quinta-feira, 2 de novembro de 2023

“Diagnóstico precoce é a melhor forma de combater tumores”, defedem especialistas

Embora saibam que a detecção precoce de tumores urológicos através de exames de rastreamento regulares aumenta as chances de cura, muitos homens insistem em consultar um urologista apenas na presença de sintomas. Quando um câncer de próstata, bexiga ou rim é detectado em estágios iniciais, geralmente é localizado e tem menor probabilidade de se espalhar para outros órgãos, o que torna o tratamento mais eficaz e menos invasivo. Contudo, nessa fase da doença, a presença de sintomas é rara, daí a importância das consultas de rotina e dos alertas da campanha Novembro Azul.

Presença de sangue na urina (hematúria), dor ou desconforto ao urinar, alterações nos hábitos urinários, massa abdominal e inchaço são alguns dos principais sintomas de tumores urológicos. Contudo, eles só costumam aparecer em estágios mais avançados, quando os riscos são maiores. Em geral, nos estágios iniciais, a variedade de opções de tratamento disponível é maior. Contudo, “quanto mais avançado o câncer, menos opções de tratamento podem estar disponíveis”, pontuou o urologista Lúcio Vasconcelos, sócio da Clínica Urológica da Bahia (CUB).

Para o urologista Felipe Azevedo, por exemplo, tratamentos realizados em estágios iniciais tendem a ser menos agressivos e causar menos efeitos colaterais, o que melhora a qualidade de vida dos pacientes durante e após o tratamento. “A detecção precoce também está associada a taxas de sobrevivência mais elevadas”, completou.

Segundo o urologista Lúcio Vasconcelos, o tratamento do câncer em estágios avançados costuma ser mais caro devido à necessidade de tratamentos mais intensivos e prolongados, hospitalizações e medicamentos caros. “A detecção precoce pode economizar recursos financeiros significativos”, destacou.

O urologista Alfredo Barbosa acrescentou, ainda, que o diagnóstico precoce pode reduzir o sofrimento físico e emocional dos pacientes, uma vez que os tratamentos tendem a ser menos invasivos e com menos complicações. “Por isso, consultar regularmente um urologista e seguir as diretrizes de rastreamento recomendadas é fundamental, especialmente para indivíduos em grupos de risco”, afirmou.

•        Câncer de próstata

O diagnóstico do câncer de próstata, tipo mais prevalente entre os homens, é feito através de exames de sangue, como o PSA (Antígeno Prostático Específico) e o exame de toque retal. Se houver suspeita, uma biópsia da próstata pode ser solicitada. Cada caso deve ser avaliado individualmente, mas em geral, a orientação da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) é que homens com 50 anos ou mais realizem uma avaliação prostática anualmente. “Para homens negros ou com histórico familiar da doença, a indicação é de que essa investigação anual seja iniciada já a partir dos 45 anos de idade”, declarou o urologista Augusto Modesto, sócio da CUB e atual presidente da SBU-BA.

•        Câncer de bexiga

Evitar o tabagismo, principal causa do câncer de bexiga, reduzir a exposição a produtos químicos cancerígenos no ambiente de trabalho e manter uma boa hidratação são medidas de prevenção da doença. “O diagnóstico é feito através de um exame chamado cistoscopia e da biópsia da bexiga. O tratamento inclui cirurgia, quimioterapia, radioterapia e imunoterapia, dependendo do estágio e da extensão do câncer”, resumiu o também sócio da CUB, urologista Arnaldo dos Santos.

•        Câncer de rim

Como o câncer de rim tende a ser diagnosticado em estágios mais avançados, as taxas de sobrevivência podem ser afetadas. Não existem medidas de prevenção específicas contra o câncer renal, mas manter uma dieta saudável, controlar a pressão arterial e evitar o tabagismo reduz o risco. Segundo o urologista Pedro Gouveia, “o diagnóstico é feito através de exames de imagem, como a tomografia computadorizada, e, em alguns casos, biópsia renal. Já o tratamento envolve cirurgia para remover o tumor. Em estágios avançados, terapias direcionadas e imunoterapia podem ser utilizadas”, explicou.

O urologista Paulo Adolfo lembrou que além do câncer de próstata, bexiga e rim, existem outros tipos de tumores urológicos que podem afetar os homens: câncer de testículo, pênis e uretra, por exemplo. “Embora esses tipos sejam menos frequentes, consultar um urologista regularmente e estar ciente dos sintomas e sinais de alerta pode ajudar na detecção precoce e no tratamento eficaz, caso esses tipos de câncer se desenvolvam”, afirmou o sócio da Clínica Urológica da Bahia (CUB).

Com o propósito de incentivar os homens a cuidar da saúde ao longo do Novembro Azul, a CUB está oferecendo descontos nos valores das consultas urológicas durante todo o mês de novembro. Além disso, pacientes com indicação de biópsia podem realizar o procedimento aos sábados com um valor 30% menor. Há, ainda, a possibilidade de parcelamento no cartão de crédito. Usuários de mais de 30 planos de saúde, incluindo o Planserv, também estão sendo estimulados a se cuidar na CUB no mês dedicado à saúde masculina. 

 

       Diabetes e obesidade elevam risco de câncer, mostra pesquisa canadense

 

Aciência buscava há muito tempo desvendar a relação entre obesidade, diabetes tipo 2 e um maior risco de câncer de pâncreas. Agora, cientistas da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC), no Canadá, fornecem, pela primeira vez, uma explicação detalhada sobre essa associação. Segundo um estudo publicado, ontem, na revista Cell Metabolism, níveis altos de insulina estimulam excessivamente células chamadas acinares pancreáticas, que produzem sucos digestivos. O processo leva à inflamação que converte as estruturas em pré-cancerosas.

"Juntamente com o rápido aumento da obesidade e do diabetes tipo 2, estamos vendo um crescimento alarmante nas taxas de câncer de pâncreas", disse, em nota, o coautor sênior James Johnson, professor do departamento de ciências celulares e fisiológicas e diretor interino do Instituto de Ciências da Vida da UBC. Ele afirma que as descobertas ajudam a entender como isso está acontecendo e "destacam a importância de manter os níveis de insulina em uma faixa saudável, o que pode ser conseguido com dieta, exercícios e, em alguns casos, medicamentos".

Para o trabalho, a equipe focou no adenocarcinoma ductal pancreático (PDAC), o tipo mais comum e altamente agressivo de câncer de pâncreas, com uma taxa de sobrevivência em cinco anos de menos de 10%. Segundo os autores, a incidência do tumor está em ascensão e é esperado que até 2030 se torne a segunda principal causa de mortes relacionadas à patologia. Embora a obesidade e o diabetes 2 tenham sido previamente identificados como fatores de risco para a doença, os mecanismos precisos pelos quais isso acontece ainda não haviam sido compreendidos.

•        Enzimas

Apesar de a insulina ser amplamente conhecida por seu papel na regulação dos níveis de glicose no sangue, o ensaio ressalta sua importância crucial nas células do pâncreas. As descobertas revelam que a substância apoia a função fisiológica dessas estruturas na produção de enzimas digestivas que decompõem os alimentos ricos em gordura. No entanto, em níveis elevados, sua hiperestimulação pode promover a inflamação pancreática e o desenvolvimento de células pré-cancerosas.

Gustavo Fernandes, oncologista clínico e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc), explica que, em pacientes com diabetes tipo 1, essa relação não existe, devido à origem da doença. "Nesses pacientes, há uma destruição das células que produzem a insulina e você tem um nível tipicamente mais baixo desse hormônio, o que se corrige de maneira exógena."

Para o médico, as descobertas descritas no artigo destacam o conhecimento sobre os riscos que a obesidade e o diabetes tipo 2 podem trazer. "Isso tem impacto na população inteira com redução de câncer, não só de pâncreas, mas outros tumores", observou Fernandes, diretor-geral da Oncologia Dasa.

Os pesquisadores concordam que as descobertas têm implicações em potencial para outros tumores associados à obesidade e a diabetes tipo 2, quando níveis elevados de insulina também podem contribuir para o início do quadro. "Colegas em Toronto demonstraram ligações semelhantes entre o hormônio e o câncer de mama. No futuro, esperamos determinar se, e como, o excesso dessa substância pode contribuir para outros tipos de câncer provocados pela obesidade e pela diabetes", contou James Johnson, em nota.

Alessandra Leite, oncologista do hospital Santa Lúcia, em Brasília, e membro titular da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc) assinala que, a partir da descoberta, os profissionais precisarão adaptar a prática dentro dos consultórios. "Com certeza, vai se tornar uma via de estudo molecular mais direcionada. Mas isso, certamente, já coloca um alerta para todos os especialistas que fazem acompanhamento dos pacientes. Teremos que ser mais rigorosos nas metas, não somente atingir glicemias de jejum e curvas glicêmicas adequadas, mas ficar principalmente de olho nas dosagens da insulina."

Em colaboração com pesquisadores do BC Cancer e do Pancreas Center BC, a equipe de pesquisadores do Canadá iniciou um ensaio clínico para auxiliar pacientes diagnosticados com PDAC a controlar o açúcar no sangue. Os pesquisadores acreditam que há uma forte evidência de que a redução dos níveis de insulina circulante em pessoas com doenças metabólicas pode diminuir o risco geral de desenvolver não apenas câncer de pâncreas, mas também outros tipos de tumor "Vários medicamentos e modificações no estilo de vida já são conhecidos por reduzir os níveis do hormônio e podem ser rapidamente implementados na prática clínica para reduzir profilaticamente o risco de iniciação do câncer", destacou a coautora sênior Janel Kopp, professora assistente no departamento de ciências celulares e fisiológicas da UBC.

 

Fonte: Tribuna da Bahia/Correio Braziliense

 

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