sexta-feira, 28 de abril de 2023


 Em condições análogas à escravidão, trabalhadores de Itabuna são resgatados em fazenda de café

Em condições análogas à escravidão, 13 trabalhadores foram resgatados em uma propriedade rural de café na cidade de Sooretama, no Norte do Espírito Santo, nesta terça-feira (25). Eles foram localizados após uma operação dos auditores fiscais do Ministério do Trabalho e da Polícia Federal.

As pessoas foram aliciadas na cidade de Itabuna, no centro-sul da Bahia, no começo de abril, para trabalhar na propriedade rural. Entre os trabalhadores, dois eram menores de idade, uma adolescente de 15 anos, e o companheiro, de 17.

Os aliciadores, segundo o G1, informaram que o salário era alto e tinha condições dignas de trabalho. Mas, ao chegarem no local, perceberam que foram enganados, já que o alojamento estava em situação precária, além de sujeira e goteiras.

Os próprios trabalhadores tinham que adquirir a própria comida, fazendo com que o trabalho fosse apenas para o sustento. A menina de 15 ainda revelou que tinha que tomar água da torneira, pois não tinha água filtrada.

"O trabalho é um pouco pesado. Eles têm que me pagar a comida e também têm que pagar a passagem que 'nós veio' (sic). Aí nesse momento nós não tá podendo ir pra casa. E também tá muito barato o café, tá 14 reais. Nas outras fazendas, pagam mais ou menos 25. E a água não é filtrada não, é da torneira", disse.

Após serem resgatados, os trabalhadores foram levados para um hotel em Linhares, onde ficarão até esta quinta-feira (27), quando será efetuado o pagamento das verbas rescisórias, um valor aproximadamente a R$ 49.450, e retornarão para as residências.

 

Ø  Aeroporto de Salvador treina empregados para identificar e evitar tráfico de pessoas

 

Trabalhadores do aeroporto de Salvador começam a receber estar semana capacitação para identificar e reprimir possíveis casos de tráfico de pessoas e trabalho escravo.

O treinamento é fruto de uma parceria do Ministério Público do Trabalho (MPT) com a Salvador Bahia Airport, integrante da rede Vinci Airports, para a implantação no terminal do projeto Liberdade no Ar. A ação consiste na conscientização de profissionais e passageiros sobre a importância da prevenção do tráfico humano e do trabalho análogo à escravidão.

A capacitação acontece em duas datas, 26 de abril e 4 de maio, e tem como objetivo preparar os profissionais para identificar casos suspeitos e acionar as autoridades competentes, reforçando o compromisso do Salvador Bahia Airport em agir com responsabilidade social, instruir e capacitar funcionários e passageiros. Participam da capacitação, que será realizada com palestras para os trabalhadores, a procuradora do MPT Carolina Ribeiro, e o coordenador de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Combate ao Trabalho Escravo da Secretaria da Justiça e Direitos Humanos do estado, Admar Júnior.

Desde o ano passado, o terminal exibe em áreas restritas para trabalhadores uma campanha do projeto que alerta para os casos que podem ser evitados com o desenvolvimento de um olhar mais atento de quem atua nos terminais de passageiros. São vídeos, cartazes e banners mostrando situações de tráfico de pessoas. Parte desse material, que está disponível com legendas em inglês, também foi exibida recentemente em televisão e rádio, numa parceria do MPT com a TV Bend Bahia e a rádio Band News FM salvador.

O tráfico humano é uma violação aos direitos humanos que afeta cerca de 2,5 milhões de pessoas e movimenta mais de US$30 bilhões todos os anos no mundo, segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc). No Brasil, a prática é crime previsto na Lei nº 13.344, de 6 de outubro de 2016, que determina sua prevenção e repressão, bem como a atenção a suas vítimas. Para enfrentar o problema, adicionando ao trabalho desenvolvido pelos órgãos de controle, o MPT desenvolveu o projeto Liberdade no Ar para desenvolver nos profissionais que atuam em terminais de passageiros a capacidade de identificar e intervir em casos suspeitos de tráfico de pessoas.

O Liberdade no Ar foi inspirado na história da comissária de bordo americana Shelia Fedrick, que salvou uma menina vítima de tráfico de pessoas em 2011, após desconfiar do modo como o acompanhante a tratava durante o voo da Alaska Airlines, entre Seattle e San Francisco, nos Estados Unidos. O projeto conta com parceria da campanha Coração Azul, da Associação Brasileira de Defesa da Mulher, da Infância e da Juventude (Asbrad), da Organização das Nações Unidas (ONU) – Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc), da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização Internacional para as Migrações (OIM) e do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

* O que você pode fazer?

- Ao verificar que existem indícios de tráfico humano, denuncie! Disque 100 ou ligue 180;

- Duvide sempre de propostas de emprego fácil e lucrativo;

- Antes de aceitar a proposta de emprego, sobretudo fora de sua cidade, estado ou país, leia atentamente o contrato de trabalho e busque informações sobre a empresa contratante;

- Não deixe seus documentos pessoais nas mãos de terceiros;

- Deixe endereço, telefone e localização da cidade para onde está viajando;

- Nunca deixe de se comunicar com familiares e amigos.

 

Ø  Vinícola flagrada com trabalho escravo tinha selo “ótimo lugar para trabalhar”

 

vinícola Aurora, empresa flagrada com benefício do uso de trabalho escravo, na cidade de Bento Gonçalves, no estado do Rio Grande do Sul, ostenta um item que contradiz a atitude negativa da empresa. Uma das certificações concedidas à companhia “Great Place to Work", diz, em tradução livre, que a vinícola é um "ótimo lugar para trabalhar". 

Com a descoberta do caso, cerca de 210 funcionários de uma terceirizada foram resgatados. Outra envolvida no caso dos escravizados da uva, a Salton, é signatária do Pacto Global da ONU, que deseja o "trabalho digno para todos", de acordo com informações divulgadas pelo portal Uol.

Na adesão, um dos compromissos formais fixado é "tomar medidas imediatas e eficazes para erradicar o trabalho forçado, acabar com a escravidão moderna". Acima de tudo, essas contradições expõem o mercado de certificações e suas limitações para analisar o desempenho das empresas certificadas. 

Identificada com a sigla GPTW e presente em mais de 90 países, a certificação dada pela empresa Great Place to Work traduz uma espécie de guia para aqueles que desejam entrar no mundo corporativo ou trocar de emprego para alavancar a carreira.  

Sendo assim, a Great Place to Work optou pela paralisação momentânea da certificação da Aurora até que um "desfecho oficial do processo investigativo" seja oficializado, ainda conforme a publicação.

 

Ø  MPT e Ufba fazem visita a terreno de projeto para resgatados das vinícolas

 

Ministério Público do Trabalho (MPT) e Universidade Federal da Bahia (Ufba) estão em fase final de viabilização de mais uma etapa baiana do programa Vida Pós Resgate, desta vez para beneficiar trabalhadores resgatados de situação análoga à de escravos no mês passado na cadeia produtiva de três vinícolas de Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul.

O coordenador da ação no estado, o professor Vitor Filgueiras, acompanhado da procuradora do trabalho Carolina Ribeiro, visitou na semana passada, dias 17 e 18, terrenos em Monte Santo e Conceição do Coité, que poderão ser utilizados para a criação de cabras num arranjo produtivo fomentado pelo projeto. Técnicos dos municípios e do estado participaram da avaliação técnica.

No município de Monte Santo, já está identificado um terreno que tem as características necessárias para a implantação de uma unidade de produção intensiva de caprinos. Durante visita à área, os dois estiveram acompanhados do secretário de Agricultura do município, Adriano Dias, da coordenadora do Centro de Referência em Assistência Social, Karoline Peixinho, que coordena o atendimento dos trabalhadores daquela cidade que foram resgatados em Bento Gonçalves, além do técnico agrícola da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado, Domingos Magalhães. O projeto também está buscando parceria com o governo federal.

A participação do estado da Bahia e dos municípios onde o projeto está sendo implantado é fundamental. MPT e Ufba vêm firmando convênios de cooperação técnica para formalizar essa participação. Já estão formalizadas as parcerias com Monte Santo e Conceição do Coité, outro município visitado, onde o projeto busca um terreno adequado para a criação de caprinos. Durante a inspeção feita na semana passada, estiveram presentes a secretária de Assistência Social de Conceição do Coité, Vanuza Silva, e o técnico agrícola André Moura.

O programa prevê a articulação de diversas instituições públicas e a criação de associações de produtores formadas por pessoas que tenham sido resgatadas de situações análogas à de escravos. Universidade, estado e municípios ficam responsáveis pela assistência técnica, parcerias para aquisição da produção e suporte durante o período de implantação. O MPT garante os recursos, vindos do pagamento de indenizações por danos morais coletivos de empregadores que cometem irregularidades nas relações de trabalho. O objetivo principal da ação é garantir meios para retirar os resgatados da situação de vulnerabilidade e evitar que eles voltem a ser vítimas do trabalho escravo.

Outros dois polos do Vida Pós Resgate já estão com a implantação avançada, nos municípios de Una, no sul do estado, e em Aracatu, sudoeste baiano. Nesses locais, já existem associações formadas por trabalhadores resgatados e entendimentos avançados para aquisição de terreno. Os recursos destinados pelo MPT nesses casos estão sendo empregados na aquisição de equipamentos e insumos.

 

Fonte: Correio/Ascom MPT/BNews

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