terça-feira, 31 de outubro de 2023

AVC: organização alerta para incidência de casos

Uma em cada quatro pessoas com mais de 35 anos vai sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame, em algum momento da vida - e 90% desses derrames poderia ser prevenido por meio do cuidado com um pequeno número de fatores de risco, incluindo hipertensão ou pressão alta, tabagismo, dieta e atividade física. O alerta é da Organização Mundial do AVC.

No Dia Mundial do AVC, lembrado neste domingo, 29, a entidade destaca que a doença é uma das maiores causas de morte e incapacidade no mundo, pode acontecer com qualquer um em qualquer idade, e é algo que afeta a todos: sobreviventes, familiares e amigos, além de ambientes de trabalho e comunidades.

A estimativa é que mais de 12 milhões de pessoas no mundo tenham um AVC este ano e que 6,5 milhões morram como resultado. Os dados mostram ainda que mais de 110 milhões de pessoas vivem com sequelas de um AVC. A incidência aumenta significativamente com a idade - mais de 60% dos casos acontece em pessoas com menos de 70 anos e 16%, em pessoas com menos de 50 anos.

"Mais da metade das pessoas que sofrem um derrame morrerão como resultado. Para os sobreviventes, o impacto pode ser devastador, afetando a mobilidade física, a alimentação, a fala e a linguagem, as emoções e os processos de pensamento. Essas necessidades complexas podem resultar em desafios financeiros e cuidados para o indivíduo e para os seus cuidadores", alerta a organização.

•        Isquêmico ou hemorrágico; entenda riscos

De acordo com o neurologista e coordenador do serviço de AVC do Hospital Albert Einstein, Marco Túlio Araújo Pedatella, o AVC acontece quando há uma obstrução do fluxo de sangue pro cérebro. Ele pode ser isquêmico (quando há obstrução de vasos sanguíneos) ou hemorrágico (quando os vasos se rompem). Em ambos os casos, células do cérebro podem ser lesionadas ou morrer.

"Os principais fatores de risco que temos hoje pro AVC são pressão alta, diabetes, colesterol elevado, sedentarismo, fumo, uso excessivo de bebida alcoólica, além de outros fatores que a gente não consegue interferir muito, como idade, já que acaba sendo mais comum em pacientes mais idosos, sexo masculino, pessoas da raça negra e orientais e histórico familiar, que também é um fator de risco importante."

•        Incidência em jovens tem se tornado mais comum

Apesar de o AVC ser mais frequente entre a população acima de 60 anos, os relatos de casos entre jovens têm se tornado cada vez mais comuns. Pedatella lembra que, nesses casos, os impactos são enormes, uma vez que a doença pode gerar incapacidades importantes a depender do local e do tamanho da lesão no cérebro.

"Acometendo um paciente jovem, uma pessoa que, muitas vezes, vai deixar de trabalhar, vai precisar fazer reabilitação, gerando enorme gastos. Em vários casos, dependendo da sequela, esse paciente precisa de ajuda até pra andar, então, vai tirar um familiar do trabalho pra poder auxiliar. Então acaba aumentando muitos os gastos de seguridade social, além dos gastos com tratamento e reabilitação."

"Infelizmente, a gente não tem um remédio que trate, que cure essas lesões. Os pacientes melhoram com a reabilitação, mas dependendo da lesão, do tamanho, da localização, podem ficar com alguma sequela mais incapacitantes."

•        Saiba reconhecer sinais de um AVC

O especialista explica que reconhecer os sinais de um AVC e buscar tratamento rapidamente não apenas salva a vida do paciente, mas amplia suas chances de recuperação. "O AVC é um quadro repentino, súbito. Acontece de uma vez."

"A pessoa tem perda de força ou de sensibilidade de um ou de ambos os lados do corpo; perda da visão de um ou de ambos os olhos; visão dupla; desequilíbrio ou incoordenação motora; vertigem muito intensa; alteração na fala, seja uma dificuldade para falar, para articular palavras, para se fazer ser compreendido ou compreender; além de uma dor de cabeça muito intensa e diferente do padrão habitual".

"É recomendado que, na presença de qualquer um desses sinais, entre em contato com o serviço de urgência para que o paciente possa ser avaliado por um médico e afastar a possibilidade de um AVC. A gente tem uma janela muito estreita, no AVC isquêmico, pra poder tratar esse paciente e evitar sequelas incapacitantes - até quatro horas e meia com tratamento medicamentoso e até seis horas com procedimento endovascular."

 

       Veja a importância do atendimento rápido em casos de AVC

 

No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, a cada cinco minutos uma pessoa morre em decorrência do Acidente Vascular Cerebral, também chamado de AVC ou derrame cerebral. Por esse motivo, a doença precisa ser diagnosticada precocemente para que o tratamento seja instituído e as sequelas diminuídas.

O Dr. Fernando Gomes, neurocirurgião e neurocientista do Hospital das Clínicas de São Paulo, ressalta que existem fatores de risco que podem ser conduzidos ou evitados. São eles: tabagismo, sedentarismo, diabetes, colesterol alto ou triglicérides alterados. Além disso, o estilo de vida pode interferir positivamente para diminuir o risco.

•        Relação entre AVC e tipo sanguíneo

O Dr. Fernando Gomes cita um fato curioso de um trabalho recentemente publicado e desenvolvido por médicos da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos. "Foi realizada uma metanálise com mais de 46 estudos científicos que avaliou traços genéticos e uma correlação com o surgimento do AVC precoce com pessoas com até 60 anos. Foram mais de 17 mil casos de pacientes e pessoas que tiveram AVC, comparados com 60 mil pessoas que não tiveram problema. A grande correlação mostrou um dado que indivíduos com o tipo sanguíneo A, apresentam risco maior de desenvolver AVC."

Com a presença desse risco aumentando, o médico ressalta que independentemente do tipo sanguíneo, todos precisam praticar atividade física regular e alimentar-se corretamente. "Se tiver diabetes, também é preciso tratar de uma maneira correta. Se houver o hábito do tabagismo ou então do consumo de bebida alcoólica em excesso, também é importante evitá-la. Ou seja, cuidar do aparelho cardiovascular para evitar problemas correlacionados com essa situação", ressalta o neurocirurgião.

•        Importância do diagnóstico e do tratamento

Para o médico, o diagnóstico precoce de um AVC e o pronto atendimento podem ajudar a reverter o quadro da doença e, principalmente, preservar os neurônios. "Para aprender a interpretar os sinais e chamar ajuda quanto antes, para ter acesso a um tratamento médico-hospitalar o mais rápido possível, já que existem diversos métodos para permitir que esse vaso entupido possa ter seu fluxo prontamente restabelecido", justifica o neurocirurgião.

"Se um acidente vascular cerebral do tipo hemorrágico - aquele que tem o sangramento - é totalmente atendido com todo cuidado e terapia multidisciplinar instituída, a chance de uma boa evolução é muito melhor", explica o Dr. Fernando Gomes, que afirma: "Tempo significa neurônio viável".

•        Identificando um caso de AVC

O Dr. Fernando Gomes cita uma regra bem fácil para reconhecer se uma pessoa está tendo uma alteração no seu nível de consciência, percepção sensorial, habilidade motora ou linguística, já que estas possuem correlação com o AVC.

>>>> A seguir, confira a dica que se baseia nas letras da palavra SAMU:

S - Sorriso

Ao pedir para a pessoa executar essa mímica facial, fica mais fácil avaliar a simetria da movimentação do rosto, e assim perceber se existe alguma alteração.

A - Abraço

Quando a pessoa é solicitada a se levantar e caminhar para dar um abraço, esse movimento possibilita avaliar a capacidade de se manter na posição bípede, assim como olhar o equilíbrio e a movimentação dos pés e das pernas.

M - Música

Pedir para a pessoa cantar uma música conhecida facilita compreender o entendimento dela em relação ao que foi solicitado, a existência de memória e a sua comunicação neste momento.

U - Ligar um, nove, dois (192)

Se qualquer um desses três itens tiver alguma alteração, é possível estar diante de uma pessoa que está sofrendo um AVC. Nessa hora, é essencial ligar imediatamente ao SAMU através do número 192 e pedir auxílio.

 

       AVC: implantes cerebrais podem reduzir sequelas? Entenda

 

Após um acidente vascular cerebral (AVC), áreas do cérebro podem ser danificadas permanentemente, gerando impactos nas funções cognitivas e motoras. Como consequência, esses fatores afetam diretamente a qualidade de vida do paciente. No entanto, novos estudos têm indicado algumas possibilidades promissoras de tratamento, como o uso de implantes cerebrais.

•        Implantes cerebrais para AVC: como funcionam?

Um estudo recente divulgado pela revista científica Nature trouxe a indicação de que o uso de implantes no cerebelo pode ajudar pacientes após um acidente vascular cerebral. Isto é, uma pequena estrutura localizada na parte inferior traseira do cérebro. O objetivo seria a estimulação cerebral profunda, o que pode surtir efeitos positivos na recuperação motora de pacientes que sofreram AVCs.

O estudo avaliou 12 indivíduos com comprometimento, entre 1 e 3 anos, de moderado a grave dos membros superiores obtiveram melhorias de cerca de 15 pontos na Avaliação Fugl-Meyer do Membro Superior após um período entre 20 e 24 meses incluindo tratamento e acompanhamento.

•        Uma perspectiva promissora

De acordo com o neurocirurgião Dr. Bruno Burjaili, a abordagem é promissora por usar um mecanismo já conhecido para o tratamento de sequelas do AVC. No entanto, ainda são necessários mais estudos.

"Os eletrodos cerebrais analisados pelo estudo são similares aos que já são utilizados em tratamentos de Parkinson, distonia e tremor essencial. A novidade trazida pelo estudo é a sua utilização no cerebelo para ajudar na recuperação de sequelas AVC", explica.

Para Bruno, os resultados são animadores, mas ainda não são suficientes para que o procedimento integre a prática clínica. "Para isso são necessários estudos mais abrangentes sobre os seus efeitos a longo prazo, a forma ideal da cirurgia, de acompanhamento posterior, indicação, entre outros fatores. Se essa nova estratégia estabelecer-se de fato, poderá fazer a diferença na recuperação de funções perdidas", ressalta o médico.

 

Fonte: Agencia Brasil/Portal EdiCase/Saúde em Dia

 

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