sábado, 30 de novembro de 2024

Personalidades fazem movimento por expulsão de militares golpistas

Nas últimas semanas, a sociedade brasileira assistiu, estarrecida, às revelações trazidas a público pela Operação Contragolpe, da Polícia Federal, que mostrou oficiais militares de alta patente envolvidos no plano de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin e do ministro presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes.

Após a operação, 25 oficiais das Forças Armadas foram indiciados pela PF pelo plano de execução criminosa de um golpe e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Devido a todo esse cenário, personalidades se juntaram em um movimento para pedir a expulsão dos militares envolvidos na trama golpista.

"Militares que juraram defender a Pátria, ao contrário disso tramaram contra a Nação e chegaram a um passo da extinção do Estado Democrático de Direito por meio de assassinatos, terrorismo e sedição. Mais do que a ignomínia de enlamearem suas fardas e as Forças Armadas, traíram a confiança de quem lhes custeou carreira e casa, assistência e formação, amparo e armas. Em síntese, os “mocinhos” eram os bandidos", afirmam as pessoas que assinam o manifesto.

Elas ainda acrescentam que "a horrorosa trama revelada é, no entanto, uma oportunidade única para a República afirmar na prática os princípios e fundamentos estampados em sua Constituição, com a punição exemplar desses vilões disfarçados de soldados".

Desse modo, o grupo afirma que deve-se combater a impunidade com medidas urgentes e exige algumas ações, como:

•                        Abertura imediata de processos administrativos disciplinares sancionatórios, contra todos os militares mencionados nos inquéritos da Polícia Federal como responsáveis por atentados contra o Estado Democrático de Direito;

•                        Suspensão subsequente dos soldos, proventos e demais regalias de todos os militares da ativa ou da reserva envolvidos nas conspirações antidemocráticas, incluídos serviços de financiamento e de saúde e quaisquer outros benefícios;

•                        Cancelamento e recolhimento em seguida de todas as insígnias, galardões e comendas associadas ao exercício da função militar, pertencentes ou outorgadas aos agentes envolvidos nos atos investigados pela Polícia Federal que resultaram em indiciamentos criminais dirigidos ao exame da Procuradoria Geral da República;

•                        Extinção da organização terrorista em que, na prática, se tornou o Batalhão de Forças Especiais, sem que disso resulte qualquer direito remanescente aos seus integrantes, determinando-se sua reconfiguração funcional e doutrinária;

•                        Que tais oficiais das Forças Armadas sejam integralmente responsabilizados pela Advocacia Geral da União nas ações de ressarcimento dos danos causados ao erário como consequência dos atos golpistas por eles fomentados.

"Tais medidas são essenciais para a consolidação do regime democrático e de forças armadas com ele compatíveis, profissionalizadas e capacitadas à defesa do país contra ameaças externas", finalizam.

Veja abaixo a lista completa das pessoas que assinam o manifesto

Wilson Ramos Filho

Mauro Menezes

Normando Rodrigues

Luiz Gonzaga Belluzzo

José Eymard Loguércio

Antonio Carlos Porto Júnior

Nilo Beiro

Delubio Soares

Marcelo Auler

Denis Einloft

Nasser Ahmad Allan

Nuredin Ahmad Allan

Cristina Suemi Kaway Stamato

Espedito Fonseca

Cristiane Pereira

Eusébio de Oliveira Carvalho Filho

Bruno Duarte Amazonas Pedroso

Rubens Soares Vellinho

Tatiana Oliveira

Thiago Oliveira Agustinho

Anderson Preres da Silva

Humberto Marcial Fonseca

Kleber Alves de Carvalho

Ricardo Nunes de Mendonça

Meirivone Ferreira de Aragão

Jane Salvador

Guilherme Zagallo

Antonio de Jesus Leitão Nunes

Eduardo Surian Matias

Fernando José Hirsch

Luciana Lucena Baptista Barretto

Vítor Terra de Carvalho

Valentina de Bastos Cury

Bárbara Luiza Pinho Muniz

Raquel Caldas Nunes

Lara Machado Luedemann

Nathalia Marbly Miranda Santos

Gisa Nara Maciel Machado da Silva

Maiara Leher

Bruno Moreno Carneiro Freitas

Julia Alexim

Luiz Leonardo de Saboya Alfonso

Geraldo Marcos

Cristiane Brandão

Magda Barros Biavaschi

Marcelo Uchôa

Inocêncio Uchôa

Carlos Eduardo Pimenta

Narciso Pires

Jéssica Caliman

José Carlos Moreira da Silva Filho

Mauro José Auache

Rodrigo Camargo

Marília Guimarães

Luasses Gonçalves dos Santos

Francisco Proner Ramos

Mirian Gonçalves

Raquel Rodrigues Braga

 

•                        Indiciados acusam Bolsonaro de traição em estratégia de defesa sobre golpe: 'tudo tem sido feito para livrar a cabeça de dele'

Interlocutores dos militares e civis indiciados pela Polícia Federal (PF) na investigação que apura a tentativa de golpe de Estado têm se mostrado incomodados com a estratégia de defesa adotada por Jair Bolsonaro (PL). Segundo a CNN Brasil, aliados do ex-mandatário têm interpretado suas ações como sinais de que ele estaria colocando seu projeto político à frente das lealdades, gerando desconforto entre os antigos aliados que o acompanharam até o fim de seu governo.

A análise que circula nos bastidores é a de que, após o indiciamento, Bolsonaro tem feito movimentos para "livrar a cabeça" e se desvincular da tentativa de golpe, deixando de lado a lealdade que sempre foi demonstrada por civis e militares próximos. “Tudo tem sido feito para livrar a cabeça de Bolsonaro”, comentou uma das fontes, de acordo com a reportagem.

Essa leitura ganha força especialmente pela divulgação de áudios da Operação Contragolpe, em que a defesa de Bolsonaro busca se fortalecer com a tese de que, embora muitos de seus aliados quisessem o golpe, o ex-mandatário teria sido o único a se opor.

Essa postura tem sido vista como uma falta de gratidão, particularmente para aqueles que não o abandonaram após sua derrota para Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022. A situação é descrita por aliados de Bolsonaro como similar à defesa adotada por Lula em momentos de crise. “Está igual ao Lula nos inquéritos da Lava Jato”, comentou um dos membros do grupo.

Além da omissão, o uso de áudios que indicam falta de ação de Bolsonaro também é visto com desconfiança. Um exemplo citado é um áudio em que um coronel fala com o general Mario Fernandes, sugerindo que Bolsonaro teria “coragem moral” para se declarar contra as ações em curso. O comentário gerou ainda mais incômodo, visto que muitos acreditam que ele poderia ter agido de forma mais direta, impedindo as manifestações nas portas dos quartéis.

A estratégia de defesa de Bolsonaro tem fragilizado a posição de seus antigos aliados, como os generais Augusto Heleno, Braga Netto, Paulo Sérgio, e o almirante Almir Garnier, além de ex-assessores como Marcelo Câmara e Filipe Martins. O grupo desses aliados sente-se agora em uma situação delicada, pois, ao tentar justificar suas ações com base em medidas constitucionais, como a decretação de Estado de Defesa, Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e o uso do artigo 142 da Constituição, vêem sua posição sendo enfraquecida pela postura passiva de Bolsonaro. A linha de defesa sugere que Bolsonaro, ao buscar por fraudes nas urnas após a vitória de Lula, algo que nenhuma auditoria conseguiu comprovar, nunca teve a intenção de promover um golpe.

 Esse cenário gerou ainda mais tensão, com os antigos aliados lembrando de sugestões, planos e comunicações que circulavam naquele período, incluindo mensagens de WhatsApp e minutas de possíveis ações, sempre com o aval do ex-mandatário. Em suas conversas, esses aliados afirmam que suas intenções eram jurídicas e constitucionais, mas a versão de Bolsonaro, de que ele não estava envolvido diretamente nos planos, tem gerado divisões internas e um sentimento crescente de traição entre aqueles que estiveram ao seu lado.

A defesa de Jair Bolsonaro não se posicionou sobre o caso.

 

•                        Advogado refuta envolvimento de 'kid preto' em plano para matar Lula e diz que 'ele é bode expiatório'

O advogado do tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo, Jeffrey Chiquini, se manifestou nesta sexta-feira (29) em entrevista ao UOL, refutando as acusações de que seu cliente estaria envolvido no plano Punhal Verde e Amarelo, orquestrado para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Segundo o advogado, Azevedo foi preso pela Polícia Federal de forma injusta, sendo considerado um "bode expiatório" para implicar as Forças Especiais (FE) do Exército, os chamados “kids pretos”, unidade de elite da qual fazia parte.

Azevedo, que se encontra detido desde a semana passada no Rio de Janeiro, é acusado pela PF de ter participado do plano junto com outros indivíduos, como o policial federal Wladimir Matos Soares, o general da reserva Mario Fernandes e os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima e Rafael Martins de Oliveira. O suposto objetivo do grupo seria "impedir a posse do governo legitimamente eleito" e restringir o funcionamento da democracia e do Poder Judiciário brasileiro, conforme as investigações.

Na entrevista, o advogado de Azevedo, no entanto, negou qualquer envolvimento do tenente-coronel e das Forças Especiais no plano. "Ele não participou e não tinha conhecimento", afirmou Chiquini, destacando que, caso houvesse tal plano, as Forças Especiais não teriam envolvimento.

As FE, também conhecidas como "kids pretos", são especializadas em operações de alto risco e foram associadas pela PF à execução do plano, que teria sido articulado por militares aliados de Jair Bolsonaro (PL).

O único vínculo que a Polícia Federal aponta entre Azevedo e o plano seria o uso de seu celular, que, segundo o advogado, se tornou a "única ponta" a vincular as Forças Especiais à trama. "Acusam ele por causa de um celular que estão tentando incluir [na investigação]. Por isso, ele é o bode expiatório", afirmou Jeffrey Chiquini.

De acordo com a PF, Azevedo teria atuado na operação "Copa 2022", parte do Punhal Verde e Amarelo, com o objetivo de matar o ministro Alexandre de Moraes. Durante o planejamento dessa operação, Azevedo usava o codinome "Brasil", e sua comunicação era feita por meio do aplicativo Signal, que garante segurança e criptografia. Para dificultar a identificação, o tenente-coronel teria utilizado linhas telefônicas registradas em nome de terceiros e trocado frequentemente de chips e aparelhos.

O celular usado na operação "Copa 2022" teria o número de identificação Imei 866876054007113, e após a operação, Azevedo passou a utilizar um novo aparelho associado a uma linha telefônica em seu nome, conforme a investigação. O militar prestou um depoimento de quatro horas à PF nesta quinta-feira (28), onde negou qualquer participação no plano e declarou que não pretende firmar um acordo de delação premiada, como afirmou seu advogado: "Nada de delação, que é coisa de culpado."

Rodrigo Bezerra Azevedo foi preso preventivamente durante a operação Contragolpe, em 19 de novembro, mas, apesar da detenção, não figura entre os 37 indiciados pela PF por crimes como golpe de Estado e organização criminosa. Ainda segundo a reportagem, Chiquini convocou uma coletiva de imprensa para detalhar as circunstâncias que levaram a PF a associar o celular de Azevedo às Forças Especiais do Exército.

•                        Grupo golpista discutiu instalação de 'campo de prisioneiros de guerra' e fez referência a Auschwitz

Em uma conversa do grupo de Whatsapp organizado pelo tenente-coronel Mauro Cid para tratar sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil, militares discutiram a instalação de um campo de prisioneiros de guerra, informa O Globo. Os diálogos estão no relatório final apresentado pela Polícia Federal sobre inquérito do golpe, divulgado na última terça-feira (26).

No dia 19 de novembro de 2022, um major perguntou ao grupo sobre a instalação de um “CPG”, que segundo a PF significa “Campos de Prisioneiros de Guerra”. “Alguém tem algum planejamento ou viu em algum momento a condução de um cpg sem aparelhos? Caso sim, chamar no privado”, questionou. Em resposta, o tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira, que foi um dos indiciados, escreveu: “Auschwitz!!”.

"Auschwitz é o nome do mais mortal e famoso campo de concentração nazista onde foram assassinadas um milhão de pessoas23 (a grande maioria formada por cidadãos judeus)", diz o relatório da PF.

O grupo, intitulado “Dosssss!!!”, era formado por militares “kids pretos” que tramaram a prisão e o assassinato do presidente Lula (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em outro momento do mesmo dia, o major que perguntou sobre o campo de prisioneiros fez um comentário com referências pejorativas usadas para atacar Moraes. “Vai ter careca arrastado por blindado em Brasília?”, escreveu. O major que fez os comentários não foi indiciado pela PF.

 

Fonte: Fórum/Brasil 247

 

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