sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Por que os casos de coqueluche estão aumentando?

O número de casos de coqueluche aumentou mais de 1.000% apenas em 2024, em comparação com o ano anterior, no Brasil. A maior parte dos registros está nos estados do Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Distrito Federal, segundo dados do Ministério da Saúde. Só na capital paulista, a alta foi de 3.436% em relação a 2023, segundo boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo (SMS-SP).

Segundo a infectologista Rosana Richtmann, consultora de vacinas do Delboni, um dos principais fatores para esse aumento é a queda da cobertura vacinal. “Toda vez que temos uma redução na cobertura vacinal em uma doença com alta contagiosidade, acabamos tendo bolsões de pessoas suscetíveis [a ter a doença] e que acabaram não fazendo o reforço na vacinação”, explica.

No Brasil, a doença atinge principalmente a população branca (48%), seguida pela população parda (33%). No entanto, 15% dos casos não possuem informações sobre raça/cor.

Uma preocupação dos especialistas é em relação às gestantes, que devem receber uma dose da vacina tríplice bacteriana (DTP) a partir da 20ª semana de gestação. “Temos alguns dados mostrando que praticamente 50% das gestantes são vacinadas. Isso tem um reflexo muito grande no risco de um recém-nascido nascer sem essa proteção. A única solução para isso é o incentivo e a orientação da vacinação da gestante”, acrescenta a especialista.

Outro ponto analisado pela infectologista é o próprio curso da doença. “A coqueluche é uma doença infecciosa de alta contagiosidade que, tradicionalmente, aparece em situações de surto a cada ciclo de 5 a 8 anos. Então, como o último ciclo foi em 2014, já era de se esperar que, em algum momento, íamos ter um aumento no número de casos”, diz Richtmann.

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A especialista acrescenta, ainda, que o maior acesso a testes de diagnóstico da doença, principalmente entre a população que possui maior acesso a laboratórios privados, facilita a maior detecção de casos da doença. “Se você ver os números em São Paulo, o aumento real dos casos está relacionado a adolescentes brancos que moram em regiões nobres da cidade, ou seja, têm acesso ao diagnóstico”, explica.

Por outro lado, em uma parte da população com menor acesso aos testes, há o atraso na detecção da doença, o que aumenta o risco de transmissão e, consequentemente, leva ao aumento dos casos.

•                        Brasil também registra maior letalidade da doença

A letalidade por coqueluche é a maior desde 2019, chegando a 0,45% das notificações. Entre 2021 e 2023, o país não registrou nenhum óbito pela doença. O maior índice da doença nos últimos dez anos foi em 2014, quando a infecção matou 1,4% dos casos.

“A coqueluche, tradicionalmente, tem maior letalidade nos pequenos, nos menores de um ano de idade e nos menores de seis meses”, explica Richtmann. “Novamente, se há um atraso no diagnóstico, você atrasa o tratamento com antibióticos, fazendo com que essa criança fique muito mais vulnerável a ter um quadro mais grave da doença, principalmente se ela não tem a proteção vacinal oferecida pela imunização da mãe durante a gestação”, acrescenta.

•                        O que é coqueluche?

A coqueluche é uma infecção respiratória causa pela bactéria Bordetella pertussis. Ela causa sintomas como crises de tosse seca, além de febre, mal-estar geral, coriza e, em alguns casos, vômitos e dificuldade para respirar.

A transmissão da coqueluche ocorre, principalmente, pelo contato direto da pessoa doente com uma pessoa não vacinada por meio de gotículas eliminadas pela tosse, espiro e fala, segundo o Ministério da Saúde. Em alguns casos, o contágio pode acontecer por meio de objetos contaminados com secreções de pessoas doentes, mas é menos frequente.

O período de incubação da bactéria, ou seja, o tempo que os sintomas começam a aparecer desde o momento da infecção, é de, em média, 5 a 10 dias podendo variar de 4 a 21 dias e, raramente, até 42 dias.

O diagnóstico é feito através de testes que isolam a bactéria em material colhido na nasorofaringe, analisado pela técnica de reação em cadeia de polimerase (PCR) em tempo real. Alguns exames complementares, como hemograma e raio-x de tórax.

Entre as principais complicações causadas por casos graves de coqueluche estão infecção de ouvido, pneumonia, parada respiratória, desidratação, convulsão, lesão cerebral e, até mesmo, morte. Em crianças, principalmente as menores de seis meses, as complicações tendem a ser mais graves.

•                        Vacinação é a principal forma de prevenção da coqueluche

A vacinação é o principal meio de prevenção da coqueluche. O Ministério da Saúde orienta que crianças de até seis anos, 11 meses e 29 dias sejam vacinadas contra a doença. Vacinas específicas para gestantes e profissionais da saúde que atuam em maternidades e em unidades de internação neonatal são oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Ainda segundo a pasta, uma pessoa se torna imune à doença em duas situações:

•                        Ao adquirir coqueluche (a imunidade é duradoura, mas não é permanente);

•                        Pela vacina, com mínimo de três doses com a pentavalente (DTP, que protege contra difteria, tétano e coqueluche, mais Hib e hepatite B), com um reforço aos 15 meses de idade e outra dose aos 4 anos de idade com a DTP. Gestantes devem receber a dose da vacina do tipo adulto (dTpa).

 

•                        Veja como melhorar a imunidade diante de mudanças de temperatura

As mudanças bruscas de temperatura, típicas de ondas de calor seguidas por períodos de frio, são cada vez mais comuns em várias regiões do Brasil. Esse cenário afeta diretamente a saúde, especialmente de indivíduos mais vulneráveis, como idosos, crianças e aqueles com condições respiratórias pré-existentes. Com a chegada de dias imprevisíveis, surge a dúvida: como garantir uma boa imunidade e preservar a saúde diante dessas variações extremas?

Manter o corpo adaptado a essas mudanças não é tarefa fácil. Enquanto mecanismos naturais — como suar no calor e tremer no frio — ajudam a regular a temperatura interna, oscilações abruptas podem sobrecarregar essas funções, levando a um estresse térmico que fragiliza o organismo.

Além disso, o impacto na imunidade é significativo, especialmente para quem já sofre com alergias ou doenças respiratórias. A CNN ouviu especialistas para entender melhor como o corpo reage a essas variações e quais medidas podem ser adotadas para minimizar os riscos.

<><> Como o corpo reage às oscilações térmicas

Segundo Vitor Dominato, clínico geral do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), no Rio de Janeiro, o corpo humano possui mecanismos eficazes para manter uma temperatura interna constante, mas as oscilações rápidas entre calor e frio podem enfraquecer o sistema imunológico.

“Mudanças bruscas de temperatura podem desencadear resfriados, gripes ou agravar condições respiratórias como asma e rinite”, explica.

Para pessoas que já convivem com essas condições, o impacto é ainda maior. “O ar frio e seco irrita as vias respiratórias, enquanto as mudanças de temperatura podem intensificar crises alérgicas.”

Andrea Almeida, infectologista do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), complementa que essas oscilações afetam também a pressão arterial e a frequência cardíaca, especialmente em pessoas com hipertensão e problemas cardíacos.

“Tanto no frio intenso quanto no calor, essas condições podem se desestabilizar, por isso é fundamental monitorar a pressão regularmente e seguir as orientações médicas rigorosamente.”

<><> Dicas práticas para proteger a saúde

Proteger-se das oscilações de temperatura requer uma combinação de cuidados básicos e medidas preventivas. Dominato recomenda a hidratação constante, especialmente em ambientes secos ou frios, para manter as mucosas úmidas.

“Lavar o nariz com soro fisiológico ajuda a limpar as vias nasais e prevenir irritações. Além disso, a vitamina C, encontrada em frutas cítricas ou por meio de suplementação, pode fortalecer o sistema imunológico.”

Também é importante usar roupas adequadas e de proteção das extremidades, como luvas e meias, especialmente para pacientes com problemas circulatórios.

“No frio, é essencial manter as extremidades aquecidas para evitar complicações. Além disso, a lavagem das narinas com soro é uma medida eficaz para descongestionar o nariz e eliminar o excesso de secreções, especialmente em períodos de ar seco e poluído”, diz Almeida.

<><> Complexos vitamínicos e outros suplementos

Embora a suplementação vitamínica possa ser benéfica em casos de deficiência nutricional, os especialistas alertam que o uso indiscriminado de vitaminas não previne ou cura doenças relacionadas às oscilações de temperatura.

“Suplementos devem ser utilizados apenas sob orientação médica, conforme a necessidade específica de cada indivíduo”, diz a infectologista.

Além disso, o consumo de mel também pode trazer benefícios para a saúde respiratória, ajudando a reduzir sintomas como tosse e irritação na garganta.

“O mel possui propriedades antioxidantes e pode atuar como um expectorante natural, facilitando a eliminação do muco. No entanto, é importante consumi-lo com moderação e sempre buscar orientação médica em casos de alergias ou problemas mais graves”, diz Dominato.

<><> A importância dos bons hábitos

Ambos os especialistas concordam que a prevenção é a melhor estratégia. Manter uma dieta equilibrada, rica em vitaminas e minerais, praticar exercícios físicos regularmente e garantir boas noites de sono são fundamentais para fortalecer o sistema imunológico.

“Evitar o estresse também é crucial, pois altos níveis de estresse podem enfraquecer a imunidade. Técnicas de relaxamento, como meditação e yoga, podem ser grandes aliadas”, destaca Dominato.

Com essas orientações, é possível atravessar as mudanças de temperatura com mais segurança e menor risco à saúde, mantendo o corpo preparado para enfrentar as oscilações climáticas que ocorrem rapidamente.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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