segunda-feira, 26 de maio de 2014

Quem já perdeu a eleição de 2014? Por Jorge Serrão


O Brasil é o grande perdedor antecipado da eleição presidencial de 2014. Se a situação vencer, tudo pode ficar ainda pior. Se a “oposição” ganhar, as chances de mudança do quadro atual parecem remotas. A conjuntura política e econômica é surreal. A classe política brasileira, parceira da governança do crime organizado, não demonstra interesse em mudar nosso modelo de Estado – arcaico, ineficiente, inchado e corrompido. Assim, torna-se antecipada e previsível a derrota do ignorante eleitorado brasileiro, obrigado a votar no modernoso cassino eleitoreiro das urnas sem chance de auditoria por voto impresso.
As pesquisas eleitorais divulgadas são absolutamente inconfiáveis. Ainda dá para acreditar, um pouco mais, naquelas que não acabam divulgadas aos eleitores profanos. Caríssimos e feitos para consumo dos marketeiros, na elaboração de políticas e estratégias de campanha, os estudos sigilosos revelam um dado que coincide com as enquetes divulgáveis para a massa. Um percentual de 65% a 70% exigem uma mudança (imediata) do governo. Ou seja, a insatisfação com a gestão petista é concreta e objetiva. Portanto, o PT e aliados só ganham a eleição na base da falcatrua eletrônica.
“#Fora, petralhada!” é uma possibilidade concreta. Mais pelo voto do que por qualquer outro golpe institucional menos votado. Quem decide a eleição no Brasil é o poderio econômico que controla o País de fora para dentro. A Oligarquia Financeira Transnacional já manifestou, explicitamente, o desejo de trocar o PT. O lamentável é que a substituição tende a ser na base do “seis pela meia dúzia”. Os cavalos favoritos na disputa presidencial têm o patrocínio do mesmo “dono”. Assim, não faz diferença tirar a mula sem cabeça, substituindo-a pelos nobres “puros-sangues” social democrata ou socialista. O Brasil já sairá derrotado previamente do páreo.
Não existe previsão de mudança, após a eleição, do falido, improdutivo e corrupto modelo político e econômico brasileiro. É mais fácil até o Brasil ganhar a guerra da Copa da Fifa com o time meio envelhecido e sem experiência de grandes combates armado pelo Felipão. O Brasil tende a continuar o mesmo – o que significa a desgraça das tragédias. O sistema Capimunista – que varia entre o intervencionismo estatal, o oportunismo empresarial e a hegemonia especulativa financeira – não sofrerá alterações profundas.
Não há dúvidas de que o País, as zelites e seu povinho continuarão subjugados pelos verdadeiros poderosos de plantão: os “banqueiros” que lucram de maneira cada vez mais recorde na parceria que gera a mais absurda dívida pública do planeta dos macaquitos. No Brasil, os bancos não funcionam como bancos de verdade. Faturam alto emprestando, a juros estratosféricos, o dinheiro que não é deles. No dia em que tivermos bancos investindo o próprio dinheiro de seus acionistas – e não a grana pública -, seremos outra Nação. Do jeito que a coisa vai, talvez isto aconteça no Dia de São Nunca (30 de fevereiro).
Grupos empresariais que se reúnem para analisar a conjuntura nunca produziram tanta confusão como agora. As conclusões de recentes encontros – a cujo conteúdo o Alerta Total teve acesso – são desanimadoras e indicam que os atuais paradigmas não conseguem entender – e muito menos explicar – o fenômeno brasileiro. Todos concordam que o Brasil cresce menos do que deveria, com inflação alta no presente e no curto e no médio prazo, e com a máquina estatal desperdiçando mais recursos que o normal. Mas não se chega a um consenso sobre a solução para alterar o rumo do Titanic na direção do iceberg. Situação e Oposição nunca foram tão parecidas, confusas e sem direção e sentido.
O “medinho” parece ser a tendência mais perigosa do momento. Alguns empresários (em uma incômoda e aparente “zona de conforto”) já fazem o discurso de que, “mesmo estando ruim, parece melhor deixar como está”. Tal pensamento resulta e reflete a contaminação do vírus petralha da marketagem em favor do continuísmo. Para piorar a situação, falta clareza na mensagem alternativa da tal “oposição”. Quem apresenta um projeto claro e objetivo realmente diferente do PT? Até agora, ninguém. Quem fizer isto, mesmo que na base da promessa ilusionista, vence a eleição.
Governar, depois, será tarefa para o Tom Cruise na próxima edição do “Missão Impossível”. O próximo governo terá grandes dificuldades com o aparelhamento que o PT e comparsas fizeram da máquina federal. Como de costume, o fiel da balança será o PMDB (governista para sempre, onde o governo estiver, tal como a rêmora que aproveita os restos deixados pelo tubarão). A cúpula peemedebista é tão esperta e pragmática que já se dividiu. Uma parte maior finge que continua aliada do PT. Outra banda promove uma “traiçãozinha” na união instável com Aécio Neves. Também podem pular no barquinho do Eduardo Campos (caso ele cresça nas intenções de voto).

A eleição presidencial de outubro, com grandes chances de decisão no segundo turno de novembro, é a mais embolada desde 1989. A pouca diferença de propósitos entre os candidatos é assustadora. Dilma Rousseff será fatalmente acuada pelas denúncias de corrupção – que devem crescer em número, gênero e grau quando a campanha esquentar. A esperança petista é que uma eventual vitória brasileira na Copa do Mundo da Fifa ajude a iludir a torcida eleitoral, neutralizando as broncas. O temor petista é que os protestos saiam de controle, e transformem a competição em uma temporada de desgastes. Por isso, é altíssima a aposta no triunfo da Seleção da CBF. O fato de Lula e Dilma negarem, sempre que podem, que o resultado da Copa “pouco importa” é a prova do “medinho” deles.