sexta-feira, 28 de junho de 2024

Óculos de realidade mista são usados pela 1ª vez no Brasil para remover tumor no pulmão

Uma cirurgia realizada com óculos de realidade mista permitiu que médicos visualizassem dados do paciente em 3D durante o procedimento, tornando-o menos invasivo e aumentando sua precisão. A tecnologia foi utilizada durante cirurgia de remoção de tumor no pulmão no Hospital Sírio-Libanês de Brasília, em maio deste ano.

A remoção do tumor foi realizada durante um procedimento chamado Segmentectomia Pulmonar Anatômica Robótica. O uso de óculos de realidade mista combina dados de diferentes fontes de informação e os oferece em formato 3D para os médicos durante a cirurgia. As imagens digitais são projetadas sobre o campo de visão real do cirurgião, com base em informações personalizadas do paciente.

A tecnologia incorporada na cirurgia permitiu a percepção real de profundidade do tumor, com as estruturas pulmonares do paciente e do tumor isoladas e demarcadas com detalhes que podem ser difíceis de visualizar em uma tela bidimensional. Isso apoiou a decisão do caso, reduzindo o tempo de procedimento e permitindo uma melhor precisão.

A Segmentectomia Pulmonar Anatômica Robótica é um tipo de cirurgia minimamente invasiva que remove uma pequena parte do pulmão, preservando a maior parte do órgão. Ela se tornou padrão recentemente nos grandes centros mundiais de tratamento de câncer de pulmão precoce, mas também pode ser utilizada para tratar outras doenças pulmonares benignas, como enfisema, más formações pulmonares em crianças e bronquiectasias.

O uso do óculos de realidade mista permitiu os médicos retirarem um pedaço menor do pulmão afetado pelo tumor, sem comprometer a função pulmonar. “Essa tecnologia nos proporcionou uma visão muito mais precisa da anatomia do paciente, o que nos permitiu realizar a segmentectomia com maior segurança, menor sangramento e menor risco de complicações”, explicou Humberto Alves de Oliveira, cirurgião responsável pela cirurgia torácica do Hospital Sírio-Libanês e do Hospital de Base da Secretaria Estadual de Saúde do DF, que liderou a equipe na cirurgia.

·        Paciente oncológico se recupera bem

A cirurgia com uso de óculos de realidade mista foi realizada no dia 11 de maio no Hospital Sírio-Libanês de Brasília. Além da equipe de Oliveira, o procedimento contou com a ajuda de Paula Ugalde, cirurgiã torácica do Brigham and Women’s Hospital em Boston, EUA, e de Isabela Silva Müller, radiologista especializada em tórax e reconstrução 3D radicada no Canadá.

O procedimento durou cerca de três horas e foi bem-sucedido, de acordo com comunicado enviado à imprensa. O paciente é um homem de 65 anos. Ele foi diagnosticado com tumor no pulmão em março de 2024. Ele já recebeu alta e se recupera em casa, segundo comunicado.

A cirurgia com uso de óculos de realidade mista e a obtenção de informações em 3D marca um passo importante para a medicina brasileira.

“Esse trabalho é resultado de um investimento contínuo em cultura de early user [primeiros usuários] para inovações que podem melhorar a vida dos pacientes e melhorar a eficiência e os desfechos clínicos”, diz Conrado Tramontini, gerente da Garagem de Inovação do Sírio Libanês, parte da vertical de tecnologia da instituição, Alma Sírio-Libanês. “Essa tecnologia tem o potencial de transformar a forma como realizamos cirurgias, beneficiando milhares de pacientes em todo o país”, reforça.

 

¨      Cerca de 3,4 bilhões de pessoas têm alguma doença neurológica, diz estudo

O número de pessoas que vivem ou morrem devido a doenças neurológicas, como AVC (Acidente Vascular Cerebral), Alzheimer e outras demências e meningite, aumentou nos últimos 30 anos. De acordo com uma nova análise, cerca de 3,4 bilhões de pessoas no mundo tiveram alguma condição de saúde relacionada ao sistema nervoso, em 2021.

O levantamento foi feito pelo Global Burden of Disease, Injuries and Risk Factors Study (GBD) e foi publicado na revista The Lancet Neurology, no último dia 14.

A análise sugere que, em todo o mundo, o número geral de incapacidade, doenças e morte prematura — uma medida conhecida como anos de vida ajustados por incapacidade (DALYs) — causadas por condições neurológicas aumentou 18% nos últimos 31 anos, passando de 375 milhões de anos de vida saudável perdidos, em 1990, para 443 milhões de anos em 2021.

De acordo com o levantamento, as principais doenças neurológicas que contribuíram para a perda da saúde neurológica em 2021 foram o AVC, encefalopatia neonatal, enxaqueca, doença de Alzheimer e outras demências, neuropatia diabética, meningite, epilepsia, complicações neurológicas do parto prematuro, transtorno do espectro do autismo e tumores no sistema nervoso.

As consequências neurológicas decorrentes da Covid-19, como comprometimento cognitivo e síndrome de Guillain-Barré, ocuparam o 20º lugar no ranking de doenças que mais contribuíram para a redução da saúde neurológica, representando 2,48 milhões de anos de vida saudável perdidos em 2021.

Ainda de acordo com o estudo, os distúrbios neurológicos mais prevalentes em 2021 foram dores de cabeça do tipo tensional (cerca de 2 bilhões de casos) e enxaqueca (cerca de 1,1 bilhão de casos). A neuropatia diabética é a que mais cresce entre todas as condições neurológicas.

“O número de pessoas com neuropatia diabética mais do que triplicou globalmente desde 1990, chegando a 206 milhões em 2021”, disse a coautora sênior do estudo, Liane Ong, do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde (IHME), da Universidade de Washington, nos Estados Unidos. “Isso está de acordo com o aumento na prevalência global de diabetes.”

Além disso, para mostrar que os distúrbios neurológicos podem ocorrer em qualquer estágio da vida, os pesquisadores descobriram que as doenças relacionadas ao neurodesenvolvimento e condições neurológicas em crianças representaram 18% de todos os DALYs em 2021, equivalendo a 80 milhões de anos de vida saudável perdidos em todo o mundo.

·        80% das mortes e perdas de saúde neurológica ocorreram em países de baixa e média renda

A análise também mostrou um contraste no impacto das doenças neurológicas entre países de baixa e alta renda. As estimativas revelam que nas regiões com a melhor saúde neurológica (como o Pacífico Asiático de alta renda e a Austrália), a taxa de DALYs e mortes foi inferior a 3 mil e 65 por 100 mil pessoas, respectivamente, em 2021.

Por outro lado, nas regiões mais pobres da África Subsaariana ocidental e central, a taxa de DALYs e mortes foi até cinco vezes maior (mais de 7 mil e 198 mil por 100 mil pessoas, respectivamente) em 2021.

“A perda de saúde do sistema nervoso impacta desproporcionalmente muitos dos países mais pobres, em parte devido à maior prevalência de condições que afetam recém-nascidos e crianças menores de 5 anos, especialmente complicações relacionadas ao parto e infecções”, diz Tarun Dua, chefe da Unidade de Saúde Cerebral da OMS (Organização Mundial da Saúde) e um dos coautores sêniores do estudo.

“A melhoria na sobrevivência infantil tem levado a um aumento na incapacidade de longo prazo, enquanto o acesso limitado a serviços de tratamento e reabilitação contribui para a proporção muito maior de mortes nesses países”, completa.

Os autores do estudo destacam ainda que, até 2017, apenas um quarto dos países do mundo tinha um orçamento especial para condições neurológicas, e apenas cerca de metade tinha diretrizes clínicas estabelecidas para essas doenças.

Além disso, os profissionais de saúde que cuidam de pessoas com condições neurológicas estão distribuídos de forma desigual ao redor do mundo, com países de alta renda tendo 70 vezes mais profissionais neurológicos por 100.000 indivíduos do que os de baixa e média renda.

¨      Evitar os fatores de risco e investir em prevenção é essencial

O estudo também mostrou que, se os fatores de risco para as doenças neurológicas fossem evitados ou modificados, as mortes e DALYs globais seriam significativamente reduzidas.

Por exemplo, a análise sugere que modificar 18 fatores de risco ao longo da vida poderia prevenir 84% dos DALYs globais por AVC. Além disso, controlar a exposição ao chumbo poderia reduzir a taxa de deficiência intelectual em 63%, enquanto reduzir a glicose no sangue para níveis normais reduziria as taxas relacionadas à demência em 15%.

“A carga neurológica mundial está crescendo muito rapidamente e colocará ainda mais pressão sobre os sistemas de saúde nas próximas décadas”, disse o coautor sênior do estudo, Valery Feigin, diretor do Instituto Nacional de Acidente Vascular Cerebral e Neurociência Aplicada da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia.

“No entanto, muitas estratégias atuais para reduzir as condições neurológicas têm baixa eficácia ou não estão suficientemente implementadas (…). Para muitas outras condições, não há cura, destacando a importância de maior investimento e pesquisa em intervenções inovadoras e fatores de risco potencialmente modificáveis”, completa.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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