sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Como viver em cidades poluídas vai afetar sua velhice

Quanto maior o tempo vivido em cidades poluídas, maior o risco de desenvolver problemas físicos na velhice, diz um estudo publicado no The Lancet.

A exposição prolongada a poluentes do ar — especialmente o dióxido de nitrogênio (NO2) e o ozônio (O3), além de partículas finas da atmosfera (PM2.5 e PM10-2.5) — aumenta o risco de doenças específicas, como asma, pneumonia, câncer de pulmão e bronquite, mas também tem impactos de longo prazo.

Isso porque, de acordo com a pesquisa, que acompanhou mais de 15.000 idosos nos Estados Unidos por cerca de 8 anos, esses poluentes do ar provocam "estresse oxidativo" e "inflamação celular".

Enquanto a inflamação celular acelera o envelhecimento de tecidos e órgãos, estando ligada a doenças como artrite, diabetes tipo 2 e câncer, o estresse oxidativo influencia a capacidade neurológica e aumenta o risco de doenças degenerativas, como Parkinson e Alzheimer.

Pelo menos 48% dos participantes do estudo desenvolveram limitações para realizar atividades da vida diária (ADLs), como se vestir, tomar banho ou caminhar, durante o período de análise.

A maior parte das pesquisas já realizadas sobre poluentes atmosféricos foi feita em regiões com alta incidência de poluição urbana, como a China e alguns países de renda média; já o estudo com a população idosa norte-americana considerou regiões onde a concentração dos poluentes é menor — isso permitiria acessar melhor os efeitos dos poluentes mesmo em situações de menor exposição.

O estudo mostrou uma associação direta entre níveis elevados de partículas finas PM10-2.5 na atmosfera e o desenvolvimento de deficiências físicas.

As partículas finas são substâncias em suspensão na atmosfera pequenas o suficiente para penetrar nos pulmões e chegar à corrente sanguínea. De acordo com a OMS, as PM2.5, com menor diâmetro, são as mais nocivas à saúde.

Essas partículas são encontradas em áreas metropolitanas em que há liberação de gases poluentes (liberadas principalmente por atividades urbanas, como a construção civil, o trânsito de veículos pesados e processos industriais) e em zonas agrícolas com incidência de incêndios e queimadas, como a Amazônia brasileira. O contato com as PM2.5 aumenta o risco de doenças respiratórias e cardiovasculares.

De acordo com um estudo do think tank Carbon Brief, o Brasil é o quarto maior emissor de poluentes no mundo. Os primeiros são os Estados Unidos, seguidos pela China. No entanto, enquanto EUA e China poluem sobretudo a partir da queima de combustíveis fósseis, o Brasil polui com o uso de substâncias tóxicas no manejo dos solos, que podem então passar aos alimentos. É uma exposição generalizada: pelo ar, pela comida e pela água.

 

•        Poluição do ar é mais nociva que o tabagismo e a desnutrição infantil, diz estudo

A poluição do ar pode ser mais perigosa do que o tabagismo para algumas pessoas. As partículas finas de poluição atingem principalmente o sul da Ásia, de acordo com uma pesquisa do Instituto de Política Energética da Universidade de Chicago, divulgada nesta terça-feira (29).

A grande vilã é a poluição causada pelos veículo e pelas indústrias, bem como pelos incêndios florestais, que emitem substâncias que poluem a atmosfera a partir de partículas finas, segundo o relatório sobre o Índice de Qualidade do Ar (AQI), sendo a maior ameaça externa à saúde pública.

Com base nos dados coletados em 2021, a estimativa é de que o ser humano ganharia de 2 a 3 anos de vida caso a poluição fosse reduzida, conforme o que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece como “aceitável”.

Essas partículas finas são responsáveis por doenças pulmonares, cardíacas, derrames e até mesmo câncer. O tabagismo, por exemplo, reduz a expectativa de vida em 2,2 anos, em média, e a desnutrição infantil e materna tem a média de redução em 1,6 ano.

O continente asiático e africano são os que mais correm risco, de acordo com o estudo, justamente por conta da baixa iniciativa em diminuir a quantidade de poluentes emitidos, seja por conta da infraestrutura ou por conta dos fundos mínimos direcionados ao combate da poluição atmosférica.

"Há uma profunda desconexão entre onde a poluição do ar é pior e onde, coletiva e globalmente, estamos mobilizando recursos para resolver o problema", disse Christa Hasenkopf, diretora de programas de qualidade do ar do EPIC.

Os países que mais são afetados pela poluição atmosférica estão todos localizados no sul da Ásia, sendo eles Bangladesh, índia, Nepal e Paquistão, respectivamente, por conta da quantidade de partículas finas identificadas através de satélite.

Os níveis médios de poluição em Bangladesh chegam a 2,5 mícrons (PM2,5), equivalente a 74 microgramas por metro cúbico. Caso fossem reduzidos a 5 microgramas por metro cúbico, quantidade estabelecida pela OMS, os moradores da região ganhariam cerca de 5 a 6 anos de expectativa de vida.

A capital da Índia, Deli, é considerada a megalópole mais poluída do mundo e seus índices fazem jus ao "título" – são cerca de 126,5 microgramas de partículas finas por metro cúbico na cidade.

As mudanças climáticas em todo o mundo também afetam os resultados, pois os incêndios florestais e as queimadas aumentam a poluição atmosférica, principalmente na América do Norte, América Latina e no Sudeste Asiático.

 

Fonte: Fórum

 

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