França pode se
tornar a espinha dorsal militar da UE se os EUA deixarem a OTAN, diz
especialista
A UE pode recorrer
ao Tratado de Lisboa se o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, retirar os
EUA da OTAN, disse o professor Stavros Kalenteridis, do Aegean College em
Atenas, à Sputnik.
O ex-assessor de
segurança nacional dos EUA, John Bolton, afirmou no ano passado que, durante uma cúpula da
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em 2018, o então presidente
dos EUA, Donald Trump, "chegou muito perto de se retirar da aliança ali
mesmo" na reunião.
Tal cenário
pode vir a ocorrer se
Trump cumprir suas ameaças anteriores contra a aliança, de acordo com o
professor Stavros Kalenteridis.
O professor lembrou
que Trump havia alertado anteriormente que os EUA não protegeriam os membros da
OTAN que não estivessem em conformidade com um requisito mínimo de gastos
com defesa relacionado ao orçamento da aliança.
"Isso poderia
enfraquecer a OTAN e levar a União Europeia [UE] a recorrer ao Artigo 42.7 do
Tratado de Lisboa, que contém uma cláusula referente à assistência mútua
da UE", acrescentou Kalenteridis.
O cenário pode
abrir caminho para a liderança da França na UE, dado
que o país "historicamente buscou um curso militar independente e às
vezes se desviou da rota da OTAN", destacou o especialista.
Ele não descartou
que "o futuro presidente francês poderia cortar os laços de Paris com a
OTAN", o que o professor argumentou que "a longo prazo beneficiaria a
Rússia", que repetidamente alertou a aliança contra sua expansão para o
leste.
<><> Morre fundador e líder da Frente
Nacional na França, Jean-Marie Le Pen
Jean-Marie Le Pen, o líder histórico
da extrema direita francesa, morreu nesta terça-feira (07/01) aos 96 anos,
informaram vários sites de notícias franceses.
A morte foi
confirmada pela família dele num comunicado à agência de notícias AFP.
Le Pen, que é o pai
da líder do partido Reunião
Nacional, Marine Le Pen, estava havia várias semanas num centro de cuidados em
Garches, nas proximidades de Paris.
Le Pen foi, em
1972, um dos fundadores do antigo partido Frente Nacional (Front National, no
original), que em 2018 foi renomeado para Reunião Nacional (Rassemblement
National).
Ele foi o primeiro
líder do partido e figura central até a sua renúncia, em 2011. Durante esse
período, ele transformou a Frente Nacional de um grupo dissidente numa força
política a ser levada a sério, usando provocações incisivas para despertar um
clima contra os imigrantes.
Figura polarizadora
na política francesa, Le Pen era conhecido por sua retórica inflamada contra a
imigração e o multiculturalismo. Suas declarações polêmicas, incluindo a negação
do Holocausto, levaram a várias condenações e prejudicaram suas alianças
políticas.
Em 2015 foi expulso
do partido devido às suas reiteradas declarações polêmicas sobre o Holocausto,
por exemplo de que as câmaras de gás foram um “detalhe” na história da Segunda
Guerra Mundial.
Ele reagiu
ferozmente à expulsão, acusou sua filha de traição e a atacou repetidamente em
público. Acabou obtendo uma vitória na Justiça e inicialmente foi autorizado a
manter seu título de presidente honorário. No entanto, mais tarde foi
destituído desse título.
Le Pen, que chegou
ao segundo turno da eleição presidencial de 2002, acabou se afastando cada vez
mais de sua filha, Marine Le Pen, e, desde que foi expulso do partido, passou a
ocupar manchetes sobretudo devido a sua briga contínua com ela.
Sem o pai, que era
contra uma postura mais moderada, Marine Le Pen continuou reformulando a imagem
do partido para expandir seu apelo eleitoral.
Apesar de sua
exclusão do partido em 2015, o legado divisivo de Jean-Marie Le Pen perdura,
marcando décadas da história política francesa e moldando a trajetória da
extrema direita.
¨ Políticos britânicos reclamam com aliados de Trump
sobre duras críticas de Musk ao governo
Altos membros dos
três maiores partidos britânicos, em caráter privado, apelaram aos aliados do
presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para reconsiderar sua
relação com o empresário Elon Musk, devido a críticas severas à política
britânica e ao primeiro-ministro do país, Keir Starmer. A informação é da
Bloomberg, que citou fontes.
"Políticos de
alto escalão dos três maiores partidos do Reino Unido pediram em particular aos
aliados de Donald Trump que reconsiderassem suas relações com Elon Musk, depois
que o bilionário e chefe da Tesla fez uma série de declarações […] provocativas
sobre a política britânica", informou a agência.
De acordo com as
fontes, alguns políticos britânicos do Partido Trabalhista, além dos
opositores Partido Conservador
e Reform UK disseram
aos aliados do republicano que as declarações de Musk prejudicam a reputação de
Trump, mesmo entre seus apoiadores em Londres.
Uma das fontes
afirmou à agência que aliados do presidente eleito dos EUA expressaram
preocupações semelhantes sobre as críticas de Musk à política britânica. Na
opinião de um político do país próximo à equipe de transição
de Trump,
Musk "ultrapassou os limites" e agora representa um risco para o
futuro líder norte-americano.
O bilionário chegou
a defender novas eleições parlamentares no Reino Unido, após os resultados
desfavoráveis das últimas pesquisas para os trabalhistas no poder.
Musk também pediu
votos para o Reform UK, partido populista de direita, afirmando que era "a
única esperança" para o Reino Unido. Antes disso, o líder da sigla,
Nigel Farage,
disse que havia se encontrado com Musk, recebendo apoio do bilionário.
Na sequência, o
empresário criticou o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, após
declarações de que o governo britânico era contra ataques a comunidades
muçulmanas em meio a distúrbios.
O empresário também
escreveu na rede social X (antigo
Twitter), de sua propriedade, sobre um dos vídeos de protestos em cidades
britânicas, que "uma guerra civil é inevitável".
¨ Europa tem mais gás russo do que antes do corte do
fornecimento pela Ucrânia, diz mídia
Os países europeus
estão importando volumes recordes de GNL da Rússia, apesar dos apelos para
proibir o fornecimento do combustível russo, informou a agência Bloomberg.
A Bloomberg nota que os
volumes excederam o que a Rússia forneceu através da Ucrânia até 1º de
janeiro de 2025, o que demonstra como é complicado para a UE cortar os
laços com seu principal fornecedor de recursos, Moscou.
"Moscou
demonstrou que, mesmo quando uma avenida para os mercados se fecha, muitas
vezes há outras ainda abertas para a Rússia", afirma a
agência.
Além disso, a
Bloomberg sublinha que a Rússia pode vender mais por meio do
TurkStream (Corrente Turca), um gasoduto direto entre a Rússia e a Turquia sob
o mar Negro, que também ajuda a abastecer alguns clientes europeus.
"Em
2025, a Gazprom poderia
vender 25 bilhões de metros cúbicos para a Turquia e 15 bilhões de metros cúbicos
para a Europa por meio do TurkStream", ressalta o artigo.
A Bloomberg
finaliza com o reconhecimento de fato que as sanções podem, na
verdade, fazer com que mais desse suprimento seja enviado para a Europa,
mas não cortar o volume do fornecimento de gás russo à Europa.
Anteriormente, o
fornecimento de gás russo via Ucrânia terminou às 08h00 da manhã,
horário de Moscou (02h00 no horário de Brasília), de 1º de janeiro de 2025,
após o encerramento do contrato entre a Gazprom e a Naftogaz. O gasoduto transportou
cerca de 15,5 bilhões de metros cúbicos de gás no ano passado, respondendo por
aproximadamente 4,5% do consumo total de gás na União Europeia (UE).
¨ Ultradireita
recebe tarefa de formar novo governo na Áustria
O líder da legenda austríaca
ultradireitista Partido da Liberdade (FPÖ), Herbert Kickl, recebeu do presidente Alexander Van der Bellen nesta
segunda-feira (06/01) a incumbência de formar um governo de coalizão, após
forças de centro fracassarem em fazer isso.
O FPÖ – um partido
eurocético e favorável à Rússia fundado na década de 50 por um ex-oficial da
força de elite paramilitar Schutzstaffel (SS), de Adolf Hitler – ficou em
primeiro lugar nas eleições parlamentares de setembro pela primeira vez na história, com 29% dos votos.
Os ultradireitistas terão de
negociar uma coalizão de governo com o conservador Partido Popular da Áustria
(ÖVP), que até a pouco vinha se recusando a sentar-se à mesa com o
FPÖ.
<><> Segunda
tentativa de formar governo
Van der Bellen havia
enfurecido o FPÖ logo após a eleição, ao não incumbir a legenda mais votada de
formar um governo, uma vez que nenhum outro partido expressou intenção de
aliar-se à ultradireita.
Ele inicialmente atribuiu a
tarefa ao ÖVP e ao seu líder, o chanceler Karl Nehammer. A legenda de
centro-direita havia ficado em segundo lugar nas eleições. Mas a tentativa de
formar uma coalizão com outros partidos centristas fracassou neste fim de
semana, o que levou o chanceler a anunciar sua renúncia.
Nehammer insistia que seu
partido não aceitaria governar ao lado do FPÖ, afirmando que Kickl é um teórico
da conspiração e uma ameaça à segurança do país.
Essa postura, porém, pode
ter chegado ao fim com a renúncia do chefe de governo. O sucessor de Nehammer,
Christian Stocker, disse no domingo que seu partido participaria de uma
negociação de coalizão liderada por Kickl.
"Estamos bem no início.
Se formos convidados para essas conversas, o resultado delas estará em
aberto", afirmou o governador de Salzburgo, Wilfried Haslauer, um dos
principais líderes do ÖVP.
Se as negociações
fracassarem, é provável que sejam convocadas eleições antecipadas no país. As
pesquisas de opinião mostram que o apoio ao ultradireitista FPÖ aumentou desde
setembro.
<><> Discordâncias
entre centro-direita e ultradireita
"Primeiro o povo e
depois o chanceler", disse Kickl em um post no Facebook na noite de
domingo, repetindo o slogan populista utilizado durante sua campanha. O FPÖ já
esteve no poder anteriormente como um parceiro minoritário de uma coalizão, mas
jamais liderou um governo.
A questão mais espinhosa nas
negociações gira em torno de sobre como reduzir o déficit orçamentário,
que deve exceder o limite imposto pela União Europeia (UE) de 3% do PIB em 2024
e 2025.
Enquanto ambas as partes
pedem cortes de impostos, o FPÖ prometeu atacar alguns dos interesses mais
caros ao ÖVP. Os dois partidos entram em conflito sobre a oposição do FPÖ à
ajuda à Ucrânia em sua guerra contra a Rússia e
em relação aos planos para um sistema de defesa antimísseis.
Van der Bellen, ex-líder do
Partido Verde, de esquerda, disse várias vezes que estará atento para garantir
que "pedras angulares da democracia", incluindo direitos humanos,
imprensa independente e a filiação da Áustria à União Europeia, sejam
respeitadas.
"Vozes dentro do ÖVP
que descartam a cooperação com um FPÖ sob Herbert Kickl se tornaram mais
silenciosas. Isso, por sua vez, significa que um novo caminho pode estar se
abrindo", disse Van der Bellen neste domingo.
¨ JD Vance
está errado sobre AfD e resistência ao nazismo
Primeiro o homem mais rico
do mundo, Elon Musk, agora JD Vance: às vésperas
das eleições legislativas antecipadas da Alemanha, homens poderosos dos Estados
Unidos se manifestam a favor do partido ultradireitista Alternativa
para a Alemanha (AfD).
As declarações recentes do
futuro vice do presidente americano eleito, Donald
Trump, são polarizadoras. Além de criticar a mídia de
seu país, que estaria difamando a AfD como sendo alinhada com o nazismo,
numa postagem no X com mais de 5 milhões de cliques, Vance afirma que
a AfD é mais popular nas regiões alemãs onde houve mais resistência aos
nazistas.
Essa afirmativa é falsa:
resultados de urnas e pesquisas sobre correlações geográficas do comportamento
eleitoral sugerem antes o contrário.
Alguns veículos americanos,
como o jornal The New York Times, ou mesmo a emissora Fox News, de orientação conservadora e alinhada ao
Partido Republicano, de fato associam em parte a AfD com o nazismo – também
pelo fato de ela própria em parte empregar palavras de ordem nazistas.
<><> Eleitorado
da AfD se concentra na antiga Alemanha Oriental
Assim, em 2021 o político da
AfD e ex-professor de história Björn Höcke foi condenado por
proferir publicamente o slogan "Tudo pela Alemanha" (Alles für Deutschland) – originalmente adotado pela organização paramilitar SA, do Partido
Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP)
e, portanto, proibido.
Além disso, alguns
diretórios estaduais da AfD, assim como o núcleo jovem Junge Alternative, foram
declarados extremistas de direita e a sigla como um todo está sob suspeita
de extremismo pelo serviço secreto interno da Alemanha.
A copresidente Alice Weidel chegou a
definir o 8 de Maio, data da libertação da Alemanha do regime nazista, como uma
derrota do país.
Quanto à afirmativa de JD
Vance, de que os seguidores da AfD se concentrariam em regiões que combateram
os nazistas, ela não é sustentada por fatos.
A maioria das atuais
pesquisas eleitorais para as eleições antecipadas de 2025 apresenta apenas
previsões para o resultado de todo o país, sem nuances regionais. Porém, nas
legislativas de 2021, a AfD teve desempenho forte em estados do leste,
antes pertencentes à extinta República Democrática Alemã (RDA), sob regime comunista.
O quadro foi semelhante no
pleito para o Parlamento Europeu de junho de 2024, quando a AfD saiu vitoriosa
sobretudo no Leste Alemão: em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, Brandemburgo,
Saxônia-Anhalt, Saxônia e Turíngia, ela alcançou no mínimo 27% dos votos,
enquanto sua média nacional foi de 15,9%.
<><> Leste
Alemão, bastião anti-Hitler?
Mas a questão central, no
caso, é se nessas regiões a resistência ao regime de Adolf
Hitler foi de fato tão forte quanto pretende o
futuro vice-presidente americano. O NSDAP tomou o poder em 1933, e na eleição
anterior para o Reichstag, em 6 novembro de 1932, ficara à frente com 33,1%.
Se forem considerados os
resultados regionais, o NSDAP recebeu a maioria dos votos em grande parte da
Alemanha, incluindo o Leste e também as regiões onde muitas pessoas hoje votam
na AfD, mas também muitas outras regiões da Alemanha.
No pleito parlamentar
seguinte, em março de 1933, o NSDAP se mostrou ainda mais forte, alcançando a
maior parte dos votos na maior parte das zonas eleitorais, em especial no Norte
e no Leste do país. Entretanto essa eleição é historicamente considerada não democrática,
já que o partido e seus adeptos intimidaram maciçamente os votantes, em parte
com violência.
Nada disso confirma a
postagem de JD Vance no X. "Os resultados de nossas pesquisas contradizem
claramente essa afirmativa", reforça o pesquisador Felix Hagemeister,
coautor de uma pesquisa da Universidade Ludwig-Maximilian, em que se analisam
as circunstâncias geográficas da eleição que oficializou a tomada de poder
pelos nazistas.
Ao contrário, do ponto de
vista geográfico, houve em 1933 grande apoio eleitoral ao NSDAP em locais onde
hoje a AfD é mais votada, diz Hagemeister. Ele ressalva, porém,
que "seria falso apontar aí uma causalidade". Trata-se, antes,
de uma continuidade, de tendências direitistas transmitidas de geração a geração.
"Pesquisas demonstram que os filhos tendem a adotar os posicionamentos dos
pais", menciona o pesquisador.
Num artigo para a Central
Federal Alemã de Educação Política (BPB), o autor Christian Booss desaconselha
comparações entre os eleitores da AfD e os do NSDAP, assim como entre as
duas legendas. Uma análise mostrou em 2024, por exemplo, que o apoio à AfD é,
em parte, também determinado por fatores socioeconômicos – ou seja, as
condições de vida em cada região –, e fatores culturais e ideológicos são
também relevantes.
Fonte: Sputnik
Brasil/DW Brasil
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