sábado, 27 de janeiro de 2024

Cooperativa do Baixo Sul da Bahia acessa mercados e reforça potencial das mulheres

As mulheres agricultoras seguem dando exemplo de um cooperativismo de sucesso no rural baiano. A partir dos investimentos do Governo do Estado, por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), cada vez mais, essas mulheres estão garantido autonomia financeira e independência por toda a Bahia.

Na Cooperativa Feminina da Agricultura Familiar e Economia Solidária de Valença (Coomafes), as 102 mulheres estão produzindo e comercializando uma diversidade de produtos, entre os in natura, como hortaliças, frutas, raízes e verduras, e os processados, a exemplo da massa de aipim e de puba, coco ralado, aipim congelado, beijus e biscoitos de diversos sabores.

A evolução da Coomafes foi possível graças aos investimentos na construção de 20 quintais produtivos, com galinheiro, horta e sistema de irrigação para incrementar a produção das mulheres agricultoras. Segundo a presidente da Coomafes, Maria Joselita Santos, mais conhecida como Branca, os recursos foram fundamentais não só para a evolução financeira das mulheres.

“A gente criou essa cooperativa para mostrar o potencial das mulheres. Então, o nosso propósito não é voltado só para a parte comercial, mas também para o desenvolvimento da pessoa. Graças a Deus, nós temos evoluído nesse processo e a presença de um governo que nos dá acesso às políticas públicas potencializa o nosso trabalho, como no caso das vendas para a alimentação escolar. Hoje, nós estamos vendendo comida de verdade, que são os nossos produtos in natura por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), nos municípios de Cairu e Aratuípe, além de termos recursos de R$ 600 mil esse ano para o combate à fome, via Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)”, contou Branca.

A agricultora Maria Leandra Conceição, uma das beneficiárias dos quintais, comemora os avanços na propriedade. “Hoje, eu estou muito feliz porque eu olho o fundo da minha casa e vejo a minha plantação crescer junto com as galinhas. Além disso, hoje eu não sofro mais com os atravessadores porque eu vendo a um valor justo ao PAA e, na data certa, o meu dinheiro cai. Essa oportunidade mudou muito a minha vida”, comenta Maria Leandra.

·        Novas embalagens

Além da comercialização em mercados institucionais, a Coomafes avança também no acesso a outros mercados. Isso se justifica a partir do apoio à cooperativa no edital Dinamização Produtiva de Empreendimentos Solidários Liderados por Mulheres, lançado pela CAR, em parceria com a Secretaria de Política para Mulheres (SPM).

Por meio desse edital, as mulheres conseguiram adquirir novas embalagens, que deixaram os produtos mais atrativos para os consumidores, além de conter informações essenciais como a tabela nutricional, em parceria com a Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), o código de barras e o Selo da Agricultura Familiar.

As mulheres também garantem suas vendas na Feira da Agricultura Familiar protagonizada por elas, que acontece todas às sextas-feiras, a partir das 6h, no pátio do Serviço Territorial de Apoio à Agricultura Familiar (SETAF) do Baixo Sul, localizado em Valença, com o apoio da CAR.

Outro ponto de comercialização dos produtos da Coomafes é a loja da rede dos empreendimentos da economia solidária do Baixo Sul, que é administrada pela cooperativa e garante emprego para mulheres como Denise de Jesus. “A Coomafes mudou a minha vida em todos os sentidos. Antes da cooperativa, era muito difícil e eu não podia nem dar um presente para a minha mãe e meus filhos. Hoje, eu consigo presenteá-los. O meu sentimento é de gratidão”, finalizou Denise.

A CAR é uma empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR).

 

Ø  As oportunidades já estão vivas no agro presente. Por José Luiz Tejon

 

Os gênios do mundo são poucos. Aprender com eles, na capacidade de antever as forças inexoráveis da evolução, é a grande e maior lição que todos poderiam aprender. O agro brasileiro veio de três anos de crescimento nas safras e na proteína animal. Chegamos ao ciclo 2023-24 com a mudança climática que está levando todo Brasil Central, o Cerrado, à diminuição das colheitas e impactos negativos no valor bruto da produção agropecuária, fundamentalmente nos grãos e preços comparados da arroba do boi. Mas, quando olhamos de forma detalhada a situação, e fugindo do risco das generalizações, vamos ver já instalados os exemplos que vão dar a grande virada no destino do agro brasileiro nos próximos 10 anos.

Esses são os que agem na cadeia do agro na linha do que aprendi com um sábio, o Sr. Shunji Nishimura, que de uma oficinazinha de “conserta-se tudo”, em Pompeia, São Paulo, deixou um espetacular legado de inovação e de educação. Em uma das crises, pois sempre tivemos crises, ele me disse: “Na época boa se prepara para a época ruim. Na hora difícil quem estiver preparado vai crescer”. E para este gênio, inovação e administração financeira eram os rigores intocáveis. E lá estão a empresa Jacto e a Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia. Obras, exemplos reais.

Em 2024, assistiremos o sucesso dos que usarem os “bons ventos“ para investimentos administrados na inovação, que fará com que cresçam perante concorrentes nacionais e internacionais, exatamente no meio da “calmaria” ou dos ventos tempestuosos que cercam a maioria. O enfrentamento das mudanças climáticas com os modelos de integração lavoura-pecuária e florestas têm exemplos reais: a superação dos indicadores da produtividade com a aplicação das práticas agronômicas conservacionistas protegendo solos e retendo umidade.

As cooperativas brasileiras crescem a dois dígitos, integrando agroindustrialização agregando valor nas commodities, também exemplos reais, bem como a inteligência nacional de biocombustíveis e bioenergia a partir da cana, grãos, macaúba, palma, dejetos, criando o biogás, eólicos e solares.

Teremos um plano de gigantesco poder transformador para todo agro mundial, com a proposta brasileira de transformação de 40 milhões de ha de pastos degradados, o equivalente a toda área agrícola brasileira dos grãos, um ativo de riquezas irrigantes para toda economia e sociedade do País, além de significar um exemplo concreto para todos os demais países do cinturão tropical do planeta Terra se inspirarem e o utilizarem.

O clima nos pede urgência, emergência, na mudança das práticas clássicas para as conservacionistas, sustentáveis. Emergência na pesquisa de materiais genéticos resistentes às alterações climáticas nos macrobioma a microbioma; na integração do comércio, indústria e serviços, ao lado e com a agropecuária. Agro é, sempre foi e sempre será a gestão integrada de cada cadeia produtiva. E já mudou para agrocidadania.

Na grande síntese para 2024 e próximos anos de mudanças, temos a competência para usar sistemas resilientes de produção nos ambientes tropicais, um agroconsciente, com tecnologias digitais de precisão.

Temos empreendedores agroindustriais e cooperativas competentes para agregar valor e disputar mercados internacionais com marcas mundiais nacionais.Temos pesquisa e educação no complexo agro estratégico.

E somos o único local do mundo que pode oferecer área agricultável totalmente sustentável já, agora, no plano dos 40 milhões de ha de pastagens degradadas que irão virar saúde e dignidade humana.

Faremos ou não? Sim, faremos. Com maior ou menor dificuldade, isso irá depender das lideranças e da governança. Mas faremos. O Brasil é maior do que os buracos, dizia o jornalista Joelmir Betting. Com certeza, o Brasil é maior do que os obstáculos. Os normais mudam sob o comando das mudanças. Os geniais mudam antes antevendo as mudanças. Os teimosos não mudam nunca e terminam nos jazigos do passado.

2024, hora de acelerar os fundamentos reais à disposição dos que irão ao futuro. Uma simples dica: “Fique de olho nos que já estão no caminho, decidir com quem irei ao futuro é a minha maior decisão neste instante presente”.

 

Fonte: Tribuna da Bahia/A Tarde

 

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