terça-feira, 12 de novembro de 2024

EUA planejam criar novo partido na Ucrânia e destino do país será decidido em Washington

A discussão sobre a criação de um novo partido na Ucrânia, projetado para assumir uma posição pró-americana, sugere que o destino do país e de suas autoridades fantoches será decidido em Washington, declarou o Serviço de Inteligência Externa da Rússia (SVR, na sigla em russo).

De acordo com o serviço de inteligência, os EUA estão se preparando para realizar eleições presidenciais e parlamentares na Ucrânia em 2025. O SVR informou que foram iniciadas discussões entre os "ativistas civis" financiados pelo Ocidente sobre a criação de um novo partido, que deverá defender uma posição pró-americana durante a próxima campanha eleitoral.

"Tal atividade americana demonstra claramente que o 'mantra' repetido regularmente pelas autoridades dos EUA sobre a soberania da Ucrânia não passa de um bonito 'invólucro'. Na verdade, o destino deste país e de seus líderes fantoches continuará sendo decidido nos gabinetes de altos cargos em Washington", diz o comunicado.

De acordo com o SVR, Washington está considerando a realização de eleições presidenciais e parlamentares na Ucrânia em 2025 no contexto da continuação dos combates com a Rússia.

"A liderança do Departamento de Estado dos EUA decidiu iniciar o trabalho preventivo sobre questões relacionadas à criação de condições para o lançamento de uma campanha eleitoral na Ucrânia. Na primeira etapa, pretende-se por meio dos fundos americanos de 'democratização' e think tanks estimular as estruturas da sociedade civil ucraniana sob seu controle a avançar tal iniciativa", acrescenta a entidade.

A ideia do novo partido, de acordo com o plano dos EUA, deve receber "amplo apoio público", detalha o serviço de inteligência russo.

"A nomeação dos candidatos será feita de acordo com o Departamento de Estado. As ONGs americanas selecionarão as organizações locais da sociedade civil para monitorar as eleições", conclui o comunicado.

¨      Política dos EUA em relação à Ucrânia foi acordada há muito tempo entre partidos, diz especialista

As políticas do Partido Democrata e do presidente eleito dos Estados Unidos Donald Trump, que representa o Partido Republicano, em relação à Ucrânia têm sido coordenadas, segundo a opinião do ex-fuzileiro naval norte-americano Brian Berletic.

O analista afirmou que os eventos geopolíticos que estão acontecendo hoje na Ucrânia foram preparados há muito tempo antes da chegada do presidente dos EUA Joe Biden e sua equipe do Partido Democrata ao poder.

De acordo com Berletic, as raízes desse conflito remontam à administração do presidente George W. Bush (2001-2009).

"Essa foi uma agenda contínua e combinada para capturar politicamente a Ucrânia e colocá-la contra a Rússia, que culminou nessa guerra destrutiva", afirma ele em seu canal do YouTube The New Atlas.

Josep Borrell, fala com a mídia ao chegar para uma cúpula da UE na Puskas Arena, em Budapeste. Hungria, 8 de novembro de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 09.11.2024

Panorama internacional

Borrell diz que vai apelar aos países da UE pela manutenção do apoio à Ucrânia após eleição de Trump

Segundo ele, Trump também fazia parte desse enorme programa de política externa sobre a Ucrânia e, durante seu primeiro mandato como presidente, estava criando as condições perfeitas para um futuro conflito.

Entretanto, agora as elites norte-americanas, percebendo que a Ucrânia não tem chance de vencer, vão mudar sua retórica com a nova administração para preparar a população para conflitos mais sérios, explicou Berletic.

"Eles esperam que você engula isso e acredite no governo Trump, achando que isso é um sinal de uma mudança maior que está por vir, quando, na verdade, é um aviso de que os EUA simplesmente dobrarão essa política e, em vez de lutar na Ucrânia, lutaremos no Oriente Médio e na região da Ásia-Pacífico."

<><> Ucrânia recebeu quase US$ 100 bi de ajuda desde 2022: quem forneceu mais?

Anteriormente, Trump prometeu que seria capaz de chegar a uma solução negociada para o conflito ucraniano.

Ele disse várias vezes que poderia resolver o conflito na Ucrânia em um dia.

O Kremlin respondeu observando que o problema era muito complexo para uma solução tão simples.

Além disso, Trump criticou repetidamente a abordagem dos EUA em relação ao confronto na Ucrânia e ao próprio Zelensky.

Assim, em seus comícios, ele o chamou de "o maior vendedor da história" que leva US$ 60 milhões (R$ 344 milhões) com ele cada vez que visita os EUA.

¨      Premiê eslovaco: Zelensky está 'chocado' com a vitória de Trump por temer fim do conflito ucraniano

Em entrevista, Robert Fico diz que Vladimir Zelensky teme pelo fim dos enormes auxílios financeiros a Kiev e por sua situação política, já que não tem mais mandato presidencial.

Zelensky está chocado com a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA porque teme o fim do conflito ucraniano. É o que declarou neste sábado (9) o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, em entrevista ao programa eslovaco Diálogos de Sábado.

"Eu vi o presidente Zelensky com meus próprios olhos em uma conferência de imprensa em Budapeste. Você já viu uma pessoa que tem medo de que a guerra termine? [...] Trump [eleito] poderia haver uma paralisação da ajuda dos Estados Unidos", disse Fico na entrevista.

Fico enfatizou que dois fatos geram temor em Zelensky. O primeiro é a Ucrânia depender de enormes empréstimos financeiros, que podem minguar ou cessar com o retorno de Trump à presidência dos EUA, uma vez que o republicano é a favor de encerrar o conflito.

Ademais, Zelensky teme por conta de sua situação política atual. Isso porque ele não é mais chefe de Estado, já que seu mandato presidencial encerrou em 20 de maio e não foram realizadas novas eleições na Ucrânia por conta da lei marcial declarada no país.

Fico, no entanto, se mostrou cético quanto ao tempo dado por Trump para acabar com o conflito ucraniano.

"O novo presidente americano fez uma das suas fortes promessas de campanha de que poderia acabar com a guerra na Ucrânia dentro de 24 horas. Atribuo isso a uma natureza pré-eleitoral: é muito difícil concluir esse assunto em 24 horas", frisou o premiê eslovaco.

Porém, Fico acrescentou que, em sua avaliação, será do interesse de Trump demonstrar resultados no assunto. Ele descartou uma tentativa de embate com o presidente russo, Vladimir Putin, e disse que o mais provável será Trump cortar o financiamento a Kiev.

"E agora a questão é: ele [Trump] pode vir e dizer ao presidente Putin: 'Senhor presidente, se não acabar com a guerra na Ucrânia, iremos bombardeá-lo com bombas atômicas'? Só pode ser outra solução. Algo significativo acontecerá: a diminuição do apoio dos EUA à Ucrânia", concluiu.

Eleito na última terça-feira (5), Donald Trump criticou repetidamente a abordagem da Casa Branca ao conflito ucraniano e chamou Zelensky de "vendedor ambulante", cujas visitas aos EUA terminam com ajuda multibilionária de Washington. Ele também afirmou que poderia conseguir uma solução negociada para o conflito em apenas 24 horas, caso eleito.

Nesta semana, o Wall Street Journal escreveu que o círculo de assessores de Trump propôs um novo plano para resolver a crise ucraniana, que envolve congelar o conflito, criar uma zona desmilitarizada ao longo da linha da frente de combate e continuar o fornecimento de armas em troca da promessa da Ucrânia de não aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) por pelo menos 20 anos. O Kremlin observou que a publicação do WSJ é de natureza abstrata.

Em meados de junho, Putin fez novas propostas de paz para resolver a situação na Ucrânia que incluem: o reconhecimento do estatuto das regiões da Crimeia, Zaporozhie, Kherson e das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk; consolidação do estatuto não alinhado e livre de armas nucleares da Ucrânia; a desmilitarização e desnazificação da Ucrânia; e a abolição das sanções antirrussas. Segundo Putin, isso proporcionaria uma possibilidade real de encerrar o conflito.

Falando em uma reunião do Clube Valdai, em 7 de novembro, Putin observou mais uma vez que Moscou está pronta para negociações com Kiev com base nos acordos alcançados em Istambul e nas realidades que estão surgindo no terreno. Ao mesmo tempo, ele sublinhou não ser possível considerar uma trégua de meia hora ou de seis meses que apenas serviria para fortalecer o Exército ucraniano.

¨      Ímpeto do Reino Unido na Ucrânia está 'caindo', diz ex-secretário de Defesa

O esforço do Reino Unido para ajudar a Ucrânia foi prejudicado sob o governo trabalhista, disse Ben Wallace, ex-secretário de Defesa do governo conservador, à BBC.

Londres já enviou incríveis £ 12,8 bilhões (cerca de R$ 94,9 bilhões) em assistência de segurança a Kiev, incluindo £ 7,8 bilhões (mais de R$ 57,8 bilhões) em armas – ajuda que a Rússia alerta que só contribui para prolongar o conflito.

"Tenho realmente a sensação de que esse ímpeto caiu, e minha experiência de governo é que se você realmente quer conduzir as coisas, você tem que realmente fazer isso todos os dias", ressaltou Wallace.

Ele acrescentou que "você não pode simplesmente fazer uma declaração e depois ficar por aí", em um aparente aceno às observações anteriores do primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, de que os aliados deveriam "aumentar" o apoio a Kiev.

Wallace afirmou que uma das razões pelas quais o governo conservador forneceu armas à Ucrânia foi para mostrar quem estava dando ordens. O Reino Unido "tomou uma posição para liderar e a liderança trouxe muitos e muitos europeus para nosso lado", disse o ex-secretário de Defesa.

"A liderança que o Reino Unido demonstrou desde o início começou a cair junto ao coletivo [de aliados ocidentais]", de acordo com Wallace.

Os comentários vieram depois que o The Guardian citou um funcionário do governo ucraniano sob condições de anonimato dizendo que Starmer "não está nos dando armas de longo alcance", uma referência aos Storm Shadow, mísseis de cruzeiro de longo alcance de alta precisão, fabricados no Reino Unido. "A situação não é a mesma de quando Rishi Sunak era primeiro-ministro. O relacionamento piorou", admitiu o funcionário.

O último ataque de um Storm Shadow reivindicado pelos militares ucranianos ocorreu em 5 de outubro.

O Reino Unido forneceu ao governo Zelensky um total de £ 7,8 bilhões em apoio militar desde o início da operação militar especial russa em 2022.

Moscou alertou repetidamente os países ocidentais contra o fornecimento de armas a Kiev, o que o presidente russo Vladimir Putin criticou como "um passo sério e perigoso". O Kremlin considera os apelos para suspender as restrições ao uso de armas fornecidas pelo Ocidente pela Ucrânia contra a Rússia "irresponsáveis" e "perigosos em termos de suas consequências", prometendo que Moscou responderá na mesma moeda.

¨      Borrell diz que vai apelar aos países da UE pela manutenção do apoio à Ucrânia após eleição de Trump

Em visita a Kiev, chefe da diplomacia da UE diz que os compromissos com Kiev "permanecem em vigor" e que o bloco europeu vai treinar até o final do inverno 75 mil combatentes ucranianos.

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, afirmou que vai apelar aos países do bloco para que mantenham o apoio à Ucrânia diante da incerteza quanto aos planos do vencedor das eleições presidenciais dos Estados Unidos, Donald Trump.

"Na próxima semana realizarei uma reunião do Conselho de Relações Exteriores, bem como dos Ministérios da Defesa dos países da UE [...]. A Ucrânia será um dos temas principais, transmitirei aos ministros a necessidade de continuar a apoiar, incluindo [nas áreas] diplomática, defesa e segurança, especialmente agora, neste momento crítico", disse Borrell durante a sua visita a Kiev.

Ele acrescentou que é muito cedo para especular sobre as intenções de Trump em relação à ajuda à Ucrânia e garantiu que os compromissos da UE com Kiev "permanecem em vigor".

"Esse é o meu apelo constante: [...] mais assistência militar, mais esforços de treino [de combatentes], abastecimentos mais rápidos, mais dinheiro, bem como permissão para atingir o inimigo no seu território", sublinhou.

Borrell destacou também que quase 50% de toda a ajuda mundial à Ucrânia vem do bloco europeu, e que apenas a assistência militar concedida já passou de 45 bilhões de euros (cerca de R$ 276 bilhões).

"Já treinamos 60 mil soldados ucranianos, até o final do inverno treinaremos 75 mil [...]. Não há consenso sobre a transferência do treinamento para o território da Ucrânia, mas não posso excluir que um dia isso será acordado", enfatizou.

A Rússia mantém uma operação militar especial na Ucrânia desde 24 de fevereiro de 2022, cujos objetivos, segundo o presidente russo Vladimir Putin, são proteger a população de "um genocídio do regime de Kiev" e enfrentar os riscos à segurança nacional que representam o avanço da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para o leste europeu.

A Ucrânia é apoiada militarmente por 32 países da aliança, liderada pelos Estados Unidos e composta pela maioria dos países da União Europeia.

Segundo o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, os EUA e a aliança atlântica participam diretamente no conflito na Ucrânia com o fornecimento de armas e o treinamento de militares ucranianos nos territórios do Reino Unido, Alemanha, Itália e outros países.

O Kremlin afirma que a política ocidental de inundar a Ucrânia com armas não contribui para as negociações russo-ucranianas e só terá um efeito negativo para o conflito.

<><> Tropas ucranianas podem estar preparando retirada de importante cidade em Donbass, diz analista

As tropas ucranianas podem estar se preparando para abandonar a cidade de Kurakhovo devido ao avanço das tropas russas, disse o especialista britânico Alexander Mercouris no seu canal no YouTube.

"Há relatos de que os ucranianos entendem que Kurakhovo está perdida, e estão se preparando para recuar. Isto é incrível, porque esta cidade é a base da defesa ucraniana ao sul de Donbass", observou ele.

De acordo com o especialista, as tropas russas estão avançando ativamente e podem em breve cercar Kurakhovo. Mercouris acredita que em Kiev eles entendem que há um perigo real de que isso aconteça.

Kurakhovo é uma cidade na parte ocidental da República Popular de Donetsk (RPD), localizada a 46 quilômetros de Donetsk e 30 quilômetros ao sul de Krasnoarmeisk (Pokrovsk, na denominação ucraniana). A cidade tem um importante valor operacional. Esta é a maior cidade no sudoeste de Donbass, permanecendo sob controle das tropas ucranianas após a libertação de Ugledar.

Anteriormente, Igor Kimakovsky, assessor do chefe da RPD disse que a Ucrânia começou a retirar suas forças de mais um ponto importante da linha de frente, a cidade de Kurakhovo.

¨      Chegada de Trump à Presidência dos EUA deve pôr fim ao isolamento da Hungria, diz Orbán

A vitória do presidente eleito, Donald Trump, no pleito dos EUA acabará com o isolamento internacional da Hungria, disse o primeiro-ministro do país, Viktor Orbán, neste domingo (10).

"Com a vitória [de Trump], o isolamento da Hungria acabou. Não estamos sozinhos, toda a América está conosco", disse Orbán em entrevista à emissora TV2.

Além disso, um grande passo em direção a uma resolução pacífica do conflito ucraniano já foi dado, acrescentou o líder húngaro.

Sob a nova administração dos EUA, está planejado reintroduzir o acordo sobre dupla tributação com a Hungria e também "dentro de seis meses, a Europa deve tomar decisões para reduzir os preços da energia", assegurou Orban.

O premiê húngaro também expressou a opinião de que, se Trump tivesse vencido as eleições de 2020, o conflito na Ucrânia não começaria porque ele "teria firmado todos os acordos necessários".

Orbán havia anteriormente declarado que a UE tem dúvidas sobre o empréstimo de US$ 50 bilhões (R$ 299,8 bilhões) à Ucrânia e o financiamento da assistência militar a Kiev após a vitória de Trump, que anunciou uma redução de apoio financeiro por parte de Washington, e que os europeus estão cada vez menos dispostos a financiar um conflito cujos objetivos não compreendem.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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