sexta-feira, 8 de novembro de 2024

'Não descarto que Trump busque com Maduro algo parecido ao que fez com Kim Jong-un: um giro de 180 graus'

Com o retorno de Donald Trump à Casa Branca assegurado, a América Latina aguarda uma nova e brusca reviravolta em suas relações com os Estados Unidos.

A vitória eleitoral de Trump na terça-feira representa "um grande choque" para a região, aponta Michael Shifter, um renomado especialista que presidiu o Diálogo Interamericano, um centro de pesquisas com sede em Washington.

Shifter prevê em uma entrevista à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC, que o segundo governo de Trump será mais radical que o primeiro e terá o México como foco da atenção regional.

Mas ele acredita que a onda de choque causada pela mudança de poder nos EUA poderá ser sentida mais ao sul do continente e talvez abra uma abordagem totalmente nova de Trump em relação ao governo socialista de Nicolás Maduro na Venezuela.

"Não descarto que ele possa mudar seu enfoque sobre a Venezuela, buscando acomodar o regime de Maduro e talvez alcançar um acordo sobre o tema da imigração", diz o professor de estudos latino-americanos na Universidade de Georgetown.

<><> Leia a entrevista:

·        O que significa para a América Latina este novo triunfo eleitoral de Trump?

Shifter - É um grande choque para a América Latina. A região já experimentou esse choque por quatro anos e se lembra do que isso significa.

E parece que [Trump] está se preparando para uma nova versão de um mandato que seria muito mais radical e extremista que o primeiro, especialmente em temas relacionados à migração, ao comércio, à China e às drogas.

Em todos esses temas, o que Trump utiliza, ao contrário do governo Biden e do que Kamala Harris faria, são ameaças e punições.

Esses são seus instrumentos preferidos de política externa.

Então, acredito que muitas partes da América Latina podem estar esperando que Trump se concentre em outras partes do mundo e se esqueça da região.

Talvez isso fosse o melhor, mas, obviamente, suas políticas, principalmente nos temas migratórios, comerciais e em relação à China, afetariam a região, como vimos em seus primeiros quatro anos, que foram muito mais moderados do que os que estão por vir.

·        Você diz isso pelas promessas que ele fez ou pelo time que você espera que assuma a política dos EUA para a região?

Shifter - Ambos. Lembremos que, há oito anos, quando Trump ganhou a presidência, ameaçou deportar milhões de imigrantes indocumentados. Era o que ele queria fazer. No entanto, teve assessores que lhe disseram que isso não era viável nem prático. E ele não fez.

Desta vez, ele disse que vai se cercar de assessores que facilitem e incentivem seus impulsos, suas ideias, e que não terá esses obstáculos para executar sua agenda.

Então, acredito que suas propostas serão mais radicais e que seus assessores serão mais leais e não dirão: “Senhor presidente, o senhor não pode fazer isso”.

Ele mesmo afirmou que seu erro fundamental no primeiro mandato foi escolher assessores que faziam parte do "establishment" [uma elite política, financeira e social] e que não o deixaram fazer o que queria.

·        O México é o país latino-americano mais próximo dos EUA. Será também o que mais sentirá essa mudança política em Washington?

Shifter - Sem dúvida, o México será o foco da atenção de Donald Trump e sua administração na América Latina.

É o país que reúne todos os temas importantes para ele, começando pela imigração, além de questões como o fentanil, comércio e China, que tem uma presença recente no México.

Não acredito que Trump vá dedicar muito tempo à América do Sul, mas o México certamente será o centro de sua atenção. Podemos esperar uma relação bastante difícil e complicada com a presidente do México, Claudia Sheinbaum.

·        Trump disse que pode impor tarifas sobre as importações vindas do México caso o país não corte a passagem de imigrantes sem documentos, que ele chama de “criminosos”, para os EUA. Ele também indicou que buscará deportar milhões de imigrantes indocumentados e que poderá restabelecer o programa “Permanecer no México”, que exige que os solicitantes de asilo aguardem lá enquanto seus casos são processados. Isso tudo é uma possibilidade real ou são meras ameaças?

Shifter - Lembremos que sua principal mensagem em 2016 foi construir um “belo muro” na fronteira entre o México e os EUA, e que os mexicanos pagariam por ele.

Claro, eles nunca pagaram pelo muro, que foi construído apenas parcialmente.

Mas foi algo simbólico: ele enviou uma mensagem ao México e à sua base política de que cumpre suas promessas.

Acredito que algo semelhante acontecerá com as deportações. Obviamente, deportar 10 milhões de indocumentados dos EUA, dos quais cerca de metade são mexicanos, não é viável. Isso paralisaria a economia americana.

E acho que Trump não fará isso, pois a força de trabalho em setores importantes inclui muitos imigrantes indocumentados.

Mas também descarto que sejam apenas ameaças vazias e que ele não vá fazer nada, pois precisa mostrar algum resultado.

Tenho a impressão de que fará algo simbólico para satisfazer sua base e enviar uma mensagem ao México e ao restante da América Latina de que é sério em relação a essa ideia.

·        Que impacto isso poderia ter na relação bilateral, por exemplo, na cooperação de segurança com o México?

Shifter - Acredito que isso geraria uma reação muito forte e pode aumentar tensões que afetariam outras áreas, como comércio e segurança.

Isso geraria um ambiente muito conflituoso. Nunca é fácil a relação com o México. Não tem sido fácil sob a administração Biden, mas poderia ser ainda pior.

·        Você acha que os efeitos de um endurecimento da política migratória dos EUA e de uma eventual deportação em massa de imigrantes sob um novo governo Trump poderiam ser sentidos também na América Central e no restante da região?

Shifter - Principalmente no México e na América Central. No restante da região, menos.

Mas lembro que, na primeira administração de Trump, quando ele fez todas aquelas ameaças de construir um muro na fronteira, havia pessoas muito influentes no Chile, na Argentina ou no Uruguai que viam isso como uma ofensa a toda a América Latina.

Então, mesmo que, na prática, não estejam deportando imigrantes para o Uruguai, isso geraria uma certa solidariedade latino-americana com o México e a América Central, que seriam os principais alvos dessa política.

·        Muitos se perguntam qual será a estratégia do próximo governo Trump em relação à Venezuela, depois que, em seu primeiro mandato, ele tentou sem sucesso ignorar o presidente Nicolás Maduro ao reconhecer seu opositor Juan Guaidó como presidente legítimo. Você tem alguma pista?

Shifter - Obviamente, Trump terá que lidar com a Venezuela. Sua política no primeiro mandato fracassou: ele apostou em Guaidó, o que não deu certo, e Maduro saiu fortalecido.

Talvez Trump não tenha interesse em repetir o que não deu certo no primeiro mandato, mantendo uma posição muito dura de que “todas as opções estão sobre a mesa” e implementando sanções econômicas que fracassaram.

Certamente, estudará outras possibilidades.

Então, não descarto que ele possa dar um giro de 180 graus e decidir mudar seu enfoque sobre a Venezuela, buscando acomodar o regime de Maduro e talvez alcançar um acordo, principalmente sobre o tema migratório, que é de seu interesse.

E também facilitar oportunidades para seus aliados fazerem negócios na Venezuela e ganharem muito dinheiro. Essas possibilidades existem.

A frase que todos dizem é que "Trump gosta de homens fortes".

Isso faz certo sentido, mas Maduro sempre foi uma exceção: ele não foi bem-visto por Trump em seu primeiro mandato, muito pelo contrário. Acredito que a explicação esteja no fato de que ele precisava do apoio dos exilados cubanos, venezuelanos, nicaraguenses e outros na Flórida, que continuam a apoiar Trump.

Mas estamos em outro momento. Trump não pode fazer outra campanha presidencial. A Flórida já é muito republicana, e acredito que outros fatores tenham mais peso hoje.

No primeiro mandato, Trump fez um gesto de aproximação com Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte. Não descarto a possibilidade de que ele busque algo parecido com Nicolás Maduro.

Não é minha previsão, mas vale a pena considerar. Imagino que os assessores de Trump estão estudando essa possibilidade. Ouvi de alguns colegas venezuelanos que, em conversas de campanha, isso era algo que pelo menos estava sobre a mesa.

·        E o que poderia acontecer com a política dos EUA em relação a Cuba?

Shifter - Com Cuba, não existem os mesmos incentivos que no caso da Venezuela. A política já é bastante dura, e não acredito que ele tentará algo militar.

Por isso, espero que o status quo se mantenha: a política de Biden não diferiu muito da que Trump deixou em 2020. Não espero grandes mudanças na política em relação a Cuba.

·        Outros presidentes de esquerda na América Latina, como o brasileiro Lula ou o colombiano Gustavo Petro, mantiveram diálogo com o governo Biden e buscaram, por exemplo, mediar a crise na Venezuela, ainda que sem sucesso. A relação deles com os EUA mudará sob o mandato de Trump?

Shifter - Também não acredito que haverá grandes mudanças, nem que Trump vá dar muita atenção a eles.

O único fator que pode complicar a situação entre Trump e Lula é a proximidade de Trump e sua família com a família Bolsonaro, que foi o grande adversário de Lula. Isso pode aumentar a distância e a desconfiança entre eles, mas não significa que romperão relações ou algo dramático assim.

·        Alguns presidentes da região, como o salvadorenho Nayib Bukele e o argentino Javier Milei, se aproximaram recentemente de Trump, participaram de eventos conservadores ao seu lado e se apressaram em parabenizá-lo por sua vitória eleitoral. Você espera mais cooperação entre uma Casa Branca de Trump e os governos deles?

Shifter - Não acredito que, na prática, haverá muita cooperação.

Lembremos que, quando Trump era presidente, houve dois anos de coincidência com a presidência de Bolsonaro. E não se pode dizer que, na prática, houve grandes benefícios substanciais para o Brasil.

Acredito que isso está mais no plano diplomático, simbólico, em alguns abraços calorosos e conferências internacionais. Mas sou um pouco cético de que se traduzirá em favores que impliquem compromissos de recursos.

·        Na Argentina, alguns especulam que o governo de Trump poderia dar um apoio mais decisivo aos planos econômicos de Milei junto aos organismos financeiros internacionais…

Shifter - Tenho minhas dúvidas se isso realmente pode acontecer. Talvez seja uma expectativa ou esperança sem muita base prática.

A cooperação do FMI [Fundo Monetário Internacional] com a Argentina está relacionada a mudanças que o próprio país precisa implementar. Não vejo Trump "salvando" a Argentina ou concedendo favores especiais no âmbito do FMI.

 

¨      3 mudanças no mundo com vitória de Trump

retorno de Donald Trump à Casa Branca deve reformular a política externa dos Estados Unidos, prometendo mudanças potencialmente radicais em várias frentes, à medida que a guerra e a incerteza tomam conta de algumas partes do mundo.

Durante a campanha, Trump fez promessas políticas amplas, muitas vezes sem fornecer detalhes específicos, com base em princípios de não intervencionismo e protecionismo comercial — ou, como ele diz, "America First" ("Estados Unidos em primeiro lugar").

Sua vitória indica uma das mais significativas interrupções em potencial na abordagem de Washington no que se refere às relações exteriores, em meio a crises paralelas, em muitos anos.

A seguir, listamos algumas de suas prováveis condutas em três diferentes áreas, com base em seus comentários na campanha e no seu histórico na presidência de 2017 a 2021.

<><> Rússia, Ucrânia e Otan

Durante a campanha, Trump disse várias vezes que poderia acabar com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia "em um dia". Quando questionado como, ele sugeriu supervisionar um acordo, mas se recusou a dar detalhes.

Um artigo de pesquisa escrito por dois dos ex-chefes de segurança nacional de Trump, em maio, dizia que os EUA deveriam continuar fornecendo armas à Ucrânia, mas condicionar o apoio à entrada de Kiev em negociações de paz com a Rússia.

Para convencer a Rússia, o Ocidente prometeria adiar a tão desejada adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Os ex-conselheiros disseram que a Ucrânia não deveria perder a esperança de recuperar todo o seu território da ocupação russa, mas que deveria negociar com base nas linhas de frente de combate atuais.

Os opositores democratas de Trump, que o acusam de ser amistoso com o presidente russo, Vladimir Putin, dizem que sua abordagem equivale à rendição da Ucrânia — e vai colocar em risco toda a Europa.

Ele tem afirmado consistentemente que a sua prioridade é acabar com a guerra, e conter o desperdício de recursos dos Estados Unidos.

Não está claro até que ponto o artigo dos ex-conselheiros representa o pensamento do próprio Trump, mas é provável que nos dê uma pista sobre o tipo de conselho que ele vai receber.

Sua abordagem "America First" para acabar com a guerra também se estende à questão estratégica do futuro da Otan, a aliança militar transatlântica "um por todos, e todos por um", criada após a Segunda Guerra Mundial, originalmente como um bastião contra a União Soviética.

Atualmente, a Otan conta com mais de 30 países, e Trump é há muito tempo um cético em relação à aliança, acusando a Europa de estar se aproveitando da promessa de proteção dos Estados Unidos.

Se ele realmente retiraria o país da Otan, o que sinalizaria a mudança mais significativa nas relações de defesa transatlânticas em quase um século, continua sendo alvo de debate.

Alguns de seus aliados sugerem que sua postura linha dura é apenas uma tática de negociação para fazer com que os membros da aliança cumpram as diretrizes de gastos com defesa.

Mas a realidade é que os líderes da Otan devem estar seriamente preocupados com o que sua vitória significa para o futuro da aliança — e como seu efeito dissuasor é percebido por líderes hostis.

<><> Oriente Médio

Assim como no caso da Ucrânia, Trump prometeu levar a "paz" ao Oriente Médio — dando a entender que acabaria com a guerra entre Israel e o Hamas em Gaza, e entre Israel e o Hezbollah no Líbano, mas não disse como.

Ele tem afirmado repetidamente que, se ele estivesse no poder em vez de Joe Biden, o Hamas não teria atacado Israel devido à sua política de "pressão máxima" sobre o Irã, que financia o grupo.

Em linhas gerais, é provável que Trump tente retomar a política que levou seu governo a retirar os EUA do acordo nuclear com o Irã, aplicar mais sanções contra o país, e matar o general Qasem Soleimani — o comandante militar mais poderoso do Irã.

Na Casa Branca, Trump adotou políticas fortemente pró-Israel, reconhecendo Jerusalém como a capital de Israel, e transferindo a embaixada dos EUA de Tel Aviv para lá — uma medida que revigorou a base cristã evangélica de Trump —, um núcleo central de eleitores republicanos.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, chamou Trump de "o melhor amigo que Israel já teve na Casa Branca".

Mas os críticos argumentam que sua política teve um efeito desestabilizador na região.

Os palestinos boicotaram o governo Trump, devido ao abandono de Washington de sua reivindicação de Jerusalém — a cidade que constitui o centro histórico da vida nacional e religiosa dos palestinos.

Eles ficaram ainda mais isolados quando Trump intermediou os chamados "Acordos de Abraão", que estabeleceram um acordo histórico para normalizar as relações diplomáticas entre Israel e vários países árabes e muçulmanos.

Isso foi feito sem que Israel tivesse que aceitar um futuro Estado palestino independente ao seu lado — a chamada solução de dois Estados —, que anteriormente era uma condição dos países árabes para esse acordo regional.

Em vez disso, os países envolvidos receberam acesso a armas avançadas dos EUA, em troca do reconhecimento de Israel.

Os palestinos foram deixados em um dos momentos mais isolados de sua história pela única potência que pode realmente exercer influência sobre os dois lados do conflito, o que reduziu ainda mais sua capacidade de se proteger na região.

Trump fez várias declarações durante a campanha dizendo que quer que a guerra de Gaza termine.

Ele tem um relacionamento complexo e, às vezes, disfuncional com Netanyahu, mas certamente tem a capacidade de exercer pressão sobre ele.

Também tem um histórico de relações fortes com líderes dos principais países árabes que têm contato com o Hamas.

Não está claro como ele lidaria com seu desejo de demonstrar um forte apoio à liderança israelense e, ao mesmo tempo, tentar encerrar a guerra.

Os aliados de Trump muitas vezes retrataram sua imprevisibilidade como um trunfo diplomático, mas no Oriente Médio, altamente disputado e volátil, em meio a uma crise já de proporções históricas, está longe de ser claro como isso aconteceria.

Trump vai ter que decidir como — ou se vai — levar adiante o processo diplomático estagnado lançado pelo governo Biden para obter um cessar-fogo em Gaza em troca da libertação dos reféns mantidos pelo Hamas.

<><> Comércio com a China

A abordagem dos Estados Unidos em relação à China é a área mais importante do ponto de vista estratégico da política externa — e a que tem as maiores implicações para a segurança e o comércio globais.

Quando estava no cargo, Trump rotulou a China como "concorrente estratégico", e impôs tarifas sobre algumas importações chinesas para os EUA. Isso levou à imposição de tarifas por parte de Pequim, em retaliação, sobre importações americanas.

Houve tentativas de apaziguar a disputa comercial, mas a pandemia de covid-19 acabou com essa possibilidade, e as relações entre os dois países pioraram quando o ex-presidente rotulou o coronavírus como um "vírus chinês".

Embora o governo Biden tenha afirmado adotar uma abordagem mais responsável em relação à política da China, ele, na verdade, manteve em vigor muitas das tarifas de importação da era Trump.

A política comercial se tornou intimamente ligada à percepção do eleitorado nos EUA em relação à proteção dos empregos no setor de manufatura americano — embora grande parte do declínio de longo prazo nos empregos em setores tradicionais dos EUA, como a siderurgia, tenha sido causado tanto pela automação e mudanças na produção nas fábricas quanto pela concorrência global e pelo chamado offshoring (levar fábricas para outros países para reduzir custos).

Trump elogiou o presidente chinês, Xi Jinping, classificando-o como "brilhante” e "perigoso", e como um líder altamente eficaz que controla 1,4 bilhão de pessoas com um "punho de ferro" — parte do que a oposição caracteriza como a admiração de Trump por "ditadores".

Parece provável que o ex-presidente se afaste da abordagem do governo Biden de criar parcerias de segurança mais fortes dos EUA com outros países regionais em uma tentativa de conter a China.

Os EUA mantiveram a assistência militar para Taiwan, que a China vê como uma província separatista que, um dia, vai acabar ficando sob o controle de Pequim.

Trump disse em outubro que, se voltasse à Casa Branca, não precisaria usar força militar para impedir um eventual bloqueio chinês a Taiwan porque o presidente Xi sabia que ele era "louco", e que imporia tarifas paralisantes sobre as importações chinesas se isso acontecesse.

 

Fonte: BBC News Mundo

 

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