Detalhes
dos rituais de fechamento do caixão e sepultamento do papa Francisco
O Vaticano divulgou nesta quinta-feira (24)
detalhes de como serão as cerimônias de fechamento do caixão e do sepultamento
do papa Francisco, que ocorrerão
respectivamente na sexta-feira e no sábado.
Entre
as curiosidades das cerimônias litúrgicas estão rezas em latim, uma bolsa
de moedas que será fechada no caixão junto ao corpo do pontífice e o ato de
jogar água benta no caixão, segundo a Santa Sé. Os procedimentos seguem o livro
de ritos fúnebres do Vaticano, o Ordo Exsequiarum Romani Pontificis. Leia
mais abaixo.
Os
detalhes foram divulgados enquanto o velório público na Basílica de São Pedro
segue em seu segundo dia. Ao todo, mais 60 mil fiéis já passaram pelo
local para prestar suas homenagens ao papa Francisco, segundo o Vaticano.
O velório público se encerra às 14h desta sexta-feira, no horário de Brasília,
e o caixão será fechado uma hora depois.
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Fechamento do caixão
- No início da
cerimônia, o mestre de cerimônias litúrgicas do Vaticano, Diego Ravelli,
lê uma ata oficial, que é assinada por alguns presentes;
- Religiosos
presentes alternam rezas em latim com momentos de silêncio. Uma
parte da reza será feita em latim e a homilia, em italiano;
- Depois, Ravelli
estende um véu de seda branca sobre o rosto do papa e asperge o corpo
com água benta.
- Então, deposita
no caixão a bolsa de moedas e medalhas cunhadas durante o pontificado,
além de um tubo com a ata oficial (com selo do Escritório das Celebrações
Litúrgicas papais);
- Fecha a tampa de
zinco do caixão. Na tampa tem as seguintes inscrições e informações:
a cruz, o brasão do pontífice e a placa com seu nome, a duração de sua
vida e de seu papado;
- O caixão é
selado e recebe selos do Cardeal Camarlengo da Santa Igreja Romana, da
Prefeitura da Casa Pontifícia, do Escritório das Celebrações Litúrgicas do
Sumo Pontífice e do Capítulo Vaticano;
- Tampa de madeira
do caixão também é fechada. Sobre a tampa encontram-se a cruz e o brasão
do pontífice.
Funeral
do Papa Francisco vai ser mais simples do que os dos antecessores; entenda
Após o
fechamento do caixão, os religiosos realizarão a missa Exéquia em homenagem ao
papa Francisco. Na manhã de sábado, o Vaticano realizará uma nova missa na
presença de líderes de Estado e autoridades mundiais na Basílica e na Praça de
São Pedro.
Após a
cerimônia, o caixão com o corpo de Francisco segue em procissão até a Basílica de Santa Maria Maggiore, no centro de
Roma, onde o pontífice será sepultado. O Vaticano não
informou o que acontece com o caixão do papa durante a noite de
sexta-feira.
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Sepultamento
- Após a chegada à
Basílica de Santa Maria Maggiore, o caixão do papa Francisco é levado ao
local onde será sepultado;
- Mestre de
cerimônias Diego Ravelli faz mais rezas em latim junto ao caixão;
- São colocados
mais selos do camarlengo Kevin Farrell e das instituições vaticanas sobre
o caixão;
- Em seguida, o
caixão é depositado na tumba e aspergido com mais água benta por
Ravelli;
- O notário do
Capítulo Liberiano redige um documento oficial que atesta a realização da
sepultura e o lê aos presentes. Em seguida, o documento é assinado pelo
camarlengo, pelo Regente da Casa Pontifícia, por Ravelli e, por fim, pelo
notário.
A
partir do sepultamento de Francisco começa o período de nove dias oficiais de
luto da Igreja Católica, segundo o Vaticano. A instituição divulgou ainda que
uma missa em sufrágio ao papa será realizada na Basílica de São Pedro no
domingo (27), às 10h30 no horário local, 5h30 no horário de Brasília.
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Velório público
A
Basílica de São pedro foi reaberta ao público que deseja se despedir do papa
Francisco às 2h desta quinta (24), no horário de Brasília (7h no horário
local). Este é o segundo dia do velório do pontífice que se encerra nesta sexta
(25), às 14h também no horário de Brasília.
No
primeiro dia da cerimônia, o fechamento da basílica teve que ser adiado em
razão do grande número de fiéis que ainda estavam na fila. O fechamento oficial
ocorreu por volta das 20h50, no horário de Brasília, quase duas horas depois do
previsto. Durante a tarde, o Vaticano informou que mais de 20 mil pessoas já
haviam passado pela Basília de São Pedro.
O
funeral de Francisco será neste sábado às 5h.
A
grande fila para visitar o caixão do papa continua grande. No primeiro dia, as
visitas se estenderam por quase duas horas além do horário previsto.
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O significado de 6 itens simbólicos que acompanham papa
Francisco no velório da Basílica de São Pedro
Milhares
de católicos se reúnem na Basílica de São Pedro, no Vaticano, para dar o último adeus ao papa Francisco.
O
caixão foi instalado no templo na quarta-feira (23/4), após os rituais iniciais
que se seguiram à morte do pontífice, ocorrida na manhã
de segunda-feira (21/4).
A fila
de fiéis avançava de forma constante ao redor do caixão simples pedido pelo
papa. Alguns se ajoelhavam ou faziam o sinal da cruz em sinal de respeito.
Entre
os presentes, estava um casal de recém-casados, Luis e Macarena, que disseram à
BBC que viajaram a Roma com a esperança de receber a bênção do papa Francisco: "O papa Francisco é um santo e nos abençoará do
céu", disse Luis.
O
caixão de Francisco, que permanecerá exposto na Basílica de São Pedro até a
próxima sexta-feira (25/4), contém alguns símbolos que te descrevemos a seguir.
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1. A casula vermelha
A
vestimenta mais marcante que cobre o corpo do papa Francisco é a casula vermelha.
Trata-se
de uma túnica litúrgica que simboliza tanto o amor e a compaixão quanto o
sangue derramado de Cristo.
Esse
tipo de veste é utilizado em datas importantes da tradição católica, como o
Domingo de Ramos, a Sexta-Feira Santa e a festa de Pentecostes.
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2. O pálio
Sobre a
casula, Francisco usa um pálio branco com cruzes bordadas em preto.
Trata-se
de um ornamento que consiste em uma faixa de tecido de aproximadamente dois
metros de comprimento, que os papas e outros altos hierarcas usam sobre os
ombros durante as missas pontifícias.
É
tradição que a peça usada pelo apa seja confeccionada pelas freiras beneditinas
de Santa Cecília, em Roma.
Sobre o
pálio repousa uma peça dourada que representa os chamados "Santos Cravos
de Jesus Cristo", um item que simboliza os pregos utilizados na
crucificação e que costuma ser incluído nos funerais papais.
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3. A mitra branca sobre a cabeça
A mitra
é um tipo de chapéu que substituiu a tiara que se usava até o século 20. —
Foto: Reuters via BBC
Sobre a
cabeça, Francisco usa uma mitra branca adornada com um ribete dourado, um tipo
de borda decorativa.
Trata-se
de um ornamento alto e rígido usado como chapéu pelo papa e pelos bispos em
ocasiões solenes e que representa a dignidade, a santidade e a autoridade
papal.
Anteriormente,
os papas usavam uma tiara, que era colocada durante o ritual de coroação do
pontífice e em algumas ocasiões especiais, como a bênção Urbi et Orbi.
O papa Paulo 6º foi o último a usá-la, em 1963.
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4. O anel de prata
O anel
de prata era usado por Francisco no dia a dia, enquanto o anel do pescador,
quebrado após sua morte, era usado em ocasiões particulares. — Foto: Getty
Images via BBC
O corpo
de Francisco repousa em seu caixão com as mãos sobre o abdômen. No dedo anelar
de sua mão direita, o papa usa um anel de prata.
Trata-se
de uma peça que Francisco usou desde sua época como bispo de Buenos Aires, na
Argentina.
Os
rituais da morte de um papa indicam que o Anel do Pescador, que é dado a um
pontífice quando é eleito como símbolo do poder papal, deve ser destruído para
marcar o fim de sua autoridade sobre a Igreja Católica.
Os
restos do anel são reutilizados para fazer o anel do próximo papa. No entanto,
quando Francisco assumiu como o 266º pontífice, o papa emérito Bento 16 ainda
estava vivo, por isso foi confeccionado um novo anel, utilizado por Francisco
apenas em ocasiões especiais.
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5. O rosário
Entre
as mãos, Francisco também carrega um rosário, como têm feito os papas em seus
funerais desde Paulo 6º.
O
rosário de Francisco é discreto, com as contas de cor preta, uma corrente
prateada e um pequeno crucifixo.
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6. O caixão
Uma das
mudanças significativas no enterro do papa Francisco é o caixão.
Os
caixões utilizados nos enterros papais anteriores consistiam em três urnas
funerárias feitas de cipreste, chumbo e carvalho, mas Francisco pediu para ser
enterrado em um simples caixão de madeira e zinco.
O
pontífice também pediu para permanecer com o caixão aberto durante o seu
funeral, enquanto outros papas foram colocados descansando sobre almofadas em
uma plataforma chamada catafalco.
Em seu
testamento, Francisco pediu para ser enterrado em um nicho simples e sem
adornos na Basílica Papal de Santa Maria Maior, em Roma, ao contrário de outros
papas, que foram sepultados na cripta vaticana da Basílica de São Pedro.
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Freira que quebrou protocolo em velório do papa vive em trailer e é 'Irmãzinha
de Jesus'
A
freira amiga do papa Francisco que quebrou o protocolo e se aproximou do
caixão é
Geneviève Jeanningros, de 81 anos. Pouco tempo após o pontífice ser colocado na
Basílica de São Pedro, a irmã foi levada para o cordão de proteção, onde
permaneceu alguns minutos.
Parte
da fraternidade Irmãzinhas de Jesus, Geneviève comanda um projeto que
acolhe minorias sociais em Roma. Ela mora em um
trailer na periferia da capital italiana e já chegou a levar pessoas a quem
atende a audiências com Francisco no Vaticano.
"A
religiosa conheceu o papa há algum tempo; ela escreveu para ele logo depois da
eleição, relembrando a história de uma tia missionária na Argentina que
desapareceu durante a 'Guerra Suja'", conta o Vatican News. "A
correspondência nunca parou e Francisco, em uma audiência com artistas de rua,
chegou a desejar a ela um feliz aniversário".
A irmã
Geneviève, conta a agência do Vaticano, também levou familiares de um médico
americano morto pela pandemia de Covid-19 a Roma para se encontrar com o papa,
após ele ter tido o funeral católico recusado por ser homossexual.
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Encontro emblemático com o papa
Em
2024, a irmã encontrou-se com o papa Francisco, na Audiência Geral, em junho,
junto com um grupo formado por: homossexuais, transexuais, um casal de
catequistas, uma jovem engajada na Pastoral Carcerária.
Na
época, Geneviève afirmou que não conhecia as pessoas, mas que não perguntou a
eles sobre sua orientação sexual.
"O
que importa para a irmã Geneviève é 'ir aonde a Igreja tem mais dificuldade de
ir', conforme desejava Charles de Foucauld, de quem as Irmãzinhas de Jesus
herdaram o carisma", disse o Vatican News sobre o encontro.
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Quebra de protocolo
Freira
amiga de Francisco quebra protocolo durante funeral — Foto: Reuters
Auxiliada
por um segurança, a irmã foi levada para o cordão de proteção, onde permaneceu
alguns minutos carregando uma mochila verde nas costas. Ocasionalmente, ela
levava a mão ao rosto e chorava a morte do amigo, enquanto observava o
pontífice.
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Papa Francisco morreu sem sofrer e não havia nada que
pudesse ser feito para salvar sua vida, diz médico
O Papa Francisco morreu rapidamente
na manhã de segunda-feira (21) após um AVC inesperado, mas ele não sentiu
sentir dor excessiva, e não havia nada que os médicos pudessem ter feito para
salvar sua vida, disse o chefe da equipe médica do pontífice em entrevistas
publicadas nesta quinta-feira (24).
Sergio
Alfieri, médico do hospital Gemelli, em Roma, supervisionou o tratamento
do papa Francisco durante sua
internação de mais de um mês entre fevereiro e março, quando Francisco
enfrentava uma pneumonia nos dois pulmões.
Os
detalhes foram divulgados em meio ao segundo dia de velório público na Basílica
de São Pedro segue em seu segundo dia, com quase 50 mil fiéis já tendo ido ao
local para prestar suas homenagens ao papa Francisco. O velório público se
encerra às 14h desta sexta-feira, no horário de Brasília.
Alfieri
contou que recebeu uma ligação por volta das 5h30 da manhã (0h30 no horário de
Brasília) de segunda-feira para ir rapidamente ao Vaticano, e chegou cerca de 20 minutos depois.
“Entrei
nos aposentos dele e ele (Francisco) estava com os olhos abertos. Verifiquei
que não havia problemas respiratórios. E então tentei chamá-lo pelo nome, mas
ele não respondeu. Naquele momento, eu sabia que não havia mais nada a fazer.
Ele estava em coma”, disse o médico ao jornal italiano "Corriere della
Sera".
Em
outra entrevista publicada pelo jornal "La Repubblica", Alfieri
contou que alguns funcionários presentes com o papa sugeriram levar o papa
imediatamente de volta ao hospital. A agência de notícias italiana Ansa havia
revelado nesta semana que os médicos presentes decidiram não chamar uma
ambulância para o papa.
“Ele
teria morrido no caminho”, disse o médico. “Fazendo uma tomografia teríamos um
diagnóstico mais preciso, mas nada além disso. Foi um daqueles AVCs que, em uma
hora, te levam embora”, completou.
Francisco
tinha 88 anos e quase havia morrido durante a luta contra a pneumonia, mas sua
morte foi um choque. No dia anterior, ele apareceu na Praça de São Pedro em um
papamóvel aberto para saudar multidões entusiasmadas no Domingo de Páscoa,
dando a entender que sua recuperação estava indo bem.
Fonte:
g1/BBC News

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