Farmacêutico francês transforma remédios em
'doces' para crianças com câncer usando impressão 3D
O hospital francês é uma referência na luta
contra o câncer e um dos três estabelecimentos no mundo que produz medicamentos
impressos em 3D para seus pacientes, em sua própria farmácia.
De acordo com o farmacêutico, há uma grande
carência de moléculas no mercado para tratar crianças e idosos – a indústria
utiliza principalmente dados de homens adultos saudáveis para produzir a maior
parte dos remédios.
Em busca de soluções, o farmacêutico então
apostou, há três anos, na impressão 3D de medicamentos para melhorar a
tolerância das crianças aos produtos usados nos tratamentos contra os cânceres.
“São questões que foram sendo trazidas pelos
médicos e as enfermeiras, que sempre estão em contato com os pais", conta
Maxime.
Os pediatras então perguntaram ao
farmacêutico se era possível melhorar o sabor do Bactrim, um medicamento que
associa dois antibióticos e é utilizado em larga escala.
“O problema é que, na maioria dos casos, esse
comprimido é muito grande para os pacientes. Ele existe em forma de xarope, mas
uma dose corresponde a mais ou menos 20 mililitros ou duas colheres de sopa...
E o gosto é de fato muito ruim. As crianças tentam tomar uma vez e depois
recusam, mas deveriam usar o remédio durante a quimioterapia, que dura entre
seis meses e dois anos, três vezes por semana” explica.
Sem o antibiótico, há risco de infecção, o
que pode levar ao adiamento das sessões de quimioterapia, aumentando o risco de
recaídas. Para resolver o problema, Maxime e sua equipe então começaram a
testar outros formatos e sabores possíveis para o Bactrim com a impressão 3D.
“O desenvolvimento de um remédio é mais ou
menos como uma receita culinária”, conta o cientista, com “erros e acertos”.
Durante o processo, a equipe tentou, por
exemplo, criar comprimidos menores do antibiótico com o aroma de hortelã, mas
não obtiveram a aprovação unânime dos pacientes.
• Antibiótico
em forma de macaron
O farmacêutico então aprimorou a molécula,
que foi testada em 20 crianças e adolescentes internadas no hospital com
diferentes tipos de câncer. Os centros de pesquisa e tratamento franceses se
beneficiam de uma legislação que permite colocar em prática rapidamente novas
soluções para os pacientes, com menos burocracia.
O resultado foi aprovado, mas os pediatras
queriam algo "ainda melhor", conta Maxime. "O 'melhor' demorou
oito meses para ficar pronto. Como somos franceses", brinca,
"imaginamos um jeito para disfarçar o gosto do remédio e decidimos fazer
um macaron”.
O macaron é um biscoito redondo francês de
cerca de 5 centímetros, de vários sabores, popular em várias regiões do país.
“O gosto é uma questão física. O que não é
gostoso não deve estar em contato direto com as papilas gustativas. Sem esse
contato direto, você não sente um gosto ruim”, explica o farmacêutico.
A equipe então separou os dois antibióticos
do Bactrim vendido na forma de xarope e colocou a molécula que tinha o melhor
sabor na parte externa do comprimido. A outra ficou na parte interna, o que
reduziu o tempo de contato com as papilas, "enganando" o paladar.
Ao separá-los, a equipe também aumentou a
concentração do produto em formato 3D, que passou a ter 400 mg, o que também
facilita o tratamento.
A última fórmula, que tem um gosto "bem
açucarado", está sendo testada em cinco pacientes desde março. Em junho,
diz o farmacêutico, o estudo com a molécula será ampliado para 30 pacientes,
durante seis meses.
Neste período, os dados coletados permitirão
confirmar a eficácia do medicamento transformado pela impressão em 3D. A equipe
busca também otimizar os parâmetros de impressão para produzir um número maior
de comprimidos, mais rapidamente.
Segundo Maxime, a equipe também é encarregada
da parte logística e, além de produzir os remédios, o instituto deve também
desenvolver os cartuchos para as impressoras. Em breve, outras moléculas,
usadas em tratamentos contra os cânceres pediátricos e adultos, também será
melhorada pelos farmacêuticos do centro.
As impressoras do hospital em breve serão
capazes de produzir 60 antibióticos por hora, 500 por dia. Em dois anos, a
produção quadruplicou e novos projetos de grande escala estão sendo estudados,
como a versão pediátrica de um medicamento anticâncer usando impressão 3D.
• Vegetais
verdes, banana-da-terra, mandioca, leguminosas: pesquisa mostra que esses
alimentos fortalecem o sistema imunológico
Você já tem no prato vegetais verdes,
banana-da-terra, mandioca, leguminosas e milho? Se ainda não tem, essa é a
hora. Segundo um estudo publicado na revista Nature, esses alimentos — base da
dieta de diversos povos africanos — podem fortalecer o sistema imunológico.
A pesquisa foi conduzida na Tanzânia, na
África, por cientistas que buscavam entender se a disseminação de doenças na
região poderia estar relacionada aos hábitos alimentares.
De acordo com Quirijn de Mast, um dos autores
do estudo, pessoas que mantinham um estilo de vida tradicional em áreas rurais
apresentavam um perfil imunológico distinto de moradores de centros urbanos —
com maior presença de proteínas anti-inflamatórias no organismo. A inflamação
crônica é considerada um fator-chave para o desenvolvimento de diversas doenças
crônicas não transmissíveis, como artrite reumatoide e Alzheimer.
🍽️ Para a pesquisa, os cientistas acompanharam 77 jovens,
com idades entre 20 e 30 anos, que passaram por uma mudança alimentar: alguns
trocaram a dieta tradicional pela ocidental, e outros fizeram o caminho
inverso. Amostras de sangue foram coletadas no início, no fim do experimento e
novamente quatro semanas depois para ter certeza do achado.
• 🔴 As refeições da dieta tradicional incluíam
banana-da-terra verde com feijão-carioca, frango cozido com vegetais verdes e
arroz integral com feijão.
• 🔴 Já o cardápio da dieta ocidental contava com pizza,
frango frito com batatas fritas e espaguete com ensopado de carne.
Os resultados mostraram que os participantes
que adotaram a dieta ocidental apresentaram aumento nos marcadores
inflamatórios no sangue, além de uma menor resposta imunológica a infecções e
ganho de peso.
O oposto foi observado no grupo que seguiu a
dieta tradicional: a alimentação teve efeito anti-inflamatório e reduziu os
marcadores sanguíneos associados a problemas metabólicos.
O estudo também incluiu um terceiro grupo:
participantes que mantinham uma dieta ocidental foram convidados a consumir,
durante uma semana, a mbege — uma bebida fermentada de banana, típica da
região. Esse grupo também apresentou melhora nos marcadores de inflamação.
Para os autores, os benefícios das dietas
africanas ainda são pouco explorados e documentados, ao contrário das dietas
mediterrânea e nórdica, amplamente promovidas por organismos internacionais,
como a Organização Mundial da Saúde (OMS). Eles defendem que os alimentos
tradicionais africanos sejam incluídos nas diretrizes nutricionais globais.
Fonte: g1

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