Moraes diz em decisão que vazamento e
divulgação de mensagens particulares buscaram desestabilizar instituições
O ministro Alexandre
de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o vazamento e a
divulgação de mensagens particulares de servidores de seu gabinete indicam a
atuação estruturada de uma possível organização criminosa que busca
desestabilizar as instituições republicanas.
O argumento foi
utilizado por Moraes ao determinar a abertura de uma investigação para apurar o
caso revelado pelo jornal “Folha de S.Paulo”. O inquérito foi aberto sem que
houvesse um pedido formalizado pela Procuradoria-Geral da República (PGR). A
instituição foi comunicada sobre a investigação após a decisão do ministro.
De acordo com o
ministro, há “relevantes indícios” da ocorrência dos crimes de divulgação de
segredo e de violação do sigilo funcional, “no contexto de reiterados ataques
ao Estado Democrático de Direito e ao Supremo Tribunal Federal”.
Moraes sustenta que
vazamento e a divulgação de mensagens particulares trocadas entre servidores do
STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se revelam como novos indícios da
atuação estruturada da suposta organização criminosa citada por ele.
O ministro menciona
uma atuação que se utiliza de uma rede virtual de apoiadores que atuam, de
forma sistemática, para criar ou compartilhar mensagens que tenham por mote
final a derrubada da estrutura democrática e o Estado de Direito no Brasil.
“Essa organização
criminosa, ostensivamente, atenta contra a Democracia e o Estado de Direito,
especificamente contra o Poder Judiciário e em especial contra o Supremo
Tribunal Federal, pleiteando a cassação de seus membros e o próprio fechamento
da Corte Máxima do País, com o retorno da Ditadura e o afastamento da fiel
observância da Constituição Federal da República”, escreveu o ministro em sua
decisão.
O inquérito tramitava
em sigilo desde segunda, quando foi aberto por Moraes, mas foi tornado público
na noite desta quinta-feira (22), após o depoimento do perito Eduardo
Tagliaferro. Ele negou ter vazado as mensagens que estavam em seu celular.
• Moraes liga vazamento de mensagens de
ex-auxiliar aos "reiterados ataques ao Estado Democrático de Direito e ao
STF"
Ao determinar a
abertura de um inquérito para apurar o vazamento de conversas de seus
auxiliares no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e no Supremo Tribunal Federal
(STF), o ministro Alexandre de Moraes conectou a divulgação dessas mensagens ao
“contexto de reiterados ataques ao Judiciário”. Segundo a coluna do jornalista
Fausto Macedo, do jornal O Estado de S. Paulo, o magistrado também ressaltou
que “o vazamento deliberado das informações teria o objetivo de criar uma
narrativa fraudulenta sobre a atuação dos servidores nos tribunais”.
O ministro, que é
relator do inquérito das fake news, mencionou que o grupo envolvido busca
atacar a democracia, com foco especial no STF, pedindo a cassação dos ministros
do Supremo e o fechamento da Corte, além de defender o “retorno da ditadura”.
Ainda conforme a
reportagem, dois crimes foram mencionados por Moraes como alvo da investigação
da Polícia Federal: divulgação de segredo e violação de sigilo funcional, “no
contexto de reiterados ataques ao Estado Democrático de Direito e ao STF”.
As considerações do
ministro foram reforçadas pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, em
um parecer que apoiou a apreensão do celular de Eduardo Tagliaferro,
ex-assessor de Moraes. Gonet argumentou que o vazamento seletivo de informações
protegidas por sigilo constitucional tinha o claro propósito de “tentar
questionar a legitimidade e a integridade de investigações importantes que
estão em andamento no STF, como parte de uma estratégia para incitar atos
antidemocráticos e desestabilizar as instituições republicanas”.
As primeiras ações do
inquérito envolveram Tagliaferro, ex-assessor do TSE. A Polícia Federal coletou
seu depoimento nesta quinta-feira (22), no qual ele negou ter divulgado as
mensagens e se recusou a entregar o celular que usa atualmente. Após ordem de
Moraes, o aparelho foi confiscado. Segundo Tagliaferro, o celular antigo, que
continha as mensagens vazadas, foi destruído.
Tagliaferro também
relatou como ocorreu a apreensão de seu celular. O aparelho estava com seu
ex-cunhado, que foi escoltado até a Polícia Civil para entregá-lo. O incidente
aconteceu no ano passado, enquanto Tagliaferro participava de uma audiência de
custódia, após ser preso por violência doméstica. A PF também investiga a
suspeita de que o vazamento das mensagens tenha ocorrido durante o período de
seis dias que o aparelho ficou retido pela Polícia Civil de São Paulo.
• PGR diz que vazamentos visaram pôr em
xeque investigações de Moraes
O procurador-geral da
República, Paulo Gonet, se manifestou na quinta-feira (22) sobre o vazamento de
mensagens de servidores do Tribunal Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal
Federal.
Segundo Gonet, o
vazamento teve como objetivo colocar em dúvida as investigações conduzidas pelo
ministro Alexandre de Moraes.
“Na espécie, o
vazamento seletivo de informações protegidas por sigilo constitucional,
recentemente publicizado por meio de veículos de comunicação, teve o nítido
propósito de tentar colocar em dúvida a legitimidade e a lisura de importantes
investigações que seguem em curso no Supremo Tribunal Federal, como estratégia
para incitar a prática de atos antidemocráticos e tentar desestabilizar as
instituições republicanas”, disse o PGR na sua manifestação que avalizou a
ordem de apreensão do celular do ex-servidor do gabinete de Moraes, Mauro
Tagliaferro.
Ele disse ainda que a
apreensão era relevante “para que se possa identificar os autores dos
vazamentos criminosos praticados e cessar as práticas delitivas, para
resguardar a segurança e a lisura de importantes trabalhos investigativos que
estão a serviço da coletividade”.
Foi a primeira
manifestação oficial do PGR sobre o caso, uma vez que o inquérito para apurar o
vazamento foi aberto sem que houvesse um pedido formalizado por ele. A
instituição foi comunicada sobre a investigação após a decisão do ministro.
• Advogado confirma que Tagliaferro negou
ter vazado mensagens e conta como celular foi apreendido durante depoimento
A defesa de Eduardo
Tagliaferro, que chefiou a assessoria de Combate à Desinformação do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), confirmou que ele negou à Polícia Federal que tenha
divulgado uma troca de mensagens entre integrantes do gabinete do ministro Alexandre
de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A informação já havia
sido antecipada pelos jornalistas da CNN Tainá Falcão e Teo Cury. O ex-assessor
prestou depoimento nesta quinta-feira (22), em São Paulo.
Tagliaferro deixou o
cargo no TSE depois de ter sido preso por violência doméstica, em maio de 2023.
Dias depois, seu cunhado entregou à Polícia Civil de São Paulo o aparelho
telefônico dele. A suspeita é que as mensagens possam ter vazado neste momento.
“Quando [ele] foi
testar o telefone que foi apreendido, verificar se tava funcionando normalmente
ou não, viu que não tava funcionando. Tinham algumas travas, a bateria não
carregava de forma como era no primeiro momento, o que fez com que ele
quebrasse, destruiu o telefone e se desfizesse do telefone que ficou apreendido
por seis dias”, explicou o advogado Eduardo Kutz.
Ainda de acordo com a
defesa, durante o depoimento, Tagliaferro foi indagado se poderia
disponibilizar o telefone atual. Ele teria sido orientado a não entregar, uma
vez que se tratava de uma intimação para prestar esclarecimentos.
“Eu falei que não
faria sentido apresentar espontaneamente isso, mas se você tivesse uma ordem
judicial, obviamente seria disponibilizado ao delegado prontamente”, completou
Kutz.
No entanto, no fim da
oitiva, os agentes da Polícia Federal teriam apresentado uma decisão do
ministro Alexandre de Moraes determinando a busca pessoal e a apreensão do
aparelho, que aí sim foi entregue.
“Respeito muito
ministro Alexandre, não quero aqui nenhum tipo de embate, mas na expressão que
vocês da imprensa estão usando… ele está pagando o dobro aí sustentando a
condução de inquérito em que ele é vítima”, disse o advogado.
<><> Troca
de mensagens
No dia 13 de agosto,
reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que o setor de combate à desinformação
do TSE teria sido demandado de forma não oficial pelo gabinete do ministro
Alexandre de Moraes, do STF, durante e após as eleições de 2022.
Segundo o texto, o
jornal teve acesso a 6 gigabytes de mensagens e arquivos trocados via WhatsApp
por auxiliares de Moraes. Entre eles o seu principal assessor no STF, Airton
Vieira, que ainda ocupa o posto de juiz instrutor.
A Folha alega que
obteve o material com fontes que tiveram acesso a dados de um telefone que
contém as mensagens, não decorrendo de interceptação ilegal ou acesso hacker.
Um inquérito, ainda em
sigilo, foi aberto pelo ministro para apurar o caso.
<><>
Ex-assessor de Moraes diz que celular ficou sob custódia da Polícia Civil, sem
senha, por uma semana
Em depoimento à
Polícia Federal (PF), o perito Eduardo Tagliaferro disse que seu aparelho
celular ficou sob a responsabilidade da Polícia Civil de São Paulo durante seis
ou sete dias, desbloqueado, sem a necessidade de senha para acesso ao conteúdo.
Isso porque, em maio
de 2023, Tagliaferro chegou a ser preso após um flagrante por violência
doméstica. Na ocasião, o celular ficou sob custódia da Delegacia Seccional de
Franco da Rocha, na Grande São Paulo.
Nesta quinta-feira,
durante seu depoimento à PF, o perito disse que entregou o dispositivo a um
compadre, já sem a senha de acesso, para garantir que pudesse ser utilizado
“para alguma necessidade da esposa e das filhas, como pagar contas”.
Segundo narrou,
algumas horas depois, esse compadre teria sido procurado pela Polícia Civil de
Franco da Rocha, que exigia a entrega do aparelho — o que foi prontamente
atendido.
Tagliaferro negou ter
vazado informações a jornalistas, mas evitou responder a quem atribuía a
divulgação. “Afirma que não quer acusar ninguém: que o aparelho ficou com o
depoente [Tagliaferro], com o compadre Celso e depois com a Polícia Civil”, diz
o termo.
Como o perito se negou
a entregar o celular para perícia, concordando apenas em disponibilizá-lo para
uma consulta rápida por parte do delegado, o ministro Alexandre de Moraes, do
Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a apreensão.
Desde quando foram
publicadas as reportagens do jornal Folha de S. Paulo com mensagens trocadas
por assessores e ex-auxiliares de Moraes, há uma suspeita de que o vazamento
tenha tido origem nos quadros da própria Polícia Civil.
O inquérito que
investiga o vazamento foi aberto depois de o jornal revelar que Moraes fugiu do
rito ao ordenar informalmente ao TSE relatórios sobre alvos do inquérito das
fake news, que tramita no Supremo.
A decisão de Moraes
autorizando a apreensão do celular de Tagliaferro atende a pedido feito pela PF
e com manifestação favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo
o ministro, ficam autorizados “o acesso e análise de todo o conteúdo”.
“A negativa do
investigado em entregar o aparelho de forma voluntária é um relevante fator a
autorizar a medida de busca pleiteada, uma vez que os dados contidos no
referido aparelho são de interesse público e interessam à presente
investigação”, diz a decisão.
“Os requisitos se
mostram plenamente atendidos, pois patente a necessidade da medida de busca
pessoal para apurar o vazamento de informações e documentos sigilosos, com o
intuito de atribuir e/ou insinuar a prática de atos ilícitos por membros desta
Suprema Corte.”
Tagliaferro foi chefe
de enfrentamento à desinformação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante a
gestão Moraes. O ministro nega qualquer irregularidade nos procedimentos
adotados.
<><>
Moraes manda apreender celular de ex-assessor
O ministro Alexandre
de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou a apreensão do telefone
celular do perito Eduardo Tagliaferro, suspeito de vazamento das mensagens que
apontam suposta conduta irregular do magistrado.
A decisão de Moraes
atende a pedido feito pela Polícia Federal (PF) e com manifestação favorável da
Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo o ministro, ficam autorizados “o
acesso e análise de todo o conteúdo”.
O que motivou a
apreensão do celular foi o fato de Tagliaferro, durante seu depoimento à PF
nesta quinta-feira (22), ter se negado a entregar o aparelho para perícia,
concordando apenas em colocá-lo à disposição para consulta do delegado.
“A negativa do
investigado em entregar o aparelho de forma voluntária é um relevante fator a
autorizar a medida de busca pleiteada, uma vez que os dados contidos no
referido aparelho são de interesse público e interessam à presente
investigação”, diz trecho da decisão.
“Assim, no casos dos
autos, os requisitos se mostram plenamente atendidos, pois patente a
necessidade da medida de busca pessoal para apurar o vazamento de informações e
documentos sigilosos, com o intuito de atribuir e/ou insinuar a prática de atos
ilícitos por membros desta Suprema Corte.”
Tagliaferro foi chefe
de enfrentamento à desinformação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante a
gestão Moraes. Em depoimento à PF, ele negou ter vazado qualquer conteúdo à
imprensa.
O inquérito foi aberto
depois de a “Folha de S.Paulo” revelar que Moraes fugiu do rito ao ordenar ao
TSE, de modo informal, relatórios sobre alvos do inquérito das “fake news”, que
tramita no Supremo.
Morars afirma não
haver ilegalidade nisso. Os ministros do STF Flávio Dino, Gilmar Mendes, Luís
Roberto Barroso e Cármen Lúcia, além da Procuradoria-Geral da República,
defenderam publicamente o colega.
Fonte: CNN
Brasil/Brasil 247
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