quarta-feira, 25 de setembro de 2024

 

Desaprovação de Macron sobe para 75% pela 1ª vez desde os Coletes Amarelos de 2018

Desde que os manifestantes vandalizaram o icônico Arco do Triunfo de Paris em dezembro de 2018, nunca o índice de aprovação de Macron tinha caído tão baixo: 25%, com o índice de desaprovação subindo para 75%, mostrou a pesquisa publicada pelo Journal du Dimanche no sábado (21).

Três quartos dos franceses estão decepcionados com o presidente Emmanuel Macron, apontou uma pesquisa do Ifop, indicando que este é seu pior desempenho desde que os protestos dos Coletes Amarelos abalaram a França em 2018.

Os entrevistados acusaram o presidente de ter um "ego desproporcional que arruinou tudo" e de tornar a França ingovernável ao dissolver o parlamento e convocar eleições antecipadas, que se transformaram em um fiasco, segundo dados da pesquisa.

Mais da metade dos 2.098 adultos franceses inquiridos de 11 a 20 de setembro disseram que desaprovam a escolha de Macron para primeiro-ministro, Michel Barnier, dizendo que o presidente havia desconsiderado a vontade das pessoas que votaram pela mudança.

Milhares de pessoas foram às ruas de Paris no sábado para protestar contra a nomeação de Barnier. Macron nomeou o principal negociador do Brexit da União Europeia (UE) para a chefia do gabinete francês após semanas de difíceis negociações. Barnier é amplamente visto como um conservador. Ele defendeu a limitação da migração para a UE e até propôs uma moratória de entrada de três a cinco anos para todos os migrantes, exceto os requerentes de asilo e estudantes estrangeiros.

¨      Novo governo de centro-direita em França apresentado dois meses após as eleições

A coligação de esquerda obteve o maior número de lugares nas eleições parlamentares de junho-julho, mas não conseguiu obter a maioria. O novo governo, apresentado no sábado, é dominado por conservadores e centristas.

O palácio presidencial francês anunciou no sábado um novo governo de centro-direita, dominado por centristas e conservadores. O anúncio surge mais de dois meses após as eleições que deram origem a um parlamento suspenso e aprofundaram as divisões políticas no país. A coligação de esquerda Nova Frente Popular obteve o maior número de lugares nas eleições legislativas, mas não conseguiu obter a maioria.

No sábado, grupos de estudantes e ativistas do principal partido de esquerda, La France Insoumise, manifestaram-se por todo o país contra um governo que, segundo eles, rejeita a vontade dos eleitores.

O gabinete de 39 membros inclui principalmente ministros da aliança centrista de Macron e conservadores republicanos.

No início deste mês, o Presidente Emmanuel Macron nomeou o conservador Michel Barnier como primeiro-ministro, apesar dos fracos resultados eleitorais do seu partido.

Barnier formou o novo governo após difíceis negociações. Macron aprovou a nomeação e o anúncio foi feito.

Jean-Noël Barrot é o novo Ministro dos Negócios Estrangeiros, um político centrista conhecido pelo seu trabalho no domínio da transformação digital e dos assuntos europeus. Possui uma vasta experiência na gestão de assuntos internacionais complexos, especialmente na UE.

O novo ministro das Finanças é Antoine Armand, uma figura emergente na política francesa, agora encarregue de dirigir as políticas orçamentais da França e de gerir o próximo orçamento em 2025, num contexto de pressão de Bruxelas para resolver o problema da dívida crescente da França.

Sébastien Lecornu mantém o seu cargo de Ministro da Defesa. Lecornu tem sido fundamental para o reforço das capacidades militares da França, incluindo a modernização dos sistemas de defesa e a gestão da assistência militar à Ucrânia. A sua liderança no domínio da defesa será crucial no momento em que a França se orienta para o seu papel no seio da NATO e gere as crescentes tensões geopolíticas decorrentes das guerras na Ucrânia e no Médio Oriente.

A capacidade de Barnier para governar eficazmente já está sob escrutínio, com os seus adversários políticos à esquerda a prometerem desafiá-lo a cada passo e a extrema-direita a dizer que vai vigiar de perto o governo.

A França é uma das principais vozes na política da UE, uma das maiores economias do mundo e um membro do Conselho de Segurança da ONU com poder de veto e com armas nucleares. A composição e a direção do seu governo revestem-se, por conseguinte, de grande importância internacional devido às suas potenciais implicações.

<><> A oposição critica o novo governo

As reações da oposição foram rápidas, com Marine LePen a criticar a medida como um "governo de transição" na rede X.

"Os franceses encontram-se esta noite com um governo reestruturado, muito longe do desejo de mudança e alternância expresso em junho passado. Este governo de transição é uma consequência do impasse criado pelas alianças antinaturais formadas durante as eleições legislativas", comentou LePen nas redes sociais.

A coligação de esquerda Nova Frente Popular surpreendeu muitos ao conquistar o maior número de lugares nas arriscadas eleições antecipadas convocadas por Macron na sequência da vitória da extrema-direita nas eleições para o Parlamento Europeu. Mas a Nova Frente Popular não teve a oportunidade de formar um governo minoritário e recusou-se a fazer concessões e a juntar-se a uma aliança governamental mais à esquerda.

"Este governo é uma união de perdedores, com alguns que estão mais ou menos lá por decoração, uma farsa", disse o líder do La France Insoumise, Jean-Luc Mélenchon, acrescentando que o seu partido não vai votar confiança no governo.

O primeiro grande teste político de Barnier será a 1 de outubro, quando proferir o seu discurso de política geral na Assembleia Nacional.

¨      Macron forma governo à direita apesar da vitória da esquerda na última eleição

O presidente francês Emmanuel Macron anunciou a formação de seu novo governo quase três meses após uma eleição geral antecipada que modificou o parlamento.

A tão esperada nova formação, liderada pelo primeiro-ministro Michel Barnier, marca uma mudança decisiva para o campo da direita — embora uma aliança de esquerda tenha conquistado a maioria dos assentos parlamentares.

Apesar da parceria entre o partido centrista de Macron e os partidos da direita, o parlamento continua fragmentado e dependerá do apoio de outras forças políticas para aprovar novas leis e projetos.

Esse movimento de Macron ocorre no momento em que a União Europeia faz um alerta sobre a dívida crescente da França, que agora excede em muito as regras do bloco.

<><> A nova distribuição do governo

Entre os nomes que ganharam uma posição no novo gabinete está o de Bruno Retailleau, um membro-chave do Partido Republicano conservador fundado pelo ex-presidente Nicolas Sarkozy.

Ele foi nomeado ministro do Interior, cujas atribuições envolvem temas relacionados à imigração.

Um total de dez políticos do Partido Republicano receberam cargos no gabinete, embora Macron tenha mantido vários ministros antigos em cargos-chave da administração.

O aliado próximo de Macron, Sébastien Lecornu, foi mantido como ministro da Defesa, e Jean-Noel Barrot, antes ministro para Assuntos Europeus, foi promovido a ministro das Relações Exteriores.

Apenas um político de esquerda recebeu um cargo no gabinete: Didier Migaud, que não está vinculado a nenhum partido e mantém uma posição independente, foi nomeado ministro da Justiça.

O cargo de ministro das Finanças foi para Antoine Armand, um membro do próprio partido Renascimento de Macron que, até agora, tinha pouca fama política.

Armand tem a tarefa de redigir o projeto de lei orçamentária do governo antes do ano novo para lidar com o déficit da França.

Antes das eleições antecipadas, o braço executivo da União Europeia alertou a França de que ela seria disciplinada por violar as regras financeiras do bloco.

O déficit do setor público da França está projetado para atingir cerca de 5,6% do PIB este ano e ultrapassar 6% em 2025. A União Europeia tem um limite de 3% para déficits.

<><> Barnier, o primeiro-ministro

Michel Barnier, um conservador veterano, foi nomeado primeiro-ministro de Macron no início deste mês.

Barnier foi um dos principais negociadores da saída do Reino Unido da União Europeia. Agora, ele precisou enfrentar a tarefa de formar um novo governo capaz de sobreviver à fragmentação do parlamento.

Membros da aliança de esquerda, a Nova Frente Popular (NFP), ameaçaram uma moção de desconfiança do novo governo.

Na eleição de julho, a NFP ganhou mais assentos parlamentares do que qualquer bloco político, mas não o suficiente para formar uma maioria.

O líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon pediu que o novo governo "fosse eliminado" o mais rápido possível.

No sábado (21/9), antes do anúncio da composição do novo gabinete, milhares de apoiadores de esquerda se manifestaram em Paris contra o governo, argumentando que o desempenho da esquerda na eleição não foi levado em consideração.

No entanto, a aliança entre partidos de centro e conservadores para formar o gabinete de governo não será suficiente para aprovar novos projetos de lei.

As votações no parlamento dependerão de outras forças políticas, como o Reunião Nacional de direita radical, liderado por Marine Le Pen.

<><> Os argumentos de Macron

Os primeiros protestos contra a escolha do primeiro ministro começaram no dia 7 de setembro, quando mais de 100 mil pessoas foram às ruas em toda a França.

As manifestações foram convocadas por sindicatos e membros da NPF, que ficaram furiosos com o fato de o candidato a primeiro-ministro do grupo tenha sido rejeitado por Macron.

Neste dia, Mélenchon pediu a "mobilização mais poderosa possível" em marchas nacionais.

Os manifestantes também usaram slogans como "negação da democracia" e "eleição roubada".

A candidata à primeira-ministra apontada pela esquerda foi Lucie Castets.

Mas ela foi rejeitada por Macron, que disse que Castets não tinha chance de sobreviver a um voto de confiança na Assembleia Nacional.

Na visão do presidente francês, Barnier pode sobreviver a um voto de desconfiança porque a extrema direita — que também ganhou um grande número de assentos —disse que não votará automaticamente contra ele.

 

Fonte: Sputnik Brasil/Euronews/BBC News

 

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