sábado, 27 de janeiro de 2024

Você seria a favor da volta da monarquia no Brasil? Por quê?

Não.

Primeiro, acho que a família imperial brasileira não representa o brasileiro normal, mas a elite. E não só a elite, mas a elite reacionária e retrógrada que é TFP até a medula dos ossos.

Segundo, por que entregaríamos o trono do Brasil à família imperial brasileira que é descendente da monarquia portuguesa? Não veio nenhum rei africano, vindo aqui como escravo? Melhor ainda, qual o critério para escolher o novo monarca? Vai ser monarquia hereditária e vitalícia?

Terceiro, qual o objetivo em restaurar a monarquia no Brasil? Criar uma classe, os nobres? Introduzir o tal “poder moderador” na equação Judiciário+Legislativo+Executivo? O que vai nortear o “poder moderador”? Se for a família Bragança, já sabemos quem eles vão favorecer.

A meu ver o histórico do império no Brasil mostra que ele não foi uma boa ideia. A pobreza da família imperial brasileira deixou ela dependente das ricas famílias de escravagistas, o que atrasou por uns 60 anos o fim da escravidão, e quando esta chegou, foi um troço capenga, do tipo “pronto, agora vocês são livres, analfabetos, sem eira nem beira, e ainda por cima vamos negar oportunidades para vocês por serem negros, podem se regozijar”.

Aliás, a dependência que a família imperial brasileira tinha dos amigos ricos fazendeiros era tanta que assim que decretaram o fim da escravidão, decretaram indiretamente o fim da monarquia, que veio na forma de um golpe militar um ano depois do fim da escravidão.

O que tinha que ter sido feito era voltar para 1822 e dar plenos poderes para José Bonifácio. Aquele era um patriota que amava o Brasil, e tinha grandes planos para este chão. Hoje seríamos talvez a maior potência do mundo, e como os Estados Unidos ainda estavam dando seus primeiros passos, eles não nos atacariam tão cedo para proteger os interesses deles.

 

       Falam que no tempo da monarquia tudo era muito melhor?

 

É mentira.

Existe um tipo de propaganda monarquista que se disseminou livremente na última década, e que se baseia em informações que podem ser classificadas como fake news.

Algumas delas chegaram a afirmar que o Brasil tinha a 2ª maior Marinha do planeta e que economia era a 4ª maior do planeta.

Eu fico admirado que muitas pessoas acreditem nessas informações, e não procurem pesquisar minimamente sobre esses fatos. Bom, para o Brasil ter a segunda maior marinha do mundo só se incluir todos os barcos de pescadores que ligavam as localidades por via fluvial.

No século XIX ainda não existia uma comparação baseada em dados concretos sobre a economia dos países (o nosso índice do PIB), porém existiam estimativas que tornam realmente risível a ideia de que o Brasil estava entre as quatro maiores economias do

•        O Brasil era a 4ª economia do mundo em 1880?

LOROTA – As estimativas de produção e renda para o século XIX no Brasil mostram que a atividade econômica no país era bem inferior a muitos países da Europa, Ásia e América.

Toda a América Latina tinha uma economia inferior a de Portugal, e o Brasil estava atrás da Argentina e até do México.

Agora vamos passar à comparação de dados políticos.

O quadro reproduzido no início desta resposta afirma que o Império trouxe "67 anos de estabilidade política".

Qualquer um sabe que isso não é verdade. Houve, principalmente nos primeiros anos, uma sucessão de revoltas (das quais a mais significativa foi a Confederação do Equador), que só se intensificaram com a regência. O primeiro imperador abdicou diante de uma dessas revoltas.

E mesmo após a "normalização", por volta de 1845, continuaram algumas revoltas, algumas das quais prenunciando os movimentos místicos do começo da República. Se a comparação fosse honesta, deveria incluir as rebeliões que também ocorreram durante a vigência da monarquia.

Agora vamos aos dados sobre a participação política.

Há uma fonte, reproduzida pelo movimento Brasil Imperial (e que é ligado ao ramo da família Bragança), que induz o leitor a considerar que havia uma maior participação do eleitorado no período do Império. Segunda esta, o eleitorado no Brasil chegava a 13% da população, contra 7% na Grã-Bretanha e 9% em Portugal, e que, com a República, essa participação baixou para apenas 2%.

No Brasil Império não existia uma regra única que definia quem podia ser eleitor.

Essa definição variava de acordo com cada câmara municipal. Algumas tinham uma lista bem restrita, enquanto que em outras qualquer um poderia ser eleitor. Não existia restrição por alfabetização.

Mas, atenção!

A realidade das eleições era caótica. Elas poderiam acontecer a qualquer momento, toda vez que o governo caia (segundo as regras do parlamentarismo, cada vez que o imperador decidia pela sua troca), organizada pelos próprios partidos, o que fazia com que as escolhas sejam pré-determinadas. Participavam os "eleitores de paróquia" e estes escolhiam os "eleitores de província", que realizavam a escolha propriamente dita.

Ou seja, toda a confusão, combinação prévia e fraude que existiam na I República eram ainda maiores no Império.

Em 1881, o conselheiro Saraiva propôs uma reforma, dividindo em distritos eleitorais e estabelecendo o censo, isto é, uma renda mínima para o registro eleitoral, válida em todo o Império. Mas essa reforma nunca foi votada e nunca entrou em vigor

 

       De acordo com as pesquisas, dizem que quem é de direita seria menos inteligente do que a esquerda, isso é verdade?

 

Sim, a pesquisa existe.

Ela foi realizada por uma universidade americana se renome, comparando testes de QI e posições políticas que os pesquisados adotaram ao longo da vida. Foi uma pesquisa longa, que utilizou dados de várias décadas.

E, de fato, ela constatou que pessoas mais inteligentes desenvolveram opiniões "de esquerda".

Contudo, as questões que foram apresentadas para se determinar se alguém era "de esquerda" ou "de direita" mantiveram algumas concepções da época das lutas pelos direitos civis.

Por exemplo, você, seu direitista, aceitaria que um negro morasse em seu bairro? Acha que mulheres podem trabalhar fora?

Vista hoje, essa pesquisa detectou que pessoas com QI mais baixo são mais reservadas ao convívio social, não aceitam facilmente mudanças no seu cotidiano, e demoram mais para assimilar novidades.

 

       Seria os países protestantes mais desenvolvidos?

 

Não sei o quanto isso é válido. Eu moro pertinho do berço do protestantismo, no norte de Alemanha. Mas tanto o time de futebol quanto as empresas mais poderosas do país ficam do estado católico da Baviera, ao sul.

A Inglaterra anglicana se desenvolveu demais durante a revolução industrial, mas foi acompanhada de perto pela majoritariamente católica França. Os puritanos, que inicialmente colonizaram os EUA, tiveram que receber enormes contingentes de católicos vindos da Irlanda e Itália para fazer a economia alavancar. O sul dos EUA não recebeu tantos imigrantes católicos e ficou para trás em termos de desenvolvimento, perdendo consequentemente a Guerra da Secessão.

Os pioneiros do protestantismo se tornaram os pioneiros da irreligiosidade. Porque a Reforma Protestante, pensada de uma perspectiva contemporânea, foi uma briga da razão contra a fé. Hoje a Suécia, Países Baixos e Austrália são lugares essencialmente irreligiosos, e não mais protestantes. Tanto são que um número cada vez maior de australianos declaram sua religião como "Jedi" toda vez que o país faz um censo: So Many Australians Are Claiming 'Jedi' As Their Religion That It's Becoming A Problem

Nos Países Baixos, muitas igrejas fecharam por falta de fiéis. E hoje estão servindo para outros propósitos como pista de skate para os jovens.

Mesmo os historicamente católicos portugueses dão mostras de que preferem comer sorvete a ouvir a palavra de Jesus, depois que o país se desenvolveu nas últimas décadas.

Então no fundo, é a quebra com a fé que simboliza o avanço no desenvolvimento de uma determinada sociedade, e não o protestantismo em si. A Reforma Protestante foi uma amostra de que a Igreja Católica fundada por Pedro, o apóstolo de Jesus Cristo, não poderia ser mais tão influente como ela era na Idade Média. As religiões protestantes perderam fôlego no último século, assim como o catolicismo. Mas a sobreposição da razão sobre fé, especialmente nos países desenvolvidos, vem ganhando cada vez mais adeptos.

 

       Por que a esquerda parece não ter uma resposta adequada para problemas de segurança pública?

 

Porque simplesmente não há solução imediata para a criminalidade. A proposta da extrema-direita de aumentar a repressão policial e o tempo de encarceramento encantam parcelas expressivas da sociedade, mas são promessas mentirosas. Na melhor situação - e olha lá - tudo não passa de puxar o rodo com a torneira aberta.

Em outras palavras, ao contrário da esquerda, a extrema-direita direita SE RECUSA terminantemente a fechar a torneira da criminalidade, ou seja fazer transformações radicais na base MATERIAL da sociedade, ou seja, propiciar trabalho e salários dignos para TODOS; moradia e saneamento decentes; lazer; cultura; saúde; serviços públicos adequados. E por aí vai.

Ocorre que para fazer isso precisa mexer na desigualdade social, mexer na acumulação bilionária dos ricos. Por isso os bolsonaristas, cães de guarda dos ricos, rosnam contra a esquerda, que mete o dedo na ferida.

 

       Segundo alguns esquerdistas, a Venezuela é um país capitalista, que é governado por um "presidente" socialista. O que acha?

 

Não é "segundo alguns esquerdistas". Segundo os historiadores, geógrafos e qualquer um que tenha estudado minimamente, a Venezuela é um país capitalista.

Hoje, no mundo, só temos 3 países considerados "comunistas": China, Coreia do Norte e Cuba. E, mesmo assim, sob adaptações capitalistas, com regimes híbridos.

Agora, entre os demais países considerados "capitalistas", há países governados por todas as vertentes políticas imaginárias. Há países com governos mais à direita (como países árabes, por exemplo) e países com governos mais à esquerda (Suécia, França e Portugal, por exemplo).

O caso da Venezuela é emblemático. É um país capitalista, governado por um presidente esquerdista, mas com viés ditatorial, pois não pode ser considerado democrático. Mas a ditadura não é exclusividade da esquerda. A Belarus é um país governado por um ditador e é totalmente de direita.

 

Fonte: Quora

 

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