segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Melania Trump: a enigmática primeira-dama pode ter papel diferente no novo governo Trump?

Um dia após a grande vitória eleitoral de seu marido, Melania Trump usou as redes sociais para se dirigir à nação.

"A maioria dos americanos confiou a nós essa importante responsabilidade", escreveu Melania.

"Vamos proteger o coração da República – a liberdade", disse ela, e pediu aos americanos que superem as diferenças ideológicas em nome do país.

Foi uma mensagem breve, mas que sugere uma mudança em como a ex-primeira-dama encarnará seu papel desta vez.

Quando Donald Trump assumiu sua primeira presidência em 2016, sua esposa inicialmente ficou ausente da Casa Branca, permanecendo em Nova York com o filho pequeno do casal. Ela parecia relutante, em alguns momentos, com as tradições estabelecidas por primeiras-damas que a antecederam.

Mas especialistas dizem que, desta vez, Melania provavelmente será mais deliberada em sua abordagem para o papel amplamente indefinido de primeira-dama dos EUA.

Nascida Melanija Knavs, a ex-modelo eslovena-americana, hoje com 54 anos, trocou a vida glamourosa entre as paredes douradas da Trump Tower, em Manhattan, pela clausura da vida política que veio com o Salão Oval, durante uma presidência frequentemente cercada de controvérsias.

Descrita por alguns como uma "enigma", Melania preferiu ter uma atuação menos pública do que suas antecessoras, fazendo menos discursos tanto na Casa Branca quanto na campanha.

"Ela foi única entre as primeiras-damas modernas", diz Tammy Vigil, professora associada de comunicação na Universidade de Boston e autora de um livro sobre Michelle Obama e Melania Trump.

"Ela faz as coisas do jeito que quer fazer, e não do jeito que tem que fazer. Mas ela cumpre as expectativas básicas."

Nos últimos anos, ela evitou os holofotes enquanto seu marido enfrentava vários processos judiciais e fazia campanha por um segundo mandato.

Sua ausência inspirou várias reportagens questionando: "Onde está Melania?"

Melania marcou presença em ocasiões importantes, como o anúncio da candidatura de Trump, em 2022.

Ela também compareceu à Convenção Nacional Republicana em julho, usando um terno vermelho da Christian Dior, mas não fez um discurso – outra quebra das tradições.

Quando fala, suas palavras parecem cuidadosamente escolhidas, dando pistas do seu ponto de vista.

Em um comício no Madison Square Garden, poucas semanas antes do dia das eleições, ela fez comentários breves e diretos alinhados com a mensagem de lei e ordem da campanha de Trump, descrevendo Nova York como uma "grande metrópole" em declínio devido ao crime desenfreado.

Ela também falou após a primeira tentativa de assassinato contra seu marido, pedindo união e chamando o agressor de "monstro".

Em uma rara entrevista à Fox, ela depois acusou os adversários políticos e a imprensa de "alimentar uma atmosfera tóxica" que levou ao ataque.

Em seu recente livro de memórias, Melania declarou sua posição a favor do direito ao aborto, o que a diferencia dos ativistas antiaborto dentro do Partido Republicano – embora a declaração tenha levantado especulações devido ao momento em que foi feita, quando seu marido enfrentava dificuldade para abordar o tema após a anulação da decisão Roe vs. Wade, que garantia o direito ao aborto nos EUA.

Melania escreveu sobre sua carreira de modelo, sua admiração pelo marido e suas discordâncias políticas passadas, mas optou por manter detalhes dessas divergências em privado.

Ela, no entanto, apoiou publicamente Trump em posições controversas, como a falsa alegação de que a eleição de 2020 teria sido fraudada.

"Não sou a única pessoa que questiona os resultados", escreveu ela em seu livro.

Sobre a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021, escreveu que "não estava ciente" do que estava acontecendo porque estava ocupada com seus deveres.

Sua ex-secretária de imprensa, Stephanie Grisham, escreveu em seu próprio livro de memórias que Melania se recusou a emitir uma declaração condenando a violência, o que levou Grisham a pedir demissão.

Alguns comentaristas questionam se ela gostava de ser primeira-dama.

Uma de suas biógrafas, a ex-repórter da CNN Kate Bennett, afirma que ela gostava, apesar da relutância inicial.

"Ela gostava de todos os acessórios que vêm com ser primeira-dama e morar na Casa Branca", disse Bennett à revista People em 2021. "Acho que ela realmente gostava disso."

Em suas memórias, Melania escreveu que tem um "forte senso de dever em usar a plataforma de primeira-dama para o bem".

E ela disse em uma entrevista de 1999 que, se seu então namorado Trump se candidatasse à presidência, usaria ex-primeiras-damas como Jacqueline Kennedy e Betty Ford como modelos, chamando-as de "muito tradicionais".

Após se mudar para Washington, Melania começou a assumir funções de primeira-dama, como organizar almoços e jantares de Estado para líderes mundiais visitantes. Ela também se concentrou na estética da Casa Branca, encomendando reformas e supervisionando decorações de Natal ambiciosas (e foi uma vez gravada em segredo reclamando dessa última tarefa).

Suas roupas chamaram a atenção e geraram polêmicas, especialmente quando foi vista com um casaco que dizia "Eu realmente não me importo, e você?", durante uma visita a um centro de detenção infantil de imigrantes em 2018.

Ela disse que o casaco era uma mensagem para "as pessoas e a imprensa de esquerda" que a criticavam.

Melania voltou a ser criticada depois de ser gravada em segredo por uma ex-amiga e assessora. Ela foi ouvida expressando frustração por ser criticada pela política de Trump de separação de crianças migrantes de suas famílias.

Ela revelou posteriormente que havia sido pega de surpresa pela política e disse a Trump em particular que não a apoiava. A política foi suspensa em junho de 2018 após uma onda de críticas.

A professora Tammy Vigil, da Universidade de Boston, afirma que um dos maiores desafios que Melania enfrentou em seu primeiro mandato foi sua inexperiência política, além da rotatividade de funcionários igualmente inexperientes e às vezes desleais.

Mas Melania continuou discretamente ocupada, segundo Vigil, defendendo causas como o bem-estar infantil por meio de sua campanha Be Best contra o bullying online.

Ela foi forçada a defender a campanha, diante do uso agressivo de redes sociais do próprio marido, e disse à CBS em 2016 que a forma como ele se comportava online causava problemas – e aumentava seu número de seguidores.

Ela também defendeu as crianças afetadas pela crise dos opioides e, desde então, criou uma fundação que arrecada fundos educacionais para crianças em lares adotivos.

Muitos esperam que esse trabalho continue quando ela voltar a Washington, embora ainda não se saiba se ela irá morar lá em tempo integral.

Vigil afirma que o papel de primeira-dama evoluiu ao longo dos anos e que Melania "vai escolher o quanto quer ser ativa em público".

"E acho que ela fará isso de forma mais intencional."

 

¨      'Islamofóbica' e banida do facebook: quem é a influencer que viajou com Trump na campanha

Ao longo da campanha eleitoral de Donald Trump, começou a chamar a atenção da imprensa norte-americana a presença constante de uma jovem mulher que não só participava de comícios como viajava no avião de Trump junto do republicano.

Trata-se de Laura Loomer, uma influenciadora da extrema direita que compartilha teorias da conspiração e notícias falsas e foi considerada uma das principais conselheiras de Trump ao longo da corrida para a Casa Branca.

Loomer, de 31 anos, viajou no avião particular de Trump, de 78 anos, para atos de campanha em todo o país. A influenciadora estava ao lado dele na noite do debate em que o republicano enfrentou a democrata Kamala Harris, na Pensilvânia. E também acompanhava Trump na manhã seguinte na cerimônia pelos 23 anos dos atentados do 11 de setembro — que ela já afirmou ter sido uma armação.

Ao longo do ano, a presença frequente de Loomer nas viagens de campanha, apesar de não integrar oficialmente a equipe de Trump, fez com que ela fosse apontada como amante do republicano.

A esposa de Trump, Melania, se ausentou durante toda a campanha e só apareceu no comício final de Trump.

Nascida no Arizona, Loomer diz ser jornalista investigativa e já trabalhou para canais políticos de grupos de direita. Em 2020 e 2022, ela chegou a concorrer ao Congresso dos Estados Unidos com o apoio de Trump, mas perdeu a disputa.

Em uma entrevista durante um ato de campanha, Trump disse que Loomer era apenas "uma apoiadora". Mas se atrapalhou ao esclarecer o papel da influenciadora em sua equipe.

"Ela é uma apoiadora minha, fala muito bem sobre a minha campanha. Não entendo por que você fez essa pergunta, não sei a que você se refere. Eu não a controlo. Laura faz o que quiser. Ela é um espírito livre. Ela é uma apoiadora minha, tenho muitos apoiadores", disse, quando questionado por uma repórter sobre preocupações de republicanos com a aproximação entre o republicano e a influenciadora.

A preocupação entre os republicanos foi despertada por conta dos posicionamentos radicais de Loomer, que geraram críticas até por parte de trumpistas.

A influenciadora, que já classificou a si mesma como "islamofóbica orgulhosa", compartilha constantemente teorias da conspiração em suas redes sociais — já afirmou, por exemplo, que o atentado às Torres Gêmeas de Nova York foi provocado pelo Pentágono.

Também faz postagens com comentários racistas. Em uma delas, disse que, "se a Kamala Harris vencer, a Casa Branca vai cheirar a curry", em referência às raízes indianas da democrata.

Veio dela o incentivo para que Trump mencionasse o boato infundado de que imigrantes haitianos estão comendo gatos e cachorros na cidade de Springfield, em Ohio, durante o debate com Kamala, que reagiu com gargalhadas.

"Mande esses selvagens de volta", disse Loomer em uma publicação em que compartilhava o falso rumor de que os haitianos estavam comendo animais de estimação de moradores.

Loomer chegou a ser banida do Facebook, do Instagram e do X por conta de suas postagens.

Desde que foi eleito, Trump ainda não disse se a influenciadora fará parte de seu governo — ela também não era integrante oficial da campanha. Mas o republicano, que já foi acusado em processos por violência sexual — três deles estupros — e nega todos, disse que a manterá perto.

"Essa mulher é maravilhosa", disse o republicano ao chamá-la para discursar em um comício durante a campanha.

 

¨      Quem é Susie Wiles, arquiteta da vitória indicada por Trump

A primeira escolha de Donald Trump para compor sua equipe no próximo mandato, que começa em 20 de janeiro, foi a da chefe de gabinete. O presidente eleito dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira (07/11) Susie Wiles para assumir o cargo.

Ela é a primeira mulher nomeada para a função, que consiste em gerenciar a equipe da Casa Branca, organizar o tempo e a agenda do mandatário e manter contato com outros departamentos do governo e do poder. É considerado um dos cargos de maior influência sobre o presidente.

Considerada uma das principais arquitetas da vitória de Trump, Wiles foi uma das gerentes de campanha do republicano, ao lado do colega Chris LaCivita. Eles foram responsáveis por conduzir uma operação mais disciplinada para a terceira candidatura presidencial de Trump em comparação com suas campanhas anteriores.

"Se sairmos da sala depois de uma reunião e alguém deixar lixo sobre a mesa, Susie é a pessoa que vai pegar o lixo e vai jogá-lo na lata de lixo", descreveu LaCivita.

Em seu discurso após vencer a democrata Kamala Harris com grande vantagem, Trump chamou Wiles ao palco. "Susie é forte, inteligente, inovadora e é universalmente admirada e respeitada. Susie continuará a trabalhar incansavelmente para tornar os Estados Unidos grande de novo", disse o republicano. "Susie gosta de ficar nos bastidores", disse Trump, enquanto ela se posicionava na parte de trás do palco. "Nós a chamamos de 'donzela do gelo'."

Wiles tem 67 anos, é natural da Flórida, onde tem um longo histórico de atuação como estrategista política. Ela trabalhou na campanha presidencial de Ronald Reagan em 1980 e ajudou o governador republicano da Flórida, Ron DeSantis, a vencer as eleições em 2018.

Ela atuou como assessora sênior nas candidaturas de Trump de 2016 e de 2020. Ela também foi importante para limpar o nome de Trump, após a invasão do Capitólio por apoiadores do republicano em 6 de janeiro de 2021.

Durante seu primeiro mandato, de 2017 a 2021, Trump trocou quatro vezes o chefe de gabinete, que lutava para controlar o presidente, famoso pela indisciplina.

Trajetória na política

Filha do jogador de futebol americano e locutor esportivo Pat Summerall, Wiles começou a carreira no escritório em Washington do deputado Jack Kemp, de Nova York, nos anos 1970. Depois disso, trabalhou na campanha de Reagan e na Casa Branca, na função de planejamento.

Em seguida, Wiles foi para a Flórida, onde assessorou dois prefeitos de Jacksonville e trabalhou para a deputada Tillie Fowler. Depois, passou a se dedicar a campanhas eleitorais, sendo responsável por ajudar o empresário Rick Scott a se eleger governador do estado.

Ela dirigiu a campanha de Trump na Flórida em 2016, quando sua vitória no estado o ajudou a conquistar a Casa Branca. Em 2024, Trump também venceu no estado.

Em 2018, Wiles ajudou a eleger Ron DeSantis como governador da Flórida. Os dois, contudo, se desentenderam, e DeSantis chegou pedir que a campanha de Trump em 2020 cortasse seus laços com a estrategista.

Wiles acabou liderando a campanha primária de Trump contra DeSantis, que derrotou o governador da Flórida na escolha do candidato do partido.

Ela evita amplamente os holofotes e conseguiu ajudar Trump a controlar seus piores impulsos ao ganhar respeito do presidente eleito e mostrar que ele se saia melhor quando ouvia os conselhos dela.

Com sua escolha como chefe de gabinete, a estrategista política veterana passa de uma função de bastidores para uma posição de alto nível de conselheira do presidente.

 

O FBI e outras autoridades dos Estados Unidos estão investigando o envio de mensagens de texto com conteúdo racista para negros de todo o país, nos últimos dias. De acordo com os relatos, as mensagens afirmam que negros deveriam ser escravizados.

Segundo a Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP, na sigla em inglês), o texto informava que os negros deveriam se apresentar em uma plantação para colher algodão, em uma referência ofensiva ao tempo da escravidão nos Estados Unidos.

Pessoas em pelo menos 21 estados, como Pensilvânia e Carolina do Norte, receberam as mensagens de texto. Entre as vítimas estão estudantes do ensino médio e universitários. As informações são da imprensa norte-americana.

Algumas mensagens instruíam o destinatário a se apresentar em um endereço em um horário específico “com seus pertences,” enquanto outras não informavam local. Alguns textos mencionavam o próximo governo dos Estados Unidos, que será presidido por Donald Trump.

Tasha Dunham, moradora da Califórnia, disse que sua filha de 16 anos recebeu uma mensagem na quarta-feira (6). O texto tinha o nome da garota e orientava que ela se apresentasse em uma plantação da Carolina do Norte. O endereço indicado na mensagem era o de um museu.

“Foi muito perturbador,” disse em entrevista à Associated Press. “Todo mundo está tentando entender o que isso significa. Então, eu definitivamente senti muito medo e preocupação.”

Já o presidente da NAACP afirmou que esse tipo de ação não pode ser normalizada: “Essas mensagens representam um aumento alarmante na retórica vil e abominável de grupos racistas em todo o país".

Ainda não se sabe quem está por trás do ataque. A Comissão Federal de Comunicações (FCC) informou nesta sexta-feira (8) que está investigando os incidentes.

Já o FBI disse que está ciente das mensagens de texto ofensivas e racistas e está em contato com o Departamento de Justiça e outras autoridades federais para tratar do assunto.

A empresa TextNow afirmou que identificou uma ou mais contas em seu serviço de mensagens que enviaram textos ofensivos. Os usuários foram expulsos da plataforma pouco tempo depois do envio das mensagens.

Ainda de acordo com a empresa, os textos foram disparados para operadoras de todo o país. A TextNow também se comprometeu a colaborar com as investigações.

Violência nas eleições

Muitos membros da comunidade negra americana dizem que esperam um retrocesso nos direitos civis após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais. Durante a campanha, o republicano prometeu acabar com os programas federais de diversidade e inclusão.

As eleições deste ano registraram o maior aumento de violência política nos EUA desde a década de 1970. Os casos incluem ataques racistas a apoiadores de Kamala Harris, de acordo com casos identificados pela Reuters.

Kamala, que se tornou a primeira mulher negra a liderar uma chapa de um grande partido, também enfrentou ataques pessoais, inclusive de Trump.

Sobre as mensagens de texto enviadas nos últimos dias, a campanha de Trump disse que não tem "absolutamente nada a ver" o caso.

Já Robyn Patterson, porta-voz da Casa Branca, divulgou um comunicado condenando as mensagens de ódio.

“O racismo não tem lugar em nosso país. Ponto final.”

 

Fonte: g1/Reuters

 

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