sábado, 27 de janeiro de 2024

Exército de Israel pode ter usado 'protocolo Hannibal', diz jornal israelense

Novas acusações surgiram sobre o Exército de Israel, sugerindo o possível uso do polêmico "protocolo Hannibal" durante os ataques do Hamas, que teriam trazido consequências para civis israelenses.

Isso é o que diz investigação conduzida pelo jornal israelense Yedioth Ahronoth e publicada na última sexta-feira (12). Em tese, o protocolo deveria ter sido extinto em 2016.

O "protocolo Hannibal," originalmente criado em 1986 após o sequestro de dois soldados israelenses pelo Hezbollah, foi mantido em sigilo por anos.

O objetivo era evitar a captura de soldados israelenses por tropas inimigas a qualquer custo, mesmo que isso implicasse na morte dos próprios militares sequestrados.

Segundo relatos, a diretiva teria sido aplicada em situações que envolviam cidadãos que não faziam parte do Exército israelense.

A investigação aponta falhas no sistema de comando, falta de comunicação e ordens para impedir o retorno de integrantes do Hamas à Faixa de Gaza "a qualquer custo," o que poderia ter sido interpretado como autorização para abrir fogo contra veículos, mesmo que civis estivessem presentes.

Embora o nome "Hannibal" não tenha sido explicitamente mencionado, a reportagem levanta dúvidas sobre a efetiva abolição do protocolo, desafiando as garantias do Exército de sua extinção oito anos atrás.

O Yedioth Ahronoth cita um incidente entre os assentamentos de Otaf e a Faixa de Gaza, onde cerca de 70 veículos foram alvejados em 7 de outubro, resultando em um ataque que teria matado mil combatentes palestinos, mas sem esclarecimentos sobre o número de reféns civis que podem ter sido vítimas.

Questionado sobre as alegações, o Exército de Israel destacou o atual contexto de guerra e prometeu uma investigação detalhada quando a situação operacional permitir.

Outro caso discutido na matéria envolve o kibutz de Be'eri, próximo à Faixa de Gaza, onde relatos indicam que militares israelenses teriam atacado uma casa, mesmo após serem informados sobre a presença de terroristas e reféns no local.

A estratégia, mantida em segredo por anos, foi alterada em 2016, mas as circunstâncias do seu uso recente estão sob intensa discussão.

O jornal Haaretz, em editorial, pediu investigação imediata sobre as ações do Exército, enfatizando a relevância das respostas para os familiares dos reféns e para o público em meio ao atual conflito, onde 136 reféns permanecem nas mãos do Hamas na Faixa de Gaza após 95 dias.

·        Qual o motivo do conflito entre judeus e palestinos?

O conflito entre Israel e a Palestina tem sido uma fonte de tensão e de combates na região há muitas décadas. Uma decisão da Organização das Nações Unidas (ONU), de 1947, determinou a criação de dois Estados, mas apenas o israelense foi criado.

No confronto mais recente, que começou em 7 de outubro, após ataques do Hamas ao território israelense, a Autoridade Nacional Palestina acusou Tel Aviv de usar fósforo branco na cidade de Gaza, a mais afetada pelo conflito.

Armas com esse tipo de substância, quando em contato com oxigênio, liberam um vapor branco que causa queimaduras sérias e podem até levar à morte. O uso é proibido em conflitos desde 1997.

Desde o ataque do grupo armado palestino, que resultou na morte de mais de 1,2 mil israelenses, as Forças de Defesa de Israel (FDI), em resposta, já mataram mais de 24 mil palestinos.

O governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu responde a um processo movido pela África do Sul, com o apoio de países como o Brasil, no Tribunal Penal Internacional (TPI), por crimes contra a humanidade.

·        Israel recusa proposta dos EUA e Arábia Saudita para 2 Estados: 'Impor algo que nos prejudica'

Netanyahu rejeitou a proposta do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que faria a Arábia Saudita normalizar as relações com Israel em troca de Tel Aviv concordar em fornecer aos palestinos um caminho para a criação de um Estado.

Segundo um relatório publicado pelo canal NBC News na última quinta - feira (18), os Estados Unidos estão se articulando para criação de um Estado palestino, ação enfatizada com a visita de Blinken na semana passada à região.

De acordo com o relatório da NBC, Netanyahu disse na semana passada que não estava preparado para fazer um acordo que permitisse dois Estados. O secretário norte-americano respondeu que o Hamas não pode ser removido apenas por meios militares, e que o fracasso de Tel Aviv em reconhecer isto levará à repetição da história.

O premiê israelense disse que a criação de um Estado palestino é uma ideia que ele está disposto a bloquear e pontuou que a maioria dos cidadãos israelenses também se opõe à criação, segundo o jornal The Times of Israel.

"Portanto, isso contradiz a ideia de autogoverno [para os palestinos]. E daí? Digo esta verdade aos nossos amigos americanos e também impedi a tentativa de nos impor uma realidade que prejudicaria a segurança de Israel", afirmou em uma coletiva de imprensa.

No entanto, o premiê prometeu que isto não impedirá Tel Aviv de expandir o círculo de paz a novos países árabes, "juntamente a nossos amigos americanos", fazendo referência ao plano de normalização israelense com a Arábia Saudita.

Contudo, as autoridades sauditas reiteraram, ainda nesta quinta-feira (18), que a normalização com Israel dependerá da criação de um caminho para um Estado palestino.

Mas na visão do governo israelense, em qualquer acordo possível, "Israel deve manter o controle de segurança sobre todo o território a oeste do rio Jordão". Da conversa com Blinken, o único pedido com o qual Netanyahu concordou foi que Israel não lançasse um grande ataque contra o Hezbollah no Líbano, relata a NBC.

Passados mais de 100 dias desde o início da guerra na Faixa de Gaza, as autoridades palestinas dizem que o número de mortos no território ultrapassou os 24.400. A maioria eram mulheres e crianças, segundo os dados citados pelo Euronews. Do lado israelense, cerca de 1.300 pessoas morreram desde o começo do conflito.

 

Ø  EUA sugerem ao Iraque reforçar relações após ataque do Irã contra alvos no Curdistão iraquiano

 

O Irã disse ter atingido alvos do Daesh no Iraque após um atentado terrorista em solo iraniano, tendo as autoridades iraquianas denunciado o ataque de Teerã e contestado as suas alegações.

Um alto funcionário dos EUA se reuniu  com o primeiro-ministro do Iraque e ofereceu maior cooperação na área da segurança depois que o Irã realizou um ataque contra seu vizinho, cita o portal The Defense Post.

Jake Sullivan, assessor de Segurança Nacional do presidente norte-americano Joe Biden, se reuniu no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, com Mohammed al-Sudani, e também com Masrour Barzani, líder da região do Curdistão iraquiano.

Sullivan conversou com Sudani sobre "os ataques imprudentes de mísseis balísticos do Irã", disse um comunicado da Casa Branca.

"Sullivan e Sudani discutiram a importância de parar os ataques contra o pessoal dos EUA no Iraque e na Síria e se comprometeram a aumentar a cooperação de segurança como parte de uma parceria de defesa sustentável e de longo prazo", indicou ele.

O Irã afirmou ter atacado um centro de inteligência de Israel no Curdistão iraquiano. O Iraque denunciou o ataque e contestou a alegação do Irã de que o alvo eram serviços de inteligência israelenses.

Teerã também bombardeou alvos do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) na Síria.

Anteriormente, em 3 de janeiro, homens-bomba do grupo terrorista atingiram uma multidão reunida perto do túmulo do general Qassem Soleimani do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) em Kerman, no Irã, matando cerca de 90 pessoas.

 

Ø  Macron: Europa precisa de soberania estratégica para evitar consequências da fragmentação mundial

 

A Europa deve decidir se quer ser soberana, disse o presidente francês Emmanuel Macron observando que, para evitar as consequências da fragmentação mundial e das crises internacionais, a Europa precisa de independência estratégica, que levará dez anos para ser alcançada.

De acordo com ele, soberania não significa "rejeição de parcerias e alianças".

"Para mim, uma Europa soberana é a garantia de que a UE tem sua própria produção de grãos, inteligência soberana, tecnologias essenciais e componentes essenciais nas cadeias de produção: desde chips e agricultura até energia renovável e defesa. Isso é extremamente necessário se quisermos evitar pagar pela fragmentação do mundo e crises maciças. Isso levará uma década, por isso devemos evitar qualquer tensão e escalada", disse Macron no Fórum Econômico Mundial em Davos.

Ele destacou que a França apoia uma parceria com a China, mas em relação a Pequim adere a uma estratégia de "redução de risco".

"Ao mesmo tempo, deve ser claramente entendido que não há nada de bom para a Europa ser totalmente dependente dos EUA nas cadeias de produção. Caso contrário, você está de certa forma apoiando a extraterritorialidade do dólar", acrescentou ele.

De acordo com o presidente da França, a UE precisa de investimento em setores como espaço, inteligência artificial, semicondutores, tecnologia quântica e "defesa como negócio".

 

Ø  Na contramão de EUA e UE, Arábia Saudita diz que 'vai seguir reforçando laços com a China'

 

Declaração de ministro da Economia saudita sugere que Riad continuará a cultivar relações equidistantes na comunidade global. Posição diverge da abordagem de "redução de riscos" adotada pelo Ocidente.

Enquanto os Estados Unidos e a União Europeia manobram para reduzir a sua exposição econômica à China, o ministro da Economia e do Planejamento da Arábia Saudita, Faisal Alibrahim, disse que o seu país procura construir laços mais fortes com a potência asiática.

"Temos uma forte relação comercial com a China e achamos que é muito sensato continuar a fortalecer esse relacionamento, bem como com os nossos outros parceiros", afirmou o ministro em entrevista ao jornal Nikkei Asia.

Ao mesmo tempo, Alibrahim ressaltou que, com a China, "temos uma relação muito forte que inclui investimentos e comércio de ambos os lados".

"Há muitas oportunidades para a China investir na Arábia Saudita. Ao mesmo tempo, estamos priorizando e investindo em todo o mundo, incluindo a China, em termos de oportunidades", afirmou.

A Arábia Saudita, o Irã e os Emirados Árabes Unidos foram selecionados como novos membros do BRICS, e analistas observam que esta aparente mudança em direção à China e à Rússia corre o risco de enfraquecer a posição tradicionalmente favorável de Riad aos EUA.

Por fim, Alibrahim destacou que o reino também procura construir relações mais estreitas com o Japão e a Coreia do Sul como parte da sua diplomacia equilibrada na Ásia.

"Queremos participar do crescimento que vemos na Ásia", disse.

A Arábia Saudita lançou a iniciativa Visão 2030, que tem como objetivo libertar a economia do país da dependência do petróleo até o final da década. Esses esforços incluem o desenvolvimento de setores "leves", como o turismo e as indústrias de serviços.

"Tudo isso está ancorado em princípios econômicos que estão impulsionando a criação de setores que não existiam no passado", afirmou Alibrahim, referindo-se a projetos relativos a cultura, entretenimento e esporte.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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