quarta-feira, 24 de julho de 2024

Biden ordena implementação de lei para enviar bens russos confiscados nos EUA para a Ucrânia

Após se retirar da corrida presidencial, Biden agora delega funções relacionadas à lei que determina destinar à Ucrânia ativos russos confiscados nos EUA.

Joe Biden, presidente dos EUA, nomeou a secretária do Tesouro, Janet Yellen, e o secretário de Estado, Antony Blinken, como responsáveis pela implementação da Lei de Reconstrução da Prosperidade e Oportunidades Econômicas (REPO, na sigla em inglês).

Em um memorando, Biden delegou a eles a autoridade para aplicar a lei, que permite ao governo confiscar ativos russos congelados nos EUA para supostamente ajudar na reconstrução da Ucrânia.

·        Vice de Trump não apoia ajuda militar a Kiev

Enquanto o governo Biden toma medidas para seguir demonstrando o seu apoio ao regime ucraniano, em meio a expectativas sobre uma possível mudança na política dos EUA para a Ucrânia — caso o republicano Donald Trump seja eleito no pleito presidencial de novembro —, o candidato a vice-presidente escolhido por Trump, o senador republicano por Ohio J. D. Vance, tem sido fortemente crítico da continuidade da ajuda militar norte-americana a Kiev.

Se de um lado a possível indicação da vice de Biden, Kamala Harris, para substituí-lo na corrida presidencial gera pouca expectativa de mudanças na política externa, de outro Vance já chegou a escrever um editorial no The New York Times em que defende que "a matemática sobre a Ucrânia não fecha".

Para ele, os EUA não têm "a capacidade de fabricar a quantidade de armas que a Ucrânia precisa que forneçamos para vencer o conflito".

Vance ainda considerou os planos de confiscar ativos russos para cobrir os custos do conflito por procuração na Ucrânia "perigosos". No final do ano passado, ele alegou que Vladimir Zelensky deveria abrir mão das reivindicações sobre territórios recentemente integrados à Rússia e negociar um acordo para encerrar o conflito do país com Moscou.

¨      Rússia promete ação legal contra transferência da UE para Ucrânia de juros de ativos congelados

O Kremlin classificou novamente como "roubo" o plano da União Europeia (UE) de usar os juros obtidos com ativos russos congelados para financiar a ajuda militar à Ucrânia, afirmando que tomará medidas legais contra qualquer pessoa envolvida na decisão.

O chefe da política externa do bloco, Josep Borrell, disse na segunda-feira (22) que a primeira parcela da assistência militar para a Ucrânia retirada dos lucros obtidos com ativos russos, de € 1,4 bilhão (R$ 8,49 bilhões), seria paga no início de agosto.

"Tais ações de ladrões não podem permanecer sem reciprocidade. Esse dinheiro não é apenas essencialmente roubado, mas também será gasto na compra de armas. Definitivamente trabalharemos em uma possível ação judicial contra as pessoas envolvidas na tomada de decisões e na implementação dessas decisões, porque isso é uma violação direta do direito internacional, é uma violação dos direitos de propriedade", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres nesta terça-feira (23).

O presidente russo, Vladimir Putin, diz que o Ocidente desencadeou uma guerra econômica contra a Rússia, mas exaltou tanto a resiliência da economia do país, que cresceu 3,6% no ano passado, quanto o fracasso das sanções em impedir o comércio russo.

O Kremlin disse repetidamente que qualquer apreensão de seus ativos vai contra todos os princípios do livre mercado proclamados pelo Ocidente e que minaria a confiança no dólar norte-americano e no euro, ao mesmo tempo em que desencorajaria o investimento global e prejudicaria a confiança nos bancos centrais ocidentais.

Esse tipo de análise foi reproduzido por algumas lideranças do Fundo Monetário Internacional (FMI), como Julie Kozack, chefe do Departamento de Comunicações do FMI, conforme noticiado.

¨      Autoridades ucranianas temem que reeleição de Trump possa causar problemas para Kiev em 2025

Autoridades ucranianas estão preocupadas com a possibilidade de Kiev enfrentar complicações durante quase todo o ano de 2025, caso Donald Trump seja reeleito presidente dos Estados Unidos em novembro, informou a revista norte-americana Time nesta terça-feira (23), citando fontes.

"Os primeiros oito ou dez meses, basicamente todo o ano de 2025, seriam muito difíceis", disse um alto funcionário ucraniano à revista.

Embora seja provável que Trump reduza a ajuda dos EUA à Ucrânia, forçando Vladimir Zelensky a aceitar um acordo de paz que pesa fortemente a favor da Rússia, o ex-presidente dos EUA acabará por compreender que o presidente russo, Vladimir Putin, "não pode se importar menos com Trump e a sua agenda", informou a fonte.

"Foi quando pudemos começar a ver algumas vantagens de Trump", acrescentou.

Para ganhar o apoio de Trump, as autoridades de Kiev contam com os seus aliados na Europa e com a indústria militar dos EUA, que está colhendo lucros significativos com o conflito na Ucrânia, disse a autoridade.

"Eles [nossos aliados] podem explicar a [Trump] por que isso beneficia muitas pessoas na América [do Norte], especialmente em estados [republicanos]", acrescentou o responsável.

Outro alto funcionário ucraniano disse ao jornal que, em meio à incerteza que antecede as eleições nos EUA, os aliados de Zelensky estão tentando não tomar partido, evitando laços políticos diretos com as campanhas presidenciais republicana e democrata.

"Ninguém sabe o que vai acontecer [nas eleições]", disse o segundo responsável ao jornal, acrescentando que Kiev apenas tem de "esperar pelo melhor".

Trump afirmou repetidamente que, se fosse reeleito, poria fim imediato ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia, acrescentando que o conflito nunca teria começado se ele fosse o atual presidente dos EUA em vez de Joe Biden.

A eleição presidencial dos EUA acontecerá em 5 de novembro. De acordo com dados do site de apostas Polymarket desta terça-feira, as chances de vitória de Trump são de 65%, enquanto as chances de seu principal rival, a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, são de 32%.

¨      General polonês explica por que a Ucrânia não seria capaz de vencer um conflito com Rússia

Ucrânia não seria capaz de vencer em um conflito com a Rússia, disse em entrevista ao WNP o ex-vice-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Polônia major-general Leon Komornicki.

"É tudo um absurdo, uma história infindável e sem graça, desinformação e propaganda. A conversa de que a Ucrânia ganhará neste conflito é apenas um equívoco", disse o militar.

"Ucrânia atualmente não tem capacidade de vencer. Não tem capacidades que possam equilibrar o potencial da Rússia, que permitissem tomar a iniciativa estratégica e transferir as ações militares de proteção da Ucrânia para território russo. Isso é impossível", observa o general.

Komornicki também alertou que a Polônia não seria capaz de enfrentar as forças russas em caso de um possível conflito, duvidando que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) viria em auxílio de seus aliados.

"O conflito na Ucrânia é uma lição importante para nós. Devemos ter uma estratégia ofensiva de defesa", disse ele. Komornicki enfatiza que a "questão hoje não deve ser se a OTAN nos protegerá, mas se a Rússia ousará nos atacar? Porque se ela nos ataca, sofreremos uma derrota".

·        Militar russo conta como posições de altos oficiais ucranianos são detectadas em 1 minuto

As tropas russas determinam a localização dos principais comandantes das Forças Armadas ucranianas quando usam o sistema de comunicação por satélite Iridium, disse à Sputnik um oficial russo com o codinome Gambit.

O militar faz parte da unidade de inteligência radioeletrônica do agrupamento de tropas russas Sever (Norte).

"Eles usam o sistema de comunicação via satélite Iridium. É bastante difícil acessá-lo, mas existem unidades que o gerenciam. Muitas vezes, esses rádios atendem aos representantes mais importantes das Forças Armadas ucranianas […]. Literalmente, assim que são conectados em um ou dois minutos, recebemos as coordenadas de onde estavam [os ucranianos] e as transmitimos às unidades correspondentes", explicou Gambit, acrescentando que "eles então decidem se atacam ou se rastreiam o alvo".

Em março de 2023, unidades do Serviço Federal de Tropas da Guarda Nacional russo detectaram uma radiossondagem no território da República Popular de Lugansk (RPL) que sabotadores ucranianos usavam para transmitir informações de inteligência sobre o Exército russo.

Especialistas da agência de segurança identificaram a localização do complexo de satélites Iridium.

A Iridium é uma operadora global de comunicações telefônicas via satélite. Esse sistema foi projetado para que pequenos telefones portáteis, do tamanho de um celular, pudessem acessá-lo.

¨      Moscou espera 'ações concretas' após declaração de Zelensky sobre possível diálogo com a Rússia

A Rússia considera que é necessário esperar por algumas medidas concretas no caminho das negociações de paz com a Ucrânia após as declarações de Vladimir Zelensky sobre um possível diálogo com Moscou, comentou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

"Que medidas concretas estão por trás dessas palavras? De que planos concretos estamos falando, que ações nesse sentido, será que se trata de uma conversa séria? Até agora não podemos julgar, talvez devêssemos esperar por algumas ações, se é que haverá alguma", apontou Peskov.

No entanto, continuou o porta-voz, as afirmações de Zelensky são melhores do que uma recusa aberta. "Em geral, isso é sem dúvida melhor do que as declarações de excluir qualquer contato com a parte russa e com o chefe de Estado russo", afirmou o porta-voz do Kremlin.

Em sua opinião, "certamente, falar em diálogo de uma forma ou outra é muito melhor do que falar da intenção de lutar até o último ucraniano". Anteriormente, Zelensky admitiu a possibilidade de iniciar negociações com representantes russos sobre o fim do conflito na Ucrânia, apesar da proibição que ele mesmo impôs em relação às conversações com a parte russa.

Moscou indicou repetidamente que está disposta a iniciar um diálogo, não obstante a proibição legal que Kiev impôs a esse respeito. O Ocidente chama a Rússia para negociar, mas ignora as constantes recusas de dialogar por parte de Kiev.

Por outro lado, Peskov sublinhou que a ajuda ocidental à Ucrânia não contribui para a resolução do conflito, mas sim para a seu prolongamento.

"Isso [...] não contribui para a resolução do conflito em torno da Ucrânia, mas, pelo contrário, leva ao seu prolongamento. Não pode afetar de forma alguma o resultado dessa questão", detalhou.

Segundo o porta-voz, os Estados Unidos continuarão ajudando a Ucrânia de uma forma ou de outra, tentando sobrecarregar financeiramente seus "subordinados europeus".

·        OTAN segue sendo um perigo para a Rússia

Quanto ao avanço da infraestrutura militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em direção à fronteira da Rússia, Peskov considera a situação um risco para Moscou.

"A aliança militar continua aproximando sua infraestrutura militar de nossas fronteiras e nos cercando com sua estrutura militar, o que representa um perigo para nós", disse ao responder à pergunta de um jornalista sobre como Moscou avalia as palavras do presidente da Sérvia, Aleksandr Vucic, de que o Ocidente prepara um conflito armado com a Rússia e o país acredita ser inevitável uma confrontação militar Rússia-OTAN.

O porta-voz acrescentou que "o bloco [a OTAN] é confrontacional, de fato, está feito sob medida para as tarefas de confrontação. Está cumprindo suas funções".

·        Eleições nos EUA 'não são tema prioritário' para a Rússia

Abordando o tema das eleições presidenciais nos Estados Unidos, Peskov ressaltou que a decisão do presidente dos EUA, Joe Biden, de desistir da campanha à reeleição não é um tema prioritário para a Rússia.

"Embora compreendamos que se trata da campanha eleitoral em um dos maiores países do mundo, isso não é um assunto interno nosso, não pode ser um tema prioritário em nossa agenda", comentou.

Moscou afirmou também que não está surpresa com a decisão do democrata, dado que os acontecimentos nos EUA nos últimos anos ensinaram a "não nos surpreendermos com nada". Igualmente, o porta-voz do Kremlin recusou prever qual impacto teria a nomeação da vice-presidente Kamala Harris, como candidata presidencial nas eleições de novembro na relação de Washington com a Rússia.

Em algumas declarações de Harris, segundo Peskov, "houve uma retórica bastante inamistosa" em relação à Rússia. Ao mesmo tempo, o porta-voz reiterou que "até hoje não há registro de outras ações dela, positivas ou negativas, em relação às relações entre ambas as partes".

Em 21 de julho, Biden anunciou sua retirada da corrida presidencial. Por sua vez, o ex-presidente Donald Trump, que já conseguiu a nomeação pelo Partido Republicano, afirmou que derrotar Kamala Harris nas urnas seria muito mais fácil.

Biden abandonou a luta por um novo mandato em meio às crescentes preocupações dos colegas democratas sobre a sua idade avançada. O anúncio repentino ocorreu a menos de quatro meses do pleito nos EUA.

·        Negativa de Paris de credenciar jornalistas russos para os Jogos Olímpicos é 'inaceitável'

Além disso, segundo Peskov, Moscou vê de forma negativa a rejeição da França de credenciar vários jornalistas russos para os Jogos Olímpicos de Paris. O porta-voz lembrou também que a Rússia considera a situação "inaceitável", pois viola claramente a liberdade de imprensa e "todos os compromissos da França perante a OSCE [Organização para a Segurança e Cooperação na Europa] e outras organizações".

Ainda há expectativa de uma reação a essas ações francesas de "organizações relevantes de direitos humanos e organizações que se dedicam a garantir os fundamentos e regras da liberdade de imprensa".

Em 21 de julho, o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, admitiu em declarações a um meio de comunicação local que foi negada a alguns jornalistas russos a acreditação para cobrir as Olimpíadas, alegando suposta espionagem e ciberataques.

O comitê organizador dos Jogos Olímpicos de Paris recusou a acreditação a cinco jornalistas da Sputnik. As Olimpíadas de Paris ocorrerão de 26 de julho a 11 de agosto.

·        Desenvolvimento de relações com a China 'em todas as esferas'

Por fim, Peskov declarou que a Rússia pretende continuar no caminho do desenvolvimento das relações com a China em todas as esferas.

"O mais importante para nós são nossas relações com a China. Partimos do contexto geral de nossas relações bilaterais, do clima de parceria estratégica, cujas características principais são as boas e construtivas relações entre os líderes de nossos dois Estados. Pretendemos continuar nesse caminho de desenvolvimento das relações russo-chinesas em todas as esferas", detalhou.

As declarações de Peskov foram em resposta à pergunta dos jornalistas sobre a visita à China do chanceler da Ucrânia, Dmitry Kuleba.

¨      Rússia e China rebatem Pentágono sobre parceria no Ártico: 'Não é dirigida contra nenhum país'

Segundo o porta-voz do Kremlin, a cooperação entre Rússia e China no Ártico não visa afetar nenhum outro país e estão em conformidade com os princípios básicos do direito internacional, acrescentando que as críticas dos Estados Unidos a tal trabalho eram equivocadas.

Na segunda-feira (22), o Pentágono lançou um relatório afirmando que Moscou e Pequim estão cada vez mais elevando sua parceria na região polar, ação que pode impactar a estabilidade regional.

Quando questionado sobre o documento nesta terça-feira (23), o Kremlin disse que parte do relatório "tinha um tom de confronto" e que a cooperação visava apenas promover a previsibilidade.

"A cooperação russo-chinesa na zona ártica só pode contribuir para um clima de estabilidade e previsibilidade no Ártico, porque nunca [foi] dirigida contra qualquer país terceiro ou grupo de países terceiros, mas apenas quer proteger estes países e melhorar o bem-estar das pessoas de ambos os Estados", disse o porta-voz presidencial, Dmitry Peskov, a repórteres.

O documento do Pentágono ainda observou que a Rússia reabriu centenas de instalações militares da época da região soviética, enquanto a China está de olho em recursos minerais e novas rotas de navegação.

"O Ártico também é uma área estratégica para o nosso país", acrescentou Peskov, garantindo que "a Rússia adota uma posição responsável e faz a sua parte para que o Ártico não se torne um território de discórdia e escalada de tensão", complementou.

Já o lado chinês, através da porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse que "Pequim tem participado dos assuntos do Ártico em conformidade com os princípios básicos de respeito à cooperação vantajosa para todos e ao desenvolvimento sustentável e fortaleceu a cooperação com outras partes para manter a paz e a estabilidade".

"Os EUA deturparam a política do Ártico da China e apontaram o dedo para as atividades normais da China no Ártico conduzidas em total conformidade com a lei internacional. Isso não é propício a paz, estabilidade e cooperação no Ártico. A China se opõe firmemente a isso", afirmou a porta-voz, citada pela chancelaria chinesa.

O relatório do Pentágono acrescentou que os militares dos EUA tinham uma estratégia de "monitorar e responder" na região, baseada na coleta de informações, na cooperação com aliados e na capacidade de mobilizar recursos militares.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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