O que o sal faz com
nosso corpo
O sal torna nossa
comida mais saborosa. Ele também é essencial para a vida.
O sódio que está
presente nesse tempero é primordial para manter a quantidade correta de água no
corpo.
Ele também ajuda as
células a absorver nutrientes.
O programa The
Food Chain ("A Cadeia da Comida", em tradução livre), do Serviço
Mundial da BBC, analisou o papel que o sal desempenha no corpo humano e o que
acontece quando exageramos
nas pitadas desse ingrediente.
·
A
importância do sal
"O sal é
necessário para a vida", resume Paul Breslin, professor de ciências
nutricionais na Universidade Rutgers, nos Estados Unidos.
"O sal é
especialmente importante para células eletricamente ativas, o que inclui todos
os neurônios, outras partes do sistema nervoso e os nossos músculos. Ele também
é um componente fundamental para a pele e os ossos".
O professor Breslin
alerta que, se não tivermos sódio suficiente no organismo, morremos.
A deficiência de
sódio leva a um quadro conhecido como hiponatremia, que pode causar confusão,
irritabilidade, perda de reflexos, vômitos, convulsões e até coma.
A Organização
Mundial da Saúde (OMS) recomenda uma ingestão diária de sal de cinco gramas,
com um máximo de dois gramas de sódio. Isso é mais ou menos equivalente a uma
colher de chá do tempero.
Mas a ingestão
média global é de quase 11 gramas — mais que o dobro.
Isso pode aumentar
o risco de doenças cardiovasculares, câncer gástrico, obesidade, osteoporose e
doença renal.
A OMS estima que
1,89 milhão de pessoas morrem a cada ano por causa do consumo excessivo de sal.
·
Principal
consumidor de sal
Em muitos países, o
consumo excessivo de sal é motivado pela quantidade do ingrediente em alimentos
processados e industrializados.
Mas as razões para
esse exagero também podem ser históricas.
No Cazaquistão, por
exemplo, as pessoas consomem cerca de 17 gramas de sal por dia, mais de três
vezes a quantidade recomendada pela OMS.
Maryam mora em
Astana, a capital do Cazaquistão.
"Isso se deve
à nossa herança", justifica ela.
"Por séculos,
vagamos pelas estepes, carregando muita carne que precisava ser preservada
utilizando o sal."
"As famílias
estocavam a carne para o inverno. Elas podiam preservar uma vaca inteira, uma
ovelha e até meio cavalo", complementa Maryam.
Oito anos atrás, a
filha de Maryam teve alguns problemas de saúde.
Um médico a
aconselhou a reduzir alimentos ricos em açúcar, gordura e sal.
A família parou
imediatamente de adicionar sal à comida.
"No dia
seguinte, quando começamos a nova dieta, o gosto era nojento. Você
experimentava a comida, mas não a reconhecia."
Mas essa dramática
aversão não durou muito. A família de Maryam logo se acostumou à vida sem
adição de sal.
·
Como
o corpo reage ao sal
Quando ingerimos
sal, ele é detectado pelas papilas gustativas da nossa língua e pelo palato
mole da garganta.
"O sal
eletrifica o corpo e a mente", diz o professor Breslin.
"Os íons de
sódio que compõem os cristais de sal se dissolvem na saliva", detalha o
especialista.
Esses íons então
entram nas células das papilas gustativas e ativam diretamente essas unidades
do organismo.
"Isso gera uma
pequena faísca elétrica."
O sal transmite
sinais elétricos que fundamentam pensamentos e sensações —estimulando o corpo e
a mente.
·
Quanto
sal é demais?
O impacto preciso
dos níveis de sal no corpo depende da constituição genética de cada um.
Mais de um bilhão
de pessoas no mundo sofrem de pressão alta.
Reduzir a ingestão
de sal pode ajudar a prevenir e a tratar esse problema.
"Quando você
tem muito sal no organismo, a primeira coisa que seu corpo faz é diluí-lo. Com
isso, o corpo retém água, e a pressão arterial sobe para bombear essa
quantidade extra de fluidos", explica Claire Collins, professora de
Nutrição e Dietética da Universidade de Newcastle, na Austrália.
Essas consequências
são potencialmente devastadoras.
"Se você tem
alguma fraqueza em vasos sanguíneos, como os que irrigam do cérebro, eles podem
estourar e causar um derrame", alerta a especialista.
No Brasil, o
consumo médio de sal fica em 9,34 gramas por dia — um pouco abaixo do resto do
mundo, mas ainda assim muito acima das metas da OMS (de 5 gramas diários).
·
Mas
como saber quanto sal você consome no dia a dia?
Um teste de urina
pode detectar se o corpo está com muito ou com pouco sal.
Para ajudar nessa
estimativa, você pode também usar um diário anotando a alimentação ou um
aplicativo que calcula o teor de sódio, como informado nos rótulos de muitos
alimentos.
Nenhum dos métodos
é particularmente preciso, diz Collins, mas cada um pode ser um indicador útil,
para ver se é necessário reduzir nas pitadas ou no consumo de produtos
industrializados.
·
Dicas
para reduzir o sal
Mesmo que seus
níveis de consumo sal estejam elevados, reduzi-los pode não ser tão fácil
quanto parece.
Em Astana, Maryam
ainda luta para resistir ao prato nacional do Cazaquistão, o beshbarmak, que é
uma carne cozida com uma massa.
Os pais dela também
não ficaram entusiasmados em abrir mão do sal, apesar de saberem dos riscos.
A professora
Collins incentiva a sempre procurar opções para pão, macarrão ou qualquer outro
alimento que apresentem um teor menor de sal.
"Se você
cozinhar sua própria refeição, adicione ervas e temperos em vez de sal",
sugere ela.
¨ Qual tipo e quantidade máxima de sal devemos usar para
reduzir riscos à saúde?
O sal é a principal
fonte de sódio na nossa dieta. Nosso organismo precisa de sódio para muitas
funções, sendo as principais delas o funcionamento correto das células e a
regulação do equilíbrio de fluidos, eletrólitos e da pressão arterial. Assim, o
sódio é essencial para que o corpo
funcione.
<><> Mas
e o sal?
A ingestão de sal
de mesa fornece 90% do sódio da nossa dieta. A OMS (Organização Mundial da
Saúde) recomenda que pessoas saudáveis consumam menos de 5 gramas de sal por
dia (o equivalente a cerca de uma colher de chá).
Na Espanha, no
entanto, são consumidos uma média de 9,8 gramas de sal por dia, segundo a
Agência Espanhola de Segurança Alimentar e Nutrição.
No Brasil, o
consumo é parecido ao da Espanha: 9,34 gramas de sal por dia, segundo a
Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2013.
Consumir muito sal
aumenta a pressão arterial em qualquer idade. Além disso, o excesso implica
maior risco de doenças cardiovasculares, câncer gástrico e acidentes vasculares
cerebrais (AVC, também chamado de derrame).
Mas sabemos que
podemos reduzir o risco dessas doenças melhorando os níveis de pressão arterial
ao reduzir o consumo de sal.
<><> Sal
com menos sódio
Diferentes tipos de
sal estão disponíveis nos supermercados para temperar comidas.
Eles variam
conforme a técnica de extração, zona geográfica, composição, textura ou cor.
E a opção mais
saudável é sempre a de menor quantidade de sódio.
O sal refinado ou
comum é o mais utilizado. É composto por cloreto de sódio, numa proporção entre
97% e 99%. Por ser tão refinado, não contém impurezas e é pobre em nutrientes.
Já o sal marinho é
extraído a partir da evaporação da água do mar, não é refinado e possui mais
oligoelementos e minerais. Além disso, é rico em iodo, o que é bom para o
organismo. A flor de sal marinho (os cristais colhidos manualmente após
evaporação da água do mar) contém 10% menos sódio do que o sal comum.
Assim como o sal
marinho, o sal rosa do Himalaia também contém menos sódio que o refinado, porém
contém outros minerais como magnésio e potássio. O sal céltico ou sal cinzento
também é baixo em sódio e rico em outros minerais. Há ainda o chamado sal
light, ou de baixo teor de sódio, que contém 50% menos sódio que o sal comum.
E, finalmente,
existe o sal de potássio, que não tem sódio (ou tem muito pouca quantidade).
Mas embora pareça uma solução para o excesso de sal, seu uso deve ser prescrito
por um médico, pois só é indicado em caso de algumas doenças, já que pode levar
a um excesso de potássio na dieta.
<><> É
suficiente eliminar o sal de mesa?
Qualquer excesso de
sal é prejudicial à saúde. Portanto, mais importante do que escolher o tipo de
sal, é controlar a quantidade utilizada.
E vale ressaltar
que não é porque escolhemos um sal com menor teor de sódio que podemos
adicionar muito mais sal no preparo de comidas.
Além disso, devemos
ter em mente que o sal não está presente somente quando adicionado em
cozimentos ou pratos.
Há também produtos
ricos em sal que podem prejudicar a saúde se consumidos em excesso, ainda que
tenhamos reduzido a quantidade de sal que usamos para temperar os pratos.
De acordo com a
Food and Drug Administration dos Estados Unidos (FDA, a agência de vigilância
sanitária americana), mais de 70% do sódio da nossa dieta vem, na verdade, do
consumo de alimentos embalados e preparados.
Entre estes
alimentos estão a grande maioria dos molhos comerciais e o molho de soja.
Também são ricos em
sal os concentrados para sopas, alimentos pré-cozidos, carnes salgadas e
embutidas, peixes salgados e conservas.
Não devemos
esquecer os lanches salgados (batatas fritas, frutos secos fritos, pipocas empacotadas,
etc.).
Finalmente, devemos
evitar produtos com glutamato monossódico, um realçador de sabor.
<><> Como
reduzir quantidade de sal sem renunciar ao sabor
Com base nessas
informações, confira algumas recomendações para diminuir o sal na dieta:
Evite refeições
prontas e molhos comerciais.
Substitua os
lanches ricos em sal por aqueles sem, como frutas secas naturais, frutas in
natura, edamame, homus caseiro sem sal, etc.
Leia com atenção os
rótulos dos alimentos para evitar aqueles que contêm sal adicionado ou
glutamato monossódico.
Substitua o sal de
cozinha por especiarias e ervas aromáticas. Elas potencializam o sabor dos
alimentos.
Prepare alimentos
no vapor, embrulhados em papel alumínio ou assados no forno, pois essas
técnicas conservam melhor o sabor do que outras como a fervura. Como resultado,
não é necessário adicionar tanto sal ao prato.
Lembre-se de que
também não podemos viver sem sódio.
É possível levar
uma dieta sem sal de mesa ou produtos muito salgados, já que existem alimentos
que levam sódio em sua preparação como pão, queijo, etc.
Dietas muito
restritivas em sódio (ou sal) sem indicação médica podem, no entanto, ter
efeitos colaterais como distúrbios do sono, déficit de sódio (especialmente em
idades avançadas) e maior chance de desenvolver pedras nos rins.
Assim, deve-se
reduzir a quantidade de sal na dieta e evitar o consumo excessivo de alimentos
que são fontes de sódio, mas não se deve remover o sal por completo da dieta
sem orientação de um profissional de saúde.
Fonte: BBC News/The
Conversation
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