Gilberto Nalini: O ano vai chegando ao fim
Lá fora, os conflitos no Oriente Médio trouxeram atos
terroristas de barbárie extrema com os ataques do Hamas a Israel, e reações
violentas que dizimaram a faixa de Gaza a pó.
A troca de fogo entre o Hezbollah e Israel também
destruiu parte de Beirute e do Líbano.
Atos e guerras insanas que têm seu auge esse ano.
Na Síria caiu a Ditadura sangrenta dos Assads, mas
ninguém pode garantir um futuro seguro para o país.
Lá para o Norte, Putin insiste em demolir a Ucrânia com
sua guerra de invasão e anexação. Trouxe até norte coreanos para reforçar suas
tropas.
A China avança na economia em todo mundo e ronda Taiwan
com ameaças de invasão.
A África sofre demais com muitos regimes de ditaduras
cruéis e principalmente pela fome e falta de água.
Para as bandas de cá, das Américas, os E.U.A. elege o
ultra direita Trump, com a promessa de expulsar milhões de imigrantes.
O Brasil se debate no dilema de crescer, cortar gastos,
e moralizar a pandemia de corrupção e criminalidade que tomou conta de cada
canto do país. E a polarização tóxica e nefasta ainda maltrata os brasileiros.
Do ponto de vista do Planeta, a humanidade patina no
trato dos fenômenos climáticos decorrentes do aquecimento global.
Fala-se muito, discute-se demais e se age de menos.
As emissões dos gases de efeito estufa, em particular o
CO², aumenta a cada dia, e as últimas duas COPs, a 28 (Dubai) e a 29 (BaKu)
foram frustrantes.
Além disso continua-se a retirar mais recursos naturais
do que o Planeta suporta, e devolver mais resíduos do que o suportável.
A economia cresce no mundo todo, mas junto com ela cresce
a escabrosa desigualdade social, que joga bilhões de seres humanos na pobreza
extrema.
A ciência avançou, e continua avançando, a inteligência
artificial chegou com força, as redes sociais dominam as pessoas, a Medicina
produz milagres. Isso é um fato.
Mas, fazendo-se um balanço isento desse 2024, que vai
apagando as luzes, creio que não é possível falar-se de um saldo positivo.
Continuemos as análises e avaliações para uma opinião
mais exata.
Que venha então 2025.
Estamos aqui e vamos manter sempre a esperança de que
possamos melhorar a vida e a convivência entre as pessoas.
BOAS FESTAS! Na medida do possível!
Um bom 2025!!
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2024 nos faz sonhar com um 2025
melhor. Por Edson Capoano
2024 talvez tenha sido o ano em que a opinião pública
percebeu como as mudanças climáticas afetarão o Brasil. “A ficha caiu” , assim
como declarou o cientista Paulo Artaxo, quando explicou à Presidência da
República o tamanho do desafio que enfrentaremos no país.
Fichas, ou sinais, não faltaram. Alguns surpreendentes,
como a chuva extrema que atingiu o Rio Grande do Sul, ou a estiagem que agravou
as queimadas pelo país. Outros, com cheiro de notícia velha, como os sucessivos
recordes de temperatura e de emissão de CO₂, degelo nos polos e pressão sobre
os oceanos.
Boas notícias também surgiram, ainda que mais
acanhadas. A COP29 avançou com a governança e financiamento climáticos, (muito)
aquém das expectativas. Brasil e outros países trataram do tema em seus
parlamentos com mais seriedade.
A ação climática parece se instalar aos poucos na vida
comum. Na maior cidade do país, a sociedade conseguiu impedir o corte de
árvores de obra viária . E na educação, a USP inaugurou cátedra Clima &
Sustentabilidade , sob liderança do cientista Carlos Nobre.
“Ela vai criar importante liderança para combater essa
que é a maior emergência que a humanidade já enfrentou”, afirmou Nobre em
discurso, ao assumir o posto de primeiro titular da cátedra. Como apresentou o
professor via dados em sua palestra, o desafio é colossal.
Mas Nobre também indicou haver saídas. Segundo ele, o
Brasil pretende ser o primeiro grande emissor a zerar as emissões líquidas até
2040 e proteger a maior biodiversidade do planeta. Com a COP30, o país pode
convencer outras nações a fazer o mesmo, e a tornar nossas sociedades mais
resilientes e sustentáveis.
A lista sobre as primeiras ações da cátedra também é
animadora: criar soluções para contenção de eventos extremos nas cidades do
país; capacitar professores e gestores sobre a emergência climática; debater
com diferentes setores da sociedade formas de resiliência à crise do clima.
O discurso de Nobre fecha uma retrospectiva que nos
permite sonhar o próximo ano com esperança no coração, planos na cabeça e
mangas arregaçadas.
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5 hábitos para 2025 mais
sustentável - e saudável
Que tal usar o novo ano à vista para refletir e adotar
novos hábitos que promovam não apenas o bem-estar, mas também a
sustentabilidade em diversas áreas? O princípio de sustentabilidade
pressupõe o uso de recursos no presente sem esgotá-los para o futuro, e tem
como base três pilares: social, ambiental e financeira. Especialistas em
psicologia, finanças, meio ambiente e tecnologia dão dicas de como harmonizar
esses ingredientes para um novo ano mais equilibrado, harmonioso e
saudável.
>>>>>> Aqui estão cinco hábitos que
você pode incorporar em 2025:
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Saúde mental
“Será que estamos prontos para mudanças? Mudar não é
fácil. Se você se sentir minimamente confortável ou adaptado onde está, acaba
abrindo mão de mudar por medo. Você muda alguma coisa quando o incômodo de
estar onde você está é maior do que o medo da mudança. Aí você
muda.
Comece 2025 com novos hábitos, não tenha medo de mudar
e esteja preparado para isso. Procurar um profissional da psicologia pode ser
um caminho para te ajudar na direção de um novo ano e de uma mudança que você
precisa e almeja.
Além disso, o esforço que você deposita para fazer as
coisas serem diferentes influência no resultado. Adeque o esforço que você está
disposto a fazer ao seu objetivo. Ou você pode se esforçar na mesma medida, ou
diminui o objetivo para não se frustrar. A vida não é sobre ganhar, é sobre não
desistir.” - Fernanda Landeiro, doutora em
Saúde pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especialista em terapia
cognitivo-comportamental
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Controle financeiro
“Quem não anota, não controla; quem não controla, não gerencia.
A maioria das pessoas sabe quanto ganham, mas não sabe quanto gastam. Esse
processo de falta de controle do fluxo de dinheiro pode levar a compras
impulsivas, endividamento, ausência de reserva de emergência, desperdício e,
claro, descontrole financeiro.
Comece
2025 anotando todos os seus gastos.
Deixe de salvar o número do cartão de crédito em sites
de compras ou apps. Estudos mostram que salvar os dados aumenta a
impulsividade, pois o simples fato de precisar buscar o cartão na bolsa pode
fazer a pessoa repensar e se desconectar da compra, evitando que ela fique
parada no carrinho. Parece um hábito simples, mas isso é muito comum de
acontecer. Faça uma revisão mensal da sua fatura de cartão de crédito. Esse
hábito lhe permitirá visualizar seus gastos mensalmente e refletir sobre o uso
do cartão. Alimentação e transportes via apps fazem o cartão ‘explodir’. Essa
‘limpeza’ mensal ajuda a cortar desperdícios e, claro, a refletir sobre seus
hábitos financeiros.” - Daiane Gubert, head de assessoria
de investimentos da Melver
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Desenvolvimento profissional
“Para quem deseja começar o ano focando na carreira,
investir em cursos gratuitos para formação profissional é uma excelente maneira
de adquirir novas habilidades sem comprometer o orçamento. Organizações
como a Junior Achievement Brasil, por exemplo, disponibilizam diversos de
cursos gratuitos sobre temas como educação financeira, empreendedorismo e
inovação. Vale conferir também sites de universidades e outras instituições
renomadas. Muitos desses programas oferecem certificação, que agregam valor ao
currículo e ajudam a se destacar no mercado.
Outra dica importante é organizar uma rotina de
estudos. Separe um tempo específico na sua agenda para se dedicar aos cursos
escolhidos e garanta um ambiente tranquilo para maximizar o aprendizado. Priorize
cursos que desenvolvam tanto habilidades técnicas, necessárias para a sua área
de atuação, quanto competências interpessoais, como liderança e inteligência
emocional, cada vez mais requisitadas no mercado.” - Alexandre Mutran, diretor-executivo da Junior Achievement Brasil
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Consumo consciente
“O lixo plástico é um dos grandes vilões da natureza. O
Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico do mundo, com 11 milhões de
toneladas ao ano, sendo que menos de 2% é reciclado. E, descartado no meio
ambiente, o plástico derivado de petróleo pode levar mais de 200 anos para se
decompor, indo parar nos oceanos, dentro dos animais marinhos, e até na nossa
corrente sanguínea.
Uma forma prática de reduzir o consumo de plásticos é
evitar itens descartáveis, como copos e talheres de plástico. Sempre que
possível, opte por alternativas reutilizáveis ou compostáveis, que após o
descarte adequado podem ser transformadas em adubo. Repensar o consumo de
plásticos descartáveis é um passo importante para a preservação do meio
ambiente e para a construção de um futuro mais sustentável. E mais:
planeje suas compras! Além de evitar a aquisição de produtos que você não
precisa, reduz o acúmulo de resíduos toda vez que tiver uma sacola reutilizável
para as compras ou optar por produtos menos ‘empacotados’”. - Gabriela Gugelmin, diretora de estratégia e sustentabilidade da ERT
Bioplásticos
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Segurança digital
“A virada de ano pode ser uma oportunidade para começar
a lidar com dados, cartões e contas bancárias de forma mais segura. Na hora do
descuido, o fruto do trabalho de um ano pode desaparecer por conta de um golpe.
Aplicativos de banco, celulares e carteiras digitais estão desenvolvendo
ferramentas de cibersegurança cada vez mais complexas, mas a eficácia depende
também de cidadãos mais cuidadosos.
Quanto à prevenção, não há limite. Algumas dicas são
não clicar em links suspeitos, ativar notificações do celular para todas as
transações realizadas, evitar usar Wi-Fi públicos, desconfiar de solicitações
suspeitas, limitar transações diárias, tomar cuidado com QR Codes escaneados e
reforçar camadas de autenticação de senha, quando não alterar as senhas de
tempos em tempos. São práticas simples, mas esquecidas com frequência na
correria diária. Você pode começar 2025 com novos hábitos e mantê-los sempre em
dia para viver um ano sem dores de cabeça”.
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Ciência precisa dialogar com
ecologia indígena, dizem pesquisadores
A integração entre a ciência indígena e o conhecimento
científico ocidental é crucial para salvar a Floresta Amazônica e a própria
vida humana no planeta Terra das ameaças de colapso ambiental e climático em
curso.
Esta é a avaliação de um artigo inédito publicado na
prestigiada revista científica
norte-americana Science, na última semana,
por pesquisadores indígenas amazônicos dos povos Tuyuka, Tukano, Bará, Baniwa e
Sateré-Mawé, em parceria com não indígenas vinculados a projeto do Brazil LAB,
da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos (EUA).
Os cientistas participantes também têm vínculo com
instituições brasileiras como as universidades federais de Santa Catarina
(UFSC) e do Amazonas (Ufam).
Em entrevista exclusiva à jornalista Adrielen Alves,
da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), uma das autoras do artigo, a pesquisadora Carolina
Levis, da UFSC, e o cientista indígena Justino Sarmento Rezende, da Ufam, o
primeiro investigador indígena a publicar na Science, tratam da importância de se fomentar
uma ciência mais holística, que entenda a conexão indissociável entre cultura e
natureza e que, portanto, reconheça a contribuição dos povos originários para a
reabilitação dos ecossistemas.
A produção faz parte da série de entrevistas para o
podcast S.O.S! Terra
Chamando, uma co-produção da Rádio MEC e
da Casa de Oswaldo Cruz, com estreia prevista para o início de 2025.
“Acreditamos que esse diálogo é fundamental, não existe
uma só saída. A gente precisa de múltiplas ciências, porque o problema é muito
complexo e muito sério, que a gente está vivendo, de emergência climática, da
crise da biodiversidade”, aponta Carolina Levis, que destaca ser muito recente
ainda o movimento da ciência ocidental de se abrir para formas de conhecimento
da ciência indígena.
“Eu acho que, finalmente, a
sociedade está começando a se abrir para a importância que tem poder divulgar e
produzir a ciência indígena, em um patamar, digamos assim, de uma revista de
alto impacto. Nunca é tarde para isso, mas a intenção, com esse artigo, é abrir
as portas para que venham muitos outros.”
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Ciência ancestral indígena
O trabalho publicado na Science sintetiza
conhecimentos dos indígenas do Alto Rio Negro, uma das regiões de maior
diversidade étnica do planeta, localizada no Noroeste do Amazonas. Para esses povos,
o mundo pode ser organizado em três domínios: terrestre, aéreo e aquático.
Esses domínios são ocupados não só pelos humanos, mas
por outros seres, como animais, plantas, montanhas e rios, e pelos chamados
outros humanos – ou encantados – que já habitavam o mundo antes dos humanos e
que são consultados através dos especialistas indígenas, comumente chamados de
pajés e xamãs.
Para que os humanos possam acessar elementos da
natureza, é fundamental solicitar permissão e negociar com os outros seres
presentes nesses domínios, respeitando as práticas e rituais que mantêm o
funcionamento dessa rede cosmopolítica.
“É preciso a superação dessa compreensão
ciência-natureza, cultura-natureza. Enquanto os seres humanos entenderem que os
outros seres são matéria, que não pensam como nós, humanos, isso [o
desequilíbrio ambiental] vai continuar existindo. Os indígenas têm outra
visão”, aponta Justino Sarmento.
“Por exemplo, a ciência biológica começou a falar de
ecologia mais recentemente, mas os povos indígenas já tinham essa compreensão
de como funciona a ecologia há milênios”, acrescenta. A presença indígena na
Amazônia data de pelo menos 12 mil anos.
“Emergindo de milênios de
envolvimento concreto com o mundo e de uma longa história de experimentação, os
conhecimentos indígenas não são dogmáticos e devem ser levados a sério na
tentativa de avançar em direção a um futuro sustentável. Os povos indígenas têm
observado e analisado a dinâmica dos ecossistemas. Esses conhecimentos
ecológicos emergem de suas relações e observações de outros participantes do
ecossistema”, diz um trecho do artigo na Science.
Uma dessas contribuições, mencionadas no texto, se
refere à não separação entre os contextos sociais e naturais. “O enquadramento
da teoria indígena também captura variáveis e relações
ecológicas sutis, muitas vezes negligenciadas pela ciência ocidental
tradicional, mas apoiadas por teorias socioecológicas contemporâneas em diálogo
com as ciências indígenas, que também mostram que tratar os humanos como
agentes excepcionais separados dos ecossistemas é menos eficaz na compreensão
do funcionamento e da dinâmica ecológica, do que considerar os humanos como
participantes dos ecossistemas”, analisa o artigo.
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Conhecimento empírico
Os pesquisadores ainda apontam ações e práticas
indígenas que podem ser somadas às pesquisas científicas, como, por exemplo, a
influência do movimento das constelações e dos ciclos da Terra na produção de
alimentos.
“Os indígenas são especialistas em astronomia, porque
tinham a compreensão desse movimento, dessa dinâmica das constelações que
influenciavam também os ciclos de vida neste patamar terrestre, onde estamos
vivendo. A floração das árvores, o crescimento e amadurecimento das frutas, das
coletas, que proporcionam festas rituais”, cita Justino Sarmento.
Para Carolina Levis, uma das principais conclusões para
a eficiência da conservação do bioma é a inclusão respeitosa de líderes e
especialistas indígenas em processos de investigação e tomada de decisão.
“Essa abertura passa pelo respeito à forma como esse
conhecimento é produzido. A gente fala que os especialistas indígenas, de
alguma forma, são fundamentais, porque são eles que, há muito tempo, têm
manejado essa grande dimensão do cuidado com a Terra”.
Fonte: Envolverde
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