Li
num recente artigo do jornalista e escritor sueco Erik Wijk para uma publicação
deste país nórdico, chamada Flamman, “Sobre a necessidade humana de
simplificar” (tradução livre do sueco para o português de “Om ett mänskligt
behov av att förenkla”), que estamos habituados a receber interpretações
mastigadas. Para Wijk, na crítica ao modo simplista de informar e receber
informações, “não há necessidade de palavras extravagantes”, pois “a
simplificação é pedagogia, eficaz e indispensável na propaganda”.
Relaciono
isso ao modo alvinegro de comunicar, amplamente utilizado pela velha imprensa
brasileira, concentrada nas mãos de poucas famílias, que molda aquela típica
mentalidade em preto e branco do seu público e que está convicta de que isso já
é mais do que o suficiente para que seja mantido o exército de analfabetos
políticos. Exército este que baba ódio contra o desconhecido e transforma
manchetes desta mesma imprensa/elite em teses de mestrado.
A
máquina de alienação, aqui carinhosamente chamada de PIG – Partido da Imprensa
Golpista, sabe que o silêncio ou poucas palavras cumprem melhor o papel do
“finjo que informo e você finge que é bem informado”. Para o PIG, o não
informar é mais valioso, pois como diz o jornalista Fernando Brito: “a política
sem polêmica é a arma das elites”. Até mesmo o insuspeito ACM ratificou a
existência desta estratégia quando certa vez afirmou que “Se o Jornal Nacional
não deu, não aconteceu”. Graças a isso, figuras nefastas como José Serra, FHC e
tantas outras blindadas pela imprensa/elite, ainda existem na vida pública
brasileira e até falam sobre ética e deontologia.
Nesses
tempos em que no Brasil a opinião sintética de qualquer subcelebridade ganha
uma importância inversamente proporcional ao valor da mensagem proferida, o
valor da leitura de livros ganha parâmetros jamais imaginados em outros tempos.
Parece paradoxal que em tempos de internet, onde a produção diária de conteúdos
informativos é maior do que toda a produção anterior ao surgimento desta rede,
as pessoas estejam mais alienadas. O êxito do PIG ao “gerar debates” com as frases
que destilam ódio e preconceito, amplamente divulgadas e compartilhadas nas
redes sociais, é justificado diante da necessidade de se criar uma cortina de
fumaça que possa ser utilizada para encobrir os absurdos praticados na política
e justiça do Brasil.
Ocorre
que o simplificar não pode ser uma prática comum aos que devem, por obrigação,
comunicar com isenção e imparcialidade. É preciso ampliar o leque de
possibilidades para que toda e qualquer pessoa, nas diferentes classes sociais,
possa desempenhar um papel superior àquele possível a um papagaio. A ignorância
política da maioria dos brasileiros ainda é usada como instrumento de
manutenção de privilégios pela imprensa/elite, mas isso é arriscado para todos,
inclusive para aqueles que vivem a surfar nas ondas do censo comum.
A
estratégia da imprensa/elite de reduzir em manchetes a discussão que merecia
ser ampla, inclusive aquelas em torno do papel da comunicação social na
construção da sociedade, só não resistirá ao resgate da leitura de livros.
Talvez os dois primeiros passos sejam desligar a TV e ler mais livros. Se isso
ainda soa como algo utópico, faço-o para tentar dizer aos robotizados que é
necessário sair da caixa, pensar a partir das próprias percepções e até
necessidades pessoais. “Não pense que a cabeça aguenta se você parar”, já nos
disse o imortal Raul Seixas.
É o melhor que fazemos, principalmente se estiver na Globo
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