Passageiro
da agonia': Bolsonaro só escapa da prisão com anistia ou "ajuda de
Trump", avaliam aliados
A prisão do general Braga
Netto, ex-ministro da Defesa, intensificou a crise política e jurídica
envolvendo Jair Bolsonaro (PL), de acordo com avaliações de militares próximos
ao antigo governo. Fontes consultadas por Andréia Sadi, do g1, destacam que a
última linha de defesa do ex-mandatário foi rompida, colocando Bolsonaro em uma
situação de extrema vulnerabilidade.
Ex-colaboradores do governo
Bolsonaro afirmam que restam poucas alternativas ao ex-presidente, sendo uma
possível anistia no Congresso ou um improvável apoio de líderes internacionais,
como Donald Trump, suas últimas esperanças de evitar as graves consequências
das investigações. “Não há muito o que ele possa fazer. Agora, é usar sua força
política para tentar algo no Congresso ou pressão internacional, com ajuda de
Trump”, disse um ex-integrante do governo.
Nos bastidores militares, a
percepção é de que a prisão de Braga Netto foi um golpe fatal para a estratégia
de defesa de Bolsonaro. Aliados consideram que ele era o principal obstáculo
que impedia o avanço das investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de
Estado. Com o general sob custódia, a pressão sobre outros envolvidos cresceu
significativamente.
Entre os investigados, o
nome mais citado como potencial delator é o do general Mario Fernandes, acusado
de integrar uma célula golpista que teria planejado o assassinato do presidente
Lula (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF) Alexandre de Moraes. O advogado de Fernandes, Marcus Vinicius
Figueiredo, nega veementemente que seu cliente esteja disposto a colaborar com
a Justiça por meio de delação premiada.
¨ Jair Bolsonaro já está condenado como personagem de
romance policial. Por Mário Sabino
É evidente
que Jair Bolsonaro já está
condenado pela maioria dos ministros do STF. O que se faz,
agora, é buscar justificativas formais para a sua condenação e inevitável
prisão.
As provas contra
ele nem precisam ser robustas para colocá-lo na cadeia, basta que a construção
da chamada narrativa tenha um mínimo de verossimilhança e que conte com o
bate-estaca da imprensa para fundá-la na cabeça dos cidadãos. Essas condições
estão dadas.
Verossimilhança não
significa verdade, necessariamente. Há relatos ficcionais com muita
verossimilhança. A depender do tipo de ficção, aliás, a verossimilhança é
exigida, como é o caso dos romances e filmes policiais. O necessário é que tudo
seja crível, sob pena de leitor ou espectador não saírem convencidos de que o
que leram e assistiram poderia ter ocorrido dentro de parâmetros mínimos de
realidade.
Realidade e verdade
nem sempre são coincidentes, e chega um momento no qual o investigador
policial, na ausência de provas robustas da verdade, age como o autor de
literatura policial, recorrendo a circunstâncias para provar apenas que a sua
narrativa tem a possibilidade de ser espelho do real. Trata-se de substituir o
que falta pelo que se tem de sobra.
O escritor
americano Edgar
Allan Poe foi
o criador do gênero policial, no século XIX. A crítica literária concluiu que a
sua sacada foi fazer com que as deduções e inferências do investigador tivessem
interesse dramático e constituíssem a própria essência do enredo.
Com frequência, as
investigações policiais são contaminadas por essa técnica da literatura
policial, e caberia ao juiz julgar se a realidade emprestada dramaticamente ao
enredo expressa a verdade crua dos fatos. Mas é impossível que isso ocorra
quando o juiz é parte interessada no processo.
Não se está dizendo
aqui que Jair Bolsonaro seja inocente das acusações que lhe são imputadas, nem
que não possam surgir provas cabais da suas culpas, para além de todas as
circunstâncias que apontam essa direção — friso que, pessoalmente, compartilho
da opinião de que ele é um delinquente. Estou dizendo apenas que a verdade já
não importa no seu caso. Ele está condenado de antemão porque se tornou
personagem de romance policial.
¨ Múcio diz que prisão de Braga Netto por envolvimento em
trama golpista 'constrangeu' militares
Após se reunir com
o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta terça-feira (17), o ministro
da Defesa, José Múcio Monteiro, abordou a prisão do general da reserva Walter
Braga Netto destacando que a detenção "mexe com os militares". Múcio
afirmou que, apesar do impacto dentro do Exército, a prisão do general,
investigado no âmbito de um plano de golpe para manter Jair Bolsonaro (PL) na
Presidência após a eleição de 2022, “não foi uma surpresa”. "Estão
constrangidos [Exército]. É o primeiro general quatro estrelas que é detido, mas
não foi surpresa para ninguém", declarou o ministro, de acordo com a CNN
Brasil.
A prisão de Braga
Netto, acusado pela Polícia Federal de ser um dos articuladores do plano de
golpe, gerou discussões sobre o envolvimento de militares na operação. Contudo,
Múcio enfatizou que a ação não deve ser vista como uma acusação contra toda a
instituição militar.
“Cada um entrou
nisso com seu CPF e a gente tem que preservar o CNPJ das três Forças”, disse o
ministro. “Ele [Braga Netto] tem muitos colegas, está preso, mas não foi
surpresa para absolutamente ninguém, estamos torcendo para que tudo isso
passe”, completou.
A reunião com o presidente
Lula ocorreu no mesmo dia em que o governo federal enviou ao Congresso Nacional
o projeto de lei que altera as regras para aposentadoria de militares. José
Múcio se mostrou otimista com a proposta, afirmando que o texto tem "boas
chances" de ser aprovado pelos parlamentares.
¨ "Mauro Cid de Braga Netto", coronel é o elo
entre indiciados por golpe
Conhecido na OrCrim
golpista como "Mauro Cid de Braga Netto", por acompanhar o general
preso pela Polícia Federal (PF) nos cargos em que passou, o coronel da reserva
Flávio Botelho Peregrino foi escalado para ser o elo entre os indiciados
militares pelo golpe, em especial com os também generais Augusto Heleno e Paulo
Sergio Nogueira e o almirante Almir Garnier.
Peregrino foi alvo
de busca e apreensão na mesma operação que prendeu Braga Netto, mas segue
solto, proibido pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo
Tribunal Federal (STF), de manter contato com outros investigados.
O coronel é mais um
dos militares que teriam tido participação ativa no golpe e que não constam na
lista de 40 indiciados da OrCrim golpista de Bolsonaro.
Oriundo da turma de
1989 da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), onde Bolsonaro e boa parte
dos militares golpistas se formaram, Peregrino estava lotado como assessor do
deputado Thiago Manzoni (PL), na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF),
mas seguia atuando para Braga Netto por "lealdade e camaradagem" ao
ex-chefe.
Segundo a PF,
Peregrino teria sido escalado por Braga Netto para obter junto ao general Mauro
Lacerda Cid a íntegra da delação do filho dele.
Moraes manteve o
sigilo sobre a delação de Mauro Cid justamente por haver diligências em
andamento para buscar provas sobre novos elementos narrados pelo ex-assessor de
Jair Bolsonaro.
Segundo a PF, Braga
Netto e Peregrino faziam um trabalho de arapongagem para costurar uma linha de
defesa entre os militares de alta patente que foram indiciados.
A prisão de Braga
Netto ainda foi motivada pela descoberta das provas de que o general entregou
dinheiro - recebido de ruralistas - para financiar a chamada operação
"Punhal Verde e Amarelo", que tinha como objetivo assassinar Lula,
Geraldo Alckmin (PSB) e Moraes durante o desencadeamento do plano golpista.
Braga Netto pode
passar décadas na cadeia; entenda
Preso preventivamente
no último sábado (14) por supostamente tentar obstruir as investigações sobre a
tentativa de golpe de Estado no Brasil, o general Walter
Braga Netto pode
passar décadas na prisão, caso seja condenado.
Braga Netto é
apontado como um dos líderes de um plano para assassinar o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de
Moraes e o vice-presidente Geraldo Alckmin. O general foi indiciado pela
Polícia Federal (PF) e, de acordo com os investigadores, teria cometido ao
menos quatro crimes: obstrução de justiça, associação criminosa, abolição
do Estado Democrático de Direito e tentativa de depor o poder constituído por
meio de violência ou grave ameaça.
Somadas, as penas
para os crimes atribuídos pela PF chegam a 41 anos de reclusão. Veja o
detalhamento:
>>>> Associação
criminosa
Pena: 3 a 8 anos de
prisão e multa
Agravante: a pena é
aumentada de 1/6 a 2/3 quando há envolvimento de funcionário público, o que
pode adicionar até 5 anos e 4 meses à condenação
>>>> Obstrução
de justiça
Pena: 3 a 8 anos de
prisão e multa
>>>>>
Abolição do Estado Democrático de Direito
Pena: 4 a 8 anos de
prisão e multa
Tentativa de depor
o poder constituído por meio de violência ou grave ameaça
Pena: 4 a 12 anos
de prisão
¨ "Gay do Bolsonaro" e outros golpistas
foragidos são localizados no Peru, avisa Interpol
A Organização
Internacional de Polícia Criminal (Interpol) enviou um
comunicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) informando que quatro bolsonaristas investigados
e condenados pelos atos golpistas no Brasil e considerados foragidos pela
Justiça brasileiras foram localizados no Peru por autoridades do
país andino.
A Polícia Federal
(PF) suspeita que os bolsonaristas, antes de irem para o Peru, estavam na
Argentina junto a outros 60 brasileiros foragidos. Eles teriam fugido novamente
em novembro após a Justiça argentina determinar prisões. Até o momento, dois
deles foram presos por autoridades argentinas.
"Comunicamos o
recebimento de informação, enviada por autoridades peruanas em 05/12/2024,
acerca da entrada naquele pais de cidadãos brasileiros que possuem contra si
mandados de prisão pendentes", diz comunicado do STF.
A Corte brasileira,
agora, iniciará junto ao Ministério da Justiça e ao governo peruano o processo
de extradição dos extremistas de direita foragidos que participaram dos atos
golpistas.
Entre os quatro
golpistas que fugiram para o Peru está Romario Garcia Rodrigues, que se
apresenta nas redes sociais como “Gay do Bolsonaro” e afirma ter
sido “o primeiro gay nordestino a tomar café da manhã com Jair
Bolsonaro”.
Considerado um dos
líderes de acampamentos onde foi planejado o levante golpista de 8 de janeiro
de 2023, Rodrigues, que é do Ceará, foi preso em 2023 e ficou dois meses na
cadeia. Ele é réu por associação criminosa e associação ao crime.
Depois, foi solto
por ordem do ministro Alexandre de Moraes, mas quebrou a tornozeleira
eletrônica e fugiu. Já há uma ordem de extradição especificamente contra o
"Gay do Bolsonaro" e, segundo investigadores, ele estaria planejando
fugir para os Estados Unidos. Antes do Peru, o bolsonarista teria passado pela
Colômbia e chegou, recentemente, a fazer uma publicação nas redes sociais
pedindo dinheiro aos seguidores – mas apagou na sequência.
<><> Quem
são os golpistas foragidos no Peru
# Antonio Alves
Pinheiro Junior: de São Paulo, réu por associação criminosa, abolição
violenta do estado democrático de direito, golpe de estado
e incitação ao crime.
# Edilaine da Silva
Santos: de Birigui, ré por associação criminosa, abolição violenta do estado
democrático de direito; golpe de estado e incitação ao crime.
# Romario Garcia
Rodrigues: do Ceará, conhecido como "Gay do Bolsonaro", condenado a 2
anos e 5 meses de prisão por associação criminosa e incitação ao crime
equiparada pela animosidade das Forças Armadas contra os Poderes
Constitucionais.
# Rosana Maciel
Gomes: Condenada a 13 anos e seis meses de prisão por golpe de Estado e
associação criminosa
Fórum:
Metrópoles/Brasil 247/Fórum
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