Operação da PF
contra desvio de emendas parlamentares prende vice prefeito baiano e outras 3
pessoas
O vice-prefeito
de Lauro de Freitas, Vidigal Cafezeiro
(Republicanos), e outras três pessoas foram presas por suspeita de desvio de
dinheiro de emendas parlamentares na segunda fase da Operação Overclean, deflagrada pela
Polícia Federal na manhã desta segunda-feira (23).
Os mandados foram
cumpridos na sede da Prefeitura de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana
de Salvador, e em Vitória da Conquista, no sudoeste da
Bahia.
Além do
vice-prefeito, foram presos Lucas Moreira Martins Dias, secretário de
Mobilidade Urbana de Vitória da Conquista, Carlos André de Brito Coelho,
ex-prefeito de Santa Cruz da Vitória, e o policial
federal Rogério Magno Almeida Medeiros. Também houve o afastamento de Lara
Betânia Lélis Oliveira, servidora da Prefeitura de Vitória da Conquista.
Emendas parlamentares são uma
reserva dentro do Orçamento do governo federal usada conforme indicação de
deputados e senadores.
Os parlamentares
indicam projetos e obras em suas respectivas bases eleitorais que devem receber
esse dinheiro, que é público.
Recentemente, o
ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou suspender o
repasse de parte das emendas e determinou que o Congresso criasse regras de transparência
para coibir desvios e mau uso do dinheiro.
Além das prisões
feitas nesta segunda, outros dez mandados de busca e apreensão foram cumpridos
na Bahia e em Brasília. Houve também bloqueio de bens para ressarcir eventuais
prejuízos aos cofres públicos.
Na primeira fase da
operação, há uma semana, 16 suspeitos haviam sido presos. Todos foram
liberados, mas devem cumprir medidas cautelares.
<><> Detalhes da investigação
Segundo as
investigações, a organização criminosa usava fraudes em licitações e contratos
superfaturados para desviar dinheiro.
Os crimes
investigados são corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitação e
lavagem de dinheiro.
A Polícia Federal
afirma que o esquema montado por políticos e empresários movimentou cerca de R$
1,4 bilhão. O desvio ocorria por meio de contratos firmados com o Departamento
Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS).
As investigações
constataram a prática de superfaturamento em obras e desvios de recursos com o
apoio de interlocutores que facilitavam a liberação de verbas destinadas a
projetos previamente selecionados pela organização criminosa.
Por meio de nota, a
assessoria da Prefeitura de Lauro de Freitas negou que a gestão municipal
esteja envolvida em fraude ou desvio de recursos.
Disse ainda que o
mandado de busca e apreensão realizado se refere exclusivamente ao
vice-prefeito Vidigal Cafezeiro, e que a prefeita Moema Gramacho (PT) afirma
não ter conhecimento de desvios supostamente praticados.
A Prefeitura de
Vitória da Conquista disse que reafirma o "compromisso com a
transparência, a legalidade e a eficiência na gestão dos recursos públicos,
valores que norteiam todas as ações da Administração Municipal".
Os mandados de
busca e apreensão foram cumpridos nesta segunda-feira na sede da Prefeitura de
Vitória da Conquista, além de residências no bairro de Vilas do Atlântico e no
condomínio de luxo Alphaville I, localizado na Avenida Paralela, em Salvador, e
em Vitória da Conquista.
>>>>> Saiba quem
são os suspeitos e como eles atuavam:
·
Vidigal Galvão Cafezeiro Neto
Vice-prefeito de
Lauro de Freitas e médico, responsável pelo Fundo Municipal de Saúde. Ele
recebeu pagamentos mensais e teve dívidas pessoais pagas pela organização
criminosa, utilizando contratos públicos fraudulentos firmados com uma empresa.
O nome do
vice-prefeito apareceu em planilhas informais de contabilidade que constam que
ele recebeu R$ 140 mil em um período de seis meses.
·
Carlos André de Brito Coelho
Ex-prefeito de
Santa Cruz da Vitória, atuou como operador financeiro e político, organizando
contratos fraudulentos e recebendo propinas. Ele foi vinculado a valores
significativos registrados em planilhas e a depósitos feitos por empresas
fantasmas controladas pelo grupo criminoso.
Ele recebia
repasses no valor de R$ 1,7 milhão, parte deles associados a contratos públicos
fraudulentos firmados na Secretaria de Educação de Salvador.
Embora o foco
principal de Carlos André estivesse na coordenação de contratos e repasses
financeiros, sua atuação também se estendia à manipulação de decisões
administrativas, incluindo a continuidade de contratos em setores públicos
estratégicos.
·
Lucas Moreira Martins Dias
Advogado, atuou
como Chefe do Gabinete Civil e atualmente estava lotado na Secretaria de
Mobilidade Urbana em Vitória da Conquista. Recebeu valores provenientes de
propinas através de depósitos fracionados e planilhas informais de
contabilidade. Ele é acusado de facilitar contratos irregulares com uma
empresa.
Por meio de nota, a
Prefeitura de Vitória da Conquista informou que Lucas Moreira foi exonerado da
função como secretario de Mobilidade Urbana. Conforme a gestão municipal, a
decisão tem o objetivo de garantir que o ex-gestor possa exercer plenamente seu
direito constitucional de defesa.
·
Rogério Magno Almeida Medeiros
Agente da Polícia Federal,
fornecia informações privilegiadas ao grupo criminoso e recebia pagamentos
mensais pela função de vazamento de dados confidenciais sobre investigações.
Ele também recebeu serviços pessoais pagos pelos líderes da organização
criminosa.
·
Lara Betânia Lélis Oliveira
Coordenadora de
Material e Patrimônio da Prefeitura de Vitória da Conquista. Ela foi afastada
por suspeita de participação no esquema criminoso, recebendo valores em
contratos fraudulentos firmados com uma empresa. A servidora é apontada como
responsável por ajustes financeiros e favorecimento à organização criminosa.
<><>
Nota da Prefeitura de Lauro de Freitas
"A
Prefeitura de Lauro de Freitas nega qualquer fraude ou desvio de recursos pela
gestão. Se algum servidor o fez, que seja investigado dentro da lei e que a
justiça seja feita.
Sobre
o desdobramento da operação overclean acontecido na manhã desta segunda-feira
(23), no centro administrativo de Lauro de Freitas, a Prefeitura Municipal de
Lauro de Freitas informa que a ordem de busca e operação foi dirigida exclusiva
ao vice-prefeito, investigado na referida operação. O ato policial, portanto,
não se aplicou a todo o prédio, mas apenas às dependências do gabinete do
vice-prefeito, que no momento não se encontrava lá.
A
Prefeitura Municipal acredita no trabalho da polícia e da justiça que ao final
de todos os atos administrativos e judiciais, com todas as garantias
democráticas, como a plena defesa e o devido processo legal, conseguirá apontar
quem deverá ser punido e qual é a sanção cabível.
Todo
o acervo documental ou qualquer outros documentos estão ao inteiro dispor das
autoridades.
A
justiça deverá ser feita punindo os que tenham cometido crime e inocentando os
que, apesar de estarem sendo investigados, restarem provadas sua inocência.
A
prefeita de Lauro de Freitas afirma não ter conhecimento de quaisquer desvios
pela gestão e jamais praticou. Está tão surpresa quanto a imprensa. E já
colocou a prefeitura à disposição pra tudo o que as autoridades policiais e
jurídicas precisarem pra elucidar os fatos. E garante que a Prefeitura nunca
praticou desvio de emendas e tem como provar a utilização de toda e qualquer
emenda recebida".
<><>
Nota da Prefeitura de Vitória da Conquista
"O
Município de Vitória da Conquista reafirma seu compromisso com a transparência,
a legalidade e a eficiência na gestão dos recursos públicos, valores que
norteiam todas as ações da Administração Municipal. Em relação à Operação
Overclean, da Polícia Federal, esclarecemos que o Governo Municipal está à
disposição das autoridades competentes para contribuir com as investigações e
assegurar a completa elucidação dos fatos.
Ressaltamos
que a Prefeitura de Vitória da Conquista foi recentemente reconhecida com o
Selo Ouro de Transparência, distinção que reflete nosso compromisso com a
publicidade dos atos administrativos e o rigor no uso dos recursos públicos.
Além
disso, o Governo Municipal tem adotado medidas concretas para proteger e
aprimorar os processos de compras públicas, incluindo:
•Mapeamento
de riscos nas contratações públicas, estabelecido pela Portaria nº 181/2024,
que busca identificar e mitigar possíveis vulnerabilidades, promovendo maior
segurança jurídica e eficiência nas aquisições.
•Regulamentação
das linhas de defesa na gestão pública, conforme Decreto nº 23.458/2024,
estruturando mecanismos de controle interno que garantem maior rigor e
monitoramento contínuo das contratações e gastos públicos.
A
Prefeitura reitera que não mede esforços para assegurar que as contratações
sejam realizadas de forma íntegra, seguindo rigorosamente os princípios
constitucionais da administração pública, como legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência
Nos
solidarizamos com a sociedade no combate à corrupção e reafirmamos nosso
compromisso de promover uma gestão pública responsável e comprometida com o
bem-estar da população de Vitória da Conquista".
¨ Vice-prefeito
preso na BA pedia para empresários pagarem suas dívidas
O vice-prefeito de Lauro de
Freitas (BA), Vidigal Cafezeiro (Republicanos), foi preso nesta segunda-feira
(23) pela Polícia Federal (PF) sob suspeita de envolvimento em um esquema de
desvio de recursos públicos. A informação foi divulgada pelo portal Metrópoles. Segundo investigações da
Operação Overclean, ele utilizava sua posição como gestor do Fundo Municipal de
Saúde para beneficiar o grupo criminoso liderado pelo empresário Marcos Moura,
conhecido como "Rei do Lixo".
As apurações apontam que o
esquema operava por meio de contratos da empresa Pap Saúde Ambiental, que
recebia pagamentos do fundo municipal. Vidigal, que já havia sido alvo de
mandado de busca e apreensão no início do mês, também é acusado de solicitar
favores financeiros a empresários ligados ao esquema.
·
Mensagens reveladoras
De acordo com o relatório da
PF, Vidigal enviou mensagens ao empresário Alex Parente, já preso, pedindo que
este quitasse uma dívida pessoal no valor de R$ 2.185,42 referente ao aluguel
de um veículo. O documento detalha: “Vidigal solicita a Alex que acerte o
pagamento do aluguel do veículo HB20, cuja soma das duas faturas em aberto
equivale a R$ 2.185,42, apesar da dívida ter sido supostamente contraída por
Vidigal, sem justificativa aparente a não ser pelo fato de Alex ter contrato
com a Prefeitura de Lauro de Freitas”.
Além disso, os
investigadores apontam a possibilidade de o vice-prefeito ter recebido propinas
de outras formas não identificadas. “Mas observamos a obtenção de vantagem com
pagamentos por dívida contraída em nome próprio”, destacou a PF.
·
Tensão política local
Vidigal Cafezeiro, médico de
profissão, ocupa o cargo de vice-prefeito na gestão da petista Moema Gramacho,
mas rompeu politicamente com a prefeita. Nas eleições municipais de 2024, ele
declarou apoio à candidata Débora Regis, do União Brasil, aumentando as
divisões políticas no município da região metropolitana de Salvador.
·
Outras prisões e medidas judiciais
A operação desta
segunda-feira também resultou na prisão de outros envolvidos, incluindo Lucas
Dias, secretário de Mobilidade e ex-chefe de gabinete de Vitória da Conquista
(BA), e o empresário Carlos André, apontado como operador do grupo criminoso.
Além das detenções, foram
cumpridos 10 mandados de busca e apreensão, a ordem de afastamento de um
servidor público de suas funções e o sequestro de cerca de R$ 4,7 milhões em
bens, incluindo veículos de luxo.
A investigação da Operação
Overclean, que já prendeu líderes como Marcos Moura, segue apurando os
desdobramentos do esquema que envolveu empresários e servidores públicos em
desvios milionários.
¨ Policial
Federal é preso sob acusação receber R$ 6 mil por mês para atuar como
informante de esquema do 'rei do lixo'
A Polícia Federal (PF)
prendeu preventivamente nesta segunda-feira (23) o agente Rogério Magno Almeida
Medeiros, acusado de integrar o "braço de apoio informacional" de uma
organização criminosa investigada na Operação Overclean. O grupo é suspeito de
desviar recursos de emendas parlamentares, e o envolvimento do policial foi
apontado como estratégico para a quadrilha.
De acordo com o jornal O Globo, as
investigações apontam que Rogério Magno recebia pagamentos mensais de R$ 6 mil
para fornecer informações sigilosas que beneficiavam o grupo criminoso. O nome
do policial foi identificado em uma planilha de "pagamentos contínuos e
mensais" apreendida durante a operação, onde constava a sigla
"MAG", que, segundo a PF, faz referência às iniciais de
"Magno".
A prisão foi determinada
após o Ministério Público Federal (MPF) destacar que as ações do agente
comprometiam as investigações e colocavam em risco a persecução penal. “Tal
conduta permite enquadrar ROGÉRIO MAGNO como informante e colaborador cooptado
cuja atuação se dá na condição de possível braço da ORCRIM (organização
criminosa) responsável pelo vazamento de informações policiais de interesse do
grupo criminoso”, afirma um trecho da decisão judicial reproduzindo a
manifestação do MPF.
Ao todo, foram cumpridos 10
mandados de busca e apreensão e 4 mandados de prisão preventiva em Brasília
(DF), Salvador (BA), Lauro de Freitas (BA) e Vitória da Conquista (BA). Entre
os alvos estão agentes públicos, incluindo o vice-prefeito de Lauro de Freitas,
Vidigal Cafezeiro (Republicanos), o secretário de mobilidade e ex-chefe de
gabinete de Vitória da Conquista, Lucas Dias, além do próprio agente da PF.
A segunda fase da operação
Overclean, que investiga o desvio de R$ 1,4 bilhão por meio de emendas parlamentares,
foi deflagrada nesta segunda-feira (23). A ação, que faz parte de uma
força-tarefa com o Ministério Público Federal (MPF), Receita Federal e
Controladoria-Geral da União (CGU), visa desarticular um esquema criminoso
liderado pelo empresário Marcos Moura, conhecido como “Rei do Lixo”.
As investigações apontam que
o grupo seria liderado pelos empresários Marcos Moura, conhecido como "Rei
do Lixo", e Alex Parente. De acordo com a PF, a organização utilizava
contratos públicos para lavar dinheiro e garantir benefícios financeiros
ilícitos a seus integrantes e aliados.
Moura, preso durante a
Operação Overclean no dia 10 de dezembro, é apontado como o articulador de uma
vasta rede de contratos fraudulentos em 17 estados brasileiros, movimentando cerca
de R$ 1,4 bilhão nos últimos anos. Só em 2024, o grupo teria desviado R$ 800
milhões. Documentos apreendidos pela PF, incluindo R$ 1,5 milhão em espécie e
dezenas páginas de planilhas detalhadas, reforçam as suspeitas de
superfaturamento, lavagem de dinheiro e manipulação de licitações públicas.
Fonte: g1/Brasil
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