Ocidente subestimou
a economia russa, e a Ucrânia pode perder em breve, diz analista dos EUA
A Ucrânia provavelmente
perderá no conflito com a Rússia dentro dos "próximos 12 a 18 meses"
se não houver uma nova ajuda maciça dos EUA em um futuro próximo, alerta o
analista neoconservador americano Robert Kagan.
Ele também admite
que as previsões otimistas de Washington sobre o colapso econômico da Rússia se
mostraram fúteis.
"As previsões
americanas sobre a incapacidade da Rússia de resistir a sanções 'devastadoras'
provaram ser corretas até agora?", indaga ele, acrescentando que as
sanções forçaram a Rússia a "se adaptar e ajustar" com sucesso,
encontrando "alternativas
para o comércio,
petróleo e financiamento".
Enquanto isso, a
Ucrânia está se aproximando de sua derrota militar estratégica, segundo Kagan.
"A moral
ucraniana já está caindo sob os ataques
russos com
mísseis e drones e a prolongada incerteza sobre se o apoio vital e
insubstituível dos Estados Unidos continuará", aponta o analista.
No entanto, ele
reconhece que o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e sua equipe não estão
interessados na Ucrânia.
Kagan, que é casado
com a ex-subsecretária de Estado para Assuntos Políticos Victoria Nuland, é um
dos fundadores do antigo think tank neoconservador Project for a New American
Century, notório por "promover a liderança global dos EUA" e o militarismo
descarado.
¨ Ocidente não deve mais chamar o conflito ucraniano de
algo que afeta todo o mundo, diz mídia
Os países
ocidentais não devem considerar que o conflito na Ucrânia e sua solução vão
afetar a ordem mundial em diferentes partes do mundo, diz o jornal britânico
Financial Times.
O artigo cita uma
pressuposição que reina no Ocidente que uma solução pacífica do conflito na
Ucrânia com concessões de Kiev supostamente incentivaria a China a atuar mais
decisivamente em
relação a Taiwan.
Em resposta, o
autor diz que essa opinião é muito parecida com a chamada "Teoria do
dominó", doutrina adotada pelos Estados Unidos na segunda metade do século
XX que justificou várias intervenções estadunidenses em países do Sudeste
Asiático e da América Latina.
Teoria do dominó
defende que uma mudança política em um país acarreta uma série linear de
mudanças em outros países.
"No entanto,
independentemente do surgimento de um hipotético acordo de paz e das concessões
que Kiev terá que oferecer (supondo que um acordo seja possível), todos
nós devemos parar de divulgar esse conflito como se fosse um confronto
global que determinará o destino da ordem internacional como a
conhecemos", opina o autor.
le ressalta que as
decisões da China sobre Taiwan se baseiam em ponderar a realidade e as
consequências e quais capacidades a China e os EUA têm nesse assunto.
O artigo também
conclama os EUA e a Europa a alcançar o melhor acordo de paz para a Ucrânia,
mas dentro
do razoável,
sem fazer muito alarde sobre as hostilidades.
"A Ucrânia
não é o centro do universo. Presumir o contrário é não entender como funciona a
política internacional."
Já na segunda-feira
(6), o presidente francês Emmanuel Macron, da mesma maneira, disse que a
Ucrânia deve ter discussões
realistas sobre
questões territoriais.
Enquanto isso, em
29 de dezembro de 2024 o ministro das Relações Exteriores russo Sergei Lavrov
reiterou um argumento que a Rússia tem promovendo há muito tempo que as
próximas negociações devem levar em conta a realidade
no terreno e
abordar as causas fundamentais da crise.
Por sua vez, em 14
de junho de 2024, o presidente russo Vladimir Putin indicou as seguintes
condições para a solução do conflito ucraniano:
# Retirada completa
do Exército ucraniano das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk (RPD e RPL)
e das regiões de Zaporozhie e Kherson;
# Reconhecimento
das realidades territoriais consagradas na Constituição russa;
# Status neutro,
não alinhado e não nuclear da Ucrânia;
# Desmilitarização
e desnazificação da Ucrânia;
# Garantia dos
direitos, liberdades e interesses dos cidadãos ucranianos de língua russa;
# Cancelamento de
todas as sanções impostas à Rússia.
¨ Trump deu a entender a Zelensky que a Ucrânia não se
juntará à OTAN, diz militar
O presidente eleito
dos EUA, Donald Trump, deixou claro ao líder ucraniano, Vladimir Zelensky,
durante uma coletiva de imprensa, que a questão da entrada da Ucrânia na OTAN
está encerrada – será preciso negociar com a Rússia, disse Daniel Davis,
especialista militar e tenente-coronel aposentado dos EUA.
"Acho que ele
[Trump] foi extremamente preciso sobre esta questão [da entrada
da Ucrânia na OTAN].
Naquilo que ele vê isso de forma diferente. Na minha opinião, não há chance –
nem mesmo uma pequena chance – um zero absoluto de que Trump dissesse isso e
depois pelo menos tentasse fazer à Ucrânia um convite para entrar na
OTAN", disse o militar em
seu canal no YouTube.
De acordo com
Davis, Trump não considera nem mesmo a possibilidade teórica da adesão da
Ucrânia à aliança e deixa claro para Zelensky que a questão do fim do conflito
ucraniano deve
ser discutida diretamente em negociações
com a Rússia,
colocando o desejo de ingressar na OTAN "sob a mesa".
"Trump disse
na coletiva de imprensa que será necessário ir ter com a Rússia e falar com
Vladimir Putin em um formato de negociação", explicou o militar
aposentado.
Anteriormente,
durante um discurso na sua residência em Mar-a-Lago, Trump disse que entende a
posição da Rússia contra a entrada da Ucrânia na OTAN.
¨ No 'coração industrial' da Ucrânia: por que a
libertação de Kurakhovo pela Rússia é importante?
Em entrevista à
Sputnik, o analista político e militar Sergei Poletaev explica por que a
libertação de Kurakhovo contribui muito para o avanço das tropas russas nas
linhas de frente ocidentais.
Na última
segunda-feira (6), os militares
russos libertaram
totalmente a cidade estratégica de Kurakhovo na República Popular de
Donetsk (RPD), segundo o Ministério da Defesa da Rússia, apelidando a cidade de
maior povoação no sudoeste de Donbass.
"Como
resultado das ações profissionais das unidades russas durante a libertação de
Kurakhovo, o inimigo perdeu mais de 12.000 soldados, cerca de 3.000
unidades de diversas armas e equipamentos militares, incluindo 40 tanques e
outros veículos blindados de combate", disse o Ministério da Defesa da
Rússia.
Para o analista
Sergei Poletaev, a libertação de Kurakhovo pela Rússia é importante por
várias razões, mas a principal delas é logística, o que contribui muito para
o avanço
das tropas russas nas
linhas de frente ocidentais.
"A captura de
Kurakhovo complicará significativamente o suporte logístico para os militares
ucranianos na RPD e privará as forças de Kiev da capacidade de bombardear
a capital regional Donetsk", afirma o especialista.
Poletaev destacou
que "isso reflete problemas muito sérios nas Forças Armadas
ucranianas", que só devem
piorar no
futuro próximo.
Do ponto de vista
tático, após a tomada
de Kurakhovo,
uma poderosa área fortificada com uma rede desenvolvida de posições de
tiro e comunicações subterrâneas, as unidades de assalto russas vão ter espaço
significativo para manobrar, o que por sua vez aumentará o ritmo de libertação
do território da RPD.
Ainda de acordo com
o analista, a libertação abre caminho para as tropas russas avançarem na região
de Dnepropetrovsk, descrita
pela mídia dos EUA como o "coração industrial" da Ucrânia. Existem
muitas empresas industriais na região relacionadas ao complexo
militar-industrial, incluindo a Planta Química de Pavlograd, que produz
explosivos, e a Yuzhmash, que lida com tecnologias de foguetes.
Para além disso, o
analista acredita que a região estava sendo mantida em função da imagem
projetada da liderança ucraniana no exterior para tentar obter ganhos
políticos em
possíveis negociações.
"Tenho certeza
de que Kiev manteve Kurakhovo por causa da próxima posse de [Donald] Trump,
para não perder o prestígio e usar a cidade como moeda de troca em possíveis
negociações de paz com Moscou", disse Poletaev. Vladimir Zelensky vai
enfrentar riscos de reputação, pois "todos agora apontarão para Kurakhovo
como um sinal da fraqueza das forças ucranianas", concluiu o analista.
¨ Perdas do Exército ucraniano são uma consequência da
recusa em negociar, diz professor
A recusa em manter
conversações de paz com a Rússia levou a grandes baixas para as forças
ucranianas e à perda de território para a Ucrânia, afirma Glenn Diesen,
professor da Universidade do Sudeste da Noruega, na rede social X.
"Qualquer um
que pedisse negociações durante os últimos três anos era rotulado de
'putinista', pois a única opção 'pró-ucraniana' aceitável era continuar
lutando. Qual foi a consequência? Centenas de milhares de
ucranianos morreram e o país perdeu 20% de seus
territórios", apontou o
especialista.
Diesen também
alertou que as negociações de paz nas circunstâncias atuais seriam muito
diferentes das anteriores, pois a Ucrânia e a
OTAN foram derrotadas
no conflito e as condições para elas estão piorando a cada dia.
Anteriormente, o
presidente russo Vladimir Putin lançou iniciativas para uma
solução pacífica do conflito na Ucrânia: Moscou cessará imediatamente
o fogo e declarará sua disposição para negociações após a retirada das
tropas ucranianas do território das novas regiões russas.
Além disso,
acrescentou, Kiev deve declarar
sua renúncia às intenções de ingressar na OTAN e realizar a
desmilitarização e a desnazificação, bem como adotar um status neutro, não
alinhado e livre de armas nucleares. O chefe de Estado também mencionou a
necessidade de suspender as sanções.
¨ Ucrânia invadiu Kursk para criar impressão de que seu
Exército ainda é viável, diz especialista
O contra-ataque das
forças ucranianas na região de Kursk foi concebido para criar uma campanha
publicitária em torno da Ucrânia, disse o tenente-coronel aposentado do
Exército dos EUA Daniel Davis em seu blog no YouTube.
"Essa é
provavelmente uma daquelas operações que a
Ucrânia já
fez, especialmente este ano, para impressionar a mídia. Eles [Exército
ucraniano] querem dar a impressão de que ainda são viáveis", acredita ele.
De acordo com
Davis, há poucas chances de que esse contra-ataque resulte em avanços
significativos.
No domingo
(5), o
Ministério da Defesa da Rússia relatou que, para deter a
ofensiva das tropas russas na direção de Kursk, as forças ucranianas
lançaram um contra-ataque de um grupo de assalto composto por dois
tanques, um veículo de demolição e 12 veículos blindados de combate com uma
força de desembarque na direção da fazenda de Berdin.
A artilharia e a
aviação do agrupamento
de tropas Sever (Norte) derrotaram o grupo de assalto das forças
ucranianas: dois tanques, um veículo de demolição e sete veículos blindados de
combate foram destruídos. Durante o dia, as perdas do Exército
ucraniano totalizaram 340 militares na direção de Kursk, quatro
tanques foram destruídos.
No dia seguinte, os
militares russos do agrupamento Sever frustraram uma tentativa das
Forças Armadas da Ucrânia de invadir Bolshoe Soldatskoe na região de Kursk.
<><> Comandante
da Força Aérea ucraniana diz que F-16 serão incapazes de competir com aviões
russos
Os caças F-16
ucranianos não podem competir em combates aéreos com aeronaves tecnológicas
russas, disse o chefe da gestão de comunicações do comando da Força Aérea da
Ucrânia, Yuri Ignat.
"Sim,
gostaríamos de obter modificações mais poderosas Efok com radares mais
poderosos e mísseis
de longo alcance,
porque competir sozinho em batalhas aéreas com aeronaves tecnológicas dos
russos é bastante difícil", disse Ignat nas redes sociais.
No início de
outubro, o ministro da Defesa dos Países Baixos, Ruben Brekelmans, confirmou
oficialmente que o país tinha entregue a Kiev o primeiro lote
de caças F-16 dos
24 prometidos, com os restantes a serem enviados nos próximos meses.
Anteriormente, o
comandante das Forças Aéreas dos EUA na Europa e África, general James Hecker,
disse que os pilotos
militares ucranianos não têm experiência para efetuar missões complexas nos
caças F-16 fornecidos pelo Ocidente. Ele também admitiu que os aliados de Kiev
não podem treinar pilotos ucranianos com rapidez suficiente para pilotar os
caças norte-americanos.
¨ Ucrânia deve discutir questões territoriais com base
nas realidades atuais, afirma Macron
A Ucrânia deve ter
discussões "realistas" sobre questões territoriais dentro do
conflito, disse o presidente francês Emmanuel Macron na segunda-feira (6).
De acordo com
Macron, a solução da situação na Ucrânia não será "simples
e rápida".
"Os ucranianos
devem ter discussões realistas sobre questões territoriais, e somente eles
podem tê-las. Os europeus devem criar garantias de segurança, o que será
sua principal responsabilidade", disse o presidente francês.
Contudo, a
resolução do conflito ucraniano não deve acontecer sem a participação de Kiev,
assim como a questão de garantir a segurança europeia não deve ser resolvida
sem a participação
da própria Europa,
segundo Macron.
Ao mesmo tempo,
Macron transferiu
a responsabilidade para
Washington por "persuadir a Rússia" a comparecer à mesa de
negociações para resolver o conflito ucraniano.
O presidente eleito
dos EUA, Donald Trump, disse em 22 de dezembro que gostaria de se reunir com o
presidente russo Vladimir Putin para resolver o conflito na Ucrânia.
O presidente russo
Vladimir Putin, por sua vez, disse, na Linha
Direta combinada
com a coletiva de imprensa, que estava pronto para conversar e se reunir com
Trump, observando que, se essa reunião ocorrer, os dois presidentes vão
ter muito sobre o que conversar.
¨
Popularidade de
Zelensky sofre queda após três anos de guerra
Após três anos de
guerra contra a Rússia, o presidente da Ucrânia,
Volodymyr Zelensky,
vê sua popularidade em queda. De acordo com a pesquisa realizada pelo Instituto
Internacional de Sociologia de Kiev (Kiis), o índice passou de 77% em 2023 para
52% em 2024.
Após entrevistar,
por telefone, dois mil ucranianos entre 2 e 17 de dezembro de 2024, o instituto
apresentou os resultados que revelaram que moradores das partes menos afetadas
pela guerra, a ocidental (60%) e a central (52%), têm maior confiança em Zelensky em relação
aos habitantes das áreas mais atingidas, a oriental (42%) e o sul do país
(46%).
De acordo com o
relatório, quatro em cada 10 ucranianos (39%) afirmaram “não confiar” no
presidente, número que quase dobrou em relação à pesquisa de dezembro de 2023
(22%).
Zelensky foi eleito
em abril de 2019 com a promessa de lutar pela paz com Moscou, mas, em fevereiro
de 2022, forças russas invadiram a Ucrânia após ameaças de ingresso na
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), desencadeando a atual guerra.
Fonte: Sputnik
Brasil/Opera Mundi
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