“Diagnóstico precoce é a melhor forma de combater tumores”, defedem
especialistas
Embora saibam que a detecção precoce de tumores
urológicos através de exames de rastreamento regulares aumenta as chances de
cura, muitos homens insistem em consultar um urologista apenas na presença de
sintomas. Quando um câncer de próstata, bexiga ou rim é detectado em estágios
iniciais, geralmente é localizado e tem menor probabilidade de se espalhar para
outros órgãos, o que torna o tratamento mais eficaz e menos invasivo. Contudo,
nessa fase da doença, a presença de sintomas é rara, daí a importância das
consultas de rotina e dos alertas da campanha Novembro Azul.
Presença de sangue na urina (hematúria), dor ou
desconforto ao urinar, alterações nos hábitos urinários, massa abdominal e
inchaço são alguns dos principais sintomas de tumores urológicos. Contudo, eles
só costumam aparecer em estágios mais avançados, quando os riscos são maiores.
Em geral, nos estágios iniciais, a variedade de opções de tratamento disponível
é maior. Contudo, “quanto mais avançado o câncer, menos opções de tratamento
podem estar disponíveis”, pontuou o urologista Lúcio Vasconcelos, sócio da
Clínica Urológica da Bahia (CUB).
Para o urologista Felipe Azevedo, por exemplo,
tratamentos realizados em estágios iniciais tendem a ser menos agressivos e
causar menos efeitos colaterais, o que melhora a qualidade de vida dos
pacientes durante e após o tratamento. “A detecção precoce também está
associada a taxas de sobrevivência mais elevadas”, completou.
Segundo o urologista Lúcio Vasconcelos, o
tratamento do câncer em estágios avançados costuma ser mais caro devido à
necessidade de tratamentos mais intensivos e prolongados, hospitalizações e
medicamentos caros. “A detecção precoce pode economizar recursos financeiros
significativos”, destacou.
O urologista Alfredo Barbosa acrescentou, ainda,
que o diagnóstico precoce pode reduzir o sofrimento físico e emocional dos
pacientes, uma vez que os tratamentos tendem a ser menos invasivos e com menos
complicações. “Por isso, consultar regularmente um urologista e seguir as
diretrizes de rastreamento recomendadas é fundamental, especialmente para
indivíduos em grupos de risco”, afirmou.
• Câncer
de próstata
O diagnóstico do câncer de próstata, tipo mais
prevalente entre os homens, é feito através de exames de sangue, como o PSA
(Antígeno Prostático Específico) e o exame de toque retal. Se houver suspeita,
uma biópsia da próstata pode ser solicitada. Cada caso deve ser avaliado
individualmente, mas em geral, a orientação da Sociedade Brasileira de Urologia
(SBU) é que homens com 50 anos ou mais realizem uma avaliação prostática
anualmente. “Para homens negros ou com histórico familiar da doença, a
indicação é de que essa investigação anual seja iniciada já a partir dos 45
anos de idade”, declarou o urologista Augusto Modesto, sócio da CUB e atual
presidente da SBU-BA.
• Câncer
de bexiga
Evitar o tabagismo, principal causa do câncer de
bexiga, reduzir a exposição a produtos químicos cancerígenos no ambiente de
trabalho e manter uma boa hidratação são medidas de prevenção da doença. “O
diagnóstico é feito através de um exame chamado cistoscopia e da biópsia da
bexiga. O tratamento inclui cirurgia, quimioterapia, radioterapia e
imunoterapia, dependendo do estágio e da extensão do câncer”, resumiu o também
sócio da CUB, urologista Arnaldo dos Santos.
• Câncer
de rim
Como o câncer de rim tende a ser diagnosticado em
estágios mais avançados, as taxas de sobrevivência podem ser afetadas. Não
existem medidas de prevenção específicas contra o câncer renal, mas manter uma
dieta saudável, controlar a pressão arterial e evitar o tabagismo reduz o
risco. Segundo o urologista Pedro Gouveia, “o diagnóstico é feito através de
exames de imagem, como a tomografia computadorizada, e, em alguns casos,
biópsia renal. Já o tratamento envolve cirurgia para remover o tumor. Em
estágios avançados, terapias direcionadas e imunoterapia podem ser utilizadas”,
explicou.
O urologista Paulo Adolfo lembrou que além do
câncer de próstata, bexiga e rim, existem outros tipos de tumores urológicos
que podem afetar os homens: câncer de testículo, pênis e uretra, por exemplo.
“Embora esses tipos sejam menos frequentes, consultar um urologista
regularmente e estar ciente dos sintomas e sinais de alerta pode ajudar na
detecção precoce e no tratamento eficaz, caso esses tipos de câncer se
desenvolvam”, afirmou o sócio da Clínica Urológica da Bahia (CUB).
Com o propósito de incentivar os homens a cuidar da
saúde ao longo do Novembro Azul, a CUB está oferecendo descontos nos valores
das consultas urológicas durante todo o mês de novembro. Além disso, pacientes
com indicação de biópsia podem realizar o procedimento aos sábados com um valor
30% menor. Há, ainda, a possibilidade de parcelamento no cartão de crédito.
Usuários de mais de 30 planos de saúde, incluindo o Planserv, também estão
sendo estimulados a se cuidar na CUB no mês dedicado à saúde masculina.
Diabetes
e obesidade elevam risco de câncer, mostra pesquisa canadense
Aciência buscava há muito tempo desvendar a relação
entre obesidade, diabetes tipo 2 e um maior risco de câncer de pâncreas. Agora,
cientistas da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC), no Canadá, fornecem,
pela primeira vez, uma explicação detalhada sobre essa associação. Segundo um
estudo publicado, ontem, na revista Cell Metabolism, níveis altos de insulina
estimulam excessivamente células chamadas acinares pancreáticas, que produzem
sucos digestivos. O processo leva à inflamação que converte as estruturas em
pré-cancerosas.
"Juntamente com o rápido aumento da obesidade
e do diabetes tipo 2, estamos vendo um crescimento alarmante nas taxas de
câncer de pâncreas", disse, em nota, o coautor sênior James Johnson,
professor do departamento de ciências celulares e fisiológicas e diretor
interino do Instituto de Ciências da Vida da UBC. Ele afirma que as descobertas
ajudam a entender como isso está acontecendo e "destacam a importância de
manter os níveis de insulina em uma faixa saudável, o que pode ser conseguido
com dieta, exercícios e, em alguns casos, medicamentos".
Para o trabalho, a equipe focou no adenocarcinoma
ductal pancreático (PDAC), o tipo mais comum e altamente agressivo de câncer de
pâncreas, com uma taxa de sobrevivência em cinco anos de menos de 10%. Segundo
os autores, a incidência do tumor está em ascensão e é esperado que até 2030 se
torne a segunda principal causa de mortes relacionadas à patologia. Embora a
obesidade e o diabetes 2 tenham sido previamente identificados como fatores de
risco para a doença, os mecanismos precisos pelos quais isso acontece ainda não
haviam sido compreendidos.
• Enzimas
Apesar de a insulina ser amplamente conhecida por
seu papel na regulação dos níveis de glicose no sangue, o ensaio ressalta sua
importância crucial nas células do pâncreas. As descobertas revelam que a substância
apoia a função fisiológica dessas estruturas na produção de enzimas digestivas
que decompõem os alimentos ricos em gordura. No entanto, em níveis elevados,
sua hiperestimulação pode promover a inflamação pancreática e o desenvolvimento
de células pré-cancerosas.
Gustavo Fernandes, oncologista clínico e
ex-presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc), explica que,
em pacientes com diabetes tipo 1, essa relação não existe, devido à origem da
doença. "Nesses pacientes, há uma destruição das células que produzem a
insulina e você tem um nível tipicamente mais baixo desse hormônio, o que se
corrige de maneira exógena."
Para o médico, as descobertas descritas no artigo
destacam o conhecimento sobre os riscos que a obesidade e o diabetes tipo 2
podem trazer. "Isso tem impacto na população inteira com redução de
câncer, não só de pâncreas, mas outros tumores", observou Fernandes,
diretor-geral da Oncologia Dasa.
Os pesquisadores concordam que as descobertas têm
implicações em potencial para outros tumores associados à obesidade e a
diabetes tipo 2, quando níveis elevados de insulina também podem contribuir
para o início do quadro. "Colegas em Toronto demonstraram ligações
semelhantes entre o hormônio e o câncer de mama. No futuro, esperamos
determinar se, e como, o excesso dessa substância pode contribuir para outros
tipos de câncer provocados pela obesidade e pela diabetes", contou James
Johnson, em nota.
Alessandra Leite, oncologista do hospital Santa
Lúcia, em Brasília, e membro titular da Sociedade Brasileira de Oncologia
Clínica (Sboc) assinala que, a partir da descoberta, os profissionais
precisarão adaptar a prática dentro dos consultórios. "Com certeza, vai se
tornar uma via de estudo molecular mais direcionada. Mas isso, certamente, já
coloca um alerta para todos os especialistas que fazem acompanhamento dos
pacientes. Teremos que ser mais rigorosos nas metas, não somente atingir
glicemias de jejum e curvas glicêmicas adequadas, mas ficar principalmente de
olho nas dosagens da insulina."
Em colaboração com pesquisadores do BC Cancer e do
Pancreas Center BC, a equipe de pesquisadores do Canadá iniciou um ensaio
clínico para auxiliar pacientes diagnosticados com PDAC a controlar o açúcar no
sangue. Os pesquisadores acreditam que há uma forte evidência de que a redução
dos níveis de insulina circulante em pessoas com doenças metabólicas pode
diminuir o risco geral de desenvolver não apenas câncer de pâncreas, mas também
outros tipos de tumor "Vários medicamentos e modificações no estilo de
vida já são conhecidos por reduzir os níveis do hormônio e podem ser
rapidamente implementados na prática clínica para reduzir profilaticamente o
risco de iniciação do câncer", destacou a coautora sênior Janel Kopp,
professora assistente no departamento de ciências celulares e fisiológicas da
UBC.
Fonte: Tribuna da Bahia/Correio Braziliense
Nenhum comentário:
Postar um comentário