quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Ocidente subestimou a economia russa, e a Ucrânia pode perder em breve, diz analista dos EUA

A Ucrânia provavelmente perderá no conflito com a Rússia dentro dos "próximos 12 a 18 meses" se não houver uma nova ajuda maciça dos EUA em um futuro próximo, alerta o analista neoconservador americano Robert Kagan.

Ele também admite que as previsões otimistas de Washington sobre o colapso econômico da Rússia se mostraram fúteis.

"As previsões americanas sobre a incapacidade da Rússia de resistir a sanções 'devastadoras' provaram ser corretas até agora?", indaga ele, acrescentando que as sanções forçaram a Rússia a "se adaptar e ajustar" com sucesso, encontrando "alternativas para o comércio, petróleo e financiamento".

Enquanto isso, a Ucrânia está se aproximando de sua derrota militar estratégica, segundo Kagan.

"A moral ucraniana já está caindo sob os ataques russos com mísseis e drones e a prolongada incerteza sobre se o apoio vital e insubstituível dos Estados Unidos continuará", aponta o analista.

No entanto, ele reconhece que o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e sua equipe não estão interessados na Ucrânia.

Kagan, que é casado com a ex-subsecretária de Estado para Assuntos Políticos Victoria Nuland, é um dos fundadores do antigo think tank neoconservador Project for a New American Century, notório por "promover a liderança global dos EUA" e o militarismo descarado.

¨      Ocidente não deve mais chamar o conflito ucraniano de algo que afeta todo o mundo, diz mídia

Os países ocidentais não devem considerar que o conflito na Ucrânia e sua solução vão afetar a ordem mundial em diferentes partes do mundo, diz o jornal britânico Financial Times.

O artigo cita uma pressuposição que reina no Ocidente que uma solução pacífica do conflito na Ucrânia com concessões de Kiev supostamente incentivaria a China a atuar mais decisivamente em relação a Taiwan.

Em resposta, o autor diz que essa opinião é muito parecida com a chamada "Teoria do dominó", doutrina adotada pelos Estados Unidos na segunda metade do século XX que justificou várias intervenções estadunidenses em países do Sudeste Asiático e da América Latina.

Teoria do dominó defende que uma mudança política em um país acarreta uma série linear de mudanças em outros países.

"No entanto, independentemente do surgimento de um hipotético acordo de paz e das concessões que Kiev terá que oferecer (supondo que um acordo seja possível), todos nós devemos parar de divulgar esse conflito como se fosse um confronto global que determinará o destino da ordem internacional como a conhecemos", opina o autor.

le ressalta que as decisões da China sobre Taiwan se baseiam em ponderar a realidade e as consequências e quais capacidades a China e os EUA têm nesse assunto.

O artigo também conclama os EUA e a Europa a alcançar o melhor acordo de paz para a Ucrânia, mas dentro do razoável, sem fazer muito alarde sobre as hostilidades.

"A Ucrânia não é o centro do universo. Presumir o contrário é não entender como funciona a política internacional."

Já na segunda-feira (6), o presidente francês Emmanuel Macron, da mesma maneira, disse que a Ucrânia deve ter discussões realistas sobre questões territoriais.

Enquanto isso, em 29 de dezembro de 2024 o ministro das Relações Exteriores russo Sergei Lavrov reiterou um argumento que a Rússia tem promovendo há muito tempo que as próximas negociações devem levar em conta a realidade no terreno e abordar as causas fundamentais da crise.

Por sua vez, em 14 de junho de 2024, o presidente russo Vladimir Putin indicou as seguintes condições para a solução do conflito ucraniano:

# Retirada completa do Exército ucraniano das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk (RPD e RPL) e das regiões de Zaporozhie e Kherson;

# Reconhecimento das realidades territoriais consagradas na Constituição russa;

# Status neutro, não alinhado e não nuclear da Ucrânia;

# Desmilitarização e desnazificação da Ucrânia;

# Garantia dos direitos, liberdades e interesses dos cidadãos ucranianos de língua russa;

# Cancelamento de todas as sanções impostas à Rússia.

¨      Trump deu a entender a Zelensky que a Ucrânia não se juntará à OTAN, diz militar

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, deixou claro ao líder ucraniano, Vladimir Zelensky, durante uma coletiva de imprensa, que a questão da entrada da Ucrânia na OTAN está encerrada – será preciso negociar com a Rússia, disse Daniel Davis, especialista militar e tenente-coronel aposentado dos EUA.

"Acho que ele [Trump] foi extremamente preciso sobre esta questão [da entrada da Ucrânia na OTAN]. Naquilo que ele vê isso de forma diferente. Na minha opinião, não há chance – nem mesmo uma pequena chance – um zero absoluto de que Trump dissesse isso e depois pelo menos tentasse fazer à Ucrânia um convite para entrar na OTAN", disse o militar em seu canal no YouTube.

De acordo com Davis, Trump não considera nem mesmo a possibilidade teórica da adesão da Ucrânia à aliança e deixa claro para Zelensky que a questão do fim do conflito ucraniano deve ser discutida diretamente em negociações com a Rússia, colocando o desejo de ingressar na OTAN "sob a mesa".

"Trump disse na coletiva de imprensa que será necessário ir ter com a Rússia e falar com Vladimir Putin em um formato de negociação", explicou o militar aposentado.

Anteriormente, durante um discurso na sua residência em Mar-a-Lago, Trump disse que entende a posição da Rússia contra a entrada da Ucrânia na OTAN.

 

¨      No 'coração industrial' da Ucrânia: por que a libertação de Kurakhovo pela Rússia é importante?

Em entrevista à Sputnik, o analista político e militar Sergei Poletaev explica por que a libertação de Kurakhovo contribui muito para o avanço das tropas russas nas linhas de frente ocidentais.

Na última segunda-feira (6), os militares russos libertaram totalmente a cidade estratégica de Kurakhovo na República Popular de Donetsk (RPD), segundo o Ministério da Defesa da Rússia, apelidando a cidade de maior povoação no sudoeste de Donbass.

"Como resultado das ações profissionais das unidades russas durante a libertação de Kurakhovo, o inimigo perdeu mais de 12.000 soldados, cerca de 3.000 unidades de diversas armas e equipamentos militares, incluindo 40 tanques e outros veículos blindados de combate", disse o Ministério da Defesa da Rússia.

Para o analista Sergei Poletaev, a libertação de Kurakhovo pela Rússia é importante por várias razões, mas a principal delas é logística, o que contribui muito para o avanço das tropas russas nas linhas de frente ocidentais.

"A captura de Kurakhovo complicará significativamente o suporte logístico para os militares ucranianos na RPD e privará as forças de Kiev da capacidade de bombardear a capital regional Donetsk", afirma o especialista.

Poletaev destacou que "isso reflete problemas muito sérios nas Forças Armadas ucranianas", que só devem piorar no futuro próximo.

Do ponto de vista tático, após a tomada de Kurakhovo, uma poderosa área fortificada com uma rede desenvolvida de posições de tiro e comunicações subterrâneas, as unidades de assalto russas vão ter espaço significativo para manobrar, o que por sua vez aumentará o ritmo de libertação do território da RPD.

Ainda de acordo com o analista, a libertação abre caminho para as tropas russas avançarem na região de Dnepropetrovsk, descrita pela mídia dos EUA como o "coração industrial" da Ucrânia. Existem muitas empresas industriais na região relacionadas ao complexo militar-industrial, incluindo a Planta Química de Pavlograd, que produz explosivos, e a Yuzhmash, que lida com tecnologias de foguetes.

Para além disso, o analista acredita que a região estava sendo mantida em função da imagem projetada da liderança ucraniana no exterior para tentar obter ganhos políticos em possíveis negociações.

"Tenho certeza de que Kiev manteve Kurakhovo por causa da próxima posse de [Donald] Trump, para não perder o prestígio e usar a cidade como moeda de troca em possíveis negociações de paz com Moscou", disse Poletaev. Vladimir Zelensky vai enfrentar riscos de reputação, pois "todos agora apontarão para Kurakhovo como um sinal da fraqueza das forças ucranianas", concluiu o analista.

¨      Perdas do Exército ucraniano são uma consequência da recusa em negociar, diz professor

A recusa em manter conversações de paz com a Rússia levou a grandes baixas para as forças ucranianas e à perda de território para a Ucrânia, afirma Glenn Diesen, professor da Universidade do Sudeste da Noruega, na rede social X.

"Qualquer um que pedisse negociações durante os últimos três anos era rotulado de 'putinista', pois a única opção 'pró-ucraniana' aceitável era continuar lutando. Qual foi a consequência? Centenas de milhares de ucranianos morreram e o país perdeu 20% de seus territórios", apontou o especialista.

Diesen também alertou que as negociações de paz nas circunstâncias atuais seriam muito diferentes das anteriores, pois a Ucrânia e a OTAN foram derrotadas no conflito e as condições para elas estão piorando a cada dia.

Anteriormente, o presidente russo Vladimir Putin lançou iniciativas para uma solução pacífica do conflito na Ucrânia: Moscou cessará imediatamente o fogo e declarará sua disposição para negociações após a retirada das tropas ucranianas do território das novas regiões russas.

Além disso, acrescentou, Kiev deve declarar sua renúncia às intenções de ingressar na OTAN e realizar a desmilitarização e a desnazificação, bem como adotar um status neutro, não alinhado e livre de armas nucleares. O chefe de Estado também mencionou a necessidade de suspender as sanções.

¨      Ucrânia invadiu Kursk para criar impressão de que seu Exército ainda é viável, diz especialista

O contra-ataque das forças ucranianas na região de Kursk foi concebido para criar uma campanha publicitária em torno da Ucrânia, disse o tenente-coronel aposentado do Exército dos EUA Daniel Davis em seu blog no YouTube.

"Essa é provavelmente uma daquelas operações que a Ucrânia já fez, especialmente este ano, para impressionar a mídia. Eles [Exército ucraniano] querem dar a impressão de que ainda são viáveis", acredita ele.

De acordo com Davis, há poucas chances de que esse contra-ataque resulte em avanços significativos.

No domingo (5), o Ministério da Defesa da Rússia relatou que, para deter a ofensiva das tropas russas na direção de Kursk, as forças ucranianas lançaram um contra-ataque de um grupo de assalto composto por dois tanques, um veículo de demolição e 12 veículos blindados de combate com uma força de desembarque na direção da fazenda de Berdin.

A artilharia e a aviação do agrupamento de tropas Sever (Norte) derrotaram o grupo de assalto das forças ucranianas: dois tanques, um veículo de demolição e sete veículos blindados de combate foram destruídos. Durante o dia, as perdas do Exército ucraniano totalizaram 340 militares na direção de Kursk, quatro tanques foram destruídos.

No dia seguinte, os militares russos do agrupamento Sever frustraram uma tentativa das Forças Armadas da Ucrânia de invadir Bolshoe Soldatskoe na região de Kursk.

<><> Comandante da Força Aérea ucraniana diz que F-16 serão incapazes de competir com aviões russos

Os caças F-16 ucranianos não podem competir em combates aéreos com aeronaves tecnológicas russas, disse o chefe da gestão de comunicações do comando da Força Aérea da Ucrânia, Yuri Ignat.

"Sim, gostaríamos de obter modificações mais poderosas Efok com radares mais poderosos e mísseis de longo alcance, porque competir sozinho em batalhas aéreas com aeronaves tecnológicas dos russos é bastante difícil", disse Ignat nas redes sociais.

No início de outubro, o ministro da Defesa dos Países Baixos, Ruben Brekelmans, confirmou oficialmente que o país tinha entregue a Kiev o primeiro lote de caças F-16 dos 24 prometidos, com os restantes a serem enviados nos próximos meses.

Anteriormente, o comandante das Forças Aéreas dos EUA na Europa e África, general James Hecker, disse que os pilotos militares ucranianos não têm experiência para efetuar missões complexas nos caças F-16 fornecidos pelo Ocidente. Ele também admitiu que os aliados de Kiev não podem treinar pilotos ucranianos com rapidez suficiente para pilotar os caças norte-americanos.

¨      Ucrânia deve discutir questões territoriais com base nas realidades atuais, afirma Macron

A Ucrânia deve ter discussões "realistas" sobre questões territoriais dentro do conflito, disse o presidente francês Emmanuel Macron na segunda-feira (6).

De acordo com Macron, a solução da situação na Ucrânia não será "simples e rápida".

"Os ucranianos devem ter discussões realistas sobre questões territoriais, e somente eles podem tê-las. Os europeus devem criar garantias de segurança, o que será sua principal responsabilidade", disse o presidente francês.

Contudo, a resolução do conflito ucraniano não deve acontecer sem a participação de Kiev, assim como a questão de garantir a segurança europeia não deve ser resolvida sem a participação da própria Europa, segundo Macron.

Ao mesmo tempo, Macron transferiu a responsabilidade para Washington por "persuadir a Rússia" a comparecer à mesa de negociações para resolver o conflito ucraniano.

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, disse em 22 de dezembro que gostaria de se reunir com o presidente russo Vladimir Putin para resolver o conflito na Ucrânia.

O presidente russo Vladimir Putin, por sua vez, disse, na Linha Direta combinada com a coletiva de imprensa, que estava pronto para conversar e se reunir com Trump, observando que, se essa reunião ocorrer, os dois presidentes vão ter muito sobre o que conversar.

¨      Popularidade de Zelensky sofre queda após três anos de guerra

Após três anos de guerra contra a Rússia, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, vê sua popularidade em queda. De acordo com a pesquisa realizada pelo Instituto Internacional de Sociologia de Kiev (Kiis), o índice passou de 77% em 2023 para 52% em 2024.

Após entrevistar, por telefone, dois mil ucranianos entre 2 e 17 de dezembro de 2024, o instituto apresentou os resultados que revelaram que moradores das partes menos afetadas pela guerra, a ocidental (60%) e a central (52%), têm maior confiança em Zelensky em relação aos habitantes das áreas mais atingidas, a oriental (42%) e o sul do país (46%).

De acordo com o relatório, quatro em cada 10 ucranianos (39%) afirmaram “não confiar” no presidente, número que quase dobrou em relação à pesquisa de dezembro de 2023 (22%).

Zelensky foi eleito em abril de 2019 com a promessa de lutar pela paz com Moscou, mas, em fevereiro de 2022, forças russas invadiram a Ucrânia após ameaças de ingresso na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), desencadeando a atual guerra.

 

Fonte: Sputnik Brasil/Opera Mundi

 

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