Bahia registra 118
casos de Vírus Sincicial Respiratório em apenas 13 dias
Em
apenas 13 dias, a Bahia registrou 118 casos de Vírus Sincicial Respiratório
(VSR). Essa doença é típica do outono e inverno, mas o crescimento acentuado de
registros nesse curto espaço de tempo acendeu o alerta dos especialistas. Os
sintomas são gripais, as vítimas mais comuns são crianças menores de quatro
anos e, se não houver atenção, a situação pode evoluir para óbito. Duas mortes
foram registradas este ano, em Salvador e Barra do Choça: um bebê e um idoso.
A
Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) informou que, entre janeiro e 17 de abril
de 2023, identificou 149 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)
decorrentes do Vírus Sincicial - sendo que 118 deles foram registrados apenas
no período entre 1º e 13 de abril. A maioria dos pacientes tem menos de 1 ano
(52,35%) ou de 1 e 4 anos (38,26%).
Nessa
terça-feira (25), o assunto foi discutido por especialistas durante um evento
no Fera Palace Hotel, no Centro de Salvador. A coordenadora da Neonatologia da
Maternidade José Maria de Magalhães Neto, Tereza Paim, ex-secretária de Saúde
da Bahia, explicou que o período mais intenso das infecções acontece entre
fevereiro e junho, por conta das mudanças climáticas que facilitam a propagação
do vírus, mas ele está presente o ano todo.
“Não
há motivo para pânico, porque esse é um vírus que já existe. A prevenção existe
desde 1998, mas é importante enfatizar os cuidados. Esse é um vírus que atinge
as crianças menores de 4 anos, e principalmente as menores de 1 ano. É uma
bronquiolite em que a criança fica com uma situação de desconforto
respiratório, e se não tiver atenção e atendimento, esse vírus pode matar”,
explicou.
Tereza
Paim explicou ainda que a maioria dos casos tem sido registrada em Salvador por
conta da densidade populacional e que o sistema de saúde tem percebido aumento
na demanda, mas que o impacto ainda não foi mensurado. Em média, um bebê com
VSR fica internado de 5 a 10 dias. “É um pouco cedo para termos um resultado,
mas ainda não há um impacto em relação à ocupação dos leitos neonatais”,
afirmou.
A
Sesab informou que já divulgou um alerta e três notas técnicas orientando os
municípios para a prevenção e o controle das síndromes respiratórias. A nota
técnica mais recente foi enviada na semana passada, e o CORREIO teve acesso ao
documento.
“Nas
últimas semanas epidemiológicas de 2023, vem-se observando, em alguns
municípios do Estado, o aumento na circulação de vírus respiratórios,
ocasionando um aumento nos atendimentos de casos de síndrome gripal e de SRAG.
Dentre os principais vírus destacam-se o Rinovírus, VSR, SARS-CoV-2, Influenza
B, Influenza A H1N1 e Influenza não subtipado”, diz o texto.
O
presidente da Associação de Hospitais e Serviços de Saúde do Estado da Bahia
(Ahseb), Mauro Adan, afirmou que as unidades privadas da capital registraram
crescimento de casos, mas também não quantificou o impacto. “Esse é um período
de aumento no número de síndromes gripais, já é algo esperado. Todas as
unidades registraram crescimento na demanda, mas ainda não temos um percentual
fechado”, disse.
• Notificação
Em
todo o ano passado, foram registrados 696 casos de VSR, com 14 óbitos. Foi a
maior quantidade de registros desde o início da série histórica, em 2014, mas a
ex-secretária de Saúde da Bahia explicou que a notificação de VSR não era
regular antes da pandemia. Em 2019, por exemplo, foram registrados apenas 72 casos
em toda a Bahia.
Em
2023, o crescimento foi percebido em 15 estados brasileiros. O pediatra
infectologista e presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade
Brasileira de Pediatria, Renato Kfouri, acredita que a pandemia teve efeito
direto sobre os números de VSR.
“Tivemos
em 2020, 2021 e parte de 2022 um grande distanciamento social, nós tivemos as
crianças fora da escola, o ensino híbrido, o uso de máscaras, e tivemos um
acúmulo nesse sentido. Boa parte dessas crianças se expuseram depois desse
período, e vimos temporadas fora do padrão”, explicou.
Entre
novembro e dezembro de 2022, o Ministério da Saúde registrou aumento de 22% no
número de casos de VSR em todo o país, na comparação com setembro e outubro.
O
Vírus Sincicial Respiratório fica alojado nos pulmões e os primeiros sintomas
são os comuns a uma gripe. A fundadora e diretora executiva da Associação
Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros (ONG
Prematuridade), Denise Leão, destacou a importância de alertar as famílias.
“Quanto
mais a gente falar sobre o assunto e houver informações com clareza, melhor.
Durante a pandemia vimos o quanto notícias falsas impactaram na saúde, é
preciso que os pais compreendam as formas de prevenção e os cuidados
necessários”, disse.
Os
especialistas orientam que os pais fiquem atentos se a criança apresenta chiado
ou roncos ao respirar, porque são sinais de que o quadro gripal está agravando,
e se não houver melhora dos sintomas gripais em 48 horas é preciso procurar um
médico.
• Medicação
Na
Bahia, bebês com até 32 semanas têm direito a uma medicação chamada
Palivizumabe que protege a criança contra os efeitos mais graves do VSR. Ela
está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é aplicada na própria
maternidade e no período sazonal da doença, ou seja, entre fevereiro e junho.
Crianças
com idade inferior a 2 anos com doença pulmonar crônica da prematuridade ou
doença cardíaca congênita com repercussão hemodinâmica demonstrada também têm
direito a medicação. O tratamento para o paciente infectado é o reforço na
hidratação. Alguns bebês têm dificuldade para fazer a alimentação e precisam de
sonda, há situações em que é necessário nebulização e lavagem nasal, e uso de
corticoide e antibióticos.
A
‘Prevenção ao VSR - Muito além de um detalhe’ foi uma roda de conversa
promovida pela AstraZeneca. Antes de Salvador, o evento aconteceu em São Paulo
(SP), e as próximas edições serão em Brasília (DF) e Porto Alegre (RS).
Confira
medidas de prevenção e controle para doenças respiratórias:
• Frequente higienização das mãos,
principalmente antes de consumir algum alimento; utilizar lenço descartável
para higiene nasal;
• Cobrir nariz e boca quando espirrar ou
tossir; evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca; higienizar as mãos após
tossir ou espirrar;
• Não compartilhar objetos de uso pessoal,
como talheres, pratos, copos ou garrafas; manter os ambientes bem ventilados;
• Evitar contato próximo a pessoas que
apresentem sinais ou sintomas de gripe; Isolamento domiciliar se estiver
apresentando sintomas de gripe;
• Evitar aglomerações e ambientes
fechados; isolamento dos pacientes hospitalizados com suspeita de infecção;
• Adotar hábitos saudáveis, como
alimentação balanceada e ingestão de líquidos; Vacinação contra coqueluche dos
grupos elegíveis; vacinação contra covid-19 dos grupos elegíveis; vacinação
contra Influenza dos grupos elegíveis;
• Uso do Fosfato de Oseltamivir para o
tratamento dos casos de SRAG e pacientes com Síndrome Gripal que tenham fatores
de risco para agravamento, segundo as orientações do Protocolo de Tratamento da
Influenza - 2017/Ministério da Saúde.
• Uso do Palivizumabe para a prevenção de
doença grave do trato respiratório inferior causada pelo vírus sincicial em
pacientes pediátricos com alto risco para complicações.
Fonte:
Correio
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