segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Brasil só tem a lucrar caso consiga liderar o debate ambiental

O Brasil que deixará, dentro de algumas semanas, a presidência do G-20 — o bloco que reúne as 19 principais economias do mundo, a União Europeia e, de agora em diante, a União Africana — nem parece ser o mesmo país que, a partir do próximo dia 1º de janeiro, assumirá o comando do BRICS. Este, como se sabe, é o bloco de economias emergentes criado no rescaldo da crise financeira global de 2009 com a finalidade de abrir um caminho de desenvolvimento alternativo ao poderoso G-7, o grupo dos países mais ricos do planeta. Mas que, de lá para cá e cada vez mais, parece ter se transformado num bloco destinado apenas a confrontar o Ocidente.

A questão é que, postas lado a lado, as ideias, o discurso e as posições dos representantes brasileiros no G-20 não parecem as mesmas que eles adotam no BRICS. No G-20, o Brasil faz acenos diplomáticos e ensaia movimentos de aproximação em relação às grandes democracias do mundo. No BRICS, esbraveja, fala mal e defende ideias muito parecidas com as dos demais integrantes do bloco — inclusive das ditaduras. A pergunta óbvia a ser feita diante da distância que separa a postura brasileira nos dois blocos é a mais singela de todas: o que o Brasil tem a ganhar com isso?

A resposta, mais óbvia ainda, é: nada! Absolutamente nada! No G-20, bem como no âmbito dos preparativos para sediar, no próximo ano, a Conferência das Nações Unidas sobre mudanças Climáticas, a COP-30, o Brasil deixa os temas de natureza político-ideológica em segundo plano e se notabiliza por um discurso mais sensato. Ali, a defesa de ações de combate à fome e redução das desigualdades, das causas ambientais, da descarbonização e da transição energética estão em primeiro plano. Diante do BRICS, a conversa é outra.

Entre os países do bloco, o Brasil não perde uma oportunidade de apontar o dedo na direção das economias desenvolvidas e criticá-las por tudo o que há de ruim no mundo. A resposta que recebe de cada um desses grupos, também é diferente. Enquanto no G-20 a obsessão brasileira pela reforma do Conselho de Segurança da ONU não costuma repercutir, no BRICS o tema é sempre discutido e até mencionado entre os objetivos do bloco.

Atenção: ninguém está tentando, aqui, dizer que a responsabilidade por essa postura é apenas do governo atual, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Basta puxar pela memória para lembrar que, a despeito das manifestações formais de simpatia aos Estados Unidos e a Israel, o governo anterior, de Jair Bolsonaro, adotou uma postura muito semelhante ao atual no que se refere ao relacionamento com os países do BRICS. Embora os estilos e as preferências dos dois presidentes sejam diametralmente opostas, o fato é que o Brasil, em um governo e no outro, manteve ligações perigosas e muito próximas com alguns países que, na prática, não são os melhores parceiros que o país poderia ter para conseguir o salto de desenvolvimento que a sociedade tanto almeja.

NOVA MOEDA

Um debate no qual o Brasil insiste no âmbito do BRICS, mas não menciona com a mesma ênfase nos outros ambientes diplomáticos, diz respeito à criação de uma nova moeda, que passaria a ser utilizada nas transações entre os integrantes do bloco e até mesmo com outros parceiros comerciais que se interessassem pela ideia. A proposta, que dificilmente será posta em prática, é defendida pelo Brasil desde a primeira passagem de Lula pelo Palácio do Planalto, em 2003.

Sem entrar no mérito dos motivos que justificariam sua criação, estabelecer uma nova moeda não é um procedimento simples. O processo de criação do Euro demorou mais de 20 anos e a moeda só se tornou uma realidade quando as principais economias da União Europeia aceitaram unificar seus procedimentos fiscais e criar mecanismos de controle capazes de impedir que as fragilidades de uns se alastrassem e contaminassem as economias saudáveis do velho continente.

Caso um dia a nova moeda do BRICS venha a se tornar realidade, as importações, exportações e até mesmo empréstimos entre países do bloco deixariam de ser feitos na poderosa moeda de referência internacional, o Dólar norte-americano, e passariam a ser realizados com base na nova moeda. Será que daria certo?

Pelo que já foi dito até aqui, a nova moeda seria lastreada numa cesta que incluiria, além do brasileiro Real, a Rúpia indiana, o Rublo russo, o Yuan chinês, o Rand sul-africano e até mesmo o Rial, do Irã e as moedas que circulam os novos integrantes do bloco. A primeira batalha a ser vencida para que ela viesse a ser aceita em transações entre os países do bloco seria a da credibilidade. Pergunte a qualquer exportador de soja de Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, a qualquer frigorífico de Santa Catarina ou a qualquer produtor de sapatos de Franca, em São Paulo, em que moeda ele prefere fazer negócios. Será que preferem utilizar o dólar ou a nova moeda defendida por Lula?

Se existe algum exportador que veja alguma vantagem nessa nova moeda, até hoje ele não apareceu para dar seu testemunho. Seja como for, essa pauta parece secundária até mesmo entre os países do bloco. A verdade é que o BRICS parece cada vez menos preocupado com os propósitos econômicos que estimularam sua criação e cada vez mais concentrado nos propósitos geopolíticos de seus integrantes. Na verdade, o grupo tem agido cada vez mais como uma espécie de bloco ideológico que se opõe com unhas e dentes a qualquer ponto de vista defendido pelas potências democráticas ocidentais.

HISTÓRICO DE EMISSÕES

Impossibilitado por um acidente doméstico de viajar para a reunião de cúpula do BRICS, que aconteceu na semana passada na cidade russa de Kazan, Lula fez seu discurso por videoconferência. E, nele, subiu o tom contra as potências com quem compartilhará a mesa durante a reunião de cúpula do G-20 — que acontecerá no Rio de Janeiro, nos dias 18 e 19 de novembro.

“O BRICS é um ator incontornável no enfrentamento da mudança do clima”, disse o presidente brasileiro para uma plateia onde o ditador russo Vladimir Putin e o autocrata chinês Xi Jinping tinham posição de destaque. “Não há dúvida de que a maior responsabilidade recai sobre os países ricos, cujo histórico de emissões culminou na crise climática que nos aflige hoje”.

É aí que começa a se manifestar a miopia que parece afastar o Brasil da posição mais sensata em relação a esse tema. Se a questão ambiental ocupa, de fato, o centro das preocupações atuais do governo brasileiro, os últimos países do mundo que deveria chamar para seu lado neste momento são, justamente, seus aliados no BRICS. Se não, vejamos.

PARCEIROS SUJOS

Até o final do ano passado, o BRICS era integrado, além do próprio Brasil, pela Rússia, Índia, China e África do Sul. Daqui por diante, serão ultimados os preparativos que oficializarão a participação do Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos e Etiópia no bloco. A Argentina também havia sido convidada para participar — mas o presidente Javier Milei achou mais prudente manter distância. Outro que também foi convidado, mas não disse nem que sim nem que não, foi a Arábia Saudita.

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Principais aliados dos Estados Unidos no mundo árabe, os sauditas parecem não se sentir confortáveis num bloco que dá a impressão de ter como único propósito o de se opor aos interesses comerciais e geopolíticos das economias desenvolvidas. Quanto à Argentina, bem... O convite para que ela integrasse os BRICS foi feito no final do governo hiperpopulista do peronista Alberto Fernández. Com a eleição de Milei, um liberal sem papas na língua, a presença da Argentina no bloco tornou-se inviável. As ideias do novo presidente não combinam, em nenhuma hipótese, a postura centralizadora e ditatorial da China, da Rússia e dos outros países do bloco.

Seja como for, o que interessa a este debate, por enquanto, é o preço que o Brasil tem a pagar por estar ao lado desses países neste momento em que o debate e as exigências ambientais avançam, sobretudo, na Europa e nos Estados Unidos. Neste momento em que a transição energética, a produção do hidrogênio verde e o programa de industrialização baseado na oferta abundante de energia renovável podem gerar oportunidades de ouro de parcerias tecnológicas, estratégicas e comerciais com clientes do mundo desenvolvido, não é um bom negócio demonstrar afinidade com os integrantes do BRICS.

No que diz respeito à pauta ambiental e aos negócios que isso pode gerar, o Brasil só tem a perder ao assumir a liderança de um bloco que conta com alguns dos países mais poluidores e menos preocupados com a questão ambiental em todo o planeta. Isso mesmo! Por mais que a diplomacia brasileira tente debitar na conta do mundo desenvolvido a responsabilidade pelo passivo ambiental que hoje ameaça a humanidade, não se pode avançar nesse debate sem reconhecer que a China, a Rússia e a Índia, seus principais parceiros do BRICS, estão entre os maiores sujões do planeta.

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A Rússia é famosa por sua negligência em relação às emissões atmosféricas, sobretudo por parte de sua anacrônica indústria metalúrgica, de seus grandes conglomerados químicos e de sua expressiva, porém imunda, indústria de extração e refino no petróleo. Isso faz dela um dos maiores párias ambientais do planeta, mas não é só. Os anos de descuido e de descaso com os impactos do descarte irregular de rejeitos industriais feitos pela indústria local desde os tempos da extinta União Soviética geraram áreas extensas contaminadas por metais pesados que ainda hoje expõem as populações que vivem nas periferias nas principais cidades do país a uma série de ameaças.

A situação é ainda pior na Índia. Segundo o relatório editado este ano pela IQAir (www.iqair.com), empresa suíça que monitora a qualidade do ar no mundo desde 1963, a Índia tem 83 cidades entre as 100 mais poluídas do mundo. E mais: puxada pela China, a Ásia domina o ranking mundial da poluição atmosférica. A despeito dos esforços de redução das emissões que, nos últimos anos, tornou o ar ligeiramente mais respirável nas cidades chinesas mais visitadas por estrangeiros — como Beijing, Macau, Xangai e Hong Kong — a qualidade ambiental na China, segundo o relatório, vem piorando nos últimos anos.

A conclusão diante desses fatos não poderia ser mais óbvia e, ao mesmo tempo, mais desconfortável. O fato de o governo brasileiro ter acertado ao vetar a presença da Venezuela no BRICS não é suficiente para limpar sua reputação pelas outras más companhias. Nenhuma liderança respeitável do mundo levará a sério o compromisso com a sustentabilidade de um país que, na hora de construir suas alianças geopolíticas, se liga de forma tão determinada ao que há de pior do mundo em matéria de agressões ao ambiente. Em companhias como essas, as tentativas do governo brasileiro de imputar aos países desenvolvidos do Ocidente (a começar pelos Estados Unidos) toda a culpa pela situação ambiental deplorável do planeta se transforma num discurso vazio e incapaz de conferir ao país a liderança que ele aspira nas causas ambientais.

ESTUPROS E ASSASSINATOS

Seja como for, há um outro aspecto importante a ser observado. Os diplomatas brasileiros parecem se sentir mais à vontade quando se dirigem a seus companheiros do BRICS do que quando estão diante de uma plateia que inclui as grandes democracias ocidentais. Isso fica claro, por exemplo, quando o assunto é o tema mais delicado e sensível da geopolítica atual neste momento — que é a guerra no Oriente Médio.

A adesão do governo brasileiro às teses, versões e informações passadas pelo lado palestino do conflito já é suficientemente conhecida. Inspirada pelas afinidades históricas dos governos petistas com a esquerda mais retrógrada do mundo — que sempre se mostrou simpática às ditaduras —, a diplomacia brasileira não demorou a esquecer que o atual conflito no Oriente Médio nem teria se iniciado se os terroristas do Hamas não tivessem atacado o território israelense, no dia 7 de outubro de 2023.

Em pouquíssimo tempo, os representantes do Brasil na ONU passaram a agir como se os estupros, os assassinatos a sangue frio, a crueldade com as crianças, os sequestros e todas as barbaridades praticadas pelos terroristas não tivessem acontecido. E que tudo de ruim que acontece no Oriente Médio tivesse como única causa o desejo de Israel de oprimir o povo palestino, que vive na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

Ao abordar o assunto na Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro passado, o presidente Lula pelo menos admitiu que o conflito não foi provocado por Israel. “O que começou como ação de terroristas de fanáticos contra civis israelenses inocentes tornou-se punição coletiva de todo o povo palestino”, disse na ocasião. Já na semana passada, ao se dirigir a seus companheiros do BRICS, ele sequer se deu ao trabalho de mencionar a origem do conflito e partiu direto para a condenação à reação israelense. “Como disse o presidente Erdogan na Assembleia Geral da ONU, Gaza se tornou ‘o maior cemitério de crianças e mulheres do mundo’”.

O presidente mencionado é Recep Erdogan, que comanda a Turquia com mão de ferro desde 2014 e não dá sinais de querer abandonar o poder. De religião muçulmana, Erdogan nunca escondeu sua aversão a Israel. E só não assume posições mais claras em apoio aos terroristas do Hamas e do Hezbollah, o grupo financiado pelo Irã que ataca o território israelense a partir do Sul do Líbano, para não tensionar ainda mais suas relações com os vizinhos europeus.

São essas as posições que se manifestam nas reuniões do BRICS. Para defender seus pontos de vista, o bloco é capaz de proezas fantásticas. Age como se a Rússia de Vladimir Putin não fosse responsável pela invasão da Ucrânia, que o bloco não menciona, e culpa apenas Israel pela crise humanitária em Gaza e na Cisjordânia. Menciona “reféns mantidos ilegalmente em cativeiro”, mas se cala em relação aos grupos terroristas Hamas e Hezbollah.

Na semana passada, a guerra chegou ao Irã — com a reação israelense aos ataques que recebeu no início do mês. Seja como for, os principais alvos de Israel continuam sendo os terroristas que o BRICS finge que não existem. A luta tem sido vigorosa — e muitos dos civis atingidos pelos ataques israelenses só perderam a vida porque os terroristas insistem em utilizar mulheres e crianças como escudos humanos. É lamentável que seja assim. Também é lamentável que o Brasil contrarie seus próprios interesses ao se afastar das democracias ocidentais e se aproximar de ditaduras que demonstram pela vida e pela verdade o mesmo respeito que têm pelo meio ambiente. Ou seja, nenhum.

 

•        A inovação garante o lugar no futuro

Um interessante estudo divulgado pela revista “The Economist” situa os países líderes em inovação, o que é garantia para o futuro das respectivas populações. O Índice Global de Inovação, publicado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), incluiu “produtos”, como patentes, publicações científicas e exportações de alta tecnologia, bem como “insumos”, como gastos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), o número de graduados em engenharia e negócios de capital de risco. O índice leva em conta a adoção e o uso de tecnologia por um país, bem como sua produção. E o tamanho da população faz diferença, assim como a importação de produtos de alta tecnologia e gastos em propriedade intelectual do exterior.

Os Estados Unidos estão no 3º lugar no “ranking” e a China, que é a grande ameaça à hegemonia do Tio Sam, está em 11º lugar. Pelas métricas da OMPI, o melhor desempenho é da Suíça (aqui conta a relação com os investimentos e a população e o PIB do país. Só em 2022, a Suíça entrou com 5.430 pedidos de patentes internacionais. É menos de um décimo do número registrado pelos Estados Unidos. Entretanto, como o PIB suíço é menos de um décimo do tamanho dos EUA, ela ainda supera a América nessa métrica (Trump vai custar a entender que o “Make America Great Again” não se faz num estalar de dedos ou por decreto, barrando importações). A Suíça também emprega bem menos pesquisadores do que os EUA, mas ganha na relação com o tamanho de sua população. A pontuação de um país no índice é correlacionada a seu PIB “per capita”: países ricos tendem a ter uma classificação melhor. Alguns saem acima do esperado para seu nível de desenvolvimento. O maior superador por essa medida é a Índia: está em 39º lugar. Mas um país com seu baixo PIB “per capita” deveria ficar fora do top 100. Da mesma forma, a China, um país de renda média alta, deveria ficar na faixa dos 60, não em 11º lugar.

<><> E o Brasil na fita?

Nos últimos cinco anos, os escaladores mais rápidos no “ranking” da OMPI foram Indonésia (4º país mais populoso do mundo), Maurício, Arábia Saudita, Catar, Brasil e Paquistão (que superou o Brasil em população). Para o mundo como um todo, o progresso não tem sido constante. Em 2020-22, o mundo desfrutou de um “boom”, que parece ter chegado ao fim. O número de publicações científicas caiu 5% em 2023. Os pedidos de patentes internacionais caíram pela primeira vez desde 2009. O investimento em P&D pelas maiores corporações de gastos do mundo cresceu 6% em 2023, em comparação com o crescimento de 10-13% em 2019-2021. O número de negócios de capital de risco caiu 9,5% em 2023 e seu valor caiu 39%.

É interessante correlacionar o time de países que estão inovando com a nova configuração do BRIC (atual BRICS). O bloco foi citado em um estudo de 2001, na virada do 3º milênio, pelo economista-chefe do banco Goldman Sachs, Jim O’Neil, intitulado “Building Better Global Economic BRICs”. O acrônimo reunia as iniciais dos países que o GS apostava que iriam decolar no começo da década: Brasil, Rússia, Índia e China. Alguns anos depois, juntou-se ao grupo a África do Sul, e o BRICs virou BRICS. Em janeiro deste ano, o bloco ganhou a adesão do Egito, Etiópia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irã.

Agora, na cúpula de Kazan, o Brasil impôs seu veto ao ingresso da Venezuela e da Nicarágua, proposto pela Rússia, dentro do princípio de que o bloco deve valorizar os regimes democráticos. Mas 13 países estão com pedidos formais de ingresso para formar um poderoso bloco, cujo comércio pode ignorar o dólar como moeda de troca. São eles: Cuba (uma ditadura), Bolívia, Turquia, Nigéria (que está superando o Brasil em população), Indonésia, Argélia, Belarus, Malásia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã e Uganda. Como se vê, o BRICS amplia sua influência na Ásia, na África e na América Latina e Caribe. Será um novo foro de discussões internacionais rivalizando com a travada estrutura da ONU e seus instrumentos.

Melhor seria a ONU ser reformada.

 

Fonte: Por Nuno Vasconcellos, em O Dia/JB

 

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