quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Prematuridade: entenda o que é, causas e possíveis riscos à saúde

Cerca de 340 mil bebês nascem prematuros no Brasil por ano, de acordo com o Ministério da Saúde. No mundo, 10% dos nascimentos são prematuros, segundo relatório divulgado em 2023 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pela Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Parceria para a Saúde Materna, Neonatal e Infantil.

Para conscientizar sobre as causas, riscos e complicações associados à prematuridade, foi criada a campanha Novembro Roxo. O objetivo é alertar para os fatores que podem levar ao nascimento prematuro e chamar atenção para o cuidado com esses recém-nascidos.

<><> O que é prematuridade?

Um bebê é considerado prematuro quando nasce com idade gestacional inferior a 37 semanas, segundo Suely Dornellas, pediatra neonatologista e coordenadora da UTI Neonatal do Hospital e Maternidade Santa Joana. No entanto, é possível classificar a prematuridade em diferentes níveis, como:

  • Prematuro tardio: aquele que nasce entre 34 e 36 semanas e seis dias de gestação;
  • Prematuro moderado: aquele que nasce entre 32 e 33 semanas e seis dias de gestação;
  • Muito prematuro: aquele que nasce entre 28 e 31 semanas e seis dias de gestação;
  • Prematuro extremo: aquele que nasce com idade gestacional inferior a 28 semanas.

<><> Quais são as causas para a prematuridade?

Existem diversos fatores que podem levar ao parto prematuro, ou seja, é uma condição multifatorial. “Os principais fatores associados a ele são a gemelaridade [gestação de gêmeos], hipertensão arterial, pré-eclâmpsia, infecções maternas, sendo a infecção urinária a principal, uso de drogas ilícitas, álcool, desnutrição, idade materna avançada ou muito jovem, e algumas alterações placentárias”, elenca Dornellas.

A pediatra explica, ainda, que muitas condições de saúde maternas podem levar ao trabalho de parto prematuro, como o diabetes, má nutrição, doença hipertensiva específica da gestação, entre outras. “Caso essas condições não sejam acompanhadas e tratadas adequadamente no pré-natal, podem ser de risco também para a gestante [durante o parto]”, alerta.

<><> Quais riscos estão associados ao parto prematuro?

Segundo Dornellas, o bebê prematuro é mais propenso a ter distúrbios respiratórios, cardiovasculares, infecciosos, neurológicos, metabólicos, nutricionais e oftalmológicos.

De acordo com o Manual MSD, a maioria das complicações da prematuridade é causada por órgãos e sistemas que ainda não se desenvolveram completamente, e o risco aumenta de acordo com o grau de prematuridade.

<><> Como é feito o tratamento e cuidado com bebês prematuros?

Por ter causas multifatoriais, o tratamento e o cuidado com bebês vão depender do que levou ao nascimento prematuro e os riscos associados ao parto.

Ainda segundo o Manual MSD, o tratamento inclui manejar as complicações causadas por órgãos subdesenvolvidos. Por exemplo, é possível que o recém-nascido prematuro receba tratamentos que ajudem com os problemas respiratórios ou cerebrais pós-parto, transfusão de sangue para casos de anemia, além de poder receber antibióticos para infecções.

No caso de bebês muito prematuros, pode ser necessária a internação na terapia intensiva neonatal, podendo ser indicado o uso de tubo de ventilação até que o bebê seja capaz de respirar sem ajuda. A alimentação também pode ser feita por sonda até que ele consiga se alimentar do leite materno.

Geralmente, o bebê prematuro segue internado no hospital até que suas complicações médicas sejam controladas e ele tenha ganhado peso o suficiente, consiga manter sua temperatura corporal adequada, não tenha mais pausas na respiração e esteja consumindo uma quantidade adequada de leite materno.

<><> É possível prevenir um parto prematuro?

Sim, é possível prevenir o parto prematuro. “A prevenção já se inicia antes da gestação com o planejamento familiar. Após a gestação, o acompanhamento pré-natal adequado, uma alimentação balanceada, a manutenção do peso corporal da gestante adequada, a vacinação em dia, evitar o tabagismo, uso de álcool e drogas ilícitas, além do tratamento das patologias médicas pré-existentes e a realização dos exames indicados pelo médico que assiste o pré-natal”, elenca Dornellas.

 

¨      O que acontece nas primeiras horas de vida do bebê? Confira 7 pontos

Você já pensou na importância das primeiras horas da vida de um bebê assim que ele nasce? Além de respirar sozinho e regular sua temperatura fora do útero, o recém-nascido vai aprender a mamar e passará por exames e avaliações que podem evitar problemas futuros.

A seguir, saiba mais sobre os procedimentos essenciais nas primeiras horas de vida dos bebês.

<<< 1. Avaliação geral

Ainda na sala de parto, o pediatra neonatologista analisa se ele tem tônus muscular adequado e se está respirando naturalmente. Essa avaliação é importante porque, dentro do útero materno, o pulmão do feto fica cheio de líquido e ele recebe oxigênio através do cordão umbilical.

Nos primeiros 30 minutos após o nascimento, ocorre uma mudança do padrão de circulação fetal para o chamado padrão de circulação neonatal, ou seja, o bebê assume sua própria respiração e sua circulação passa a ser igual a de um adulto.

Em 90% dos casos esse processo acontece naturalmente e o bebê já vem ao mundo com um choro forte. Quando isso não ocorre, o pediatra entra em cena para tomar as atitudes necessárias.

A equipe médica também monitora a frequência cardíaca e a cor da pele do recém-nascido. Esses parâmetros são pontuados de 0 a 2 e permitem que o médico forneça uma nota de 0 a 10, conhecida como Escore de Apgar. Valores de 8 a 10 pontos significam que a saúde está ótima; de 6 a 7 pode necessitar de algum cuidado especial; e abaixo disso indica algum problema que necessite de intervenção médica.

“Esse processo é realizado no primeiro e no quinto minuto de vida para podermos avaliar as condições ao nascimento e as respostas do recém-nascido à ajuda prestada”, diz a médica Romy Zacharias, coordenadora da neonatologia do Hospital Israelita Albert Einstein.

<<< 2. Contato pele a pele

O bebê que nasce bem, independentemente da via de parto, é colocado imediatamente no colo da mãe. O recomendado é que a golden hour — ou “hora dourada”, como é chamada essa primeira hora de vida — permita o contato pele a pele e que a mãe já ofereça o peito. Isso dá mais segurança à mulher e acalma o recém-nascido, que ouve os batimentos cardíacos da mãe e vozes conhecidas.

“Além disso, hormônios desencadeados nesse processo promovem a descida do leite mais precocemente e diminuem o risco de a mãe apresentar sangramento excessivo”, destaca a médica neonatologista Tarita De Losso, do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O contato também ajuda o bebê a já buscar o peito da mãe, estimulando a amamentação. E ainda contribui para que o recém-nascido perca menos calor.

<<< 3. Corte do cordão umbilical

O clampeamento do cordão umbilical acontece ainda com o bebê em contato com a mãe. O Ministério da Saúde recomenda que ele seja cortado quando a pulsação parar, o que significa que a circulação de sangue entre o recém-nascido e a placenta cessou — acontece entre um e três minutos após o nascimento.

O corte no momento correto leva ao aumento no volume sanguíneo do recém-nascido e das suas reservas de ferro. Isso diminui o risco de ele desenvolver anemia nos primeiros seis meses de vida.

<<< 4. Medidas antropométricas e colírio

Após o contato pele a pele e, principalmente, quando o bebê não estiver mais mamando, é hora de realizar as medidas antropométricas, que envolvem peso, comprimento e perímetro cefálico, a medida da circunferência da cabeça. “A aspiração das vias aéreas não é mais indicada de rotina. Ela deve ser realizada apenas se o neonatologista detectar a presença de secreção”, diz a médica da Unicamp.

Outro cuidado importante que acontece na sala de parto é a utilização de um colírio, que deve ser pingado nos olhos do recém-nascido para fazer a profilaxia da conjuntivite neonatal. O bebê pode ser contaminado por bactérias no ventre ou ao passar pelo canal de parto e a doença pode desencadear sequelas graves, como a cegueira.

<<< 5. Vitamina e vacinas

Na sala de parto o bebê também recebe uma injeção de vitamina K. A substância é essencial para a coagulação do sangue e só começa a ser produzida para valer quando o recém-nascido está se alimentando bem. Enquanto isso não acontece, ele apresenta um déficit dessa vitamina, o que pode desencadear hemorragia.

No que se refere às vacinas, a única que é dada na maternidade é a primeira dose contra a hepatite B. Ela deve ser aplicada nas primeiras 12 horas de vida e é importante porque ajuda a prevenir a hepatite crônica, a forma mais comum da doença em bebês contaminados ao nascer. Já a vacina BCG, que previne contra tuberculose, pode ser dada no primeiro mês de vida, mas geralmente também é oferecida na maternidade.

<<< 6. Testes rápidos

Antes de o bebê ir para casa com os pais, ele passa por alguns testes rápidos, entre eles, o do pezinho, que permite identificar várias doenças e síndromes. A tipagem sanguínea também é feita para saber se o pequeno tem incompatibilidade sanguínea com a mãe.

Além do teste do pezinho, o recém-nascido passa também pelos testes da orelhinha, do olhinho, do coraçãozinho e da linguinha para detectar precocemente outras doenças e problemas de saúde.

<<< 7. Primeiro banho

Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, o banho não precisa acontecer nos primeiros momentos após o nascimento, muito pelo contrário. “As substâncias presentes na pele do recém-nascido hidratam e protegem o tecido. Além disso, é importante que antes da lavagem a temperatura do bebê fique estável”, orienta Tarita De Losso. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a realização do primeiro banho somente após 24 horas de vida.

 

¨      Primeiros 2 mil dias de vida podem prevenir sobrepeso e obesidade na vida adulta

Criado em 2010, a partir de um programa da Organização das Nações Unidas (ONU), o conceito dos primeiros mil dias (280 de gravidez + 730 dos primeiros dois anos) de vida envolve estratégias que são capazes de impactar a saúde em longo prazo. Trata-se de uma janela de oportunidade que ajuda a garantir o desenvolvimento físico e mental.

Mas, a partir de achados recentes da literatura científica, pesquisadores de diversos países estão propondo ampliar o período para até o quinto ano de vida. Um trabalho publicado em setembro no periódico Nature Reviews Endocrinology também aposta nesse novo número.

Por meio de uma revisão de estudos, cientistas da Austrália enfatizam a importância de reduzir o risco da obesidade logo nos 2 mil primeiros dias. “É melhor prevenir o quanto antes, evitando que a obesidade se instale, porque o tratamento é muito mais complicado”, afirma a pediatra e endocrinologista Lindiane Gomes Crisostomo, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Existem evidências de que, nesse período que engloba tanto o ventre materno quanto os primeiros anos seguintes, o organismo está mais sensível às influências do ambiente. É uma fase em que o corpo apresenta maior plasticidade. Daí a importância de intervenções que, segundo pesquisas, teriam efeitos duradouros.

“O ideal é começar já no pré-natal, com estímulo a uma alimentação saudável pela gestante, e seguir com incentivo ao aleitamento materno após o parto”, comenta Crisostomo. O zelo com a introdução alimentar, após os 6 meses de vida do bebê, favorece a adoção de bons hábitos ao longo da infância.

Combater o sedentarismo é mais uma atitude essencial. “Deve ser bem lúdico, para que a criança aprenda a gostar de atividade física desde cedo”, sugere a médica.
Entre as estratégias também está estabelecer uma rotina de sono. Para cada período há um determinado número de horas, que deve ser respeitado. “Quando não se dorme o suficiente ocorre uma alteração na produção de certos hormônios, caso do cortisol, que estão envolvidos com o aumento da pressão arterial, o ganho de peso e o aumento do risco do diabetes, entre outros distúrbios”, comenta a especialista.

A pediatra enfatiza ainda que as telas devem ser proibidas até os 2 anos e, após esse período, precisa haver muita cautela ao utilizá-las. “Além de interferir com o sono, a utilização exagerada pode desestimular brincadeiras e exercícios físicos”, comenta.

Sem contar o hábito de fazer as refeições de olho nos aparelhos. “Muitas vezes a criança nem percebe o que está comendo”, lamenta. Para piorar, já existem evidências da relação com a puberdade precoce. “O excesso no uso favorece alterações neuroquímicas”, avisa a pediatra e endocrinologista.

<><> Estratégias antiobesidade

A pesquisa australiana traz orientações para cada fase dos primeiros 2 mil dias de vida de uma criança. Saiba mais sobre os principais pontos:

>>>>> Na gestação

Durante os nove meses ocorre o desenvolvimento da placenta, dos órgãos e o crescimento do bebê. A adoção de um cardápio equilibrado e a prática de atividade física orientada favorecem o ganho de peso saudável da grávida. Realizar o acompanhamento pré-natal, com exames para detectar precocemente o diabetes gestacional, entre outros distúrbios, é fundamental.

>>>> Até os 6 meses

Esse período é marcado pelo ganho de peso e crescimento rápido do bebê. É tempo de incentivar o aleitamento materno, fortalecendo a rede de apoio à mãe. Também vale estabelecer uma rotina de sono da criança e, por meio de brincadeiras, estimular o desenvolvimento das habilidades motoras.

>>>> Dos 6 aos 12 meses

O bebê já se senta sem apoio e a tendência é começar a engatinhar. É a fase de introdução alimentar, que deve priorizar a variedade no cardápio, com grande espaço para vegetais e outros itens nutritivos.

Por volta dos 9 meses, o bebê consegue fazer movimentos de pinça com os dedos, o que facilita a manipulação de alimentos.

>>>> Do 1º ao 3º ano de vida

A criança começa a falar, andar e aprende a segurar os talheres. Nessa etapa, recomendam-se brincadeiras em ambientes seguros, que permitam correr e escalar. Outra sugestão é envolver a criança, junto de toda a família, no planejamento e preparo das refeições.

>>>> Do 3º ao 5º ano de vida (pré-escolar)

Nessa etapa, o equilíbrio e a coordenação estão bem aprimorados, há uma melhor compreensão dos sinais de saciedade e fome. Deve-se estimular a prática de atividades físicas, como esportes ou dança. E continuar com o incentivo de bons hábitos alimentares, orientando sobre as melhores escolhas.

 

Fonte: CNN Brasil/Agência Einstein

 

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