terça-feira, 27 de outubro de 2009

A VERDADE QUE AS GRANDES REDES DE COMUNICAÇÃO NÃO TEM CORAGEM DE MOSTRAR


Observo que é necessário ser preciso deixar de lado o radicalismo e analisar as situações dentro da ótica da verdade e das dimensões que o fato político se apresenta, principalmente quando envolve lutas de classes.
É importante, porém, que tenhamos consciência que não há progresso se porventura existisse apenas uma classe, é importante a existência das classes para que não tenhamos o domínio absoluto do privilégio.
Quando se quer denegrir a imagem de um segmento social ou de um setor menos aquinhoado pelas benesses da mídia televisiva, assistimos aquilo que é considerado como a informação do espetáculo, onde a grande imprensa, utilizando-se de uma linguagem própria e bem cifrada, demonstra toda sua submissão e reverência aos representantes daquilo que eles denominaram do todo poderoso: o MERCADO.
O que se assiste hoje, nos grandes jornais de divulgação nacional, não é um jornalismo baseados em compromissos éticos (agora dá para entender o porquê da decisão do Supremo a respeito da não obrigatoriedade do diploma) com a verdade. O que vemos são “jornalistas” transvestidos de atores, capazes venderem até a alma, que encenam papéis ditados pelo MERCADO, que afinal é quem lhes remuneram.Não é necessário citar os seus nomes, pois estão nas telinhas diariamente.
Porém o que queremos mais uma vez discutir, é o fato relacionado com o MST em relação a ocupação da “fazenda” da CUTRALE, plantadora de laranjas e produtora de sucos, por parte de algumas famílias de trabalhadores Sem Terra, cuja verdadeira história as grandes redes omitiram descaradamente, principalmente a Globo e Bandeirantes.
Ninguém ouviu estas emissoras em seus noticiários informar que o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) declarou que a “fazenda”, de nome Santo Henrique, pertence à União. Portanto, são terras públicas griladas por uma empresa e que estão numa área conhecida como Núcleo Colonial Monção. Também não tiveram a coragem e a ética de anunciar que o Estado está dependendo de ordem judicial para que recupere a posse dessas terras, que foram recebidas em 1909 em pagamento de parte de dívidas da Companhia de Colonização São Paulo e Paraná.
A Rede Globo, Band, SBT e as demais não tiveram a hombridade de informar que o mesmo INCRA possui cerca de 50 ações na justiça do município de Ourinhos, em São Paulo, contra esta empresa invasora de terras públicas e grileira, denominada CUTRALE. Claro que não interessava a nossa imprensa informar de forma correta e isenta a população.
O papel a que ela se propôs foi sim, de criar um factóide para denegrir a imagem de um dos Movimentos mais dignos e honrados que já surgiu em nosso País, respeitado e reverenciado no mundo inteiro, vendendo à população uma imagem de que o ato foi criminoso. Mas grilar terras públicas como o fez a CUTRALE, isto ela não tocou, deve ser legal.
Outro fato que nos deixa sem entender, é porque as decisões judiciais contra os Movimentos Sociais ou pessoas que não fazem parte das elites saem tão rapidamente, vejam só, para esta “invasão” a decisão se deu em 48 horas, enquanto isto, há dezenas de anos que o INCRA espera uma decisão para que possa reintegrar as mesmas terras ao patrimônio da Nação, grilada pela CUTRALE e que por azar da sociedade, até hoje dorme nas gavetas de algum magistrado “bem intencionado”.
Você ouviu a Globo e Band falar sobre isto?
Por acaso alguma grande rede de comunicação teve o peito e coragem de anunciar em seus telejornais, a manchete do jornal Metro, do dia 27 de outubro de 2009: “TRABALHO ESCRAVO CRESCE 40% NO SUDESTE”? Será que é o MST quem utiliza desta mão de obra ou os nossos “laboriosos” latifundiários?
Porque a Lei que estabelece que qualquer propriedade de terra que utilizar mão de obra escrava ou que seja flagrada plantando drogas, deve ser desapropriada para reforma agrária não é regulamentada e posta em vigor? Por que os nossos valorosos congressistas da bancada ruralista, tem medo que se pelam desta Lei?
Porque a Globo, Band, SBT, Record, que tentam criminalizar as ações dos movimentos sociais, em especial do MST não abordam em seus principais jornais sobre o tema? Será que tratar o trabalhador como escravo não é crime?
Quem já ouviu algum Comentário (Mirian Leitão, Alexandre Garcia, Joelmir Betting, etc.) a respeito dsa dívidas dos nossos “bem intencionados” latifundiários e empresários do agronegócio com o Banco do Brasil ou com as agências de fomento da União? Quantas vezes foram pagas?
É preciso que todos saibam que nunca pagaram, as suas dívidas são sempre roladas, quando não perdoadas, para isto eles possuem uma grande bancada no nosso Congresso Nacional, que lhes prestam este grande serviço, ou seja, de pegarem milhões e milhões de reais dos cofres públicos, desviarem do setor produtivo, enriquecerem e depois da o calote no povo brasileiro, pois se não sabem, o dinheiro é nosso, oriundo dos impostos que recolhemos, que deveriam está sendo aplicados na educação, saúde, segurança pública, infra-estrutura e no social.
Alguém ouviu por acaso, as nossas grandes empresas de informação em seus telejornais a divulgação do Censo Agropecuário do IBGE? Claro que isto não interessa aos seus patrões, o MERCADO.
Ignoram propositalmente os resultados obtidos nas pequenas propriedades rurais e os benefícios gerados pela pequena produção. Imaginem se teriam a coragem de mostrar os resultados da pesquisa onde o IBGE apresenta claramente a concentração crescente de terras no Brasil em mãos de poucos proprietários, tanto pessoas físicas como jurídicas. Teriam coragem de falar contra os patrões? Quem pagaria os seus salários depois, caso não perdessem o emprego?
A gente tem visto, às vezes quase que diariamente, a senadora Kátia Abreu, empresária do agronegócio, envolvida em desvio de verbas públicas até o pescoço e de distribuição de terras em benefício próprio e de familiares amigos e correligionários no Estado de Tocantins, criticar até de forma ofensiva contra o MST. Aí o tema encontra abrigo nos grandes noticiários e na mídia.
Agora, alguém já ouviu esta mesma imprensa falar dos desvios dos recursos públicos pela senadora? Claro que não, pois é este o dinheiro que os remuneram.
Para os patrões da nossa grande imprensa interessa que seja veiculado e fomentado a mentira, o ódio, o jogo sujo de jogar trabalhador contra trabalhador, pois para isto eles estão a serviço da classe dominante.
Em relação à pseudo invasão, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra não cometeu nenhum ato criminoso. Se existe algum criminoso nesta história toda, é a CUTRALE que sob as benesses da nossa justiça, invadiram terras de propriedade da Nação, como grileiros que são, e há mais de uma década o nosso Povo espera que seja despejada, porém a Justiça não se pronuncia. Por que será que a grande mídia não teve a coragem de dizer?
Lembram-se da campanha que a grande imprensa fez quando o governo Lula prometeu que seria assinaria o decreto que atualiza os chamados índices de produtividade? E que é o índice de produtividade, senão apenas determinar, em última instância, o que é terra produtiva e o que não é? Neste momento os latifundiários e empresários do agronegócio se utilizaram dos seus representantes no Congresso Nacional, capitaneados pela senadora Kátia Abreu e pelo Deputado Ronaldo Caiado e fizeram um verdadeiro auê. Ouriçaram-se todos, inclusive o Ministro da Agricultura, que a esta altura já deveria ter sido demitido.
É importante que seja dito, nenhum deles têm compromisso em produzir, e sim de gerar mercadorias, que esta é a produção do agronegócio, e interessados nos financiamentos públicos, pois sabem que não irão pagar, como nunca pagaram. Conhecem e utilizam do trabalho escravo, cuja lição sabem de cor e salteado, de trás para a frente, pois é a sua prática corriqueira.
E querem jogar a pecha de criminosos para os trabalhadores rurais, para tanto se utilizam de todas as armas disponíveis, inclusive a mídia nacional e tentam passar uma imagem de que os “latifundiários é que são geradores de riqueza e progresso.
Será? Então o Censo Agropecuário do IBGE é mentiroso, pois lá demonstra o contrário.
É preciso que saibamos, se não existisse o MST outro movimento surgiria, pois esta é a única alternativa de luta dentro deste modelo agrário brasileiro falido. Convivemos em um modelo institucional podre, corroído por dentro e por fora em sua estrutura.
Será que alguém em sã consciência pode acreditar ou ter esperança num judiciário que tem em seus quadros um ministro tipo Dr. Gilmar Mendes? Apostar em um Congresso Nacional que possui entre seus pares nomes como os dos senadores Artur Virgílio, Tasso Jereissati, Kátia Abreu, Renan Calheiros ou José Sarney? Que tem entre os seus deputados pessoas como Ronaldo Caiado, Michel Temer, Rodrigo Maia, Jader Barbalho e uma centena de deputados que conseguem ser piores do que eles?
É esse tipo de gente que forma e representa a classe dominante e que a nossa mídia televisiva e informativa procura nos mostrar diariamente, como pessoas que merecem o nosso respeito?
Aí de nós se não existisse um MST, que tem se transformado numa bandeira de luta e de resistência a todo esse processo cruel que querem nos empurrar goela a dentro.Tem procurado espaços nos noticiários das tevês, rádios e até mesmo nas insinuações falsas de jornalistas e imprensa marrom, buscando na marra e na borduna derrubar aqueles que tem oprimido os nossos trabalhadores.
Por isto é que assistimos as campanhas televisivas e da imprensa informativa, movimentos que buscam criminalizar o MST, tentando desta forma, transformá-lo naquilo que eles são mestre: NA PRÁTICA DE ATOS CRIMINOSOS.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O MST TEM RAZÃO. TERRA É PARA QUEM QUER PRODUZIR


Sei que os defensores dos agropecuaristas e do agronegócio vão querer justificar, com base que os dados são de 2006, estando defasado. Tudo bem, mas se os números fossem a seu favor tenho certeza que estes mesmos defensores os utilizariam para mostrar que eles têm razão em relação ao movimento dos Sem Terra.
Porém, de acordo com os dados preliminares do censo agropecuário de 2006, divulgados pelo IBGE, demonstram e confirmam as denúncias feitas pelos movimentos sociais, em especial pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra em relação à nefasta concentração de terra em nosso País, cuja dinâmica de desenvolvimento em nada alterou nas últimas décadas, da total ausência de uma política agrária que bata de frente com a oligarquia rural e do modelo agrícola implantado pelo PSDB/DEM quando no poder, de um modelo agrícola centrado na grande empresa capitalista em detrimento do modelo da agricultura familiar.
Sabe-se que este modelo centrado no agronegócio, foi gestado pelo modelo neoliberal, tendo a frente às grandes empresas, com o apoio do Estado, que teve no governo FHC o seu maior representante e ideólogo. Orgulhavam-se os seus autores diante da modernização que imprimiram na atividade agropecuária, substituído os equipamentos de tração animal por tratores, colheitadeira e agrotóxicos em larga escala.
Porém, como toda mentira tem pernas curtas, diz ovelho ditado popular, bastou o governo acenar com a possibilidade de cumprir a legislação vigente, revendo os índices de produtividade, para que a bancada dos ruralistas no Congresso Nacional começassem a espernear, com o argumento xulo de que estava o governo querendo roubar as suas terras.
Não sabem estes políticos, que se dizem moderno e defensores do mercado, que continuam eles, na atividade rural, defendendo o modelo agrário arcaico e da política agrícola improdutiva, que tem como base a grande propriedade e nos agrotóxicos.
Toda esta montagem e encenação tinham como um dos objetivos procurarem esconder e fazer passar despercebido da sociedade o que o censo agropecuário acabou por revelar: a segurança alimentar dos brasileiros é garantida pela pequena propriedade familiar.
Portanto, se a população brasileira dependesse do agronegócio, neste formato capitalista que aí está a nossa população morreria de fome uma vez que só restariam os restos da exportação a ser ofertado no mercado. É preciso que a população entenda que a lavoura capitalista não produz alimentos, produz mercadorias requeridas pelo mercado importador.
Diante do apresentado pelo censo agropecuário 2006, que possibilitou as condições de ser realizada uma radiografia bem mais completa e de acordo com a lei que define agricultura familiar, foi possível fazer comparações com os resultados de 1985 e 1996 e apresentar uma fotografia em preto e branco, onde a agricultura familiar aparece com sua própria cara. Os dados do IBGE apresentam uma realidade da agricultura familiar que devem servir de base para uma reorientação da atual política agrícola e rural em curso no país.
Os dados que apresentamos, não surgiram de nossos devaneios ou sonhos, são dados técnicos colhidos pelo IBGE, instituição das mais respeitadas e que deveriam ser utilizados pelos nossos governantes na hora de falar em política agrária.
Vejamos: a agricultura familiar representa 84,4% do total de estabelecimentos rurais ou 4.367.902 propriedades, porém ocupa apenas 24,3% da área total dos estabelecimentos rurais cadastrados. Ainda assim, nessa pequena área se produz 38% do valor bruto da produção agrícola do país e emprega 74,4% da mão de obra no campo. As propriedades com menos de 10 hectares ocupavam em 2006 apenas 2,7%, ou seja, 7,8 milhões de hectares da área total dos estabelecimentos rurais, enquanto os grandes negócios rurais, aqueles com mais de 1.000 hectares concentravam mais de 43% , correspondendo a 146,6 milhões de hectares da área total. Se fizermos uma comparação com o número de estabelecimentos rurais, cerca de 5,2 milhões de propriedades, veremos que aproximadamente cerca de 47% tem menos de 10 hectares, enquanto aqueles com mais de 1.000 hectares representavam em torno de 1% do total, nos censos analisados, conforme resume o IBGE.
Mesmo cultivando uma área menor, cerca de 17,7 milhões de hectares, a agricultura familiar responde por 87% da produção de mandioca, 70% da produção de feijão, 46% da produção de milho Alem de ser responsável por 50% da produção de frangos, 59% da produção de suínos e 30% da produção bovina, apesar de cultivar uma área menor com pastagens.
Revela ainda o IBGE que a participação da agricultura familiar no valor bruto da produção total obteve um crescimento de 38% para 40% em 10 anos (1996-2006). Já conforme dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário : “A agricultura familiar gera um valor bruto de produção de R$ 677,00/ha que é 89% superior ao gerado pelo agronegócio que corresponde a R$358,00/ha”. Observem então a grande diferença. São com estes dados que nos questionamos, onde está a capacidade dos grandes pecuaristas em produzirem?
Diante destes fatos, dá para entender o porquê dos ataques dos latifundiários e seus aliados aboletados no Congresso Nacional e no Ministério da Agricultura, às propostas da sociedade civil organizada de limitar o tamanho das propriedades no Brasil e a proposta do governo federal, através do Ministério do Desenvolvimento Agrário de rever os índices de produtividade, pois qualquer cidadão por mais desinformado que se encontre é capaz de concluir que existe no país uma concentração absurda da terra e que esta concentração é contra o processo de desenvolvimento sustentável que o País tanto almeja.
Assim, não há muito que comemorar, já que se observa uma tentativa do governo, na divulgação do censo, de buscar com o fato “dourar a pílula” apresentando os números da agricultura familiar como uma prova de que a política de crédito e a reforma agrária começam a dar frutos.Esta é mais uma forma utilizada para esconder a ineficácia da política agrária e a quase ausência de uma política agrícola específica para a produção de alimentos da cesta básica.
Porém, queira os grandes proprietários de terras e seus representantes no Congresso Nacional ou não a verdade é uma só: os agricultores familiares é quem, apesar das pressões do “mercado” e da ineficácia do governo, os únicos responsáveis por viabilizarem suas propriedades como áreas agrícolas altamente produtiva, e que, apesar do censo 2006 avaliar apenas três anos do governo Lula, ninguém com o mínimo de lucidez pode atribuir a sobrevivência da pequena propriedade familiar à política agrária e agrícola deste ou dos governos passados. Para citar apenas um pequeno exemplo, analise a aplicação do orçamento público no período pesquisado, e se observará uma distribuição francamente desproporcional em favor do agronegócio.
Voltando a questão da reforma agrária, sabemos que a legislação brasileira proíbe desapropriação de área menor em torno de 500 há., variando de região para região. Porém com base nos dados do INCRA existem no Brasil cerca de 5,2 milhões de imóveis rurais cadastrados no país, Consideremos como verdade que as propriedades acima de 500 hectares e menor que 2000 hectares cumprem sua função social, ou seja, estão dentro dos índices de produtividade atuais e respeitam a legislação ambiental, desta forma restariam para desapropriação os imóveis rurais acima de 2000 hectares, que segundo o INCRA correspondem a menos de 1% do total dos imóveis rurais, ou seja, em torno de 50 mil propriedades.
Ora, perguntamos: porque a encenação dos senhores deputados, senadores associações de produtores rurais, etc., etc.? Será que justifica defender o “direito de propriedade” de 50 mil privilegiados que vivem sugando o erário público contra o “direito de propriedade” de milhões de sem terras? Não seria isto um absurdo, seria esta a democracia defendida por estes parlamentares onde 50 mil proprietários são mais donos do Brasil que os outros milhões que não possuem um metro sequer de terra para produzir e produzir bem?
Mas, voltando ao tema concentração de terra, está comprovado pelo Censo Agrário 2006 que ele existe pela necessidade de expansão do agronegócio voltado para exportação — soja, cana-de-açúcar e pecuária.ocupação de grandes áreas, as quais normalmente localizadas em áreas de planícies, com isto facilitando o uso intensivo de máquinas e de agrotóxicos é uma exigência do setor em nome de produção em escala. Portanto, conclui-se que para ter condições de competir no mercado importador o agronegócio precisa e tem necessidade destruir tudo aqui dentro, sem a mínima preocupação com o meio ambiente.
E o que é pior, demonstra o IBGE através do Censo, e infelizmente os governantes e políticos não conseguem enxergar, esta intensa concentração de terras continua expulsando os trabalhadores do campo. Observe-se que em pouco mais de dez anos, deixaram de trabalhar nas lavouras 1,363 milhão de pessoas, ou seja, foram expulsas de seu habitat natural. Permanecem ainda 16,5 milhões ou seja, 18,9% da população ocupadas no campo em 2006, mas diante do modelo de política agrário implantado devem demorar pouco, exceto se o MST não permitir.
Para justificar o seu desserviço a Nação,os representantes do agronegócio apresentam discursos em que não se vê limites para as conquistas cientificas apesar de que,para muitas dessas descobertas não há barreiras ética e moral que seja capaz de frear: clonagem, transgenia, agrotóxicos, tudo é possível desde que sir va para produção de “mercadorias”.
A agricultura familiar na visão destes que se intitulam cientistas não passa de um atraso, porém, podemos afirmar que o que tem atrasado o nosso desenvolvimento com soberania alimentar é a sua condição política e a cegueira ideológica destes “criadores” e o latifúndio dito pós-moderno porém que se assemelha ao período feudal, onde tudo é possível menos a contestação da absurda e infame concentração de terras.
Para que tenhamos um país com distribuição de renda, sem fome, preservando o meio ambiente é necessário que a política agrícola hoje praticada mude de rumo. É uma necessidade social e política que a propriedade da terra seja desconcentrada, sem isso ocorra infelizmente não assistiremos em nosso país o desenvolvimento social, e sim, mais e mais concentração de terra e renda.
Para que possamos alcançar este sonho inicialmente é necessário destravar a reforma agrária e resolver o problema dos acampados, que segundo o MST existem hoje cerca de 230 mil famílias nesta situação. Em seguida imprimir uma política agrária que tenha como meta principal a desconcentração da propriedade da terra, principalmente aquelas que ultrapassem a 1000 hectares, que represntam apenas 1% das propriedades rurais existentes.
Assim, para assentar as 230 mil famílias, se considerarmos que a área média distribuída é de 25ha por família, seriam necessários portanto, menos de 6 milhões de hectares o que representaria menos de 4% do total da área ocupada pelas fazendas com mais de 1000ha. Conforme dados que circula na internet e para ilustrar este nosso comentário, exemplificamos: o empresário paranaense Eraí Maggi Scheffer comanda uma empresa que planta em 250 mil hectares dos quais 100 mil são próprios e o restante arrendado de outros agricultores. Se, ceder 4% da sua área para reforma agrária o “rei da soja” paranaense ainda terá ao seu dispor 240 mil hectares e nos 10 mil hectares disponíveis à reforma agrária daria para assentar 400 famílias em lotes de 25 ha cada. É aí onde fica a grande interrogação: será que há alguma agressão ao Sr. Eraí em seu direito de propriedade e de produzir? Será que dividir a produção de 10 mil hectares com mais 400 famílias irá levá-lo à falência ou será forçado a fechar o seu negócio pela concorrência?
Portanto, o que está se querendo não é guerra ou até mesmo uma revolução no campo ou de uma coletivização forçada, mas o que se quer é pelo menos ampliar o número de unidades produtivas e diversificar a oferta de alimentos, e disso o MST entende, pois sua origem é ali, junto do trabalhador antes rural hoje Sem Terra. O que se pretende é uma reforma agrária que queira ou não é uma realidade em todos os países onde ocorreu uma revolução burguesa capitalista. Isto e o mínimo que se pode exigir.
Porém que o que os nossos governantes e políticos deveriam fazer era cumprir a nossa Constituição, que desde que foi promulgada a legislação brasileira deixou de reconhecer o direito de propriedade da terra, reconhecendo a sua função social, deixando bem claro para sociedade que o pedaço de terra deve ser uma unidade produtiva, ou seja, deve produzir alimentos, caso não cumpra esta função social o seu dono não pode exigir a propriedade sobre a mesma. Mas mesmo a nossa legislação ser bem clara a este respeito, ainda assim, a força desta minoria de latifundiários é tão grande que através dos seus representantes no Congresso Nacional, que também é minoria, não permite que a própria lei seja aplicada. O nosso Judiciário, olha ele aí, compostos de latifundiários ou se não mas amigos deste seleto grupo de ricos que se acham “donos do Brasil” insistem em interpretar a constituição de acordo com suas conveniências e procuram criminalizar os movimentos que lutam pela terra.
Está na nossa Constituição o direito de produzir, de ter um pedaço de terra e que este pedaço de terra cumpra com sua função social, e o que o MST quer e exige é que se cumpra a lei, pois os foras da lei não são eles e sim aqueles outros. A Lei Maior do País os legitima a ocupar, resistir e produzir. Porém independente do que diz a lei, a legitimidade e necessidade da luta daqueles que sonham pelo direito à terra se fundamenta num princípio básico do ser humano: o direito a vida; não só deles mas de todos os brasileiros.
E este direito está fundamentado mais ainda nas revelações do censo 2006, que afirma em letras garrafais que se não fosse a pequena propriedade familiar e a importação de alimentos (um absurdo para um país como o Brasil e que seria facilmente corrigido com a distribuição de terras) os brasileiros passariam fome.
Enfim, um alerta para os nossos dirigentes e políticos: se faz urgente que se estabeleça um limite do tamanho máximo da propriedade rural e que as famílias acampadas sejam imediatamente assentadas e que a política agrária deste país tenha um desenho diferente e como diz a nossa Constituição, tenha um fim social.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

SEU VOTO VALE PELO VALOR QUE VOCÊ DÁ


Você lembra como ficou conhecida a “Lei Gerson”? Não? Apenas para: relembrar surgiu através da propaganda de determinada marca de cigarro feita pelo então jogador de futebol Gerson que terminava dizendo que se você fumasse a tal marca "levaria vantagem, certo?".
Hoje a sociedade, assiste estarrecida a escalada de corrupção no âmbito dos três poderes, nos diversos escalões das administrações do país, em todas as suas esferas. E o que é mais constrangedor é observar que ao ser flagrado o corrupto, descaradamente nega e utiliza-se dos mais variados argumentos para justificar a roubalheira praticada.
Toda essa corrupção passa a ser disseminada na sociedade, não só como um comportamento sem ética por aqueles que deveriam dar o exemplo, mas também esta prática nefasta começa afetar o relacionamento entre as pessoas, condicionando-as a quererem "levar vantagem" de acordo com a “lei de Gerson”. Isso tudo está fundamentado em valores de vida distorcidos, buscando obter sempre vantagens sobre os outros não importando se para isso, precisa agir de modos desonestos, pouco éticos ou lícitos. Em resumo, significa dizer que "ser desonesto, conseguindo vantagens, é ter mais valor, é ser mais esperto do que os outros".
Será que teremos que jogar as nossas esperanças nas novas gerações para termos um mundo melhor? Deveremos então ficar de braços cruzados e deixar que tudo continue como está? Enfim qual será a nossa contribuição para um futuro melhor? Para que as novas gerações possam evoluir de modo mais sadio e com características saudáveis de seres humanos, é necessário que esta sociedade de hoje dê exemplos sadios, sendo, portanto necessário que todos passemos a repensar os tipos de exemplos que está dando às crianças e jovens, formando as suas personalidades.
Comecemos então, mesmo tardiamente a dar a nossa colaboração. Lembramos que em 2010, estaremos de posse da maior arma que a democracia nos impõe: o voto. É nessa hora, ao escolher os candidatos aos cargos políticos, que devemos está consciente e analisar com seriedade as "características ideais" daquele que iremos dar a procuração para nos representar no parlamento ou no executivo.
Afinal, quem merece o meu, o seu, enfim o nosso voto? Em quem votar? Essa é a grande dúvida que normalmente tem ocorrido a cada eleição, já que do nosso voto dependerá a escolha do candidato a ser colocado no poder. Portanto o eleitor terá que decidir e decidir bem, pois, é o futuro do Estado que estará em jogo.
A cada eleição, diante dos escândalos e desvios do dinheiro público, das mentiras e promessas não cumpridas, o eleitor fica cada vez mais decepcionado, o que gera dúvidas se alguém está a merecer o seu voto, diante das dificuldades, ao examinar o perfil dos políticos, em encontrar candidatos que possuam qualidades para serem colocados no poder.
É claro que tudo seria mais fácil, se houvesse políticos com "características ideais". Conforme preconizava o filósofo grego Platão, desde o sec. V a.C., quando publicou "A República", quando almejava um político ideal para governar e agir de forma que viesse a constituir uma sociedade ideal. Isso não é uma utopia, porém, reconhecemos que é um sonho que ainda está no imaginário, ver a través da e dos políticos atuais, constituírem uma sociedade onde tudo esteja funcionando da melhor forma, da mesma forma como foi imaginado também, pelo escritor inglês Thomas Morus. Porém, quem sabe, não custa sonhar e talvez este sonho possa se transformar em realidade, algum dia, e tenhamos uma sociedade que consiga ser "civilizada".
Mas, afinal qual o modelo do " político ideal"? Qual político o eleitor poderia confiar e depositar o seu voto, com total segurança, na certeza de que os compromissos assumidos de público seriam cumpridos? Quem seria aquele nome que possuísse intenções sérias e honestas, as quais após eleito fariam todos os esforços para realizar da melhor forma possível, no exercício do seu mandato, com alto espírito público, patriótico e com consciência de sua responsabilidade, ações em benefício da sociedade como um todo, procurando o bem estar da população, dedicando-se ao bem coletivo, e que as suas ações políticas fossem voltadas para obter mudanças que venham produzir uma significativa melhora para a sociedade? Portanto, ao efetuar a escolha procure aquele que demonstre ser uma pessoa consciente da missão transformadora que seu trabalho como político exige, de forma que as suas ações seja algo que traga mudanças. Ações como a utilização racional e de forma bem aplicada os recursos públicos e não os apliquem apenas para agradar aos segmentos eleitorais, que suas ações sejam utilizadas nas atividades do cargo para o qual foi eleito e não gastando tempo em brigas ou intrigas políticas, que tenha consciência que ele está ali para servir ao povo e defende-los nos parlamento e ou no executivo. Que seja proativo, e na sua atividade realize atos e ações com competência, procurando ter uma visão clara e objetiva dos assuntos de forma consciente e que em suas análises procure optar por alternativas e ou soluções que visem o bem coletivo da sociedade, e que as soluções encontradas possam ser aprovadas(s) e implementadas(s).
O que se quer são pessoas nas quais, a honestidade política seja uma regra, e não uma exceção, onde os poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário, estejam efetivamente a serviço do povo e não como hoje, que serve apenas a segmentos da sociedade e tem como regra servir as elites econômicas e sociais. Que estes mesmos três poderes, possam vir a ser mais eficazes em suas ações e que a sociedade possa fiscalizá-los e porque não, até auditá-los, independentemente de pressões políticas.
Sintam como seria importante e quantas mudanças ocorreriam se todos objetivassem o bem coletivo de seus municípios, dos seus Estados e logicamente isto iria irradiar por todo o País, ocorrendo assim uma revolução na atual situação política, trazendo em seu bojo outras mudanças que precisam ocorrer para o bem do seu povo.
Portanto eleitor, ao decidir pelo seu voto, examine os noticiários, veja o que seu candidato tem feito, pois como se sabe atualmente, muitos políticos têm preferido utilizar o tempo e os recursos públicos disponíveis para outros fins e interesses, envolvendo-se em corrupções, em conchavos com finalidade de obterem vantagem pessoal ou do grupo que representa, outros só se preocupam em trabalhar apenas para serem de novo reeleitos, e como os primeiros, gastam tempo e dinheiro público em diversos outros interesses sem o objetivo de alcançar o bem coletivo com o seu trabalho. A luta pela nomeação para cargos públicos não pela competência, mas escolhidas por acordos ou barganhas políticas feitas durante a campanha eleitoral para conseguir se eleger. Compõem o grupo dos maus políticos, sendo os maiores responsáveis com suas ações, em frear o desenvolvimento da sua cidade, do seu Estado e até do País.
Ao agirem desta forma, estes maus políticos apenas atrapalham as decisões para o bem coletivo.
Portanto eleitor,que sua escolha seja realmente acertada, retirando do cenário político que já demonstraram por suas ações que são maus políticos, colocando nos cargos públicos, ou reelegendo, aqueles políticos que realmente demonstrem estarem comprometidos com o objetivo dos cargos a que concorrem. Assim, teremos a certeza de que com o voto consciente estaremos contribuindo para que assumam os cargos públicos, somente pessoas mais responsáveis e que tenham a consciência, o interesse e a motivação de trabalharem para o bem coletivo.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

VAMOS FISCALIZAR PARA QUE NÃO VOLTE A ACONTECER


Um dos fortes argumentos utilizados pelo então prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia – pai do atual presidente do DEM, Rodrigo Maia -, e pelos atuais dirigentes do Comitê Olímpico Brasileiro, para que o Governo Federal abrisse os cofres de forma descontrolada, sem a mínima transparência e com um cunho até de irresponsabilidade, seria o legado que os Jogos Pan – Americanos de 2007 iria deixar para cidade, após a sua conclusão.
Hoje passados mais de 02 anos que o PAN ocorreu, pergunta-se, onde está o saldo positivo tão prometido e decantado para os jovens das favelas, exceto as denúncias por parte do Tribunal de Contas da União – TCU? Não seria caso dos senhores deputados e senadores procurar apurar?
O Comitê Organizador do PAN, através da Organização Desportiva Pan-Americana projetou os custos em investimentos em aproximadamente 400 milhões de reais e, segundo dados técnicos do TCU se gastaram dez vezes mais, no mínimo, ao ponto de o Pan - Americano do Rio de Janeiro ter sido o mais caro da história dos jogos, chegando ao extremo de virar caso de polícia.
Diversas obras e serviços foram realizados sem licitação, outras superfaturadas e o tamanho do estrago e aqueles que dele se beneficiaram aos poucos estão sendo revelados pelo Tribunal de Contas da União (TCU), já que a Comissão Parlamentar de Inquérito aprovada pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro, diante de manobras dos aliados do então prefeito foi impedida de realizar os seus trabalhos.
Todos os equipamentos construídos, que hoje deveriam está servindo à população, principalmente as mais carentes, foram entregues à iniciativa privada, como na era FHC e seu projeto de doação do patrimônio nacional, a preço de banana.
Senão vejamos: a Arena Multiuso está hoje alugada para a um banco internacional, que, em vez de esportes, realiza espetáculos de toda natureza, menos esportivo. O Engenhão encontra-se com suas pistas de atletismo abandonadas e o Parque Aquático Maria Lenk, cedido ao COB por 20 anos, mantém-se sem nenhuma atividade. O Parque Aquático Júlio Delamare, palco do Pólo Aquático no Pan 2007, cuja reforma custou R$ 10 milhões, segundo se comenta, será demolido para dar lugar a um amplo estacionamento no Maracanã. É importante esclarecer que esse parque é considerado como um dos maiores da América Latina. Como o Júlio Delamare outro equipamento que está com os dias contados é o Estádio de Atletismo Célio de Barros.
Desta forma, o que se tem assistido é um projeto de desmanche do que foi reformado ou construído para a realização dos Jogos Pan-Americanos, o que demonstra total irresponsabilidade com o dinheiro público, que está sendo jogado fora de forma irresponsável.
Outra pergunta: Porque não transformar esses equipamentos para servirem de fomentadores de modalidades olímpicas e os transformarem em espaços para a capacitação de professores de educação física ou escolinhas gratuitas para crianças e jovens? Este não seria um legado maior, como diziam o prefeito e os organizadores do PAN?
Agora, o Rio encontra-se em plena efervescência para abrigar os Jogos Olímpicos de 2016 e o orçamento inicial, vejam bem, já está na casa dos R$ 30 bilhões, e os argumentos voltaram a ser os mesmos: o legado que as Olimpíadas irão deixar para o Rio de Janeiro. É bom que lembremos, os homens que estão envolvidos na organização, por incrível coincidência são os mesmos do PAN/2007.
É importante que tenhamos consciência que o maior legado é quando o dinheiro público é usado para servir aos excluídos do seu País, inclusive os seus bravos atletas!
Para que não tenhamos um maior mal entendido, como muitos brasileiros, não sei se a maioria, também torci e sou favorável à realização das Olimpíadas de 2016 no Rio, porém, a minha grande preocupação é que diante da má versação do dinheiro público como já comprovado no Pan 2007, pelo menos que o exemplo sirva de lição, e que lamentavelmente não volte a se repetir.
Desta forma, todo cuidado é pouco. Todos os gastos que começarem a ser feito a partir do início da operação Olimpíada, desde o seu início, na fase do planejamento venham a ser rigorosamente fiscalizados, de forma que não tenhamos a repetição dos escândalos ocorridos no PAN/2007 e que não surjam novas denúncias de corrupção. O nosso povo já está esgotado de tanto escândalo financeiro.
Que o valor projetado de 30 bilhões não seja acrescido de mais um centavo sequer, e que o erário público não seja mais uma vez saqueado, em nome dos menos favorecidos.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

PAULO SOUTO - O ÍDOLO DE BARRO


Quando nos aproximamos dos períodos eleitorais, os políticos procuram tratar os eleitores como idiotas ou assim parece. Bastou o DEM perder o comando do Estado da Bahia, para de repente descobrirem que falta educação, saúde, segurança pública, estradas, desmandos com o dinheiro público, e por aí vai. E o que é pior, começa a anunciar programas sociais caso recupere o poder. Desta forma o eleitor é tratado como idiota, ou demente, um ser sem memória.
Voltando um pouco na história do Estado, queremos recordar aos políticos hoje no DEM, (ou DEMO) antigo PFL, que por sua vez era o antigo PDS, que por seu lado era a antiga ARENA, que por sua vez teve origem na antiga UDN e partidos de direita e ultra direita que apoiou o golpe militar de 64, que estes senhores dominaram a Bahia não por cerca de 16 anos, mas sim por por 44 anos, ou seja desde 1958 que estes senhores governam a Bahia.
Para aqueles que de repente ficaram com amnésia, faço a cronologia: 1958, Juracy Magalhães (UDN); 1962, Lomanto Jr. (UDN), 1966, Luis Viana Filho (ARENA), 1970, Antonio Carlos Magalhães (ARENA), 1974, Roberto Santos (ARENA, hoje no PSDB); 1978, novamente ACM (ARENA ou PDS); 1982, João Durval Carneiro (PDS, hoje senador pelo PDT); 1986, Valdir Pires (PMDB - primeiro período sem o atual DEM no Poder); 1990, mais uma vez ACM(PFL); 1994, Paulo Souto (PFL); 1988, Cesar Borges (PFL, hoje senador pelo PR, mais continua afinadissimo com o DEM); 2002, novamente Paulo Souto (PFL, hoje DEM) e finalmente 2006, Jaques Wagner (PT).
Portanto, o Estado da Bahia viveu, durante 48 anos, “com alguns intervalos”, sob um governo que impunha-se pelo medo e o constrangimento. Esta é a opinião de todos que conviveram daquela época até hoje, cuja tônica era o dinheiro em uma mão e o chicote em outra, onde imperava a perseguição e o desmando, as obras eram voltadas para os interesses apenas das minorias e os recursos públicos tratados como se fossem propriedade dos governantes de plantão e investidos de forma a enriquecer empresários e emprenteiros, transformando o bem público em propriedade privada, enriquecendo-se e enriquecendo os amigos e correligionários.
Durante este período o IDH da Bahia só fez decrescer, movido por prioridades que não visava o bem estar da população, com falta de investimentos nas áreas sociais, principalmente educação e saúde. Escamotearam os dados e sucatearam a segurança pública. Humilharam os servidores públicos. Efetuavam obras que acabavam com a primeira chuva ou primeiro vento.
Iludiam a população com propagandas caras e bem trabalhadas, onde mostravam uma Bahia que não existia.
Enfim, tratavam a população como trouxas, coisa muito comum do coronelato político, onde o eleitor só serve no dia da eleição.
Enquanto as elites cada vez mais se apoderavam do patrimonio e dos recursos públicos. Quem não se lembra daquela empresa que se denominava Obras Autorizadas pelo Sogro? Da campanha sorrateira para fechar o Jornal da Bahia? A mesma tentativa foi feita com a Tribuna da Bahia e mais recentemente no Governo de Cesar Borges a tentativa de fechar o Jornal A Tarde? Tudo isto com um único fim: dominarem por completo a comunicação da Bahia e deixar as oposições mudas, sem ter como se comunicar com o povo, pois a verdade deles é que teria que ser a verdade transmitida para a população. E ainda se denominam Democratas. Será que sabem o que é democracia?
Será que os senhores do DEM estão esquecidos deste período? Não faz muito tempo não, senhores, foi até 2006.
Porém foi preciso passarem 03 anos fora do Poder, para descobrirem os desfeitos fomentados e praticados pelos senhores? Ou será que alguem acredita que em apenas pouco mais de 02 anos, o governo Wagner foi capaz de produzir tantas mazelas. Não estou aqui a defender o Governo atual, pois também o critico, até porque a maioria dos técnicos que comandaram a Bahia, através de cargos neste longo período, muitos deles continuaram no Poder, assim, muitas mudanças que poderiam ser feitas encontram resistencia nestes senhores, que contribuiram para o caos administrativo encontrado.
Quanto ao atual lider maior do DEM, o ex-governador Paulo Souto queremos lembrar algumas grandes contribuições dele como dirigente do Estado que talvez façamos sentir "saudades".:
No seu primeiro mandato, o governador foi responsável:
- Pela doação do BANEB ao Bradesco, de forma tão escandalosa que o investimento feito pelo Bradesco foi recuperado apenas com a venda dos prédios onde funcionava o BANEB. E ficou mais ainda comprovado quando o Banco do Brasil, apenas para ficar com a conta do Estado, pagou o dobro do valor da doação;
- A extinção do IAPSEB, plano de previdência do servidor, que além da aposentadoria prestava assistência médica e odontológica, criando os monstrengos chamados PLANSERV e FUNPREV, um atende a assistencia apenas médica e o outro trata da aposentadoria, e o servidor que contribuia com cerca de 12%, passou a contribuir com 25% dos seus já corroidos salários.
- A doação da COELBA,
- Da Companhia de Navegação da Bahia,
- Da Linha Verde;
- O não pagamento da URV ao servidor público, cujo passivo se arrasta desde o seu primeiro governo, quando deixou de conceder um percentual quando da transição da moeda para o real, mais uma vez roubando o funcionalismo público; entre tantas outras mazelas e maracutaias ocorridas em seu governo.
A situação chegou a tal ponto, que mesmo com direito a reeleição, foi preterido pelo chefe da época, o falecido ACM, mesmo após a morte de Luiz Eduardo e está bem pontuado no IBOPE.
No seu retorno em 2002, mais desmandos foram identificados, como abandono da educação, da saúde, da infra-estrutura, e os praticados no final do governo, como o escândalo da Ilha do Urubu em conloio com correligionários de José Serra; a outorga de 17 áreas do Estado; o desvio dos recursos e das finalidades da Cesta do Povo, entregando-a completamente quebrada; a educação e a saúde em petição de miséria; a infra-estrutura apenas existia na televisão; o funcionalismo de nível médio, professores e policiais, recebendo menos que o salário mínimo e os técnicos de nível superior percebendo pouco mais de um salário mínimo; o PLANSERV mesmo com os descontos em folha, com a maioria das clínicas e hospitais cancelando o credenciamento por falta de pagamentos; esfacelou o caixa do Estado com oferta de benesses a amigos e parceiros; total degradação do meio ambiente, enfim, não praticou terra arrasada, praticou sim, uma política administrativa e financeira irresponsável e incompetente. Deixou na verdade uma herança maldita para o seu sucessor, fosse quem fosse.
Faço uma pergunta aos seus admiradores: quantas salas de aula foram construidas nos 08 anos de mandato de Paulo Souto? Quantos hospitais foram construidos? Quantos leitos de UTI foram acrescidos ao sistema? Quantos metros de esgoto urbano foram feitos? Quantos policiais civis militares ele convocou? Quantos quilometros de estrada novas foram abertas? Quantos Sem Terra foram assentados? Quantas áreas foram irrigadas? Quantos poços artesianos foram perfurados no sertão baiano?
Portanto, para quem não conhecia este é o ídolo que querem nos empurrar e que só descobriu que não existe educação, saude, segurança, infra-estrutura e investimento no social, agora, depois que lhe tiraram do Poder. Ainda bem. Antes tarde do que nunca.
Porém, conhecendo a prática destes senhores, posso afirmar que este redescobrimento da situação não passará dos palanques, pois caso um dia regressem ao Poder, voltarão a ter as mesmas atitudes do passado, pois como diz o ditado popular "o uso do cachimbo deixa a boca torta".

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

PLANEJAMENTO, ESSENCIAL PARA O DESENVOLVIMENTO


É impressionante como a questão do Planejamento Urbano e da Infra - Estrutura municipal ou regional é pouco discutida pela sociedade, a qual se interessa muito mais pelas oscilações do mercado de ações do que pelos efeitos obtidos através de uma solução adequada no transporte urbano, por exemplo.
Discutir as soluções para o transporte ou a energia, da qualidade do ensino público, do atendimento nos postos de saúde, na geração de emprego e renda, enfim, na infra - estrutura urbana e das formas como se articulam e geram sinergias, é sempre colocado em plano secundário pela população.
A situação chega ao extremo de termos municípios que sequer tem um Plano Diretor e Desenvolvimento Urbano, tal qual Feira de Santana, cidade com cerca de 600.000 habitantes, que possui um Plano Diretor de 1992, completamente defasado e desatualizado, diante da dinâmica dos novos tempos. E ainda falam que há planejamento nas ações administrativas! Pergunto: como? com base em que? em que diretriz? ou é assim que é entendido planejar?
A tradição economica tem levado as pessoas a se concentrarem nos processos produtivos, nos fluxos financeiros e comerciais, mas discutir os problemas gerados por falta de planejamento ou de infra - estrutura adequada, que possa tornar a produção viável, isto não passa por grande parte da população.
Quando falamos, principalmente, em infra - estrutura é necessário esclarecer que para a sua implementação e execução é necessário e fundamental a presença do Estado como parceiro dos municípios, por se tratar de um investimento elevado e de rentabilidade a longo prazo, assunto que não interessa e nem é prioridade do investidor privado, desmentindo assim, todos os argumentos dos defensores da privatização e do Estado mínimo ou zero. Aliás, o investidor privado só se interessa naquilo que lhe traz retorno imediato, mesmo que o investimento venha degradar o meio ambiente, ele pouco está se preocupando. O que ele quer é o lucro fácil.
Como tem sido a lógica dos defensores do neoliberalismo, cabe ao Estado assumir as grandes despesas e a estruturação, tais como, energia, transportes, saneamento básico, etc., deixando ao setor privado os investimentos com retorno rápido, pois os investimentos estruturantes não os interessam.
A política neoliberal implementada em nosso País, principalmente após a chegada ao poder o PSDB/DEM, comandada por FHC, quando sem discutir com a sociedade, o governo decidiu doar o patrimônio nacional para o setor privado, sem que trouxesse qualque benefício à população, pois esta doação foi patrocinada por recursos do próprio governo, através do BNDES, desmentindo o argumento que o governo não tinha recursos para investir nas empresas doadas, restringiu o papel do Estado, sem que o setor privado apresentasse capacidade para intervir, deixando um vazio, deteriorando o pouco da infra - estrutura que restava à época, cujo vazio voltou a ser preenchido pelo Estado nos últimos 03 anos pelo Governo Lula, principalmente após o advento do PAC.
Sabemos que, quando o setor privado resolve investir na área da infra - estrutura, o faz buscando respostas pontuais, através da redução dos seus custos operacionais ou aumento significativo dos seus lucros, sem que com isso constituam uma rede integrada que possibilite dinamizar a região. Exemplo: aos plantadores de soja do oeste baiano interessa uma ferrovia que interligue as suas plantações ao porto de Salvador, de forma que facilite o escoamento da sua produção e aumente os seus lucros ou de suas empresas, sempre unindo o porto a uma região particular, sem a mínima preocupação da construção de uma ferrovia que se transforme numa rede que se articule com as diversas regiões do Estado.
Significa enfim, construir uma infra - estrutura cuja lógica é levar a riqueza para fora e não uma infra - estrutura para integrar os espaços econômicos regionais, ao contrário do que se assiste na Europa, por exemplo, onde uma rede em forma de teia une todos os centros regionais significativos, que se desdobra em ramais secundários para cada região produtiva, formando um sistema que funciona tanto nos grandes eixos, servindo como vetor de desenvolvimento para as regiões.
Portanto a falta de planejamento regional integrado e o modelo concebido para o Brasil, após a era FHC, apenas tem aumentado os desequilíbrios regionais, aumentado o fosso da pobreza, sendo urgente que medidas sejam tomadas de formar que gerem condições para o reequilíbrio. Com o modelo vigente, mesmo com os ajustes ocorridos no Governo Lula, os resultados obtidos ainda são criticos.
As regiões metropolitanas e os grandes centros urbanos existentes não possui qualquer instituição que estude e promova a racionalização territorial e o ordenamento do solo urbano e da infra - estrutura. Os órgãos de Planejamento só existem efetivamente no papel, pois de planejamento não se assiste nada ou quase nada. Vejamos o caso de Feira de Santana, como ela devemos ter centenas de cidades entre 200 a 600 mil habitantes que segue um Plano Diretor editado em 1992 ou até mais antigo, e os técnicos me vem falar que a cidade está tendo um crescimento planejado. Isto está mais para Casseta e Planeta do que para uma administração pública séria e competente. E quando falamos em planejamento, estamos querendo sugerir que haja não só o Plano Diretor do Município mas também um Regional, integrado, pois de que adianta desenvolver o município A se os demais que estão ao seu redor penam de todos os problemas do mundo subdesenvolvido? O seu atraso nada irá contribuir para o desenvolvimento regional.
Diante desta indiferença por parte do Poder Público principalmente, a quem caberia levantar as discussões, assiste-se a milhares de pessoas vivendo em cortiços, em invasões ou morros,em áreas de riscos ou de mananciais, poluindo os rios e o meio ambiente; comunidades que não possui um sistema de saneamento em condições dignas, gerando doenças, cujo custo para a cura exige muito mais recursos do que seria se investido na prevenção.
Observa-se ainda, dirigentes municipais das regiões metropolitanas e dos grandes centros urbanos com uma visão pré - histórica, inventando obras como elevados e túneis, abrindo novas vias urbanas sempre em associação com grandes empreiteiras, enganando a população com seus discursos demagógicos, pensando que com isto estarão resolvendo o problema da mobilidade urbana, em vez e investir no transporte coletivo de massa e em outras alternativas.
Se passarmos a observar o País como um todo, veremos que as soluções apresentadas como salvadoras, não passam e não fogem à visão pré - histórica desses administradores. É um absurdo inconcebível que os dirigentes continuem insistindo em investir em rodovias, gastando petróleo, pneu, asfalto, etc., para transportar as mercadorias em grandes volumes pelas estradas, reconhecidamente a opção mais cara em termos de custo/tonelada, quando a solução mais evidente, lógica e racional seria carrear estes recursos para uma política centrada na modernização dos portos, no desenvolvimento do transporte de cabotagem, associado a uma rede ferroviária, cuja malha seria integradora das regiões. Sem buscar esta opção, o resultado obtido é este que nos é apresentado, onde tudo fica mais caro e quem paga tudo isto é o pobre consumidor/contribuinte. E o pior, quanto mais pobre, mais paga.
Soluções inteligentes existem e devem ser buscadas para nossa infra - estrutura e deve ser planejada de forma que a sua implantação forme uma teia de integração entre todas as regiões. Há necessidade do resgate do papel estruturador do Estado e da sua capacidade de planejar, com uma visão de longo prazo.
Quando há planejamento e uma visão larga dos objetivos, estes são submetidos à sociedade e esta o apoia. Agora, sem planejamento, sem uma visão de longo prazo, o que aparece para sociedade são fatos consumados, não havendo espaços para o diálogo e para o contraditório, com isto a demagogia na sua essência não aflora, e o que aparece são negócios ou negociatas.