segunda-feira, 4 de março de 2024

Respeite seu relógio biológico: dicas para dormir bem

5h da manhã, 5h30, 6h, 6h30, 7h… Essa é a sequência de horários do meu despertador todos os dias. Às vezes, meu corpo desperta antes de que todo aquele barulho comece a chacoalhar o quarto. Outras vezes, não adianta o quão alto esteja, sempre quero mais alguns minutinhos de sono.

Como ter uma melhor relação com o corpo e respeitar nosso horário biológico? Existe a possibilidade de abandonar o despertador e confiar na nossa capacidade de acordar no horário? “Quando respeitamos nosso relógio biológico e fazemos com que ele funcione sincronizado com o dia e com a noite, nós temos maiores benefícios“, explica o médico psiquiatra Dr. João Gallinaro. O especialista lembra que os seres humanos foram historicamente adaptados para respeitar os horários diurnos e noturnos, uma forma de adequar nosso comportamento e os tempos de descanso.

Com o universo digital e a luz elétrica, podemos passar noites em claro e repetir com cada vez mais frequência o famoso “trocar o dia pela noite”. Desconectados de nossa própria natureza, precisamos estar cada vez mais atentos para mostrarmos ao corpo os horários em que funcionamos.

•        A importância de ter boas noites de sono

Como um aparelho digital que precisa passar algumas horas na tomada para recarregar a bateria, os seres humanos necessitam de sete a nove horas de sono diariamente, momento em que nosso corpo descansa e diversos processos silenciosos acontecem dentro do organismo. É por isso que muitas doenças, como hipertensão arterial, diabetes e depressão estão associadas a episódios de perda de sono.

“São vários os fatores que levam à privação de sono, entre eles, a rotina extenuante do dia a dia, cargas horárias excessivas de trabalho e até mesmo a falta de regras no horário de trabalho“, explica a neurofisiologista Dra. Márcia Assis. Para a médica, trabalhadores que costumam passar muito tempo dedicados a atividades profissionais sem pausas ou estudantes universitários que passam horas a fio sem tempo de descanso são alguns dos públicos mais afetados pela privação do sono.

“Existem estudos que acompanharam o sono dos brasileiros por décadas e mostram que estamos dormindo cada vez menos, em média 4 a 6 horas por noite, menos do que é recomendado para um adulto”, é o que alerta o Dr. João Gallinaro. E, embora muita gente acredite que podemos recuperar horas de sono perdidas no futuro, isso não é verdade. O metabolismo não funciona da forma como cada um deseja e apostar na privação do sono pode trazer consequências irreparáveis.

“O grande e valioso conselho é que as horas de sono não sejam negligenciadas. Não teremos a mesma habilidade para solucionar conflitos, a mesma memória e atenção quando não obtemos um sono adequado”, crava a Dra. Márcia Assis.

•        Os perigos do despertador

Ativar o modo soneca pode não ser a melhor opção para nossa saúde, já que isso pode indicar que talvez não estejamos dormindo bem. O simples fato de adiarmos o horário de acordar com a ideia de “são só mais 10 minutinhos”, mostra que o período de sono está sendo encurtado. Por causa disso, muitas pessoas passam a ter mais sonolência durante o dia e recorrem a estímulos como café, medicamentos ou energéticos para suportarem a rotina de trabalho ou estudo.

“Quando você dorme uma quantidade de horas suficiente, você acorda com a sensação de que o sono foi reparador, desde que seja um sono de qualidade, mas quando você começa a encurtar o seu tempo de sono, chega a hora de acordar e você não dormiu o suficiente”, explica o médico João Gallinaro.

O psiquiatra esclarece que um dos hormônios principais que são regulados a partir do sono é a adenosina. Quanto mais presente no corpo, maior a sonolência. Dormir com a frequência e o tempo correto fazem com que os níveis de adenosina caiam durante o sono, o que provoca a sensação de estarmos revigorados. Ao longo do dia, o corpo vai repondo o hormônio em um ciclo diário.

Ativar o despertador não só interrompe o processo natural de consumo da adenosina, o que provoca a sensação de já acordarmos cansados, mas também, ao utilizar o modo soneca, interrompemos fases importantes do sono. “A primeira metade da noite é composta principalmente por sono profundo e a última parte pela fase R.E.M, se dormirmos menos do que precisamos, acabamos cortando-as“, explica o médico.

•        Entenda o ritmo natural do seu corpo

O que conhecemos popularmente como “relógio biológico” é um mecanismo corporal chamado “ciclo circadiano”. Ele é responsável por regular o funcionamento do corpo humano a partir de um dia completo de atividades, incluindo o período em que estamos dormindo. Durante o dia, a luz, e durante a noite, a ausência dela, influenciam o nosso relógio interno, ditando o comportamento do corpo ao longo das 24 horas: quando sentimos fome e quando sentimos sono.

A grande dificuldade é organizar todas as nossas atividades dentro dos horários disponíveis que temos na nossa rotina para não interferir na regulação natural do corpo. Em Mude seus horários, mude sua vida (Sextante), o médico Dr. Suhas Kshirsagar apresenta como podemos utilizar o relógio biológico de forma eficiente para regular a alimentação, reduzir o estresse, dormir melhor e ter mais energia. Hábitos como pular refeições, exercitar-se no meio do dia, trabalhar até tarde e tentar “recuperar o sono” no fim de semana atrapalham o ritmo natural do organismo e podem gerar consequências graves para nossa saúde, por isso o professor da Universidade da Califórnia propõe um outro olhar para o modo como vivemos.

“Exercitar-se de manhã cedo prepara o corpo para receber energia e processá-la com eficiência, ao passo que exercícios intensos mais tarde trazem bem menos benefícios ao metabolismo”, escreve o autor. Encaixar esses momentos durante o dia são importantes para entender quais são as suas necessidades, inclusive a maneira como se alimenta. “Lembre-se: o que você come na primeira metade do dia é o que alimenta seu corpo no dia seguinte. Tudo o que você come depois de escurecer tem mais probabilidade de drenar o sistema”, esclarece o médico.

•        Higiene do sono: dicas para dormir bem

Embora ter uma boa noite de sono seja um desafio para muitas pessoas, outras acabam negligenciando esse momento tão importante para o corpo humano. Melhorar a qualidade do sono implica negativamente não só na saúde física, mas na própria performance do corpo e das atividades que realizamos no dia a dia.

Ao contrário do que costumamos pensar, dormir bem faz com que tenhamos mais foco, disposição, equilíbrio emocional e discernimento para realizar as tarefas do dia a dia.

Um dos principais caminhos que podemos seguir é ter uma higiene do sono adequada para as nossas necessidades, uma estratégia comportamental que tem por objetivo reduzir os fatores que são nocivos ao sono.

Os especialistas ouvidos pela Vida Simples recomendam as seguintes dicas para uma melhor noite de sono:

1.       Reduzir o estímulo da luz à noite;

2.       Evitar um consumo excessivo de estimulantes durante o dia;

3.       Optar por refeições leves à noite;

4.       Expor-se à luz de 20 a 30 minutos ao acordar;

5.       Fazer atividade física no mesmo horário todos os dias;

6.       Consumir uma quantidade maior de calorias pela manhã e no início da tarde;

7.       Fazer esforços físicos e mentais durante o dia;

8.       Procurar ir para a cama quando estiver cansado;

9.       Desligar aparelhos eletrônicos uma hora antes de ir para a cama;

10.     Criar um ritual antes de dormir, de forma a educar o seu corpo.

 

       Por que dormir bem é essencial e como recuperar o sono perdido

 

A cama, esse espaço quase sagrado que convida ao descanso e ao relaxamento, parece ter se transformado em um poço sem fundo de preocupações e tragédias anunciadas. Em um cenário de pandemia, a insônia tornou-se companheira fiel de muitos de nós. Como resgatar a paz e recuperar o sono perdido? Para começar, vale sabermos que a dificuldade para dormir pode estar relacionada a alterações fisiológicas, mas nem tudo se resume a elas. Fabricio Dias, médico consultor da Weleda, marca de cosméticos e medicamentos naturais, é quem me explica isso: “Nós não somos só matéria. O ser humano é corpo, mente e espírito. Muitas vezes, quando nos deparamos com alguma questão relacionada à saúde, queremos encontrar respostas rápidas. Isso nos leva a tratar o sintoma, não a causa. Com a insônia, é a mesma coisa”.

Durante o sono, ficamos vulneráveis. A própria ciência desconhece muito do que nos acontece assim que fechamos os olhos. Por vezes, o medo de se entregar a esse espaço-tempo cheio de incertezas nos impede de adormecer. “Nós queremos estar no controle das situações, ainda não sabemos como lidar bem com a vulnerabilidade. Nosso estilo de vida hoje demanda que a consciência esteja alerta a todo momento: é preciso estar conectado, respondendo a diversos estímulos, prestando atenção em acontecimentos simultâneos. Quando finalmente podemos desconectar e relaxar, algo parece estar errado. É como se não pudéssemos fazer aquilo, simplesmente não conseguimos”, afirma o médico.

•        Identifique o que impede a sua boa noite de sono

Então, o primeiro passo para tentar descobrir o que te impede de ter uma boa noite de sono é olhar para dentro de si e buscar identificar quais são as emoções que estão mais presentes nesse momento. Que pensamentos são mais frequentes? O que você sente ao longo do dia que insiste em permanecer durante à noite? As respostas para essas perguntas darão boas pistas de em que direção devemos caminhar.

•        Por que dormir é essencial e natural

Para que o nosso corpo se mantenha saudável, o sangue precisa buscar um estado de equilíbrio. Assim, dependendo do que comemos, do que sentimos e de quais atividades realizamos ao longo do dia, ele fica mais básico ou mais ácido. Bem, mas o que isso tem a ver com o sono? Enquanto dormimos, nosso sangue se mantém mais básico. Isso permite que nossas células se regenerem. É como se elas estivessem se preparando para as batalhas do dia seguinte. Se entramos em uma sequência de noites mal dormidas, não damos a elas a oportunidade dessa reparação – em termos gerais, elas não ajudam nosso organismo da maneira que deveriam.

As consequências da insônia são variadas: nosso corpo produz mais cortisol, o hormônio do estresse, que está relacionado a dores crônicas e à baixa imunidade. Aumentamos também a tendência à depressão e aos problemas de memória. Além disso, nosso sistema endócrino fica comprometido, o que leva a descompensações na tireoide, diabetes, ciclo menstrual… Fabricio é enfático: “Nós devemos olhar para o sono como necessidade básica. Da mesma forma que precisamos comer e respirar para viver, temos que dormir”.

•        Não existe receita: cada ser humano é único – e cada sono também

A qualidade do nosso sono não está diretamente relacionada à quantidade de horas dormidas ou ao horário em nos deitamos e levantamos. “Dormir bem diz respeito à reparação da nossas funções físicas e psíquicas”, alerta o médico. A medicina antroposófica, aquela que entende o ser humano como uma tríade, corpo, mente e espírito, defende que as individualidades precisam ser consideradas sempre.

Assim, há pessoas que se sentem mais ativas e enérgicas de manhã, outros preferem o período da tarde e ainda há aqueles são entusiastas da noite. Existem também os chamados dormidores longos, que precisam de muitas horas de sono para se sentirem descansados, enquanto outros, os dormidores curtos, se satisfazem com menos tempo. Logo, não precisamos nos apegar à ideia de que temos que dar ao nosso corpo oito horas de sono por dia, nem que, às dez da noite, é essencial que estejamos deitados. Tal como na cozinha, o sucesso de uma preparação depende dos ingredientes de que cada um dispõe, da temperatura ambiente, da qualidade do forno… Não se trata de certo ou errado, mas de desenvolver um olhar atento para as nossas particularidades e buscar entender como o nosso próprio corpo funciona.

•        Como dormir melhor?

Embora o que a gente queira é ter uma boa noite de sono, os ajustes precisam ser feitos também durante o dia. Para começar, alimentação saudável e exercícios físicos são fundamentais. Isso porque eles ajudam o organismo a se manter saudável, produzindo todos os hormônios nos níveis necessários, como a melatonina. Ela é a responsável por organizar o ciclo circadiano do corpo, avisando os órgãos e tecidos que o sono se iniciou.

•        Crie uma rotina do sono

Perceba os momentos em que você naturalmente se sente mais sonolento e de quanto tempo precisa para acordar renovado. Assim, estabeleça um horário para se deitar e se levantar todos os dias – inclusive aos fins de semana.

•        Cuide da alimentação

Além de ter uma dieta saudável durante o dia, opte por alimentos mais leves à noite. Fabricio sugere que a última refeição completa seja feita junto com o pôr do sol, às 18 horas. Depois, até a hora em que for dormir, prefira líquidos mornos, como chás sem cafeína ou leite. Leite de amêndoas (ou mesmo o animal) com canela e açafrão são uma ótima pedida.

•        Desligue os eletrônicos

Tente deixar de lado as luzes artificiais em contato direto com o rosto duas horas antes de dormir. Isso vale para celular, computador e televisão, por exemplo. As luzes emitidas por tais aparelhos suprimem a produção da melatonina, aquele hormônio importante para o sono. Use esse momento para tomar um banho mais demorado, fazer uma massagem com um creme perfumado ou óleos essenciais, praticar uma atividade meditativa, ler um livro ou escrever. Aliás, transpor nossos sentimentos para o papel é uma boa maneira de colocá-los para fora e não levá-los para a cama com a gente. Lembra que as emoções, especialmente a ansiedade, também são responsáveis pela insônia?

Em alguns casos, remédio para insônia ou um remédio para ansiedade podem ser de grande ajuda. Se você já testou colocar todas as sugestões anteriores em prática e mesmo assim segue com episódios frequentes de insônia, converse com seu médico sobre a possibilidade de tomar medicações antroposóficas, como o Ansiodoron*, da Weleda, um remédio para ansiedade natural. Esse fitoterápico para dormir, formulado a partir de ingredientes naturais, como Avena sativa, Passiflora alata e Valeriana officinalis, age nos sistemas metabólico, neuro-sensorial e rítmico, proporcionando relaxamento, reduzindo a ansiedade, melhorando a taxa respiratória e induzindo o sono.

“A medicina antroposófica dá às pessoas a possibilidade de elas mesmas se curarem. As propriedades medicinais dessas plantas fazem parte de um conhecimento ancestral que foi se perdendo com o avanço da tecnologia. A Weleda resgatou essa sabedoria e a reuniu em uma fórmula que não cria dependência, nem possui interação medicamentosa com outras substâncias. É um tratamento natural, mas que precisa ser aliado a outras práticas de autocuidado”, conclui Fabricio Dias.

 

Fonte: Vida Simples

 

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