quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Rússia diz que EUA 'jogaram o bom senso fora' e podem encarar problemas por ação de Kiev em Kursk

O envolvimento dos Estados Unidos na incursão em andamento da Ucrânia na região de Kursk, no oeste da Rússia, é "um fato óbvio", disse o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, nesta terça-feira (27).

O curso de escalada de Washington está se tornando cada vez mais provocativo, disse o diplomata, acrescentando que a impressão é que as autoridades norte-americanas "acreditam que têm permissão para fazer qualquer coisa".

"A impressão é que os colegas [dos EUA] jogaram fora os resquícios do bom senso e acreditam que tudo lhes é permitido. Abordagens semelhantes são seguidas por sua clientela em Kiev. As consequências podem ser muito mais severas do que o que eles já estão vivenciando. Eles sabem onde e em quais áreas estamos respondendo em termos práticos", afirmou Ryabkov a repórteres.

A Rússia já divulgou que armamento ocidental, incluindo tanques britânicos e sistemas de foguetes dos EUA, foi usado pela Ucrânia em Kursk. Kiev confirmou o uso de mísseis Himars dos EUA para destruir pontes na região.

O The New York Times informou que os Estados Unidos e o Reino Unido forneceram à Ucrânia imagens de satélite e outras informações sobre a região de Kursk nos dias seguintes ao ataque ucraniano.

O jornal disse que a inteligência tinha como objetivo ajudar a Ucrânia a rastrear melhor os reforços russos que poderiam atacá-los.

Washington diz que não foi informado sobre os planos ucranianos antes de sua incursão em Kursk em 6 de agosto. Os Estados Unidos também disseram que não tomaram parte na operação.

¨      Após visita à usina nuclear de Kursk, chefe da AIEA diz que 'situação é grave'

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, disse após uma visita à usina nuclear de Kursk nesta terça-feira (27) que prevenir um acidente nuclear é "vital".

"Estive na central nuclear russa de Kursk hoje [27], onde a situação é séria", disse Grossi, acrescentando que prevenir um acidente nuclear é "vital".

"Atacar qualquer central nuclear é inaceitável, não importa a localização. A AIEA continuará a promover a segurança nuclear em todos os lugares", acrescentou o chefe da AIEA.

Uma delegação liderada pelo diretor-geral da AIEA visitou a usina nuclear de Kursk e a cidade de Kurchatov nesta terça-feira (27). Durante a visita, as consequências de uso da atividade militar perto da usina puderam ser observadas.

Segundo o doutor Chris Busby, veterano especialista nuclear e secretário científico do Comitê Europeu de Risco de Radiação, a política imprudente da Ucrânia em atacar usinas nucleares — primeiro em Zaporozhie, e agora em Kursk — demonstra uma perigosa falta de controle que ameaça transformar a Europa em uma terra devastada pela radiação.

"A usina nuclear de Zaporozhie é um reator de água pressurizada com paredes de concreto espessas, difíceis de penetrar. No entanto, as piscinas de combustível usado são alvos fáceis […]. Mas o caso de Kursk é diferente", explicou Busby à Sputnik.

De acordo com o especialista, "essa usina nuclear possui reatores do tipo RBMK, como o de Chernobyl, que não têm blindagem de concreto espessa, tornando-os vulneráveis a ataques de mísseis e drones que podem danificar diretamente os sistemas do reator", acrescentou.

¨      Exército ucraniano se prepara para usar armas ocidentais com munições químicas, alerta MD russo

Os militares ucranianos estão sendo treinados para usar munições químicas em sistemas de artilharia de fabricação ocidental, disse o tenente-general Igor Kirillov, chefe das Tropas de Defesa Radiológica, Química e Biológica da Rússia.

Cerca de 500 toneladas de trietanolamina, que pode ser usada para a produção de gás mostarda nitrogenada, foram fornecidas à Ucrânia, afirmou Kirillov.

Somente em julho de 2024, a empresa ucraniana Reagent importou mais de 160 toneladas dessa substância.

Kirillov relatou que Kiev pode estar preparando uma provocação com produtos químicos tóxicos na zona da operação militar especial, porque há informações sobre a entrega de munições químicas às unidades do 3º Batalhão Aeromóvel das Forças Armadas da Ucrânia.

Os materiais sobre as violações comprovadas pela Ucrânia da Convenção da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) foram enviados ao secretariado técnico da organização.

"Gostaria de chamar a atenção para o fato de a Federação da Rússia ter enviado ao secretariado técnico da OPAQ materiais sobre casos comprovados de violação da Convenção pela Ucrânia. Ao mesmo tempo, não houve nenhuma reação clara da organização até o momento", disse o tenente-general.

Ao mesmo tempo, segundo o militar, os Estados Unidos transportaram amostras biológicas (sangue, urina, órgãos, fluidos, etc.) da Ucrânia através da Moldávia mais de 2 mil vezes entre agosto de 2022 e maio de 2024.

A exportação de materiais biológicos da Ucrânia para o Ocidente, no interesse dos EUA, é garantida por empresas de logística controladas pela presidente da Moldávia, Maia Sandu, e por instituições médicas desse país, de acordo com ele.

 

¨      A mais recente cruzada da Ucrânia. Por Andrew Korybko

O Conselho Supremo da Ucrânia (Rada) aprovou uma lei na semana passada banindo a Igreja Ortodoxa Ucraniana (UOC) até meados do próximo ano se não cortar todos os laços com a Igreja Ortodoxa Russa. Kiev acusou a Igreja Ortodoxa Ucraniana de estar sob o controle da Igreja Ortodoxa Russa, apesar da Igreja Ortodoxa Ucraniana ter declarado total autonomia em relação à Igreja Ortodoxa Russa no início de 2022. As autoridades preveem substituir a Igreja Ortodoxa Ucraniana pela Igreja Ortodoxa da Ucrânia (OCU), que foi controversamente reconhecida como independente pelo Patriarcado ecumênico em 2019.

Os leitores podem saber mais sobre este assunto complicado no artigo detalhado da RT de agosto passado sobre “A última cruzada: como o conflito entre a Rússia e o Ocidente alimentou uma grande cisão na Igreja Cristã Ortodoxa”. No entanto, o suficiente para as pessoas comuns saberem é que a OCU faz parte dos esforços apoiados pelo Ocidente na Ucrânia pós-2014 para criar uma identidade nacional antirussa, o que inclui a restrição dos direitos da língua russa e a perseguição arbitrária daqueles que ainda a falam em público.

A obra magna de Vladimir Putin do verão de 2021 “Sobre a unidade histórica de russos e ucranianos” vale a pena ser lida por aqueles que gostariam de compreender como surgiu a identidade separada da Ucrânia, embora originalmente não radicalmente antirussa. Resumidamente, foi em grande parte o resultado do colapso da antiga Rus de Kiev, após o qual sua área central, hoje conhecida como Ucrânia, caiu sob a influência lituana e depois polonesa. Seguiram-se também algumas influências austríacas, imperiais alemãs, nazistas e, atualmente, americanas.

Ao longo dos séculos, desenvolveram-se diferenças linguísticas entre os habitantes autóctones desta parte do antigo Estado-civilização e seus confins a nordeste, de onde emergiu o futuro Império Russo, que, aliadas a diferentes experiências históricas, formaram uma identidade ucraniana diferente. Em vez de celebrarem sua proximidade com a Rússia devido às suas raízes comuns, os ultranacionalistas empenharam-se em exagerar e até fabricar diferenças para formar um “nacionalismo negativo”.

O que se quer dizer com isto é que a identidade ucraniana, tanto pela iniciativa de alguns demagogos locais quanto, especialmente, em resultado das influências estrangeiras acima mencionadas, passou a ser definida por supostas diferenças em relação à Rússia. Esta tendência transformou a Ucrânia e seus cidadãos que aderiram a esta forma particular de identidade em agentes geopolíticos de potências estrangeiras contra a Rússia, com o processo associado acelerando-se sem precedentes com o apoio americano após o “EuroMaidan”.

Para ser claro, Vladimir Putin não é contra uma identidade ucraniana separada em si mesma, como prova o que escreveu em sua obra magna sobre o assunto: “As coisas mudam: os países e as comunidades não são exceção. É claro que uma parte de um povo, no processo de seu desenvolvimento, influenciada por uma série de razões e circunstâncias históricas, pode tomar consciência de si mesma como uma nação separada num determinado momento. Como é que devemos tratar isso? Só há uma resposta: com respeito!”

No entanto, acrescentou imediatamente que esta identidade recém-formada não deve ser usada como arma contra a Rússia, embora, lamentavelmente, tenha sido isso o que aconteceu com a da Ucrânia. O exemplo mais recente disso é a lei que foi descrita no início desta análise sobre a proibição da UOC até meados do próximo ano, sob o falso pretexto de que está funcionando como uma extensão da Igreja Ortodoxa Russa no país. A verdadeira razão, que o leitor pode agora compreender melhor após os parágrafos precedentes, é a insegurança da Ucrânia.

Seus líderes odeiam que uma parte significativa da população se recuse a se conformar com o “nacionalismo negativo” que lhes impuseram agressivamente desde 2014 com o apoio americano, continuando a frequentar as igrejas da Igreja Ortodoxa Ucraniana em vez das da OCU. Por conseguinte, suspeitam que sua missão ideológica não foi tão bem sucedida como a apresentaram publicamente e temem que tudo o que fizeram na última década possa ser revertido caso percam o poder.

Basicamente, grande parte dos ucranianos não acredita na obsessão em relação às suas diferenças de identidade com a Rússia, o que não significa necessariamente que sejam “pró-russos” num sentido político, mas também não são russófobos étnicos como o Batalhão Azov. Podem desaprovar a operação especial e, ao mesmo tempo, não gostar de seu regime pós-2014. Estes chamados “moderados” não querem lutar pela Ucrânia contra a Rússia, mas também não querem se envolver em ações de sabotagem contra seu governo.

Alguns podem desejar secretamente que a Rússia derrube Zelensky, mas também se reconciliaram com o fato de viverem sob o domínio deste e de seus sucessores, caso isso não aconteça. Seu governo considera-os uma ameaça precisamente porque não odeiam a Rússia, o que as autoridades suspeitam que se deve à alegada influência da Igreja Ortodoxa Ucraniana pela Igreja Ortodoxa Russa, a qual, por conseguinte, doutrina-os com “propaganda do Kremlin”. A realidade, porém, é que estas pessoas chegaram às suas opiniões de forma autônoma.

No entanto, Kiev está empenhada em destruir a Igreja Ortodoxa Ucraniana para depois obrigar os cidadãos que frequentam suas igrejas a irem para as da OCU, onde seriam expostos à propaganda antirussa, na expectativa de que acabem odiando a Rússia. Se este plano não for bem sucedido, Kiev continuará paranóica com a possibilidade destes “moderados” radicalizarem-se um dia, devido à política de recrutamento forçado do regime, à deterioração das condições econômicas e à “propaganda do Kremlin”, e se rebelarem.

O que Volodymyr Zelensky e sua camarilha jamais podem aceitar é que estes “moderados” abracem a identidade ucraniana original, que se considera separada da Rússia, mas, ainda assim, amiga desta, enquanto seu regime defende a versão armada que foi artificialmente fabricada sob influências demagógicas e estrangeiras. O próprio fato da Igreja Ortodoxa Ucraniana continuar sendo a maior igreja do país, apesar de tudo o que Kiev fez na última década, prova a verdadeira popularidade da versão “moderada” em comparação com a radical.

 

¨      Moscou recebe Fórum Municipal Internacional do BRICS para comunicação comercial entre parceiros

O Fórum Municipal Internacional do BRICS (IMBRICS), que começou hoje (27) na capital russa, é parte integrante do Plano de Ação da presidência rotativa do bloco durante a gestão da Rússia e tem como objetivo promover a comunicação eficaz entre parceiros.

O IMBRICS é uma plataforma importante para a troca de experiências e ideias entre representantes de governos regionais e municipais dos países integrantes do BRICS, bem como para a construção de comunicações comerciais eficazes com empreendedores da Rússia e outros países parceiros, diz o site do evento.

Apoiado pela Administração Presidencial e pelo Ministério das Relações Exteriores da Rússia, bem como pela Agência Federal Rossotrudnichestvo e pelo governo de Moscou, o evento busca facilitar o acesso entre os parceiros através de apresentações e estabelecimento de parcerias que viabilizem as trocas de experiência com foco nas relações comerciais e soluções inteligentes para questões do dia a dia das cidades como mobilidade e acessibilidade.

"Em 1º de janeiro, a Rússia recebeu o bastão da presidência do BRICS, uma associação que, de acordo com a decisão adotada pela 15ª Cúpula do BRICS em agosto de 2022, [que] agora inclui dez países. Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos se juntaram ao BRICS como novos membros plenos, o que é uma forte indicação da crescente autoridade da associação e seu papel nos assuntos internacionais", disse o presidente russo Vladimir Putin.

Ainda de acordo com Putin, o bloco tem atraído cada vez mais apoiadores e países com ideias semelhantes que compartilham princípios como igualdade soberana, respeito pelo caminho escolhido de desenvolvimento, interesses mútuos no sentido de uma nova configuração da ordem internacional multipolar e um sistema financeiro e comercial global justo.

Através dos encontros entre os diferentes participantes, é possível o estabelecimento de memorando de entendimento e acordos bilaterais que visam o desenvolvimento regional, uma vez que grande parte das cidades de países do Sul Global que compõem o BRICS, dividem semelhantes realidades socioeconômicas.

Em 2022, o Fórum IMBRICS foi incluído no texto da Declaração de Pequim da XIV Cúpula do BRICS e é designado como um mecanismo significativo para promover o desenvolvimento urbano e estabelecer vínculos entre cidades gêmeas dos países do BRICS no âmbito da Agenda de Desenvolvimento Sustentável até 2030.

O Fórum Internacional Municipal do BRICS acontece nos dias 27 e 28 de agosto no complexo de exposições Expocentr em Moscou, conta com 5.000 participantes, 700 oradores, 50.000 conexões on-line, 126 países integrando 89 regiões russas.

¨      Paquistão negocia com a Rússia fornecimento de gás a longo prazo

A Rússia e o Paquistão mantêm negociações sobre o fornecimento de gás natural liquefeito (GNL) para as necessidades de longo prazo de Islamabad, disse à Sputnik o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Paquistão, Mumtaz Zahra Baloch.

"O Paquistão coopera há muito tempo com a Rússia no setor energético; estamos satisfeitos com as recentes conversações entre as duas partes sobre cooperação energética [...] os nossos países também estão a discutir o fornecimento de GNL para as necessidades energéticas a longo prazo do Paquistão; estas negociações continuarão", disse Baloch.

Um contrato para o fornecimento de recursos energéticos foi assinado entre os dois países no ano passado, e o primeiro carregamento de teste, contendo 100 mil toneladas de petróleo, chegou ao Paquistão.

"Estamos muito felizes com essa colaboração", acrescentou o porta-voz.

Em julho, o vice-primeiro-ministro russo Aleksandr Novak informou que durante uma reunião entre o presidente russo Vladimir Putin e o primeiro-ministro paquistanês Shehbaz Sharif, no âmbito da cúpula da Organização para Cooperação de Xangai em Astana, foi discutido o tema das entregas de GNL ao Paquistão.

Além disso, Novak revelou que a Rússia já forneceu sete milhões de barris de petróleo ao Paquistão.

Segundo o ministro da Energia do Paquistão, Muhammad Ali, o seu país pretende importar entre 700 mil e um milhão de toneladas de petróleo do país eurasiático a cada ano.

O ministro também afirmou que Islamabad procurará satisfazer 10% das suas necessidades de petróleo com fornecimentos provenientes da Rússia.

 

Fonte: Sputnik Brasil/A Terra é Redonda

 

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