sábado, 21 de dezembro de 2024

Em livro-bomba, Luciano Bivar denuncia traição de Rueda e esquema pesado de corrupção no União Brasil

O empresário e deputado federal Luciano Bivar (União Brasil-PE), fundador do Partido Social Liberal (PSL) e ex-presidente do União Brasil, lançou neste mês o livro “Democracia acima de tudo”, onde relata sua aliança e seu rompimento com o ex-presidente Jair Bolsonaro e faz denúncias severas sobre traições internas e um grande esquema de corrupção que envolve figuras de destaque no partido. As alegações de Bivar ganham ainda mais relevância à luz da recente ação da Polícia Federal (PF) contra o empresário José Marcos Moura, conhecido como o “Rei do Lixo”, apontando para um mega esquema de corrupção que pode implodir o próprio União Brasil.

No último capítulo, intitulado “A traição aos ideais partidários ainda é um dos males de nossa cultura”, Bivar deixa claro que foi traído por Antônio Rueda, atual presidente do União Brasil, e expõe a desilusão com a liderança do partido após a fusão do PSL com o Democratas, que resultou na criação do União Brasil. “Presidi eu o maior partido independente do Congresso Nacional, com nossas linhas próprias nos campos econômico, social e moral. Mal sabia eu que a metástase tirânica estaria incrustada em nosso próprio partido, através do fisiologismo obscuro e deplorável – o pior de todos os males, porque corrompe e distorce a verdade. Isso atinge, permeia pessoas: indivíduos que coordenam e dirigem instituições, inclusive as político-partidárias, confundem as ideias, enganam os incautos e professam o caos”, escreveu.

Bivar detalha como Antônio Rueda, seu ex-braço-direito, assumiu o comando do União Brasil após um golpe interno que teria sido orquestrado por figuras como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o senador Davi Alcolumbre, cotado para presidir o Senado, e o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto – todos possíveis alvos de uma delação premiada do “rei do lixo”. 

Segundo Bivar, esses líderes formaram uma aliança para destituí-lo do cargo. Um dos objetivos seria extorquir o orçamento público por meio do esquema das emendas parlamentares que agora está vindo a público. “A Câmara dos Deputados, através do seu presidente, defende a Casa como instituição, enquanto o grupelho se junta por mero oportunismo, objetivando extorquir o orçamento público", aponta Bivar.

No livro, ele também lamenta não ter sido capaz de frear a traição de Rueda, cujo nome não é citado por Bivar na obra. “Diante de tudo isso, penitencio-me pela miopia de ter rechaçado as denúncias de pessoas amigas e os fatos que, durante tantos anos, acusavam-no de ser um alpinista social, despido de qualquer valor moral. O que é pior: eu insistia em não acreditar”, escreve. “Com a traição dentro de um partido que nós todos criamos, que a ressonância desta reflexão chegue a tempo àqueles que detêm o discernimento e a coragem de enfrentar a hiena interesseira e fisiológica.”

Ontem, no Brasil 247, o jornalista Joaquim de Carvalho destacou algumas declarações de Bivar, que falou diretamente de Miami, na Flórida, onde passa férias com a família. “Essa milícia do Rio de Janeiro é trombadinha perto do que políticos da cúpula do partido fazem”, afirmou. “Acho que não houve um esquema de corrupção tão grande quanto este do União Brasil”

A Operação Overclean da Polícia Federal investiga contratos de recolhimento de lixo em estados como Amapá, Bahia, Tocantins, Rio de Janeiro e Goiás, que estão envolvidos em superfaturamentos e práticas criminosas. No relatório da PF, o Estado de Amapá, de Davi Alcolumbre, é mencionado dez vezes no contexto de contratos suspeitos, assim como Bahia e Goiás, estados de ACM Neto e Ronaldo Caiado. A publicação de “Democracia acima de tudo” ocorre em um momento crítico para o cenário político brasileiro, onde as denúncias de Bivar e as ações da PF podem ter consequências significativas para o futuro do União Brasil e suas próximas etapas eleitorais. Uma das possibilidades é uma delação premiada do “rei do lixo", que poderia praticamente implodir o partido.

¨      Bivar diz que Rei do Lixo é parte do esquema de corrupção que envolve Caiado, Alcolumbre e ACM Neto

O ex-presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, disse que o escândalo em torno dos contratos celebrados pelo chamado Rei do Lixo com prefeituras deve revelar um mega esquema de corrupção, de proporções nunca vistas no Brasil.

“Essa milícia do Rio de Janeiro é trombadinha perto do que políticos da cúpula do partido fazem ”, disse ele ao Brasil 247, diretamente de Miami, Flórida, para onde viajou com a família.

“Acho que não houve um esquema de corrupção tão grande quanto este do União Brasil”, acrescentou Bivar. Ele conhece bem os personagens dessa trama descoberta pela Polícia Federal, na Operação Overclean.

Bivar foi presidente do União Brasil até que sofreu um golpe interno do partido, que teve como beneficiário Antônio Rueda, seu ex-braço direito, mas que teria sido arquitetado pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o senador Davi Alcolumbre e o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto.

Os três são justamente os suspeitos de serem os pilares políticos do empresário José Marcos Moura, o “Rei do Lixo”, integrante do Diretório Nacional do União Brasil. No relatório da Polícia Federal, o Amapá, Estado de Davi Alcolumbre, é citado dez vezes, no contexto de contratos de recolhimento de lixo superfaturados.

Bahia e Goiás, Estados de ACM Neto e Ronaldo Caiado, também aparecem no relatório.

“Após a instauração do inquérito policial e o deferimento de medidas de afastamento de sigilo telefônico, telemático, fiscal, bancário e de captação ambiental, decretadas no interesse das apurações empreendidas no âmbito do IPL n. 2023.01059 – SR/PF/BA (1007020-14.2024.4.01.3300), foram colhidos elementos importantes de materialidade e autoria de práticas criminosas acima listadas, com abrangência em outros municípios do Estado da Bahia, do Tocantins, Amapá Rio de Janeiro e Goiás”, destaca a investigação da PF.

No livro que acaba de publicar, “Democracia Acima de Tudo”, Bivar conta que seu afastamento da presidência do União Brasil ocorreu em razão da recusa em apoiar a candidatura de Jair Bolsonaro à reeleição, o que o colocou na linha de tiro de figuras importantes do partido, entre os quais Caiado, Davi Alcolumbre e ACM Neto.

Publicamente, eles faziam jogo dúbio, mas, internamente, não queriam a candidatura de Soraya Thronicke a presidente, para deixar espaço ao voto em Bolsonaro no primeiro turno.

Por trás desse apoio velado, estaria o mega esquema de corrupção viabilizado com o chamado orçamento secreto, que dificultava o rastreamento dos recursos enviados a prefeituras e usados para pagamento dos contratos celebrados com o Rei do Lixo.

Bivar diz que seus advogados estudam hoje entrar na Justiça para pedir a destituição de Antonio Rueda, que atuaria no contato com prefeituras em favor das empresas de recolhimento de lixo. “Por enquanto, só apareceu a ponta do iceberg”, afirmou.

¨      “Rei do Lixo”: deputado cobra punição rigorosa de envolvidos em desvio de emendas

O deputado federal General Girão (PL-RN) cobrou investigação e punição rigorosa aos envolvidos no suposto esquema operado pelo empresário Marcos Moura.

Conhecido como “Rei do Lixo“, o empresário foi preso na semana passada e solto nesta quinta-feira (19).

Durante o discurso no plenário da Câmara, Girão fez críticas à corrupção no Brasil sem citar nomes, associando o caso a outro episódio histórico. A suspeita é de um desvio na ordem de R$ 1,4 bilhão por meio de desvio de emendas e fraude de licitações.

“O rei do lixo tem um cofre. Lembram do cofre do Adhemar de Barros lá em São Paulo? É um absurdo, mais um cofre na história do Brasil que está envolvendo realmente muitas autoridades, inclusive parece que temos parlamentares aqui envolvidos também”, afirmou o deputado do PL.

Adhemar de Barros foi governador de São Paulo em duas ocasiões. Em 1969, quando ele já não governava o estado, um grupo armado roubou 2,4 milhões de dólares de um cofre em sua casa, dinheiro considerado fruto de corrupção.

Conforme apurado pela CNN, Moura guardava em um cofre uma escritura de compra e venda de um imóvel de luxo de uma empresa da filha dele para o líder do União Brasil na Câmara dos Deputados, Elmar Nascimento (BA).

O empresário Marcos Moura integra a cúpula do União e é próximo do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto. Outro nome da legenda Brasil relacionado ao caso é o do senador Davi Alcolumbre, do Amapá.

O suposto esquema de fraudes envolveria pelo menos 12 estados, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro. A Polícia Federal (PF) localizou uma planilha que detalha as operações do grupo.

¨      Doze estados aparecem em planilha do “Rei do Lixo”

Uma planilha apreendida pela Polícia Federal (PF) com o empresário Marcos Moura, conhecido como o “Rei do Lixo”, mostra que o esquema de fraude em licitações com recursos de emendas parlamentares tinha alcance nacional e chegava a pelo menos 12 estados e R$ 824,5 milhões em valores.

O estado de São Paulo aparece no topo da lista com um valor de R$ 245 milhões, seguido pelo estado do Rio de Janeiro, com R$ 89,6 milhões. A Prefeitura de São Paulo aparece com R$ 71,1 milhões e a do Rio com R$ 49,3 milhões.

Pela planilha, não é possível saber se os valores mencionados se referem a contratos assinados ou que apenas estavam no radar do grupo investigado pela PF. O esquema envolve supostas fraudes em licitações públicas e o uso de recursos das emendas parlamentares para pagar esses contratos.

Na sequência, por ordem de valores, aparecem os seguintes estados: Maranhão (R$ 39,3 milhões), Pernambuco (R$ 36 milhões), Goiás educação (R$ 35,2 milhões), Pará (R$ 34 milhões), Mato Grosso (R$ 26,1 milhões), Piauí (R$ 25,6 milhões), Paraíba (R$ 25,4 milhões), Amazonas (R$ 18,8 milhões), Tocantins (R$ 9,5 milhões) e Amapá (R$ 6,9 milhões).

Além da capital paulista e fluminense, aparecem cidades desses estados como Niterói, Caxias, Campos e São João do Meriti (RJ); e Bragança Paulista, Guarujá, São Carlos Piracicaba e São Carlos (SP).

A planilha é dividida em cinco pontos:

  1. Estado/cidades
  2. “Responsáveis”
  3. Planilha/Valor
  4. Projeto
  5. Adesão/Ata

Todas as localidades têm relação direta ou indireta com o partido União Brasil. O “Rei do Lixo” integra o diretório nacional do partido, tendo sido indicado para o posto pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto. Como a CNN mostrou, a PF vê potencial no caso de uma nova Lava Jato.

A planilha apreendida mostra esse alcance nacional do esquema, que se baseava no desvio de recursos de emendas parlamentares em Brasília. Estados e prefeituras com orçamentos grandes, como São Paulo e Rio de Janeiro, lideram a lista de valores na planilha.

“Entre os documentos apreendidos, destacou-se uma planilha encontrada em posição de destaque, que chamou a atenção da equipe de abordagem. O documento apresentava uma relação detalhada de valores, entidades, pessoas vinculadas e possíveis contratos”, diz o documento da PF.

Ela destaca que em alguns desses estados e municípios era o próprio Rei do Lixo que tratava do assunto. “Um ponto que merece atenção especial é a menção a “MM”, possivelmente referindo-se a Marcos Moura. (…) Uma análise preliminar revelou a citação a “MM”, identificando-se como referência a Marcos Moura, também mencionado como “Amigo M” em outras ocasiões, conforme detalhado na Representação anteriormente apresentada. Os contratos associados a Marcos Moura totalizam mais de R$ 200 milhões”, detalha a PF.

A planilha menciona “MM” com referência a “Amazonas”, “Estado Rio de Janeiro”, “Prefeitura Rio de Janeiro”, “Goiás Educação” e Amapá”.

Para os investigadores, “a planilha agora analisada reforça e corrobora as evidências já submetidas a este juízo, consolidando o vínculo de Moura com as atividades ilícitas investigadas”.

 

Fonte: Brasil 247/CNN Brasil

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário