domingo, 31 de março de 2013

A VÍTIMA SOMOS NÓS



Podemos afirmar sem medo de errar, que o meio político nacional chegou ao fundo do poço e que não é possível que ainda haja buraco para que consigam descer mais abaixo.
Depois de tantos escândalos, ainda temos que engolir condenados pelo STF que assumam ou continuem exercendo seus mandatos, como se nada tivessem praticado. É uma afronta não só ao Judiciário, mas a população brasileira e a Constituição Federal.
Esses fatos só vêm confirmar que o Congresso Nacional virou um ajuntamento de pessoas sem princípios e sem ética, os quais, infelizmente eleitos por nós eleitores, muitos por falta de educação e que atrela seu voto às promessas de bolsas, cotas, bujões de gás e dentaduras, já outros por interesses escusos, sem a menor consciência cívica, transformando aquela que deveria ser uma Casa de respeito em um antro de homens sem caráter e sem pudor.
É vergonhoso, assistirmos José Genoíno, condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha ser recebido na Câmara de deputados por seus pares com ovação. E não é só ele que nos envergonham mais todos que estão a acobertar os que praticam ou agem com desvio de personalidade.
Quando pensávamos que já havia visto tudo, o Congresso nos dá mais um exemplo de imoralidade e falta de respeito a população brasileira.
Nunca na história do Congresso ocorreu uma eleição para presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados reunindo candidatos tão suspeitos de corrupção, como os atuais eleitos - Renan Calheiros (PMDB-AL), no senado e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), na Câmara.
Hoje, as pessoas se veem obrigadas a assistir José Dirceu ser ovacionado por onde passa pelos ‘valorosos’ petistas, os mesmos militantes que até pedra jogavam naqueles que praticavam o mínimo desvio ético. Mas ao PT tudo é permitido.
E  pior ainda é ver o Sr. Dirceu afirmar em seu blog que o senador Renan Calheiros é vítima de campanha de falso moralismo orquestrada pela mídia e por grupos organizados.
Ora é querer tapar o sol com a peneira. Ou será que Renan renunciou a presidência do senado por que nada de errado havia feito? E as mentiras contadas que feriram o decoro parlamentar e o enriquecimento ilícito. Será então que tudo era falso? E olha que muitas das denúncias foram feitas a época pelo PT e pelo próprio Dirceu.
Apenas para lembrar ao Sr Zé Dirceu e seus seguidores que Renan Calheiros comandou o Senado de 2005 a 2007, mas não chegou a completar o mandato, pois foi forçado a renunciar à presidência para não correr o risco de perder o mandato de senador.
Na época descobriu-se que o lobista de uma empreiteira pagava a pensão devida por Renan à mãe de um filho dele fora do casamento. Para provar que tinha recursos suficientes para justificar seu patrimônio, Renan forjou a venda de gado.
Deu azar, pois a Polícia Federal constatou o contrário.
Para completar o procurador-geral da República em razão dessas provas denunciou Renan ao Supremo Tribunal Federal por uso de notas fiscais frias.
E tem mais, para chegar a presidência do Senado pela segunda vez, mesmo contra o clamor popular Renan se empenhou em salvar a pele dos governadores Marconi Perillo e Agnelo Queiroz, na CPI do Cachoeira.
Além dos governadores, Renan advogou em favor de Fernando Cavendish, dono da construtora Delta; de jornalistas e do próprio Cachoeira. Levando a CPI em acabar em pizza.
Desta forma, a  eleição de Renan para a presidência do Senado e a de Henrique para a presidência da Câmara só vem a demonstrar para o País que nas duas Casas a ética e a  moral não são práticas usuais dos seus pares.
Pela forma que o PT hoje defende as falcatruas, os desvios éticos, morais e dos recursos públicos, podemos concluir  que Dirceu, Genoíno, João Paulo Cunha, e os quase quarenta mensaleiros condenados pelo Supremo Tribunal Federal, também não passam de pobres vítimas, ao ponto dos petistas ameaçarem sair as ruas para pedir a anulação do julgamento.
Em outros tempos a militância petista e de esquerda e os caras pintadas saiam às ruas para pedir que a justiça fosse feita e cumprida, agora eles pregam o império da impunidade. Mas para eles, para os adversários não. O caso Lula/PT não foi mensalão e sim caixa dois, mas o caso de Minas com as mesmas características, este sim é que foi mensalão. Pode?
E como não temos uma oposição efetiva que se insurja contra isso, até porque  já estiveram no Poder e fizeram  coisas iguais ou até piores, tendo portanto telhado de vidro, não podendo jogar pedras no telhado dos outros, ficando uma situação cômoda para os governistas e aliados.
Ou alguém acredita que Aécio Neves que se apresenta como candidato da oposição é algum santinho? Pelo contrário, no governo de Minas pintou miséria com os professores e funcionários públicos, amordaçou através de ameaças a imprensa, e esteve envolvido em ações nada recomendáveis, que com certeza virão à tona na campanha eleitoral, quando será desmistificado o “mito”.
E o perigo está aí. Pois o PT e aliados são capazes de tudo a quem ousar destoar ou enfrenta-los, usando até de acusações levianas e mentirosas, além de sempre insistirem no slogan emocional de que as elites e a oposição não se conformam com o País ter sido governado por um ex - presidente operário e de ter uma presidente ex-guerrilheira.
Ora quem conhece a vida de Lula sabe que ele nunca foi militante de esquerda, dito pelo próprio;  como operário o foi por muito pouco tempo, pois sua inabilidade custou-lhe um dedo, levando-o a aposentadoria e sendo alçado ao ambiente do sindicato dos metalúrgicos e considerados por alguns sindicalistas à época como pelego.
Como presidente agiu como os demais, ou seja, governou com os olhos voltados para as elites.
Quanto à Dilma, esta sim tem história, que orgulha a todos aqueles que lutaram contra a ditadura militar, apesar de como presidente tem deixado a desejar no que se refere aos sonhos plantados à época.
Diante do que hoje vivemos, podemos concluir que as vítimas somos nós.

quarta-feira, 6 de março de 2013

A DEGRADAÇÃO DO SER HUMANO



Continuando a discutir a situação do trabalho escravo em nosso País, cujo tema, apesar de estarmos em pleno sec. XXI ainda é vivenciado por diversos trabalhadores, principalmente no campo brasileiro, devidamente respaldado pela bancada ruralista no Congresso Nacional.
De acordo com o padre Roque Pattussi, coordenador do Centro Pastoral do Migrante, entidade ligada à igreja católica que apóia os imigrantes no país, “existe no Brasil diversos grupos que são trancados em porões, fechados com grades e cadeados”. Isto em um País que diz ter uma política de combate ao trabalho escravo.
Os empregadores assim agem, aproveitando da ignorância dos imigrantes e de muitos trabalhadores ainda analfabetos, os quais desconhecem completamente a legislação brasileira, abusando assim através  do terror psicológico.
A prática da escravidão, infelizmente não se resume ao homem do campo, mas também nas zonas urbanas e com imigrantes estrangeiros, os quais não contam com a proteção do Ministério do Trabalho, não existindo na Legislação nada que os proteja, nem a Legislação Trabalhista, nem o Estatuto do Estrangeiro lhes dá o devido respaldo.
Porém, o que mais enoja, é que é uma situação de conhecimento de todos, inclusive das autoridades, sem que qualquer medida seja tomada que puna rigorosamente e exemplarmente estes empresários gananciosos e criminosos, cuja situação de degradação acabam contraindo doenças das mais variadas. Muitas mulheres não fazem acompanhamento pré–natal porque não tem documentos.
Padre Roque Patussi, revela que: “o mundo do imigrante está piorando, antes os imigrantes procuravam unir-se para ser fortes. Agora, querem ser ricos para ser fortes”. A exploração vem gerando uma eterna repetição de experiências ruins.
Ora, todos sabem que, para que possamos combater o Trabalho Escravo em nosso País torna-se necessário que toda sociedade esteja engajada e que transforme esta luta em uma ação de conscientização coletiva, de forma que junto aos consumidores seja identificada na cadeia produtiva quem pratica este tipo de atitude, identificando quem realmente lucra com esse tipo de exploração e alertar o consumidor, para que seus produtos sejam boicotados.
O Estatuto do Estrangeiro (Lei n.º 6815 de 19/08/80) veda aos estrangeiros com visto de turista, temporário ou de trânsito, o exercício de qualquer atividade remunerada. Então se não podem exercer atividade remunerada, podem ser escravizadas para aumentar os lucros desses empresários gananciosos?
Vivemos em um Estado democrático de Direito e cabe a  Administração Pública constituída  o dever e a obrigação de preservar a dignidade humana e as instituições, o respeito à ordem jurídica independentemente de qualquer provocação.
É isto que  os cidadãos brasileiros esperam daqueles que eleitos façam com que as eles sejam efetivamente cumpridas.
Para isto é necessário o Governo Federal garanta os recursos humanos e financeiros suficientes para melhorar a fiscalização do trabalho, sendo fundamental não apenas uma maior participação de órgãos, mas que o Judiciário também cumpra sua parte, esquecendo os valores financeiros que estão por trás, punindo efetivamente os infratores.
E não só punindo, mas fazendo com que estes criminosos realmente cumpram integralmente os anos a eles atribuídos.
Portanto, reprimir o trabalho escravo em nosso País em pleno séc. XXI e garantir que  a impunidade continue a vigorar, mesmo que estes tenham atrás de si padrinhos políticos fortes, é fazer com que o Estado cumpra apenas o que determina a nossa Constituição que todos juram cumpri-las no ato de posse, mas que esquecem de lê-la depois que alcança os seus objetivos pessoais.
Não devemos apenas esperar dos Movimentos Sociais a solução do problema, pois a estes cabem unicamente o papel de denunciar, porém, devemos sim cobrar das Instituições Públicas para que construam uma rede de proteção qualificada, não só apenas para o combate, mas que possa garantir a todos os trabalhadores o mínimo de dignidade humana, estabelecendo uma rede de atendimento qualificado, realizando o cadastramento dos trabalhadores e empregadores, efetuando uma fiscalização efetiva, sem que os servidores se utilizem do suborno e ou repassem informações privilegiadas de forma a preparar o infrator e lhes dar condições de maquiar o cenário ou até mesmo evadir do local.
Que sejam estabelecidas Políticas Públicas de inclusão social para aqueles trabalhadores encontrados em situação de escravidão ou de degradação humana, construindo historicamente uma verdadeira função social, já que sabemos não ser do interesse do Estado mudar os poderosos padrões econômicos latifundiários herdados ainda do nosso período colonial, mantendo-os intactos, apesar dos diversos Movimentos Sociais que lutam contra este estado de coisa, preparando quem sabe para o futuro ou para as novas gerações, o terreno para a realização de uma democracia plena.