segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Ressonância magnética: exame pode causar uma parada cardiorrespiratória?

A morte do empresário Fábio Mocci Rodrigues Jardim, de 42 anos, durante um exame de ressonância magnética na cabeça na cidade Santos, no litoral paulista, causou grande repercussão e levantou alguns questionamentos sobre a periculosidade do procedimento.

A viúva do comerciante, Sabrina Altenburg Penna, afirmou à CNN que o marido sofreu uma parada cardiorrespiratória na sala do exame, mas a médica Marcela Devido, cardiologista do InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP), declara que a ressonância magnética não vai causar um problema no coração.

“Inclusive nós usamos muito na cardiologia este exame. O que pode causar algum problema é uma sedação feita de uma forma inadequada, como parece que aconteceu neste caso”, declara ela em entrevista à CNN.

Marcela diz que não há qualquer relação direta entre a ressonância e um problema gerado no coração durante o exame, nem mesmo há contraindicações para hipertensos ou para quem tem problemas cardíacos prévios.

“Isso não é um impeditivo para ser realizado. Este é um exame demorado porque precisa de uma precisão muito grande da imagem. Quando o paciente é claustrofóbico, não é incomum fazer este exame com sedação ou anestesia geral, dependendo do caso. Quando o paciente é cardiopata, aí existe uma sedação específica porque algumas medicações são mais cardiodepressoras do que outras.”

<><> Sedação

De acordo com laudo emitido pelo Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” (Cejam), antes da ressonância, Fábio recebeu uma dose de 15 mg de midazolam e, em seguida, teve uma parada cardiorrespiratória. A médica questiona sobre a quantidade de sedativo aplicado no paciente.

“Provavelmente não havia a presença de um médico no momento, ou não fizeram uma proteção adequada da via aérea. Intubar não é algo necessário nesse exame, mas se eventualmente foi sedado, é importante passar uma máscara pela laringe porque 15 mg (de dose endovenosa) pode rebaixar o paciente e ele desenvolve uma parada cardiorrespiratória, principalmente por hipóxia (baixa concentração de oxigênio). Essa quantidade deprime o centro respiratório e o paciente para de respirar. Se ele já era cardiopata, essa é uma droga que pode precipitar uma parada”, detalha a especialista.

Marcela ressalta que essa quantidade de sedativo aplicado diretamente na veia precipitaria uma parada cardíaca, principalmente se não estivesse acompanhado adequadamente por um médico. Ela ainda destaca que um exame com sedação precisa ser feito com um especialista em sala.

“O médico não pode ficar em outro lugar, acompanhando à distância. Ele precisa estar na sala junto do paciente o tempo todo para justamente não acontecer isso. A clínica também precisa ter um carrinho específico para casos de parada cardíaca para que o médico possa socorrer a vítima. Se isso não acontecer, é realmente um caso de negligência”, pontua.

A cardiologista explica que, durante o exame, o especialista fica em uma pequena sala console, ao lado do aparelho, observando por um vidro todo o exame e de olho no monitoramento. O paciente poderia até não ser intubado, mas isso seria arriscado.

“O médico pode até não intubar ou passar máscara laringea em uma sedação, pode dar somente oxigênio, mas para um exame demorado em um tubo em que a única referência do médico são os sinais do monitor, isso não é muito recomendado.”

•        Entenda os riscos, efeitos colaterais e contraindicações da ressonância magnética

A ressonância magnética (RM) é um tipo de exame de imagem cada vez mais utilizado nos dias de hoje.

“Ela funciona à base de grandes ímãs que criam um campo magnético, permitindo formar imagens bem detalhadas do corpo humano. É diferente da tomografia, por exemplo, que usa radiação ionizante. A ressonância usa de ondas eletromagnéticas”, explicou Douglas Racy, chefe de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Beneficência Portuguesa de São Paulo, à CNN.

Apesar de amplamente recomendada pelos médicos em hospitais e clínicas, o exame pode levantar algumas dúvidas, como se ele oferece riscos, possui contraindicações e efeitos colaterais.

<><> Quais os riscos de uma ressonância magnética?

Em conversa com a CNN, o clínico geral Marcelo Bechara explica que a ressonância magnética é um exame “extremamente seguro”, mas que assim como todo procedimento, pode oferecer riscos se não for bem executado.

“O pior deles seria a interferência com dispositivo metálico, por conta do campo magnético. Essas interferências podem ocorrer com dispositivos como marca-passo e implantes cocleares”. Douglas Racy ainda atenta para o uso clipes de aneurismas intracranianos, que dependem da marca para saber de podem ser utilizados durante o exame.

De acordo com o especialista, pacientes que apresentem claustrofobia, ou seja, medo irracional de ambientes fechados, também podem “sofrer” com o exame, que ocorre em ambiente fechado. Outra reação pode acontecer referente ao contraste. Mesmo assim, o médico aponta que é difícil pacientes apresentarem reação alérgica à substância.

A sedação, se não administrada da forma e nas doses corretas, também pode vir a ser um problema.

<><> Contraindicações

Marcelo Bechara e Douglas Racy elencam algumas contraindicações do exame:

•        Insuficiência renal – para uso do contraste;

•        Alergia ao agente paramagnético gadolínio, que compõe o contraste;

•        Presença de dispositivos eletrônicos ou metálicos incompatíveis;

•        Implantes metálicos não certificados para ressonância;

•        Gravidez no primeiro trimestre;

•        Claustrofobia severa sem sedação.

<><> Efeitos colaterais

Os profissionais também apresentam alguns possíveis efeitos colaterais. São eles:

•        Desconforto e ansiedade extrema em ambientes fechados;

•        Reação alérgica leve ao contraste;

•        Fibrose sistêmica no rim.

 

•        Medicina Nuclear: 5 dúvidas respondidas sobre o tratamento

A medicina nuclear é a especialidade médica que realiza exames diagnósticos, tratamentos e procedimentos cirúrgicos utilizando quantidades mínimas de radiação. Diferente de outros exames de imagem convencionais como o ultrassom, o raio-x e a ressonância magnética, o tratamento de medicina nuclear baseia-se na análise da função de órgãos e tecidos.

Sua função é avaliar o metabolismo e fisiologia do corpo. Para isso, o processo é realizado por meio de elementos conhecidos como radiofármacos.

A seguir, entenda melhor essa especialidade e conheça os principais tipos de tratamento e dúvidas respondidas sobre a medicina nuclear!

<><> Como funciona a medicina nuclear?

Ela envolve procedimentos extremamente seguros, que quase não apresentam contra-indicação, principalmente, para diagnósticos. A quantidade de radiação presente nos radiofármacos, substâncias utilizadas, é mínima.

Essa substância é rapidamente eliminada pelo organismo. Desse modo, não existem chances de desenvolver qualquer alteração em órgãos ou sistemas do corpo. Além disso, é rara a incidência de efeitos colaterais.

O uso dos radiofármacos e sua introdução no organismo é realizada por meio de diferentes vias. As principais utilizadas são por via oral, inalatória e intravenosa (na veia), sendo essa a mais comum. Após receber a substância, o paciente deve manter-se deitado na maca em que um aparelho será responsável pela leitura dos raios emitidos.

<><> Quais as vantagens deste tipo de tratamento?

A medicina nuclear é uma especialidade que apresenta inúmeras vantagens, entre elas, está a segurança no momento do procedimento.

 Isso porque, os processos não são invasivos. Além disso, outras vantagens que podemos listar, são:

•        mínima exposição à radiação;

•        raras complicações durante o procedimento;

•        informações detalhadas do funcionamento do organismo;

•        avaliação de todo o corpo com única dose de radiofármaco;

•        diagnóstico de doenças não identificadas por outros exames.

<><> Quais os tipos de tratamento em Medicina Nuclear?

Além de ser utilizada para o diagnóstico de doenças ainda em fase inicial, a medicina nuclear também é indicada para tratamentos de doenças. A medicina nuclear é muito utilizada em tratamentos de diferentes tipos de câncer.

Além disso, os radiofármacos podem ser usados para inúmeras terapias não-oncológicas, incluindo o tratamento de hipertireoidismo, artrite reumatoide, osteoartrite, dores ósseas, e mais.

#### A seguir, confira os tipos de tratamentos utilizados.

¬¬¬¬ Iodo-131

Isso é possível visto que a mesma técnica usada para obter a imagem diagnóstica na medicina nuclear também pode ser utilizada para tratar determinadas regiões do corpo. Entre os principais tratamentos, está o uso de iodo-131, realizado há mais de 50 anos como terapia para câncer na tireoide e hipertireoidismo.

Este é um isótopo radioativo de iodo que, ao ser ingerido por meio de líquido ou cápsulas, é absorvido pelas regiões tireoidianas, emitindo energias radioativas e eliminando células nocivas na região.

¬¬¬ Samário-153

Outro tratamento realizado na medicina nuclear faz uso do radiofármaco samário-153. Essa substância é usada para tratamentos paliativos de tumores ósseos e é realizada quando outros tratamentos se mostraram ineficazes.

¬¬¬ Lutécio-177

O lutécio-177 é um radiofármaco utilizado para tratar a proliferação anormal de células neuroendócrinas em um tumor neuroendócrino. Além do uso do medicamento, também são realizadas outras alternativas, como cirurgia e quimioterapia.

<><> 5 dúvidas respondidas sobre o tratamento na Medicina Nuclear?

Por se tratar de uma especialidade pouco conhecida, ainda gera muitas dúvidas na população, principalmente sobre a veracidade de certas questões. Por isso, respondemos as principais dúvidas sobre o tratamento. Confira.

# 1. O tratamento oferece riscos?

<< Incorreto.

- Nesse tipo de tratamento, o paciente não é exposto a grandes quantidades de radiação. A dose utilizada é mínima, necessária apenas para análise médica ou tratamento. Além disso, está dentro das taxas consideradas seguras e não nocivas para o organismo humano, conforme estabelecido pela CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear).

#2. Medicina nuclear e radiologia são a mesma especialidade?

<< Incorreto.

- Ainda que ambas especialidades estejam associadas ao diagnóstico por imagem, são atividades diferentes. A radiologia é uma área médica focada na análise morfológica e anatômica do organismo. Já a medicina nuclear é uma especialidade útil para a investigação do metabolismo e fisiologia do corpo.

# 3. O tratamento causa mais efeitos colaterais que os exames convencionais?

<< Incorreto.

- Diferente da medicina nuclear, os exames convencionais de radiologia podem exigir o uso do contraste para melhorar a imagem obtida. Essa substância pode provocar alguns efeitos colaterais no organismo. No entanto, não é necessária para a realização de procedimentos na medicina nuclear.

# 4. Crianças não podem fazer esse tipo de procedimento?

<< Incorreto.

- Os exames e tratamentos realizados com medicina nuclear não apresentam restrições de idade. Contudo, quando feitos em crianças, é importante ter atenção especial à dose de radiação usada.

# 5. Não há contraindicação para os exames?

<<Incorreto.

- Em relação às contraindicações, os exames que utilizam medicina nuclear, assim como qualquer outro que envolva uso de radiação, mesmo que mínima, não devem ser realizados por gestantes, ou mulheres com suspeita de gravidez.

Você pôde conferir a importância da medicina nuclear para o tratamento de diferentes problemas. Contudo, tais procedimentos só poderão atingir a eficácia esperada na terapia quando realizadas por profissionais qualificados, em um centro de diagnóstico por imagem com experiência no mercado.

 

Fonte: CNN Brasil/Clinica Ceu

 

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