Fala-se
de guerra para indicar campos de batalha como a Síria, a Líbia, a Ucrânia, o
Iraque ou o Afeganistão. Mas a maior guerra que está sendo travada atualmente é
contra o nosso planeta.
Poucas
multinacionais tentam se assegurar do controle dos recursos da Terra, a
despeito dos mais elementares limites éticos e ecológicos. A nossa água, os
nossos genes, as nossas células, os nossos órgãos, os nossos conhecimentos, a
nossa cultura e o nosso futuro estão diretamente ameaçados como em um campo de
batalha tradicional. Não se vê a onipresença e a retórica guerreira da
agroindústria? Que se torna evidente quando se mencionam os nomes dos herbicida
da Monsanto: Roundup ("rodeio", "blitz"), Machete, Lasso
("laço"). As indústrias que produziam venenos e explosivos para matar
durante as guerras são as mesmas que hoje fabricam produtos agroquímicos. Nos
anos 1960, a Monsanto produzia particularmente o Agente Laranja, descarregado
pela aviação dos EUA sobre as florestas vietnamitas durante a guerra para
envenenar as árvores e as pessoas que elas protegiam.
Além
dos inúmeros tumores e malformações provocados na época, muitos outros casos aparecem
ainda hoje. Os pesticidas têm origem nas armas químicas: foi utilizando o cloro
durante a Primeira Guerra Mundial (por exemplo, no gás mostarda), que foram
postas em evidência as propriedades inseticidas dos compostos à base de cloro,
mais tarde abandonados, incluindo o DDT, largamente difundido antes de ser
proibido.
Depois,
a engenharia genética pretendeu oferecer uma alternativa aos produtos tóxicos.
Na realidade, ela incrementou a utilização de pesticidas e herbicidas. Enquanto
isso, os Estados apoiam cada vez mais os grandes grupos na sua marcha rumo à
apropriação dos recursos.
Surgiu
um poder que coaliza Estado e indústria para impor as suas prioridades ao
planeta e aos povos. Constatamos isso sem temor de contradição na Índia, onde o
Exército é regularmente chamado a intervir para expropriar as populações que
residem nos territórios desejados pelas empresas.
Mas
o método é idêntico quando manifestantes gregos ou espanhóis sofrem os ataques
das forças da ordem, mesmo que apenas denunciem uma evidência: as crises
econômicas, alimentares, financeiras estão aí para demonstrar que o sistema
está se esgotando e que um crescimento sem limites é impossível em um planeta
com recursos limitados.
Os
cientistas anunciaram que entramos em uma nova era: o antropoceno. Isso
significa que as consequências químicas, urbanas, nucleares dos nossos estilos
de vida ficarão gravadas nos arquivos geológicos do planeta por milhares de
anos.
Porém,
mesmo entre aqueles que admitem essa verdade e o dado de que a humanidade se
encontra em um impasse, existem aqueles que ainda reagem de maneira belicosa,
por exemplo com a geoengenharia. Eles se recusam a baixar as armas para deixar
a natureza se regenerar e desejam uma luta tecnológica contra os fenômenos
naturais. Projetam intervenções de grande escala para influenciar o sistema
climático e retardar o aquecimento: envolver a Terra com partículas de sulfato
para resfriar o planeta, inseminar os oceanos de ferro para estimular o
fitoplâncton ou capturar o carbono acumulado na atmosfera.
Manipulações
que são fruto de uma total falta de humildade e uma arrogância sem limites. São
o sintoma de uma perversão ética e ecológica.
Quem
as promove vê no ser humano, mais uma vez, o proprietário e senhor da natureza,
não um elemento que simplesmente faz parte dela. Por conseguinte, defender os
direitos da Mãe Terra é a luta mais importante, tanto para o ambiente quanto
para os direitos humanos e a justiça social.
Levando
em conta tal contexto, essa é a luta com as melhores chances de levar a paz
duradoura e a uma situação de estabilidade.
Pura realidade. Acabam com a mãe terra e depois ficam reclamando
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