Ciência pode ter desvendado milagre
descrito na Bíblia
Um grupo de cientistas
forneceu uma possível explicação para os relatos bíblicos da "pesca
milagrosa" e da "multiplicação dos pães e peixes", dois eventos
que teriam ocorrido no Mar da Galileia, também conhecido como lago de Genesaré,
em Israel.
Na narrativa dos
evangelhos, Jesus é o autor desses dois milagres impressionantes. Na história
sobre a multiplicação de alimentos, Jesus satisfez 5 mil pessoas com apenas
cinco pães e dois peixes.
Na história da pesca
milagrosa, pescadores voltaram de uma noite de trabalho com as redes vazias.
Quando se resignaram, Jesus lhes disse para tentar uma última vez, o que
resultou em uma volumosa pescaria.
Em um estudo publicado
no fim de outubro na revista Water Resources Research, pesquisadores sugerem
que um fenômeno incomum causado pelo vento, temperatura e ondas pode ter levado
o grande cardume em direção à costa, facilitando a captura.
Para chegar a essa
conclusão, os especialistas estudaram a alta mortandade de peixes ocorrida no
Mar da Galileia em 2012, que ocorreu devido a um fenômeno chamado seicha, que
faz com que a água fria e anóxica (pobre em oxigênio) suba das profundezas do lago
para a superfície.
Ondas de tamanho
significativo são geradas por mudanças de temperatura e ventos intensos que
causam um acúmulo maciço de peixes na margem do lago, limitando sua capacidade
de se mover e respirar, causando sua morte em massa.
<><> Pode
ter ocorrido há cerca de 2 mil anos
Os pesquisadores veem
uma ligação entre as histórias bíblicas que relatam capturas milagrosas nas
margens do lago e o fenômeno de alta mortalidade de peixes que ocorreu em 2012.
"Hoje, os eventos
de mortandade de peixes ocorrem no mesmo local do lago onde o milagre bíblico
dos pães e peixes e, presumivelmente, a pesca milagrosa ocorreram dois milênios
antes do presente", escreve a equipe em seu estudo.
Isso "pode
explicar a ocorrência de grandes quantidades de peixes fáceis de coletar perto
da margem descrita nos relatos bíblicos", acrescentam.
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Modelo para prevenir fenômeno
Um modelo
tridimensional mostrou como o fenômeno ocorre, quando o vento cria uma
inclinação na termoclina – camada de água de transição em trecho que há mudança
brusca de temperatura – e empurra a água fria e anóxica em direção à costa por
várias horas, em faixas de até 1,5 quilômetro, prendendo os peixes em um
ambiente carente de oxigênio.
O modelo possibilita
ainda que cientistas antecipem com muita precisão e evitem esses eventos, que
causam alta mortalidade de peixes e poderiam ser intensificados pelos efeitos
da mudança climática.
Os autores não afirmam
definitivamente que foi exatamente isso que aconteceu nas histórias de Jesus na
Bíblia, mas consideram possível que esses eventos descritos como milagres
possam ter ocorrido há cerca de 2 mil anos, às margens do Mar da Galileia.
• Semente "ressuscitada" pode
ser chave para mistério bíblico
Uma semente não
identificada, encontrada décadas atrás numa caverna do deserto da Judeia, pode
ser a chave para um dos mistérios botânicos da Bíblia, e cientistas conseguiram
agora fazer germinar a partir dela uma árvore de mais de mil anos. Apelidada "Sheba",
ela pode ser a fonte do enigmático bálsamo "tsori", mencionado nas
escrituras por suas supostamente miraculosas propriedades curativas.
Como relata o artigo
publicado em setembro na revista científica Communications Biology, cerca de 40
anos atrás arqueólogos descobriram na região de Wadi el Makkuk uma semente
originária dos anos 993 a 1202, segundo a datação por radiocarbono. Ela permaneceu
esquecida no Instituto de Arqueología da Universidade Hebraica, até que a
cientista Sarah Sallon, do Centro de Pesquisa de Medicina Natural Louis Borick,
em Jerusalém, resolveu lhe dar uma segunda oportunidade.
Com apoio da diretora
do Centro de Agricultura Sustentável do Instituto Arava, Elaine Solowey, a
semente foi plantada em 2010. Cinco semanas mais tarde, emergia uma plantinha
e, passados 14 anos, "Sheba" já mede quase três metros e começou a produzir
resina.
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Potencial curativo concentrado
Há duas teorias
igualmente prováveis sobre como a secular semente teria chegado à caverna no
deserto: através de excrementos animais ou humanos. Análises de DNA revelaram
que pertence ao gênero Commiphora, o mesmo das plantas de que se extraem
incenso e mirra.
No entanto não foi
possível identificar sua espécie exata, levando a crer que se trate de uma
linhagem já extinta. Uma primeira hipótese, de que se trataria do mítico
"bálsamo da Judeia", foi descartada pelo fato de a árvore
ressuscitada não apresentar propriedades aromáticas.
No entanto, o que lhe
falta em fragrância, Sheba compensa em propriedades medicinais: análises
químicas revelaram que suas folhas e resina estão repletas de triterpenoides
pentacíclicos, compostos conhecidos por suas propriedades anti-inflamatórias e
anticancerígenas, assim como do antioxidante natural esqualeno, utilizado em
tratamentos de pele.
Devido a essas
propriedades curativas, as cientistas propõem que a resina possa ser o tsori
mencionado nos livros bíblicos do Gênese, Jeremias e Ezequiel. Tradicionalmente
associado à região de Galaad (atual Jordânia), esse bálsamo era mais famoso por
sua ação terapêutica do que por seu perfume.
"Cremos que os
esses achados apoiam nossa segunda hipótese: Sheba pode representar uma
linhagem extinta (ou pelo menos extirpada), outrora nativa desta região, cuja
resina tsori era valiosa, associada à cura, mas não descrita como
fragrante", explica o estudo.
Esta não é a primeira
façanha de ressurreição botânica da equipe liderada por Sallon, que já
trabalhou com sementes de tâmaras de 1.900 anos de idade. Uma delas germinou,
sendo batizada "Matusalém", em honra à personagem bíblica que
supostamente viveu 969 anos.
Enquanto a "bela
adormecida" Sheba continua crescendo e os cientistas pesquisam suas
propriedades, permanece em aberto o mistério do bálsamo da Judeia. A hipótese
da equipe é que a planta aromática que o produzia seja uma espécie de
Commiphora ainda não identificada.
Fonte: DW Brasil
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