sábado, 23 de março de 2024

EUA ameaçaram tirar fundos da Ucrânia se negociasse com a Rússia, afirma jornalista investigativo

O governo dos EUA impediu a Ucrânia de iniciar negociações de paz com a Rússia há vários meses, com a ameaça de parar de financiar Kiev, afirmou nesta quinta-feira (21) o jornalista investigativo norte-americano Seymour Hersh nas redes sociais.

Ganhador do Prêmio Pulitzer em 1970 por sua exposição jornalística do massacre na vila vietnamita de My Lai, Hersh citou que a afirmação foi feita por um integrante da administração do presidente dos EUA, Joe Biden.

"Os líderes americanos souberam da possibilidade de uma negociação entre Kiev e Moscou e deram ao presidente ucraniano Vladimir Zelensky o ultimato: nenhuma negociação ou acordo ou não apoiaremos o seu governo com os US$ 45 bilhões [R$ 224 bilhões] em fundos não militares", disse a fonte, afirmou Hersh em sua conta na plataforma Substack.

No início de dezembro passado, Hersh revelou que a Rússia e a Ucrânia estariam negociando condições de paz ao nível de altos líderes militares. O jornalista investigativo afirmou que as partes estavam estabelecendo fronteiras ao longo da atual linha de frente, em troca da aprovação da Rússia à adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) com uma série de condições restritivas.

·        Sabotagem aos gasodutos do Nord Stream

Há cerca de um ano, ele publicou um artigo alegando a participação dos EUA e da Noruega no ataque de sabotagem de 26 de setembro de 2022 aos gasodutos Nord Stream 1 e 2. Washington negou qualquer envolvimento no incidente.

Nenhum dos países ocidentais envolvidos na investigação subsequente — Suécia, Dinamarca e Alemanha — apresentou explicações sobre o que aconteceu ou nomeou um culpado. Além disso, a Suécia anunciou mais cedo que abandonaria a sua investigação sobre as explosões.

¨      Ucrânia terá que se retirar de posições devido à falta de nova assistência dos EUA, diz Pentágono

As Forças Armadas da Ucrânia terão de se retirar de suas posições em meio à paralisação no Congresso, disse a porta-voz adjunta do Pentágono, Sabrina Singh.

Segundo Singh, o motivo de tais decisões é a falta de aprovação pelo Congresso dos Estados Unidos de um novo pedido de assistência a Kiev.

"Sabemos que a Ucrânia deve tomar decisões estratégicas agora mesmo para se retirar em certas áreas para fortalecer as suas linhas de defesa", afirmou Singh em um briefing nesta quinta-feira (21).

O conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, disse ontem (20), durante visita a Kiev, que não se compromete a prever quando será acordada uma nova assistência à Ucrânia.

No início deste mês, a Casa Branca anunciou que Washington tinha encontrado uma oportunidade para enviar US$ 300 milhões (R$ 1,4 bilhão) em munições em fundos do Pentágono, mas destacou que essa assistência às Forças Armadas ucranianas seria suficiente para "algumas semanas".

Nesta semana, o chefe do Pentágono, Lloyd Austin, disse que as forças russas continuam a avançar na Ucrânia. A Casa Branca, por seu lado, admitiu que o Exército ucraniano está "realmente perdendo terreno no campo de batalha" devido à inação dos EUA.

O Congresso dos EUA ainda não chegou a um acordo sobre o novo pedido de assistência à Ucrânia, enquanto a administração informou que tinha esgotado as possibilidades de transferência de fundos militares em dezembro do ano passado.

A Rússia acredita que o fornecimento de armas a Kiev interfere em um cessar-fogo e envolve diretamente os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no conflito.

Moscou já enviou uma nota aos países da OTAN na qual o Ministério das Relações Exteriores russo advertia que qualquer carregamento, incluindo armas destinadas a Kiev, se tornará alvo legítimo para as Forças Armadas russas.

¨      Reunião dos líderes da UE termina sem decisões sobre ativos russos e pedido de cessar-fogo em Gaza

Os líderes da União Europeia se reuniram nesta quinta-feira (21) para tratar de alguns assuntos, entre eles o cessar-fogo em Israel e o que fazer ou não com os ativos russos presentes na UE.

Sobre Israel, os representantes pediram que Israel evite realizar uma operação terrestre na cidade de Rafah e apelaram a uma pausa humanitária imediata na Faixa de Gaza que levaria a um cessar-fogo sustentável.

"O Conselho Europeu pede ao governo israelense que não realize uma operação terrestre em Rafah, o que agravaria a já catastrófica situação humanitária e impediria a prestação urgentemente necessária de serviços básicos e de assistência humanitária", diz o documento.

O Conselho Europeu também apelou para uma "pausa humanitária imediata que conduza a um cessar-fogo sustentável e à libertação incondicional de todos os reféns".

·        O que fazer com os ativos russos?

Os chefes de estado e de governo da União Europeia (UE) não conseguiram chegar a um acordo sobre os bens congelados da Rússia, de acordo com um documento emitido no final da reunião.

"O Conselho Europeu continua trabalhando nas recentes propostas do Alto Representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança e da Comissão Europeia", afirma o documento.

Mais cedo, o chefe da diplomacia da UE, o espanhol Josep Borrell, declarou estar confiante de que os líderes dos 27 países aprovariam a sua proposta de utilizar os rendimentos dos ativos russos congelados para ajuda militar ao presidente ucraniano, Vladimir Zelensky.

 

Ø  Rússia e Arábia Saudita impedirão qualquer interferência no trabalho da OPEP+, diz Lavrov

 

Riad e Moscou não deixarão que qualquer tentativa de interferência nos mecanismos regulatórios do mercado mundial de petróleo na OPEP+ aconteça, garantiu o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov.

Segundo o chefe da diplomacia russa, a Arábia Saudita, com base nos interesses do reino, "está interessada em preços estáveis ​​do petróleo e em proporcionar lucros adequados aos países produtores do combustível, ao mesmo tempo que quer chegar a um nível que seja atraente para os compradores".

"O que estamos fazendo agora com eles no âmbito da OPEP+, com o apoio de todos os outros membros desta associação, refere-se precisamente a isto. A Arábia Saudita mantém esta linha de forma muito clara", afirmou o chanceler.

Em 30 de novembro, os países da OPEP+ decidiram reduzir voluntariamente a produção de petróleo num total de 2,2 milhões de barril por dia até ao final do primeiro trimestre de 2024.

·        Mercado de petróleo venezuelano

Lavrov também considera possível que a Rússia e os Estados Unidos "operem ao mesmo tempo" no mercado petrolífero venezuelano, desde que não haja concorrência desleal.

"Segundo muitas estimativas, a Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do mundo. Em geral, somos contra o monopólio. Haverá espaço suficiente para todos se houver jogo limpo e um processo justo para a atribuição de oportunidades de investimento na indústria petrolífera venezuelana", disse o ministro.

Para o chanceler, Washington tenta "iniciar novos jogos políticos em torno da Venezuela", oferecendo-lhe um acordo para retomar a exportação de petróleo venezuelano para os Estados Unidos em troca de "algumas concessões políticas".

"Em troca, os norte-americanos não querem apenas concessões em matéria de direitos humanos e outras exigências democráticas que apresentam regularmente sem muita explicação do que significam. A lealdade aos Estados Unidos é o critério da democracia tal como Washington a entende", disse.

No entanto, Lavrov destacou que Caracas "compreende perfeitamente o que está acontecendo".

Além disso, destacou a importância de a Venezuela ser firme na prossecução das suas conquistas no diálogo com os Estados Unidos, sem esperar que Washington "realmente cumpra as suas promessas vazias".

 

Ø  Sérvia não se submeteu aos fascistas, à OTAN, e não impõe sanções à Rússia, diz ex-ministro sérvio

 

Nenad Popovic, ex-ministro da Inovação da Sérvia, comparou o atual posicionamento do país como confirmando os laços positivos com a Rússia dos tempos anteriores.

O caráter dos sérvios fez com que eles se rebelassem contra os ocupantes fascistas para libertar o país junto com o Exército Vermelho na Segunda Guerra Mundial, apoiou-os heroicamente durante o bombardeio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em 1999 e agora os ajuda a resistir à pressão externa para impor sanções à Rússia, disse nesta quinta-feira (21) um ex-ministro sérvio da Inovação.

O antigo representante participou de um evento organizado pela Fundação do Regimento Imortal da Sérvia que contou com a presença do embaixador russo no país, Aleksandr Botsan-Kharchenko, ex-oficiais iugoslavos, especialistas e figuras públicas, informa um correspondente da Sputnik.

"A Sérvia está lutando por seu Kosovo e sua Metóquia e se recusa a impor sanções à Rússia, independentemente das ameaças e pressões diárias", disse Nenad Popovic, presidente honorário da Fundação do Regimento Imortal da Sérvia, durante a conferência Agressão da OTAN — 25 Anos Depois, na Casa Russa do Centro Russo de Ciência e Cultura, em Belgrado, Sérvia.

"Encontramos esse espírito desafiador, que une os sérvios em todos os momentos de sofrimento, na revolta contra os ocupantes fascistas, a primeira revolta desse tipo na Europa ocupada [durante a Segunda Guerra Mundial]. Com a ajuda de um povo russo igualmente heroico e rebelde, libertamos Belgrado e a Sérvia, e todos esses exemplos de heroísmo inspiraram o espírito heroico da nação durante os atentados de 1999", referiu ele.

Em 1999, um confronto armado entre separatistas albaneses do Exército de Libertação do Kosovo e as forças de segurança sérvias levou ao bombardeio da Iugoslávia, então composta pela Sérvia e por Montenegro, pelas forças da OTAN.

A operação militar foi realizada sem a aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, com base na alegação dos países ocidentais de que as autoridades da Iugoslávia haviam realizado uma limpeza étnica na autonomia do Kosovo e provocaram uma catástrofe humanitária no local. Os bombardeios da OTAN aconteceram de 24 de março a 10 de junho de 1999.

Eles resultaram em mais de 2,5 mil mortes, incluindo 87 crianças, e US$ 100 bilhões (R$ 497,26 bilhões, na conversão atual) em danos, enquanto especialistas médicos registram efeitos do urânio empobrecido, levando a um aumento do câncer na população.

 

Ø  Hungria saúda cooperação entre o Ocidente e a Rússia no domínio nuclear

 

O primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán defende o desenvolvimento da cooperação entre o Ocidente e a Rússia no domínio nuclear, apesar da situação geopolítica.

"Estamos satisfeitos por ver que, apesar das dificuldades geopolíticas, ainda existe uma ampla cooperação profissional e científica internacional no domínio da energia nuclear", afirmou o primeiro-ministro húngaro ao discursar na cúpula da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Orbán destacou que a Rússia se tornou o maior fornecedor de urânio aos EUA em 2023, e agora "uma variedade de subcontratantes dos EUA, Alemanha, França, Suécia, Suíça e até Áustria" estão trabalhando em conjunto com construtores russos como parte do projeto para expandir usinas nucleares.

Segundo o político, é uma questão de interesse comum que a energia nuclear não se torne "refém de conflitos geopolíticos, de hipocrisia e de debates ideológicos".

A Hungria utiliza energia nuclear há quase 50 anos e, por enquanto, os quatro reatores ativos da usina nuclear de Paks geram metade de toda a eletricidade do país e cobrem um terço da demanda.

Localizada nas proximidades da cidade húngara com o mesmo nome, cerca de 100 quilômetros a sul de Budapeste, a usina nuclear de Paks é a única na Hungria e está em funcionamento desde 1982. Ela foi construída com a ajuda da União Soviética e produz metade da eletricidade consumida pela Hungria.

No final de 2014, a empresa russa Rosatom e a Hungria assinaram um contrato avaliado em US$ 12,5 bilhões (cerca de R$ 62,2 bilhões) para a construção da segunda fase da central nuclear de Paks, que vai incluir os reatores cinco e seis.

Em agosto de 2022, a Hungria concedeu à Rosatom a licença para construir ambas as unidades. Está previsto que as obras comecem entre o final de 2024 e o início de 2025. Com a entrada em funcionamento dos dois novos reatores, a usina nuclear duplicará a sua capacidade de geração de eletricidade.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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