terça-feira, 8 de agosto de 2023

África do Sul convida líderes de 67 países à cúpula do BRICS, mas Macron está fora da lista

O presidente francês, Emmanuel Macron, não foi convidado para a cúpula do BRICS na África do Sul, afirmou a ministra das Relações Exteriores da África do Sul, Naledi Pandor.

Anteriormente, a publicação francesa l'Opinion informou que Macron pediu ao presidente sul-africano Cyril Ramaphosa para participar da cúpula do BRICS em Joanesburgo em agosto. Este pedido teria surpreendido Ramaphosa.

Por sua vez, a chanceler da África do Sul informou hoje (7) que o presidente do país, Cyril Ramaphosa, convidou para a cúpula do BRICS 67 países da África e do Sul Global, bem como 20 representantes de organizações, até agora 34 países confirmaram sua participação.

Mas o presidente francês, que antes tinha expressado o desejo de participar, ficou fora da lista de convidados.

Ela observou também que o secretário-geral da ONU, António Guterres, e representantes de outras organizações também foram convidados para o evento.

A Declaração de Joanesburgo será o principal documento adotado na cúpula do BRICS na África do Sul, disse Naledi Pandor.

"Após relatórios do Novo Banco de Desenvolvimento, do Conselho Empresarial do BRICS e da Aliança Empresarial das Mulheres do BRICS, espera-se que a cúpula adote a Declaração de Joanesburgo como o principal documento final da Cúpula de Líderes do BRICS de 2023", afirmou ela em um briefing sobre a prontidão da África do Sul para sediar a cúpula.

Segundo ela, a declaração refletirá as opiniões dos países do BRICS sobre problemas regionais, globais, financeiros e econômicos.

Assim, a cúpula do BRICS, que será realizada em Joanesburgo nos dias 22 e 24 de agosto, contará com a presença dos líderes da China, Índia, Brasil e África do Sul, sendo a Rússia representada pelo ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov. O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que participará da cúpula em formato de videoconferência.

·         China está pronta para trabalhar com o BRICS por uma cúpula bem-sucedida na África do Sul

O chanceler chinês revelou ter falado com seu homólogo da Rússia sobre o BRICS, inclusive sobre "o desenvolvimento saudável e dinâmico dos mecanismos do BRICS".

A China está pronta para trabalhar com a Rússia e os demais países do BRICS para que a cúpula na África do Sul e o desenvolvimento saudável dos mecanismos da associação tenham sucesso, anunciou na segunda-feira (7) o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi.

"O mecanismo do BRICS segue as tendências dos tempos e demonstra uma tremenda vitalidade, mais de 20 países expressaram seu desejo de se juntar à associação, e o processo de sua expansão é inevitável e necessário", disse Wang Yi, citado pelo Ministério das Relações Exteriores da China, após conversa telefônica com Sergei Lavrov, seu homólogo da Rússia.

Ele sublinhou que "a China está pronta para trabalhar com os parceiros do BRICS, incluindo a Rússia, para apoiar conjuntamente a África do Sul na realização bem-sucedida da próxima cúpula do BRICS e para promover o desenvolvimento saudável e dinâmico dos mecanismos do BRICS".

A cúpula do BRICS, a ser realizada de 22 a 24 de agosto em Joanesburgo, África do Sul, contará com a presença do país anfitrião e também do Brasil, da China e da Índia, sendo que Lavrov representará a Rússia. O presidente russo Vladimir Putin também revelou que participará da cúpula por videoconferência.

O BRICS anunciou em 2022 que ampliaria o número de Estados-membros para reforçar o poder dos países em desenvolvimento em meio à dominação das principais instituições de poder mundiais pelos países ocidentais.

O anúncio do alargamento também teve como pano de fundo as sanções abrangentes ocidentais sem precedentes contra a Rússia devido à sua operação militar especial na Ucrania, e os congelamentos e até confiscos de vários de seus ativos, que deixaram muitos países inquietos pela possibilidade de sofrerem o mesmo destino. Dados indicam que a proporção da economia mundial sob sanções tem crescido ao longo das décadas.

·         Mídia: Lula defende Venezuela e Argentina no BRICS, mas Itamaraty teme perda de influência do Brasil

Na medida em que mais países desejam integrar o bloco político, o Itamaraty se preocupa com a diluição da influência brasileira no caso de uma expansão expressiva.

O bloco BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) está em processo de formalizar sua expansão, na medida em que cada vez mais Estados manifestam interesse em aderir ao grupo.

No fim de agosto, líderes e representantes dos cinco países-membros vão se reunir em uma cúpula na África do Sul para tratar dos procedimentos para a expansão da entidade.

Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem feito declarações favoráveis à inclusão de países como Arábia Saudita, Venezuela e Argentina, mas, ao contrário da China, o Brasil é hoje o membro que mais apresenta resistências à ampliação do bloco.

O país asiático, com apoio da Rússia e África do Sul, adota uma posição favorável à integração de praticamente todos os candidatos — a membros plenos ou observadores e associados — que tenham manifestado interesse em fazer parte do BRICS.

De acordo com a Folha de São Paulo, dentro do governo Lula, no entanto, a tática da nação liderada por Xi Jinping é vista como uma expansão desorganizada do BRICS e que não atende aos interesses do Brasil.

A avaliação interna na gestão Lula é que o BRICS, justamente por sua concisão, dá ao Brasil um peso e protagonismo que ele não encontra em outros fóruns internacionais. Ainda segundo a mídia, diplomatas teriam afirmado que um crescimento desenfreado diluiria essa influência.

Em recente entrevista a correspondentes internacionais, Lula defendeu a entrada de Arábia Saudita e outros países interessados no BRICS ao mesmo tempo em que fez críticas ao G7 (grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), dizendo que o modo de fazer política do grupo está superado.

"Acho extremamente importante a Arábia Saudita entrar no BRICS. Os Emirados Árabes, se quiserem entrar no BRICS, a Argentina, também", declarou o presidente, na mesma linha de boas-vindas que daria à Venezuela em declaração anterior.

A lista de possíveis candidatos é extensa, mais de 20 países já manifestaram interesse, entre os quais Argentina, Bangladesh, Bahrein, Cuba, Egito, Indonésia, Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Venezuela. O negociador-chefe da África do Sul disse que o número de interessados se aproxima de 40.

<><> Anunciada pelo Banco Central, Drex é o nome da nova moeda digital do Brasil

De valor equivalente ao do papel-moeda, as operações com o real digital, de nome Drex, vão se dar por meio de carteiras virtuais e não deve haver correção automática.

Nesta segunda-feira (7), o Banco Central (BC) anunciou a versão brasileira do "Central Bank Digital Currency" (CBDC, ou moeda digital do Banco Central). De nome Drex — que consiste em uma abreviação para digital, real, eletrônico, respectivamente, onde "x" faz alusão à modernidade e conexão ou transação — a expectativa é que, até o fim de 2024, a moeda já esteja liberada para o público.

O BC espera que a nova moeda ajude a baratear custos de operações bancária e aumentar a inclusão dos consumidores no novo mercado financeiro, mas diferente do dinheiro guardado em casa, o Drex não vai ter remuneração automática.

Em nota oficial, o BC informou que "o real digital é uma expressão da moeda soberana brasileira, que está sendo desenvolvida para dar suporte a um ambiente seguro onde empreendedores possam inovar e onde os consumidores possam ter acesso às vantagens tecnológicas trazidas por essas novas ferramentas, sem que para isso precisem se expor a um ambiente financeiro não regulado".

Diferentemente das criptomoedas, que funcionam como ações na Bolsa de Valores, onde investidores colocam dinheiro à procura de rentabilidade, o Drex não vai ter variação no preço, pois será apenas uma representação virtual da moeda física brasileira, ou seja, R$ 10 em papel-moeda vai equivaler a 10 drex.

O órgão regulador destacou ainda que está trabalhando no desenvolvimento de uma plataforma para operações do Drex com base na tecnologia de blockchain, o mesmo sistema usado pelas criptomoedas que garante um ambiente de segurança para as operações, mas desta vez, garantido pelo governo.

 

Ø  Moscou: não há razão nas reuniões sem Rússia sobre Ucrânia e espera-se informação dos países BRICS

 

A Rússia espera que os outros Estados do BRICS – Brasil, Índia, China, África do Sul – e demais parceiros compartilhem com Moscou a avaliação da reunião em Jidá sobre a Ucrânia, afirmou a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, na segunda-feira (7).

No final da semana passada, a Arábia Saudita sediou uma cúpula sobre a paz na Ucrânia na cidade de Jidá. Diversos países foram convidados, principalmente os que compõem o Sul Global, uma vez que o encontro visava aproximar essas nações da perspectiva norte-americana e europeia sobre o conflito ucraniano.

Por sua vez, Moscou não foi convidada para o evento. No entanto, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, garantiu que a Rússia acompanhará de perto essas negociações e saúda qualquer tentativa de promover uma solução pacífica para a crise na Ucrânia.

"O MRE da Rússia tomou nota das informações sobre consultas da crise ucraniana [...]. Nossos associados do BRICS e outros parceiros participaram. Esperamos que, em conformidade com [nossos] acordos, eles compartilhem conosco suas avaliações e confirmem nossa posição sobre a chamada 'fórmula de paz de Zelensky', que o regime de Kiev e o Ocidente estão tentando promover durante essas reuniões", observa-se no comunicado de Maria Zakharova, publicado no site do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.

Ela também sublinhou que nenhum dos dez pontos dessa "fórmula" visa encontrar uma solução negociada e diplomática para resolver a crise, e sua totalidade é um ultimato sem sentido para a Rússia, visando simplesmente prolongar as hostilidades.

Assim, a diplomata observou que, nesta base, a solução pacífica é impossível.

Além disso, a Federação da Rússia aprecia muito a mediação e as iniciativas humanitárias do Sul Global sobre a crise ucraniana, adicionaram no ministério russo.

Por sua vez, promovendo a "fórmula de Zelensky", o regime de Kiev e o Ocidente tenta diminuir o alto valor das propostas de paz de outros países e monopolizar o direito de propô-las, acrescentou Zakharova.

"Na verdade, como dissemos, há uma luta contra a dissidência em nível internacional, tentativas de realizar ideias de assentamento não viáveis através de manipulação injusta."

Novamente, a representante oficial do MRE destacou que sem a participação do lado russo e "levando em conta seus interesses, nenhum encontro sobre a crise ucraniana tem valor agregado".

A Rússia sempre foi e continua aberta a uma solução diplomática para a crise, ao contrário da Ucrânia, Moscou está pronta para responder a propostas sérias, disse Zakharova.

"Diferentemente do regime de Kiev, que interrompeu e proibiu as negociações com a Rússia, nós sempre estivemos e permanecemos abertos a uma solução diplomática para a crise e prontos para responder a propostas verdadeiramente sérias", afirmou a diplomata.

Além disso, Zakharova especificou que um acordo justo em torno da Ucrânia só é possível se Kiev parar com as lutas e ataques terroristas, bem como a interrupção das entregas de armas ao regime de Kiev pelo Ocidente.

Ela ressaltou também que "a base original da soberania da Ucrânia – seu status neutro, de não bloco e de não nuclear, deve ser confirmada".

"Estamos convencidos de que a implementação desses elementos é totalmente responsável pela paz e segurança internacionais, pelas quais a Rússia está lutando", concluiu Zakharova.

 

Ø  Especialistas: relações da África com a Europa 'não eram benéficas', mas com a Rússia serão melhores

 

O presidente russo anunciou o reforço das relações de seu país com Egito, Marrocos, Tunísia e a Argélia. Qual poderia ser a natureza de tal cooperação?

Vladimir Putin, presidente da Rússia, disse em uma reunião com membros do governo que a Rússia está preparando acordos de zona de livre comércio com Egito, Marrocos, Tunísia e Argélia.

Os acordos foram um dos resultados da cúpula Rússia-África realizada em São Petersburgo, Rússia.

Tendo em conta as dúvidas quanto a serem acordos individuais ou um com todo o norte de África, os especialistas da Sputnik tentaram explicar a natureza desta iniciativa.

·         Um mercado promissor

Citando especialistas, Putin previu que a África "se desenvolverá de forma muito positiva, alcançará o que foi perdido, talvez, nas décadas anteriores". O economista argelino Murad Qouwaishy confirmou em declarações à Sputnik que as perspectivas de tal cooperação são também interessantes para esta região.

"Moscou está regressando decididamente para o continente africano, especialmente para os países do norte da África. A Rússia tem relações históricas e fortes com vários países. Quanto à Argélia, a Rússia é considerada o maior fornecedor de armas para a república. Assim, à luz das novas condições geoestratégicas do mundo, a Rússia está interessada em explorar novos mercados", apontou ele.

"Desse ponto de vista, o continente africano é um mercado bastante promissor, e atores como os EUA, a China e a UE estão agora competindo por ele. Os países do Magrebe também estão interessados em fortalecer as relações econômicas com a Rússia e estão procurando ativamente por novos parceiros. É importante observar que as relações de longa data da África com a Europa não têm sido nada benéficas, então acredito que os laços entre a Rússia e os países africanos são mutuamente benéficos para ambos os lados."

Segundo ele, a Rússia é forte do ponto de vista político, econômico e militar, e também é muito atraente em termos de turismo, o que atrai a atenção dos países da região.

"A crise ucraniana alterou seriamente as abordagens para a construção de parcerias, e isso se manifestou claramente no continente africano", opinou por sua vez Noureddin Kerbal, um legislador de Marrocos, que vê a preparação de um acordo de área de livre comércio como uma reorientação da região em direção a uma parceria multilateral e mutuamente benéfica que já começou.

Segundo ele, as relações entre o Marrocos e a Rússia já começaram a se desenvolver de forma rápida e proveitosa nesse sentido, "embora as bases tenham sido lançadas em 2016, com a assinatura do acordo de parceria estratégica bilateral".

"O acordo abrangerá muitas áreas, incluindo turismo, setor agrícola, setor de energia, pesca, saúde e setor médico. Acredito que ele também não ficará por aqui", explicou Kerbal à Sputnik.

·         Uma zona regional ou várias zonas diferentes?

Tendo em conta que todos os quatro países com os quais Moscou planeja assinar acordos de livre comércio fazem parte do Magrebe, surge a dúvida se a Rússia poderá criar uma única zona de livre comércio com toda a região, ou se a questão terá que ser limitada acordos bilaterais com cada país.

Kuwashi vê como improvável que uma única zona seja criada em um futuro próximo, mas ao mesmo tempo, as perspectivas para a região são significativas.

"Acho que os acordos de livre comércio serão concluídos com cada país individualmente, tendo em conta as relações instáveis entre alguns países do Magrebe. Por exemplo, há tensão entre a Argélia e o Marrocos, as fronteiras entre os países são fechadas, então não podemos falar em um único acordo. Talvez no futuro seja possível resolver todas as diferenças e, assim, o consenso econômico poderá ser ampliado", disse ele.

Andrei Zeltyn, professor sênior da Escola de Estudos Orientais da Escola Superior de Economia da Universidade Nacional de Pesquisa da Rússia, deu à Sputnik uma posição semelhante.

"Uma zona única, devido às tensões internas entre vários países da região, dificilmente será possível agora. Já [relações] bilaterais entre a Rússia e cada um dos países declarados são bem possíveis", resumiu o acadêmico.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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