sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

7 descobertas que se destacaram em 2024 pelo seu impacto na vida humana

No panorama médico e científico de 2024, a revolução da inteligência artificial prossegue com seu avanço vertiginoso.

A rápida evolução da IA fez com que muitas equipes de pesquisadores realizassem importantes descobertas em 2024 – desde o desenvolvimento de produtos farmacêuticos até aplicações para assistência médica e pesquisas ambientais.

Aqui relacionamos alguns dos avanços médicos e científicos mais significativos do ano de 2024.

As linhas do deserto de Nazca, no Peru, são um dos mistérios mais desconcertantes da humanidade.

Observadas do solo, as marcas parecem simples sulcos. Mas, vistas do espaço, os sulcos se transformam em figuras e formas misteriosas que assombram os cientistas desde sua descoberta, em 1927.

Em novembro deste ano, utilizando inteligência artificial e drones, uma equipe de arqueólogos japoneses encontrou em Nazca 303 geoglifos até então desconhecidos. Os cientistas publicaram suas conclusões sobre o enigmático propósito dos símbolos na revista científica Proceedings of the National Academy of Science.

·        A pesquisa sobre o cérebro da mosca para entender o processo de pensamento humano

Em 2024, os cientistas conseguiram criar a mais detalhada análise já produzida sobre o cérebro de um animal adulto.

Trata-se do mapa completo que identifica a posição, a forma e as conexões de cada um dos 130 mil neurônios e 50 milhões de conexões do cérebro de uma mosca.

O avanço foi descrito como "um enorme salto" para a compreensão do nosso próprio cérebro. Ele nos ajudará a entender os nossos mecanismos de pensamento.

"Quais são as conexões? Como os sinais fluem através do sistema que nos permite processar as informações para reconhecer seu rosto, que permite ouvir a minha voz e traduzir estas palavras em sinais elétricos?", destacou à BBC Gregory Jefferis, do Conselho Nacional de Pesquisas Médicas de Cambridge, no Reino Unido – um dos cientistas envolvidos no estudo.

"A cartografia do cérebro da mosca é realmente extraordinária e nos ajudará a compreender como funciona o nosso cérebro", explicou ele.

As imagens obtidas pelos cientistas mostram um belo e complexo emaranhado de cabos. Elas foram publicadas pela revista Nature.

·        Vacinas revolucionárias – 'uma verdadeira esperança' contra o câncer

Ao longo de 2024, diversos países realizaram testes clínicos das revolucionárias vacinas personalizadas baseadas em RNA mensageiro (mRNA) em seres humanos.

As vacinas fornecem instruções ao sistema imunológico para "treiná-lo" a reconhecer e destruir as células cancerosas, eliminando a doença. É a mesma tecnologia que foi usada em algumas vacinas contra a covid-19.

Os primeiros testes, dirigidos a diversos tipos de câncer, mostraram resultados alentadores.

O Reino Unido lançou este ano a chamada Plataforma de Lançamento da Vacina contra o Câncer. Ela reúne diversos testes clínicos que irão utilizar as vacinas com tecnologia mRNA.

Testes com pacientes também estão ocorrendo na Alemanha, Bélgica, Espanha e Suécia.

·        A 'façanha quase impossível de construir tipos de proteínas totalmente novos' com ajuda da IA – que valeu o Prêmio Nobel

O Prêmio Nobel de Química deste ano foi dedicado às proteínas – os componentes básicos da vida.

Estes compostos são encontrados em todas as células do corpo humano. As proteínas controlam e dirigem todas as reações químicas que, em conjunto, constituem a base da nossa existência.

O Comitê do Nobel as descreve como as "engenhosas ferramentas químicas da vida".

A melhor compreensão destas ferramentas impulsionou grandes avanços da medicina. E o que os três cientistas ganhadores do Nobel conseguiram foi decifrar o código das suas surpreendentes estruturas.

David Baker "conseguiu a façanha quase impossível de construir tipos de proteínas totalmente novos". Já Demis Hassabis e John Jumper "desenvolveram um modelo de inteligência artificial para resolver um problema que já durava 50 anos: prever as complexas estruturas das proteínas".

·        A ferramenta de IA que detecta tumores que os médicos não conseguem ver

A ferramenta de IA se chama Mia. Ela trabalha em hospitais britânicos, analisando mamografias.

O trabalho de Mia é identificar pequenos indícios de câncer de mama que passaram despercebidos durante a análise dos médicos.

Mia analisou cerca de 10 mil mamografias. A maior parte delas não mostrava sinais de câncer.

A ferramenta conseguiu identificar com sucesso as imagens que apresentavam indícios, incluindo 11 pacientes que não haviam recebido diagnóstico.

Pacientes com tumores com menos de 15 mm no momento do diagnóstico apresentam taxa de sobrevivência de 90% nos cinco anos seguintes.

Por isso, Mia foi descrita como ferramenta que reflete "o enorme potencial da IA" em diagnósticos médicos.

"Não há dúvida de que os radiologistas clínicos da vida real são essenciais e insubstituíveis, mas um radiologista clínico que utilize ferramentas de inteligência artificial será, cada vez mais, uma força formidável no atendimento aos pacientes", afirmou a presidente do Colégio de Radiologistas do Reino Unido, Katharine Halliday.

·        A descoberta de água líquida, pela primeira vez, no interior de Marte

Em Marte, existe água suficiente para formar oceanos.

Foi o que descobriram os pesquisadores, estudando os dados do módulo de aterrissagem Insight, da Nasa – um explorador robótico que aterrissou no planeta vermelho.

Extrair a água na forma de poço é pouco provável em um futuro próximo, já que ela se encontra a uma profundidade de 11,5 a 20 km embaixo da terra. Mas a descoberta ajudará a compreender o ciclo de água no planeta vermelho – o que é fundamental para entender a evolução do clima, sua superfície e seu interior.

A descoberta também poderá indicar outro objetivo para a busca real de provas de vida em Marte.

"Sem água líquida, não há vida", explica o professor Michael Manga, da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, que participou da pesquisa. "Ou seja, se houver regiões habitáveis em Marte, elas podem estar agora nas profundezas do subsolo."

·        A temperatura aumentou 1,5 ºC durante um ano inteiro pela primeira vez

Esta foi uma má notícia de 2024. Pesquisadores do serviço climático da União Europeia descobriram que, pela primeira vez, o aquecimento global superou 1,5 ºC durante todo um ano.

O limite de 1,5 ºC para o aumento da temperatura a longo prazo é considerado fundamental para ajudar a evitar os efeitos prejudiciais do aquecimento do planeta.

Nós ultrapassamos este limite ao longo de um ano inteiro, atingindo pela primeira vez um aumento das temperaturas de 1,52 ºC. Com isso, deixamos o mundo mais longe de atingir as metas definidas pelo Acordo de Paris.

"Isso está totalmente acima do aceitável", declarou à BBC o professor Bob Watson, ex-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC, na sigla em inglês).

"Vejam o que aconteceu este ano com apenas 1,5 ºC: vimos inundações, vimos secas, vimos ondas de calor e incêndios florestais em todo o mundo", destaca ele. "E estamos começando a observar queda da produtividade agrícola e problemas com a qualidade e a quantidade da água."

Mas os cientistas afirmam que, se forem tomadas medidas urgentes para reduzir as emissões de carbono, ainda é possível frear o aquecimento.

 

Fonte: BBC News

 

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