política, que continua se renovando. Mas a cidade que conheci em 1987
desapareceu. Em seu lugar surgiu uma metrópole de 12 milhões de pessoas, um nó
global do setor de comércio pela internet. Ali está a Alibaba, a maior empresa
de e-commerce do mundo em número de usuários, maior que a
Amazon, com 220 mil trabalhadores e tecnologia de ponta, baseada na nuvem e
desenvolvida por seus engenheiros.
Em
torno dessa companhia proliferaram empresas auxiliares e de serviços. Juntas,
formam um complexo industrial altamente competitivo, com modelo de negócio
próprio, baseado em combinar plataformas de entrega a domicílio com a conexão
entre fornecedores, seus clientes e empresas financeiras que investiram em
todos os mercados.
O
fundador da Alibaba, o lendário inovador Jack Ma, tentou criar um império
financeiro mediante oferta de ações no mercado internacional sem permissão de
Pequim. Foi aí que percebeu que o capitalismo chinês não é como os outros;
então, aposentou-se e vive em Tóquio.
Mas
onde parece haver ser restrições ao crescimento empresarial está, na verdade,
um fator de solidez da economia chinesa. Pois, após várias crises bancárias
devidas a operações especulativas, o governo vigia de perto os movimentos do
mercado para evitar que sejam ultrapassados limites razoáveis na ambição de
expandir o capital sobre bases pouco sólidas.
De
fato a China, indiscutivelmente o milagre econômico do século XXI, não é
capitalista, mas desenvolveu um híbrido entre a competitividade de suas
empresas no mercado global – necessariamente capitalista – e um sistema
financeiro interno e serviços públicos geridos pelo Estado. A isso se
acrescenta uma visão estratégica sobre onde devem estar os investimentos e os
desenvolvimentos tecnológicos em um mundo em plena digitalização, que tem sua
máxima expressão na China com o celular como gestor absoluto de toda a vida
cotidiana e robôs, desenhados por estudantes, que entregam a comida.
No
entanto, a verdadeira força da China reside na coesão social de sua sociedade,
ancorada na família, que resiste aos impactos do desemprego juvenil e das
aposentadorias insuficientes. Junto à estabilidade proporcionada por um Partido
Comunista onipresente, legitimado por uma ideologia nacionalista frente ao
estrangeiro e que estrutura a sociedade. De democracia, nem sinal, mas nunca
existiu na China, e a grande maioria das pessoas valoriza, acima de tudo, seu
bem-estar material e sua estabilidade.
A
sombra inquietante é que a China se sinta ameaçada pelos Estados Unidos e se
prepare para a guerra comercial e para a outra. Enfrentar essa China, coesa,
desenvolvida e tecnologicamente avançada, seria um gravíssimo erro histórico.
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Biden aprova nova
estratégia nuclear para os EUA com foco em contenção sino-russa
O
presidente dos EUA, Joe Biden, aprovou em março uma estratégia nuclear secreta
para os Estados Unidos. Pela primeira vez, um plano é descrito para conter a
China à medida que o seu arsenal nuclear cresce, relata o The New York Times.
Além
disso, a doutrina norte-americana foca na preparação para um embate contra uma
aliança entre Pequim, Pyongyang e Moscou.
"A
Casa Branca não anunciou a aprovação da estratégia revista, chamada Orientação
de Postura Nuclear, que também descreve pela primeira vez os preparativos dos
EUA para possíveis desafios nucleares coordenados da China, Rússia e Coreia do
Norte", disse a reportagem.
Segundo
a publicação, o documento é tão secreto que não está disponível em formato
digital, mas apenas impresso e acessível a um pequeno número de líderes
militares do Pentágono e de responsáveis pela
Segurança Nacional.
O
jornal informa que o arquivo menciona pela primeira vez a reorientação da
estratégia de contenção, focada na rápida expansão dos seus arsenais nucleares
pela China.
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China diz que EUA são
fonte de maior ameaça nuclear em resposta a nova estratégia secreta de Biden
A
China expressa séria preocupação com as informações sobre a aprovação de uma
estratégia nuclear secreta pelo presidente dos EUA, Joe Biden, sublinhando que
os EUA são a maior fonte de risco estratégico de ameaça nuclear do mundo, disse
a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, na
quarta-feira (21).
Recentemente,
o The New York Times informou que o presidente dos EUA, Joe Biden, aprovou em
março uma estratégia nuclear secreta que, pela primeira vez, fala de um plano
para conter a China em meio ao crescente arsenal nuclear chinês, além de
referir as alegadas ameaças conjuntas de Pequim, Pyongyang e Moscou.
"A
China está seriamente preocupada com essas informações", afirmou a
diplomata em uma coletiva de imprensa.
Nos
últimos anos, disse ela, os Estados Unidos têm promovido continuamente a
chamada teoria da "ameaça nuclear chinesa", que na realidade é apenas
"um pretexto para fugir de suas próprias obrigações de desarmamento
nuclear".
A
diplomata observou que, atualmente, os Estados Unidos são "o maior criador
de riscos de ameaça nuclear estratégica do mundo".
Ning
enfatizou que a escala do arsenal nuclear da China é bem diferente da dos EUA.
Além
disso, a China defende a política de não usar as armas nucleares primeiro,
defende estritamente uma estratégia de autodefesa nuclear e mantém suas
capacidades nucleares no nível mínimo necessário para garantir a segurança
nacional.
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Força Aérea dos EUA
realizará exercício no Pacífico para treinar conflito com China, relata mídia
A
Força Aérea dos EUA vai realizar exercícios no Pacífico no próximo verão
europeu para testar sua capacidade de mobilização no caso de um possível
conflito com a China, informou a revista Defence One, citando o chefe do
Estado-Maior da Força Aérea dos EUA, general David Allvin.
Segundo
o artigo, o próximo exercício vai ser chamado 25 REFORPAC e será parte do
exercício conjunto Talisman Sabre entre a Austrália e os EUA.
"Chamamos
nosso exercício de verão de 25 REFORPAC, ou seja, voltando ao Pacífico em uma
escala maior. Estamos o integrando aos planos de campanha do INDOPACOM [Comando
Indo-Pacífico dos Estados Unidos] e à abordagem das Forças Aéreas do Pacífico
para apoiá-los e, portanto, estamos o integrando à atividade do comando, mas
estamos fazendo isso de uma forma mais robusta", afirmou o general, citado
pela Defence One.
O
exercício vai durar 14 dias e vai reunir unidades do Alasca, Havaí, Guam e do
território continental dos EUA para "praticar a operação em um ambiente
complexo e apoiar operações em grandes distâncias".
O
artigo nota que o 25 REFORPAC faz recordar os exercícios da época da Guerra
Fria REFORGER, Return of Forces to Germany (Retorno das Forças à Alemanha), que
foram realizados pelos Estados Unidos e Organização do Tratado do Atlântico
Norte (OTAN) na Alemanha Ocidental em oposição aos países do bloco comunista
liderados pela União Soviética.
No
final de abril, o The New York Times, citando vários estrategistas militares
chineses não identificados, informou que os EUA estavam construindo ativamente
bases militares perto da China para manter as forças navais chinesas atrás da
"primeira cadeia de ilhas" perto do continente asiático no caso de um
conflito na região.
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Pequim critica
comportamento 'não profissional' de navio das Filipinas no mar do Sul da China
A
Guarda Costeira chinesa noticiou incidentes com três embarcações das Filipinas
no mar do Sul da China, que acusou de causar "problemas
repetidamente".
A
Guarda Costeira chinesa disse na segunda-feira (19) que uma embarcação das
Filipinas ignorou seus repetidos avisos e "colidiu deliberadamente"
com um navio seu de maneira "não profissional e perigosa" no
disputado mar do Sul da China.
Pequim
disse que a embarcação filipina entrou em águas próximas ao atol Second Thomas
depois que ela foi impedida de entrar nas águas do atol Sabina.
A
colisão teria acontecido na segunda-feira (19) por volta das 03h24, horário
local (15h24 de domingo (18), no horário de Brasília).
Além
disso, duas embarcações da Guarda Costeira das Filipinas "invadiram
ilegalmente" as águas adjacentes ao atol Sabina sem permissão na madrugada
de segunda-feira (19), anunciou Gan Yu, porta-voz da Guarda Costeira da China.
"As
Filipinas provocaram e causaram problemas repetidamente, violando os acordos
temporários entre a China e as Filipinas", disse Gan, em referência às
missões de suprimentos das Filipinas para um navio encalhado no atol Second
Thomas.
A
Guarda Costeira da China revelou ter tomado medidas apropriadas em resposta aos
incidentes, e advertiu as Filipinas a "parar imediatamente com as
infrações e provocações" ou "arcar com todas as consequências".
A
China e as Filipinas chegaram a um "acordo provisório" em julho, após
repetidos conflitos perto do atol Second Thomas.
Fonte:
Sputnik Brasil/Outras Palavras
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