quinta-feira, 7 de novembro de 2024

"Foi uma grande vitória da extrema-direita e Trump não vai parar a máquina de guerra", diz Pedro Paiva

Analistas já começam a avaliar o impacto do retorno de Trump ao poder. Pedro Paiva, correspondente da TV 247, alerta para as consequências desse resultado para a América Latina, onde prevê um fortalecimento de grupos de extrema-direita e um aumento das tensões geopolíticas.

Durante uma superlive na TV 247, Paiva destacou que “o próximo governo Trump agirá em prol de seus aliados locais”, fazendo referência direta ao bolsonarismo e a lideranças que compartilham ideais ultraconservadores. Segundo ele, a América Latina será um foco de interesse estratégico do novo governo republicano, com destaque para o México, país que já foi alvo de declarações polêmicas do próprio Trump. "Trump já falou até em invadir o território mexicano", comentou Paiva, enfatizando que a retórica beligerante do candidato republicano não deve diminuir com seu retorno ao poder.

Paiva também apontou que o fortalecimento de lideranças como Javier Milei, na Argentina, é uma consequência direta desse cenário político, afirmando que a vitória de Trump representa uma “grande vitória da extrema-direita” em escala global. Segundo o correspondente, essa ascensão das forças de direita é parte de uma estratégia mais ampla que envolve o apoio a aliados locais em toda a América Latina, alimentando uma “máquina de guerra” dos Estados Unidos que, conforme alertou, “não vai parar com Trump, muito pelo contrário”.

Em sua análise, Paiva foi enfático ao dizer que a máquina de guerra norte-americana possui uma independência que transcende a figura do presidente, “controlando o país e seus líderes”. Ele argumenta que, mesmo com a retórica populista e nacionalista de Trump, a estrutura de poder nos EUA favorece o expansionismo militar e econômico, com consequências diretas para países latino-americanos que resistam às diretrizes de Washington. Ele também previu a continuidade da guerra na Ucrânia e do genocídio na Palestina.

O impacto dessa mudança na Casa Branca, caso a vitória de Trump se confirme, também traz preocupações para as relações internacionais. Com a Edison Research projetando uma liderança de Trump em estados decisivos como Pensilvânia, Carolina do Norte e Geórgia, muitos analistas e jornalistas já discutem a provável retomada de uma agenda de confronto e apoio a governos alinhados à extrema-direita na América Latina, prevendo uma fase de instabilidade para o continente.

Kamala Harris ainda não se pronunciou oficialmente sobre o desenrolar das apurações, mas seu co-chair de campanha, Cedric Richmond, declarou que "ainda temos votos a serem contados", sugerindo que a contagem continua em áreas-chave. Se confirmado, o retorno de Trump à Casa Branca deverá dar início a um novo capítulo de políticas exteriores agressivas, com desdobramentos na América Latina que, segundo Pedro Paiva, “não deverão ser ignorados por quem defende a paz e a soberania no continente.”

<><> Trump enriquece em mais de R$ 6 bilhões em poucas horas

O candidato republicano Donald Trump fez história ao vencer as eleições nos Estados Unido e viu sua fortuna aumentar em mais de R$ 6 bilhões, impulsionada pela valorização de sua empresa de mídia social, o Trump Media & Technology Group, informa o jornal O Globo.

Após a projeção de vitória na disputa com a democrata Kamala Harris, as ações da Trump Media, que opera a plataforma Truth Social, dispararam em valor de mercado. No pré-mercado, as ações, identificadas pelo símbolo “DJT”, subiram 35%, elevando a avaliação da empresa para cerca de US$ 9 bilhões. Trump, que é o acionista majoritário da empresa conservadora, possui um investimento que representa cerca de US$ 3,9 bilhões (aproximadamente R$ 22,23 bilhões) de sua fortuna total, estimada em US$ 6 bilhões (cerca de R$ 34,2 bilhões).

De acordo com a CNN, as 114,75 milhões de ações do presidente eleito estavam avaliadas em aproximadamente US$ 5,3 bilhões nas negociações de pré-mercado, um aumento significativo em comparação com os US$ 3,9 bilhões registrados ao fim das negociações no dia da eleição. Entre 23 de setembro e o final de outubro, o valor da Trump Media mais que triplicou, impulsionado por expectativas de que Trump venceria a Casa Branca.

Embora a Trump Media & Technology Group ainda enfrente desafios financeiros, com receitas escassas e prejuízos, as ações da empresa-mãe da Truth Social acumulam uma alta de cerca de 85% no último mês. Com essa valorização, Trump se posiciona como a 540ª pessoa mais rica do mundo, segundo estimativas da Forbes.

¨      “A guerra contra os BRICS e o genocídio em Gaza continuam", diz Pepe Escobar

Os principais analistas geopolíticos já começam a reagir à vitória de Donald Trump na eleição presidencial de 2024, após projeções da Fox News indicarem que o republicano derrotou Kamala Harris. Em uma análise contundente na superlive do 247, o analista geopolítico Pepe Escobar alertou para os impactos dessa reviravolta no cenário mundial, com foco na continuidade de conflitos e políticas externas agressivas dos Estados Unidos.

“O genocídio em Gaza continua. A guerra contra os BRICS continua”, disse Escobar, enfatizando que a postura beligerante de Washington em relação a regiões estratégicas não deve arrefecer com a volta de Trump ao poder. Segundo ele, a administração Trump, agora reforçada por um “mandato poderoso”, como o próprio ex-presidente descreveu, seguirá intensificando pressões e sanções sobre adversários geopolíticos, especialmente o bloco dos BRICS.

Escobar destacou também a provável ascensão de Mike Pompeo a um cargo-chave, sendo o principal nome cotado para liderar o Departamento de Defesa. “Mike Pompeo terá um papel extremamente perigoso. Os alvos já são conhecidos: Irã, Venezuela e os houthis no Iêmen”, afirmou. Segundo o analista, a nomeação de Pompeo, ex-secretário de Estado e figura alinhada com políticas intervencionistas, indicaria um direcionamento ainda mais agressivo e estratégico contra países que desafiam a hegemonia norte-americana.

Além dos conflitos militares diretos, Escobar previu um “tsunami de sanções” direcionado não apenas à China, mas também à União Europeia, num esforço de Washington para consolidar sua influência econômica e desestabilizar a ascensão de potências rivais. “Virão sanções severas, afetando economias e redes comerciais internacionais, numa tentativa de frear o crescimento chinês e enfraquecer a União Europeia”, completou.

As declarações de Escobar surgem num contexto em que Trump reafirma sua vitória, afirmando que “a América nos deu um mandato poderoso e sem precedentes” a uma multidão entusiasmada em Palm Beach, onde prometeu uma abordagem “implacável” para restaurar a posição dos Estados Unidos no cenário mundial. Apoiado por figuras como o empresário Elon Musk, que contribuiu com US$ 120 milhões para sua campanha e provavelmente será nomeado para liderar uma comissão de eficiência governamental, Trump já sinalizou uma agenda focada no fortalecimento militar e econômico do país.

A provável volta de Trump à Casa Branca também tem implicações para o cenário interno dos Estados Unidos. Escobar, entretanto, adverte que essa “máquina de guerra” visa essencialmente reforçar uma agenda imperialista, afetando diretamente regiões e países que se opõem ao alinhamento com Washington. Para o analista, a estratégia visa consolidar uma rede de pressão global, colocando tanto adversários tradicionais quanto aliados na Europa sob intensa vigilância e sanções.

<><> Trump tem mais 'força' para frear Israel, diz Hezbollah

O grupo xiita libanês Hezbollah acredita que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, terá mais autoridade do que a candidata democrata Kamala Harris para frear a guerra de Israel no Líbano.

A declaração foi dada à ANSA por um dirigente do "Partido de Deus" que preferiu se manter no anonimato porque não está autorizado a falar com a imprensa.

 "Sabemos que a política americana no Oriente Médio de apoio a Israel não mudará entre republicanos e democratas, mas acreditamos que Trump terá mais força que Biden ou Harris para frear o criminoso Netanyahu", disse a fonte.

Israel conduz há cerca de um mês e meio uma ofensiva contra o Hezbollah no Líbano que já matou aproximadamente 2 mil pessoas e eliminou boa parte do comando do grupo, incluindo o líder Hassan Nasrallah, vítima de um bombardeio em Beirute e substituído recentemente por Naim Qassem.

Já o Hamas, que trava uma guerra contra Israel na Faixa de Gaza há mais de um ano, exortou Trump a "aprender com os erros" do presidente Joe Biden, segundo declaração citada pela agência Reuters.

Além disso, Basem Naim, membro do gabinete político do grupo palestino, disse à AFP que o "apoio cego dos EUA" a Israel "deve acabar", uma vez que se dá "em detrimento do futuro do nosso povo e da segurança e estabilidade da região".

 

¨      'Donald Trump é o pesadelo da Europa': como vitória de republicano afeta o mundo

Quando o presidente dos Estados UnidosJoe Biden, passou por Kiev em fevereiro de 2023, em uma visita surpresa para demonstrar solidariedade a Volodymyr Zelensky, seu homólogo ucraniano, as sirenes de ataque aéreo soaram.

"Senti algo... mais forte do que nunca", lembrou ele mais tarde. "Os Estados Unidos são um farol para o mundo."

Agora, quem assumirá o comando desse autodenominado farol do mundo será Donald Trump, com sua esperança de que o "americanismo, e não o globalismo" é que guie o caminho.

Trump vai voltar à Casa Branca em um mundo em que o valor da influência global dos Estados Unidos está sendo questionado.

Potências regionais seguindo seus próprios caminhos, regimes autocráticos fazendo suas próprias alianças e as guerras devastadoras em Gaza, na Ucrânia e em outros lugares estão levantando perguntas incômodas sobre o valor do papel de Washington.

Mas os Estados Unidos seguem um país importante devido ao seu poderio econômico e militar e ao seu papel de destaque em muitas alianças.

Lyse Doucet, correspondente-chefe internacional da BBC News, dias antes da eleição que sagrou o republicano vencedor, conversou com alguns especialistas em diferentes áreas para ouvir suas reflexões sobre as consequências globais deste desfecho.

<><> Poderio militar

"Não posso amenizar essas advertências", diz Rose Gottemoeller, ex-secretária-geral adjunta da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). "Donald Trump é o pesadelo da Europa, com os ecos de sua ameaça de se retirar da Otan nos ouvidos de todos."

Os gastos de defesa de Washington equivalem a dois terços dos orçamentos militares dos outros 31 membros da aliança militar. Além da Otan, os Estados Unidos gastam mais em suas Forças Armadas do que os 10 países seguintes juntos, incluindo China e Rússia.

Trump se gaba de estar jogando duro para forçar outros países da Otan a cumprir suas metas de gastos, que é de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) — apenas 23 dos países membros atingiram esta meta em 2024. Mas suas declarações erráticas ainda são chocantes.

Mas Gottemoeller não acredita que "a Otan deva ruir". A Europa vai precisar "dar um passo à frente para liderar".

<><> Trump 'pode dar a Israel mais liberdade em Gaza'

Trump vai ter que governar em um mundo que enfrenta o maior risco de confronto entre grandes potências desde a Guerra Fria.

"Os Estados Unidos continuam sendo o ator internacional mais significativo em questões de paz e segurança", afirma Comfort Ero, presidente e CEO da ONG International Crisis Group.

"Mas seu poder de ajudar a resolver conflitos está diminuindo", ela adverte.

As guerras estão se tornando cada vez mais difíceis de acabar.

"Os conflitos mortais estão se tornando mais intratáveis, com a competição entre grandes potências se acelerando, e potências médias em ascensão", diz Ero sobre o atual cenário. Guerras como a da Ucrânia atraem várias potências, e conflitos como o do Sudão colocam os participantes regionais com interesses concorrentes uns contra os outros, e alguns investem mais na guerra do que na paz.

Essas ressalvas postas, de acordo com ela, Trump "pode dar a Israel mais liberdade em Gaza e em outros lugares, e já insinuou que poderia tentar fazer um acordo com Moscou em relação à Ucrânia, passando por cima de Kiev".

Trump também já declarou que é hora de "voltar à paz, e parar de matar pessoas". Mas ele teria dito ao líder israelense, Benjamin Netanyahu, para "fazer o que tem que fazer".

O republicano se orgulha de ser um pacificador. "Vou alcançar a paz no Oriente Médio, e em breve", ele afirmou em entrevista à TV Al Arabiya, da Arábia Saudita, na noite de domingo (27/10).

Ele prometeu expandir os Acordos de Abraham de 2020, se voltasse à Casa Branca. Esses acordos bilaterais normalizaram as relações entre Israel e alguns Estados árabes, mas foram amplamente vistos como tendo marginalizado os palestinos e, em última análise, contribuído para a atual crise sem precedentes.

Em relação à Ucrânia, Trump nunca esconde sua admiração por homens fortes como o presidente russo, Vladimir Putin.

Ele deixou claro que quer acabar com a guerra na Ucrânia e, assim, com o forte apoio militar e financeiro dos Estados Unidos. "Eu vou sair. Temos que sair", ele insistiu em um comício recente.

<><> Trump x China: 'O maior choque para a economia global em décadas'

"O maior choque para a economia global em décadas". Esta é a opinião de Rana Mitter, um renomado acadêmico especializado em China, sobre as tarifas de 60% propostas por Trump sobre todos os produtos chineses importados.

A imposição de custos elevados à China e a muitos outros parceiros comerciais tem sido uma das ameaças mais persistentes de Trump em sua abordagem "Estados Unidos em primeiro lugar". Mas Trump também elogia o que ele considera ser sua forte conexão pessoal com o presidente Xi Jinping. Ele disse ao conselho editorial do Wall Street Journal que não precisaria usar força militar contra um eventual bloqueio de Pequim a Taiwan, porque o líder chinês "me respeita, e sabe que sou louco".

Mas Mitter, historiador britânico que dá aula de relações internacionais entre Estados Unidos e Ásia na Harvard Kennedy School, diz que, com Trump, o cenário será mais "fluido". Por exemplo, em relação a Taiwan, Mitter aponta para a ambivalência de Trump sobre se ele sairia em defesa de uma ilha distante dos Estados Unidos.

Se a a liderança chinesa previa que qualquer cenário seria duro para Pequim, uma minoria significativa vê Trump como um homem de negócios cuja imprevisibilidade pode significar uma grande barganha com a China, "por mais improvável que isso pareça".

<><> Crise climática: 'Um dos maiores golpes de todos os tempos'

"A eleição nos Estados Unidos é extremamente importante não apenas para seus cidadãos, mas para o mundo todo, devido ao imperativo urgente da crise climática e da natureza", diz Mary Robinson, atual presidente do Elders, um grupo de líderes mundiais fundado por Nelson Mandela. Ela é ex-presidente da Irlanda, e já ocupou o cargo de alta comissária da ONU para os direitos humanos.

"Cada fração de grau é importante para evitar os piores impactos das mudanças climáticas e impedir um futuro em que furacões devastadores, como o Milton, sejam a norma", acrescentou.

O próximo ocupante da Casa Branca, no entanto, ridicularizou os planos e as políticas ambientais para enfrentar essa emergência climática, classificando como "um dos maiores golpes de todos os tempos".

Muitos esperam que ele saia do acordo climático assinado em Paris em 2015, como fez em seu primeiro mandato.

Mas Robinson acredita que Trump não pode deter o ímpeto que está ganhando força. "Ele não pode interromper a transição energética dos Estados Unidos, e reverter os bilhões de dólares em subsídios verdes... nem pode deter o incansável movimento climático não federal."

<>< Liderança humanitária

"O resultado das eleições nos Estados Unidos tem um significado imenso, dada a influência incomparável que os Estados Unidos exercem, não apenas por meio de seu poderio militar e econômico, mas por meio de seu potencial de liderar com autoridade moral no cenário global", diz Martin Griffiths, um mediador de conflitos veterano que, até recentemente, era subsecretário-geral da ONU para assuntos humanitários e coordenador de ajuda de emergência.

"Um retorno à presidência de Trump, marcada pelo isolacionismo e unilateralismo, oferece pouco além de um aprofundamento da instabilidade e da desesperança global", diz Griffiths.

Os Estados Unidos também são o maior doador individual no que diz respeito ao sistema da ONU. Em 2022, eles forneceram um valor recorde de US$ 18,1 bilhões.

Mas no primeiro mandato de Trump, ele cortou o financiamento de várias agências da ONU e se retirou da Organização Mundial da Saúde (OMS). Outros doadores se esforçaram para preencher as lacunas — que é o que Trump queria que acontecesse.

Griffiths destaca uma desesperança cada vez maior na comunidade humanitária e fora dela, e lembra que houve critica à "hesitação" do governo Biden em relação à deterioração da situação no Oriente Médio.

Os chefes das agências de ajuda humanitária condenaram repetidamente o ataque mortal do Hamas em 7 de outubro de 2023 contra civis israelenses. Mas também pediram repetidas vezes que os Estados Unidos fizessem muito mais para acabar com o profundo sofrimento dos civis em Gaza e no Líbano.

Mas Griffiths ainda acredita que os Estados Unidos são uma potência indispensável. "Em uma época de conflitos e incertezas globais, o mundo anseia que os Estados Unidos enfrentem o desafio de uma liderança responsável e baseada em princípios... Nós exigimos mais. Nós merecemos mais. E ousamos esperar por mais."

 

Fonte: Brasil 247/BBC News Mundo

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário