(Des)Governo Jerônimo (PT), na Bahia,
sucateia o Planserv e servidores 'batem com a cara na porta' de hospital
A busca por
atendimento tem sido frustrante para os usuários do Planserv - plano de saúde
dos servidores estaduais - que vão ao Hospital da Bahia. A unidade suspendeu,
desde o dia 7 deste mês, o atendimento de urgência e emergência para quem tem o
plano. Com dores no peito, a professora aposentada Maria Andrade, 68 anos foi
ao local nessa quinta-feira (7), onde, normalmente, costumava ser atendida.
Chegando ao hospital, ela foi informada que não poderia entrar na unidade.
“Fui orientada a ir
para o Hospital de Brotas. Cheguei lá 11h e só fui atendida as 15h. Fiz um
exame e demorou muito. O resultado só saiu 19h. Uma parte do hospital ainda
está em obras e tem poucos funcionários. No final, me mandaram tomar dipirona
em casa. No Hospital da Bahia, sempre tive um atendimento de maior qualidade”,
declarou.
Indignada, a
aposentada refletiu sobre a queda na qualidade do plano. “Pago quase R$ 2 mil
de Planserv e, toda vez que preciso usar, é um sacrifício. É um desrespeito com
os servidores”, diz ela.
A situação afetou o
atendimento, e o Hospital de Brotas até colocou uma faixa na entrada da
emergência, informando que o tempo de espera estava "elevado". O
local registrou até três horas para realizar os atendimentos.
O empresário Pedro
Gustavo Fonseca, 25 anos, conta que procurou a rede já no dia 26 de outubro -
portanto, antes mesmo de valer a suspensão do atendimento - após sofrer um
acidente com um objeto metálico.
“Eu estava trabalhando
e tive um corte profundo na lateral do rosto. Fui procurar atendimento no
hospital por saber do histórico do plano e, chegando lá, não consegui entrar na
emergência porque o segurança chegou perguntando qual plano de saúde que eu tinha
convênio. Quando respondi, ele falou que não podia entrar porque ali não
atendia mais Planserv. Fui para o Hospital de Brotas e consegui atendimento
lá”, falou.
Na quinta (7), a
reportagem foi até o Hospital da Bahia e constatou a presença de placas na
recepção e no elevador, informando que os atendimentos passarão “a ser
exclusivamente eletivos e referenciados, requerendo autorização prévia”. O
Hospital também indica que os beneficiários do Planserv deverão procurar os
canais de comunicação do plano para obter informações sobre a rede credenciada.
Com a suspensão, o
Planserv anunciou medidas para expansão dos atendimentos em outras unidades da
região, como no Hospital da Pituba e o pronto atendimento San Miguel (antigo
Santa Clara). Informou que também destinaria 18 leitos do Hospital Português para
usuários do plano.
Os problemas com o
plano são constantes. Descredenciamento de clínicas e hospitais, recusa em
atendimentos de emergência e dificuldade para marcação de procedimentos são
algumas das dificuldades enfrentadas por beneficiários do Planserv. Para se ter
uma ideia, o sucateamento do plano de saúde dos servidores estaduais foi motivo
para 6.177 ações movidas entre janeiro de 2020 e agosto de 2023.
Até o governador do
estado, Jerônimo Rodrigues (PT), disse “estar no limite” quanto à situação do
plano. Em entrevista à imprensa nessa quinta-feira (7), o gestor admitiu que a
suspensão do atendimento do Planserv no Hospital da Bahia trará “transtornos”
ao sistema de saúde do estado.
“Qualquer dificuldade
com hospital, como o Hospital da Bahia, gera um transtorno porque a quantidade
de pessoas ali atendida vai acumular em algum lugar. Então, pedi ao secretário
[da Administração, Edelvino] Góes para que a gente pudesse se preparar”, declarou
Jerônimo.
Além disso, o
governador lembrou que não existe uma rede de saúde privada no interior do
estado para poder ter capilaridade com o serviço do plano. "Temos que
criar um ambiente para que o setor privado amplie essa rede e possamos ter um
serviço de Planserv maior. Quando não tem no interior vem para a capital e
acaba sobrecarregando”, acrescentou.
• Após suspensão no Hospital da Bahia,
beneficiários do Planserv denunciam descaso: 'Cada vez pior'
No ano passado, o
investigador Léo Magno precisou percorrer três emergências de hospitais de
Salvador para conseguir ser atendido por um médico. Na época, o baiano teve um
aumento súbito de pressão e achou que fosse morrer. O motivo para as recusas
seguidas foi o paciente ser beneficiário do Planserv - o serviço de saúde dos
servidores estaduais. As opções de atendimento vão ficar ainda mais restritas a
partir de quinta-feira (7).
A data corresponde ao
início da suspensão de atendimentos emergenciais no Hospital da Bahia, na
Pituba, para beneficiários do Planserv. Apesar de as negativas na porta da
emergência já serem conhecidas, a decisão foi oficializada pela unidade de
saúde. Quem depende do plano, observa com apreensão a diminuição de opções. Em
agosto de 2023, o Hospital da Bahia não foi o único a negar atendimento a Léo
Magno.
Além dele, o Hospital
Santa Izabel, em Nazaré, e o Hospital Português, na Graça, fecharam as portas
para o servidor estadual. "É lamentável, o plano do Governo do Estado é
destruir o Planserv. Os melhores médicos não atendem mais a gente", desabafa.
Léo Magno mora em Lauro de Freitas e tinha como opção o Hospital Aeroporto, que
foi descredenciado. "Agora, preciso ir para Cajazeiras para ser
atendido", fala sobre Hospital Prohope.
O Hospital da Bahia
diz que tentou negociar com o Planserv, mas que as partes não chegaram a um
acordo. "Informamos que após meses de tratativas para solucionar um
equilíbrio econômico, não foi possível chegar a um acordo e fez-se necessária
uma alteração contratual", pontua a instituição. O CORREIO apurou que o
hospital está em processo de aquisição por outro grupo nacional.
Presidente da
Associação de Hospitais e Serviços de Saúde do Estado da Bahia (Ahseb), Mauro
Adan reiterou a importância das duas instituições, mas afirmou não poder entrar
em detalhes sobre a interrupção do vínculo. "Não é normal [a
descontinuação da relação]. Eu considero que qualquer relação de natureza
comercial que tenha sido interrompida, as partes precisam avaliar o motivo
disso. Cada instituição tem uma forma de atuar no mercado e tem parcerias com
alguns planos de saúde e outros não. É importante que o cidadão procurar aonde
e o que o plano atende", declarou.
A professora
aposentada Maria Souza, beneficiária do Planserv, esteve pela última vez no
Hospital da Bahia há três meses. Ela foi acompanhar a mãe em um procedimento.
"Eles já não estavam atendendo a emergência. Minha mãe conseguiu ser
atendida porque estava com um relatório médico e a equipe já estava esperando
dentro do hospital", conta. "A suspensão é muito ruim. Ficamos com
cada vez menos opção e o sentimento é de insegurança", lamenta.
Segundo o governo do
estado, os beneficiários que deram entrada no Hospital da Bahia pela emergência
e que se encontram assistidos no momento não terão descontinuidade no
atendimento. Desde junho, o Planserv conta com um hospital de atendimento
exclusivo do convênio, localizado em Brotas. A unidade terá a abertura de 150
leitos antecipada para atender a demanda.
Beneficiários
denunciam que têm enfrentado dificuldades para agendar consultas e exames
através do plano. O filho de Maria Souza lesionou o braço há cinco semanas, e a
família não conseguiu agendar sessões de fisioterapia. "Precisei pagar
consultas de R$130 porque o Planserv está péssimo, não temos opções", diz.
O jovem vai precisar ser assistido por três meses.
<><> Interior
do Estado
Se este descaso está
ocorrendo na capital baiana, onde estão lotados a “elite do serviço público”,
agora imaginem o que ocorre no interior do Estado.
O caos é muito pior, e
a dirigente (ir)responsável pela gestão do Planserv, que foi mantida no cargo
por ser apadrinahada de Manuel Vitório (que é quem manda de fato no governo da
Bahia, assessorado pelo indigitado Ruim Costa, de péssia memória dos servidores
públicos), ainda tem a cara de pau de quando é liberada pelo padrinho para
falar com a imprensa do interior baiano, de afirmar que não há qualquer
problema na gestão e que as dificuldades são pontuais ocasionadas pela elevada
demanda.
Para citar um exemplo,
em Feira de Santana, o EMEC hospital de referência suspendeu o atendimento,
sabem porque, por atraso no pagamento das faturas, que se tornou rotina na
atual gestão. Perguntada a respeito, a indigente dirigente saiu pela tangente
dizendo que havia outros, sendo que em Feira a rede hospitalar se resume a três
hospitais e um público.
O servidor conseguir
marcar uma consulta médica está se tornando um feito heroico e saldado com
festas quando consegue a consulta, porque o normal é levar três a quatro meses
para conseguir, diante do limite de cotas estabelecidos, em quantidade mínima, chegando
ao extremo de ter clinica conveniada que tem apenas a cota de 1 radiografia por
dia.
São tratamentos que
sofrem constantes descontinuidades, porque os médicos pedem descredenciamento,
diante dos desgastes que enfrentam em razão das cotas reduzidas que lhes são
destinadas e ou pelo valor da consulta que é paga, hoje próxima ao que paga o
SUS, aliado aos constantes atrasos do pagamento das faturas.
• Hospital da Bahia diz que tentou
negociar com o Planserv durante meses antes de suspensão
A decisão de suspender
os atendimentos de urgência e emergência para os usuários do Planserv (plano de
saúde dos servidores estaduais) foi tomada pelo Hospital da Bahia após meses de
negociações. A unidade de saúde informou, através de nota, que foram feitas
tratativas para solucionar um equilíbrio econômico, mas não houve acordo entre
as partes. O CORREIO apurou que o hospital está em processo de aquisição por
outro grupo nacional.
Ao longo deste ano, o
CORREIO noticiou diversos casos de pacientes do Planserv que tiveram
atendimentos emergenciais negados no Hospital da Bahia. Também foram alvo de
denúncias o Hospital Santa Izabel e o Hospital Português. Os pacientes narram
uma verdadeira peregrinação na tentativa de receber atendimento médico através
do plano de saúde dos servidores estaduais.
Agora, a situação pode
se agravar com a suspensão dos atendimentos no Hospital da Bahia.
"Informamos que após meses de tratativas para solucionar um equilíbrio
econômico, não foi possível chegar a um acordo e fez-se necessária uma
alteração contratual. Nesse sentido, a partir do dia 07/11/2024 a unidade
atenderá aos usuários do plano para situações eletivas e referenciadas, com
prévia autorização. Não poderão ser mais realizados atendimentos de
emergência", diz o hospital.
A unidade ressalta que
o hospital continua "operando integralmente e prestando o usual serviço de
excelência para a população". Continuarão sendo prestados pelo Hospital da
Bahia, aos beneficiários do Planserv, atendimentos ambulatoriais relacionados à
neurocirurgia, cirurgias torácica, cardíaca, cabeça e pescoço, cirurgia geral
do trato digestivo e oncológica.
Segundo o governo do
estado, os beneficiários que deram entrada na unidade pela emergência e que se
encontram assistidos no momento não terão descontinuidade no atendimento. Desde
junho, o Planserv conta com um hospital de atendimento exclusivo do convênio,
localizado em Brotas.
Omisso com gestor e
querendo tirar o braço da seringa, Jerônimo diz 'estar no limite' quanto à
situação do Planserv
O governador Jerônimo
Rodrigues (PT) declarou, na última segunda-feira (4), “estar no limite” quanto
à situação do Planserv - plano de saúde dos servidores estaduais.
“Recebi uma mensagem
do André (Curvello, secretário de comunicação) dizendo que temos que conversar,
porque estou chegando no meu limite. Vou aproveitar para marcar uma reunião com
o meu chefe de gabinete nesta semana para ver como tratamos o Planserv”, disse
o governador, em entrevista ao programa PodZé.
Em entrevista à
imprensa nesta quinta-feira (7), o mandatário admitiu que a suspensão do
atendimento do Planserv no Hospital da Bahia trará “transtornos” ao sistema de
saúde do estado.
“Qualquer dificuldade
com hospital, como o Hospital da Bahia, gera um transtorno porque a quantidade
de pessoas ali atendida vai acumular em algum lugar. Então, pedi ao secretário
(da Administração, Edelvino) Góes para que a gente pudesse se preparar”, declarou.
Jerônimo afirmou que
foi uma decisão do Hospital da Bahia encerrar o contrato com o governo. A rede
Dasa, que controla a unidade de saúde, informou, por sua vez, que após “meses
de tratativas para solucionar um equilíbrio econômico, não foi possível chegar
a um acordo e fez-se necessária uma alteração contratual”.
“Nesse sentido, a
partir do dia 07/11/2024 a unidade atenderá aos usuários do plano para
situações eletivas e referenciadas, com prévia autorização. Não poderão ser
mais realizados atendimentos de emergência”, acrescentou, em em nota enviada ao
CORREIO.
O governador declarou
também que convocou uma reunião para tratar do plano. A expectativa, segundo
Jerônimo, é que a discussão ocorra ainda nesta semana, com prazo máximo fixado
para a próxima segunda-feira (11).
“Eu pedi para o
secretário Góes coordenar com a equipe do Planserv para tomarmos uma decisão
drástica. Não só em relação a isso. Padecemos muito porque não existe uma rede
de saúde privada no interior do estado para que a gente pudesse ter
capilaridade com o serviço do plano. Temos que criar um ambiente para que o
setor privado amplie essa rede e possamos ter um serviço de Planserv maior.
Quando não tem no interior vem para a capital e acaba sobrecarregando”,
acrescentou.
<><> Venda
do hospital
O Hospital da Bahia
será comprado pela maior rede privada de hospitais do país, o Grupo Rede D'Or
São Luiz.
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Com sede no Rio de
Janeiro, está presente em diversos estados: Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo,
Distrito Federal, Pernambuco, Maranhão e Sergipe. Em Salvador, o grupo já
controla os hospitais Aliança, São Rafael, Aeroporto e Cardio Pulmonar. E vai entregar em poucos dias o Star Aliança.
Conjuntamente com a
Rede D'Or, a rede Dasa, que administra hoje o Hospital da Bahia, vai anunciar a
negociação da unidade de saúde nos próximos dias. O valor é mantido em segredo
absoluto.
No entanto, a venda
corre o risco de emperrar por causa do Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade). A avaliação de segmentos da área de saúde é a de que, como o
Grupo D'Or já administra quatro hospitais em Salvador, o órgão pode impedir a
aquisição do Hospital da Bahia a fim de evitar o monopólio.
O Grupo Rede D'Or São
Luiz está na bolsa de valores avaliado em mais de R$ 100 bilhões. Por causa da
venda, o Hospital da Bahia suspendeu o atendimento de emergência do Planserv –
plano de saúde dos servidores do governo estadual.
• Fim de atendimento a usuários do
Planserv foi exigência da Rede D'Or para comprar Hospital da Bahia
A suspensão do
atendimento emergencial aos usuários do Planserv foi uma exigência da Rede D'Or
para comprar o Hospital da Bahia, adquirido em 2021 pela Dasa por R$ 850
milhões. Segundo apurou a Metropolítica, os dois gigantes da medicina privada
negociam há pelo menos três meses, mas a Rede D'Or impôs como condição que a
Dasa fechasse antes as portas da emergência do hospital para a clientela do
plano de saúde dos servidores estaduais. A exigência tem a ver com os desgastes
que o grupo sofreu após comprar os hospitais São Rafael e Aeroporto e
interromper o contrato com o Planserv em ambas as unidades. "Por isso, a
Rede D'Or disse que só aceitaria comprar o Hospital da Bahia se a Dasa
assumisse sozinha o ônus por encerrar as operações com o plano. O próprio
governo já tinha sido informado de que havia essa exigência e se preparou para
minimizar os danos, ampliando a cota do Português, renegociando valores com o
Santa Izabel e ativando o Hospital de Brotas, o antigo Evangélico, que agora é
exclusivo para beneficiários do Planserv", revelou uma fonte do setor que
teve acesso aos termos da negociação.
<><>
Abacaxi duplo
A Dasa é a maior
interessada em se livrar do Hospital da Bahia, cuja aquisição é considerada um
enorme fiasco no processo de expansão do grupo paulista, que não conseguiu
reverter a operação deficitária do empreendimento inaugurado em 2006 pela Rede
Alfa e acumula dívidas que, até setembro deste ano, beiravam os R$ 10 bilhões.
No mesmo compasso, a Dasa pretende vender ainda a clínica AMO, especializada em
tratamento de câncer e de doenças do sangue, entre as quais leucemia, linfoma e
problemas de coagulação. A AMO foi adquirida por R$ 750 milhões também em 2021,
mas desde então vem operando no vermelho. Não se sabe se a clínica oncológica
faz parte do pacote oferecido à Rede D'Or nem se a eventual compra incluiria a
interrupção do atendimento aos usuários do Planserv.
<><> Pedra
no caminho
Para ser concretizada,
entretanto, a venda do Hospital da Bahia precisará do aval do Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão federal responsável por
combater práticas que afetam a livre concorrência, tais como cartel, monopólio
ou domínio de determinado segmento por um só grupo empresarial. A princípio, a
Rede D'Or não poderia adquirir novos leitos hospitalares em Salvador por causa
das regras de concentração de mercado previstas na lei que regulamenta
processos de fusões, aquisições de controle e incorporações entre grandes
empresas. Uma saída, de acordo com as fontes consultadas pela coluna, seria
reduzir a quantidade de leitos do Hospital da Bahia para tentar obter
autorização prévia do Cade. Esta seria a origem da decisão da Dasa de encerrar
as atividades na torre erguida ao lado do Hospital.
<><> Plano
de dominação
Caso o negócio se
concretize, a Rede D'Or passaria a dominar o mercado privado de saúde de alta
complexidade em Salvador e Região Metropolitana, onde já possui os hospitais
Aliança, Cardiopulmonar São Rafael e Aeroporto, que está localizado em Lauro de
Freitas. Na capital, os únicos hospitais que não pertenceriam ao grupo carioca
são: Mater Dei, Português, Santa Izabel, Prohope, Jorge Valente, Teresa de
Lisieux e o de Brotas, embora estes dois último sejam exclusivos para usuários
do Hapvida e Planserv, respectivamente.
Fonte: Correio/Metro 1
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