sábado, 30 de novembro de 2024

José Reinaldo Carvalho: O povo palestino vencerá!

29 de novembro, é o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino, instituído pela Organização das Nações Unidas. A celebração desta data é um momento para reiterar o compromisso com os valores da paz, da justiça e da solidariedade internacional e homenagear a resistência, a coragem e o heroísmo do povo palestino. Em todo o mundo realizam-se ações dedicadas a esse povo irmão, inclusive pelas Nações Unidas, para além dos movimentos internacionalistas de solidariedade.

Em 29 de novembro de 1947, a Assembleia Geral da ONU aprovou o Plano de Partilha da Palestina. Em tese, seriam criados o Estado israelense e o Estado palestino. Tal não ocorreu. Na verdade, ali se iniciava o martírio dos palestinos. 

O Plano de Partilha da Palestina foi injusto. Acarretou a expulsão de cerca de 800 mil palestinos dos seus lares. Estabeleceu a entrega à minoria colonialista judaica, proveniente em sua esmagadora maioria de países centro-europeus, de mais da metade da Palestina e as terras mais férteis. Como se não bastasse, o Estado sionista desde então expandiu incessantemente o seu território, ocupando hoje 82% da Palestina original. E o fez mediante guerras, a expulsão sistemática dos palestinos das suas terras, operações de cerco e aniquilamento e um novo tipo de apartheid, com o muro de separação entre Jerusalém e a Cisjordânia, onde cresce o número de colônias declaradas ilegais pela própria ONU. 

A região do Oriente Médio e especialmente a Palestina tornou-se cenário da implantação de um movimento expansionista e colonialista de origem europeia, que se concretizou pela imposição do Estado sionista e suas políticas agressivas. Desde sua criação até os dias de hoje, esse Estado, que se comporta como pária no concerto internacional, expande-se por meio da guerra, da repressão e da ocupação, martirizando a população palestina, mediante a limpeza étnica. Um genocídio continuado.

Ao longo do tempo, o sofrimento palestino apenas se aprofundou. A ocupação militar iniciada em 1967, após a Guerra dos Seis Dias, consolidou o controle israelense sobre a Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental. A continuação de uma política de colonização sistemática tem desafiado reiteradamente o direito internacional, desconsiderando resoluções como a 242, que exige a retirada israelense dos territórios ocupados, e a 338, que reforça o apelo por negociações de paz baseadas na coexistência pacífica de dois Estados.

A propaganda israelense esforça-se por negar o caráter colonialista e imperialista do empreendimento sionista porque se trata de uma história incômoda, de causar horripilantes sobressaltos. Afinal, como confessar crimes de lesa-humanidade e violações do direito internacional quando se pretende posar de campeões do humanismo e da democracia? Por óbvio, a aceitação da tese imperialista e colonialista conduz automaticamente a confessar esses crimes, para os quais no fundo sabem que não há remissão.

Nos dias atuais, a situação alcançou um patamar alarmante. Ataques incessantes, bloqueios e violações dos direitos humanos configuram um genocídio em curso. Em Gaza, uma das regiões mais densamente povoadas do mundo, civis sofrem as consequências devastadoras de ofensivas militares, enquanto um cruel bloqueio à ajuda humanitária é a expressão horrenda do uso da fome e a imposição de condições inumanas à população como arma de guerra e extermínio. Durante o genocídio em curso, o estado agressor israelense matou com seus bombardeios cerca de 50 mil pessoas, sendo um terço destas mulheres e crianças. Há um número não contabilizado de pessoas desaparecidas sob escombros e mais de uma centena de milhar de feridos. Em sua sanha assassina, os agressores liquidaram a infraestrutura urbana de Gaza, destruíram hospitais, escolas, mesquitas, igrejas, centros culturais, instalações de comunicação, escritórios da ONU e de suas agências humanitárias. Assassinaram jornalistas, professores, diplomatas, médicos e demais trabalhadores do sistema de saúde. 

A propaganda sionista acusa os seus opositores de pretenderem “remover Israel do mapa”. Recorrem ao velho método nazista, apropriado pelo aparato ideológico sionista, de amaldiçoar seus adversários como antissemitas. Neste afã, para além de exibir seus preconceitos, explicita o alinhamento, ao analisar a geopolítica do Oriente Médio, com os países imperialistas e seus partidários na região.

Partindo de premissas falsas, a entidade estatal sionista, sendo indubitavelmente uma ameaça à paz e à soberania dos povos e países da região e recorrente na prática da limpeza étnica, é simultaneamente um obstáculo a qualquer solução política para a questão palestina. O argumento dos agressores é a primazia da “segurança” de Israel, concebida como a negação do direito à existência do povo palestino e à conquista do seu Estado livre, independente e soberano.

A conquista da paz na Palestina e em todo o Oriente Médio pressupõe o cumprimento das resoluções da ONU e a proclamação do Estado Palestino, livre e soberano, tendo Jerusalém Oriental como capital, e com as fronteiras existentes em 4 de junho de 1967, fronteiras estas reconhecidas internacionalmente. Não haverá paz na Palestina, em Israel e em todo o Oriente Médio enquanto não se estabelecer plenamente um Estado palestino.

Isto requer ainda a retirada de todos os colonos, verdadeiros usurpadores, dos territórios palestinos ocupados e a derrubada do muro de separação. Igualmente é necessário e urgente libertar os prisioneiros políticos palestinos detidos em prisões israelenses e implementar uma solução justa ao problema dos refugiados, de acordo com a resolução 194 da ONU. 

Diante desse contexto, é dever dos movimentos internacionalistas de solidariedade, das forças democráticas e progressistas e dos governos que se empenham pela paz e a justiça no plano internacional exigir o fim imediato do martírio do povo palestino e apelar por um cessar-fogo imediato e permanente que ponha fim ao massacre dos sionistas contra o povo palestino. É necessário defender a implementação urgente de soluções baseadas nas resoluções da ONU e nos princípios do direito internacional, que reconheçam o direito do povo palestino a um Estado independente, soberano e viável, com base nas fronteiras de 1967 e com Jerusalém Oriental como sua capital.

Ao mesmo tempo, é necessário denunciar e condenar as forças que perpetuam a opressão - o regime sionista e o imperialismo estadunidense que lhe dá sistemático apoio econômico, militar e político. O apoio irrestrito do imperialismo estadunidense ao regime sionista é um obstáculo à paz, que só poderá ser removido com resistência e luta. 

É decisivo nesse esforço a resistência do povo palestino, por todos os meios que estiverem ao seu alcance. A resistência é um testemunho da resiliência e da determinação de um povo que se recusa a desaparecer. É dever dos movimentos de solidariedade em todo o mundo amplificar suas vozes e apoiar a legítima causa da libertação da Palestina.

 

¨      Israel e Líbano trocam acusações de violações do cessar-fogo

Forças israelenses e o grupo islamista Hezbollah se acusaram mutuamente nesta quinta-feira (28/11) de violações do cessar-fogo iniciado no dia anterior, após 14 meses de violentos confrontos ao longo da fronteira entre Israel e Líbano.

Autoridades libanesas relataram incidentes esparsos no sul do país com ataques de morteiros e bombardeios. Tiros disparados por soldados israelenses feriram duas pessoas que tentavam retornar ao sul do Líbano.

A imprensa estatal libanesa disse que os feridos eram civis, enquanto o Exército de Israel os descreveu como pessoas suspeitas de violar os termos do cessar-fogo. A mídia local relatou que disparos realizados por tanques israelenses atingiram vilarejos e fazendas no sul do país, sem causar vítimas.

Os episódios de violência refletem a fragilidade do cessar-fogo que, ainda assim, pareceu se manter durante esta quinta-feira, enquanto tropas libanesas começavam a se posicionar em partes do sul do país, no leste do Vale do Bekaa e nos subúrbios ao sul de Beirute.

<><> Obstáculos ao retorno dos civis

O Exército libanês informou a montagem de postos de controle temporários e ações para explodir munições não detonadas na esperança de ajudar os civis desabrigados a retornarem para suas casas.

Cerca de 1,2 milhão de pessoas deixaram seus locais de residência no Líbano desde o início do conflito. Após a implementação do cessar-fogo, milhares de pessoas começaram retornar para suas casas nas regiões devastadas pela guerra.

Ainda assim, essa movimentação enfrenta algumas limitações. Os militares libaneses e israelenses ordenaram que os civis de comunidades próximas à fronteira entre os dois países se mantivessem afastados das áreas onde tropas israelenses ainda estão posicionadas.

O Exército libanês acusou Israel de romper o cessar-fogo diversas vezes nesta quinta-feira ao conduzir ataques e patrulhar o espaço aéreo do país com drones e caças. Os militares libaneses disseram que acompanharam as violações "em coordenação com as autoridades relevantes", sem fornecer maiores informações.

O Hezbollah não mencionou diretamente o cessar-fogo, mas destacou em nota divulgada na noite de quarta-feira que seus combatentes "permanecem totalmente equipados para lidar com as aspirações e ataques do inimigo israelense".

O parlamentar do grupo xiita Hassan Fadlallah reconheceu os incidentes desta quinta-feira."O inimigo israelense está atacando os que retornam às comunidades da fronteira", disse Fadlallah. "Há violações de Israel hoje por toda parte."

Ao ser perguntado sobre como o Hezbollah reagiria, ele demonstrou cautela e lembrou que o grupo tem direito à autodefesa, mas, ao mesmo tempo, não deseja "apressar as coisas".

<><> Israel bombardeia depósito de mísseis

Ao mesmo tempo, as forças israelenses também acusaram o Hezbollah de violar diversas vezes a trégua. Soldados israelenses teriam sido mobilizados nas últimas horas para impedir que membros da milícia avançassem para o sul do Líbano.

Israel confirmou a realização de seu primeiro ataque aéreo desde o início da trégua. Seus aviões bombardearam uma instalação do Hezbollah no sul do Líbano onde teriam sido identificadas "atividades terroristas para armazenar mísseis de médio alcance", em violação ao acordo.

O Exército israelense relatou que suas tropas abriram fogo contra "vários suspeitos" que chegaram em veículos a determinadas áreas no sul do Líbano em supostas violações à trégua.

Os israelenses impuseram um toque de recolher noturno para moradores libaneses ao sul do rio Litani, proibindo qualquer movimentação entre as 17h desta quinta-feira até as 7h de sexta-feira, no horário local.

Anunciada na terça-feira à noite, o acordo entre Israel e o Hezbollah, apoiado pelo Irã e intermediado pelos Estados Unidos e França, estabelece um cessar-fogo inicial de dois meses segundo o qual os militantes devem se retirar para o norte do Rio Litani – a cerca de 30 quilômetros da fronteira – e as forças israelenses devem retornar ao seu território.

A zona neutra próxima à fronteira no sul do Líbano é patrulhada por tropas libanesas e forças de paz da ONU. As autoridades em Beirute alertaram os moradores da região a não retornarem a suas casas antes da retirada total dos soldados israelenses da região.

<><> 14 meses de conflito

Desde o início das hostilidades entre Israel e o Hezbollah em 8 de outubro de 2023 – dia seguinte aos ataques mortais do Hamas contra Israel, que desencadearam a guerra na Faixa de Gaza –, o saldo no Líbano é de mais de 3.800 mortos e 15,8 mil feridos por ofensivas israelenses.

Cerca de 3.100 dessas mortes ocorreram após 23 de setembro, com o início da campanha de bombardeios em ampla escala por Israel, que atingiu sobretudo comunidades no sul e leste libaneses, bem como o subúrbio muçulmano de Dahieh, no sul de Beirute.

A violência obrigou mais de 1,2 milhão de cidadãos a abandonarem suas casas, dos quais mais da metade migrou para a Síria, segundo o governo libanês. Em Israel, por outro lado, as hostilidades dos últimos 14 meses matou 78, entre os quais 47 civis, e forçou 60 mil a abandonarem seus lares.

¨      Netanyahu: se trégua for rompida, Israel está de prontidão para guerra de larga escala no Líbano

Israel está de prontidão para uma guerra de grandes proporções no Líbano se o movimento xiita Hezbollah frustrar o atual cessar-fogo.

É o que disse, nesta quinta-feira (28), o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, acrescentando que o Exército já está ciente desse status.

"Usaremos o cessar-fogo. Não falei sobre o fim da guerra, falei sobre o cessar-fogo […]. Pode ser curto […]. Estamos usando a força. […] dei uma ordem às Forças de Defesa de Israel [FDI] para iniciar uma guerra em larga escala em caso de violação grave desse esquema de cessar-fogo", disse Netanyahu à emissora israelense Channel 14.

Segundo o primeiro-ministro israelense, o cessar-fogo será usado para rearmamento e repor forças.

<><> Desenvolvimento da crise no Oriente Médio

Em 7 de outubro de 2023, Israel foi alvo de um ataque de foguetes sem precedentes a partir da Faixa de Gaza.

Depois disso, combatentes do movimento palestino Hamas se infiltraram nas áreas de fronteira, abriram fogo contra militares e civis e fizeram mais de 200 reféns.

De acordo com as autoridades, cerca de 1,2 mil pessoas foram mortas nessa ocasião.

As FDI lançaram, em resposta, a operação Espadas de Ferro na Faixa de Gaza, incluindo ataques a alvos civis.

Israel anunciou um bloqueio completo do enclave: o fornecimento de água, eletricidade, combustível, alimentos e medicamentos foi interrompido.

Dezenas de milhares de pessoas foram mortas e muito mais ficaram feridas.

O movimento político armado do Líbano Hezbollah, que de fato tem suas próprias Forças Armadas, iniciou bombardeios contra posições do Exército israelense no norte de Israel em solidariedade ao povo palestino.

Em 17 e 18 de setembro de 2024, equipamentos pessoais de comunicação pertencentes ao Hezbollah, primeiro pagers e depois walkie-talkies, explodiram simultaneamente em diferentes partes do Líbano.

Desde o final de setembro, Israel começou a bombardear sistematicamente posições do Hezbollah no Líbano, inclusive áreas civis na capital do país, Beirute.

Como resultado das hostilidades na região, centenas de milhares de pessoas tiveram que deixar suas casas, foram mortas ou ficaram feridas.

 

Fonte: Brasil 247/DW Brasil/Sputnik Brasil

 

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