terça-feira, 1 de outubro de 2024

Moisés Mendes: ‘Aliados expõem Bolsonaro como estorvo e entregam sua cabeça a Gonet e Moraes’

A rejeição a Bolsonaro nessa eleição, por parte de eleitores e de parceiros de luta, é mais do que constrangedora para quem pretendia ser visto, por muito tempo, como líder da extrema direita que vinha engolindo a velha direita.

É muito mais do que ser abalado pelo desprezo de liderados. É pior do que ter a prova da desimportância da sua imagem até para o fascismo. É também mais desmoralizante do que saber que, além de não atrair votos, ele atrapalha as campanhas.

É mais complicado do que perceber que, no embate que não desiste de fazer com Lula, ele afugenta possíveis eleitores de Ricardo Nunes e de outros candidatos, enquanto Lula atrai eleitores para Guilherme Boulos e nomes das esquerdas em cidades grandes e médias.

O pior do que não significar quase mais nada e ser rejeitado é saber que, exatamente por enfrentar essa degradação, deverá ser completamente abandonado como um leão velho, sem dentes e imprestável. E que, sem a proteção dos seus, finalmente será alcançado pelo sistema de Justiça.

Bolsonaro foi escondido nos biombos das campanhas da direita. Só aparece, mais como gesto de desespero, nas propagandas de Alexandre Ramagem no Rio e de outros do terceiro time da extrema direita. Todos com chances mínimas de chegar ao segundo turno.

Candidatos que conseguiram calibrar seus reacionarismos e se posicionar bem nas pesquisas, nas grandes capitais, não querem saber de Bolsonaro por perto. Como Nunes em São Paulo e Sebastião Melo em Porto Alegre.

Não há mais, por maior que seja o esforço até de parte da grande imprensa, conexões entre sucesso eleitoral e bolsonarismo, na velha e na nova direita. Bolsonaro é um espantalho assustando eleitores fiéis e indecisos.

É nessa situação, com a imagem aos frangalhos, que Bolsonaro será associado a fracassos e não terá nenhum vínculo com eventuais vitórias da direita. É assim, sem forças, que ele pode esperar o cerco final do Ministério Público e do Judiciário.

A campanha às eleições municipais preparou uma armadilha para Bolsonaro, por expor suas fragilidades. Nenhum outro teste é mais importante hoje do que esse que o denuncia como estorvo para os seus aliados.

Bolsonaristas em busca de consolo podem dizer que na campanha de 2014, quando Dilma venceu Aécio, o PSDB tentou esconder Fernando Henrique Cardoso. Não é a mesma coisa.

FH teve a imagem depreciada pelos desastres do segundo governo, mas não se envolveu com nada parecido com o conjunto de crimes que acabou com a força política de Bolsonaro.

Não há mais o que fazer. Depois da eleição, a qualquer momento poderão bater nas portas de Bolsonaro e de todos, civis e militares, que ele puxou para o golpe e para os delitos que cometeu.

Daqui a pouco mais de um mês, antes do verão e do recesso do Judiciário, passado o segundo turno, o cenário agora esboçado estará definido. Com o abandono de Bolsonaro, ficou mais fácil para Paulo Gonet e Alexandre de Moraes.

<><> Bolsonaro decide não gravar programa de Ricardo Nunes no 1º turno

Na Band e com Jair Bolsonaro, em 20 minutos, tudo pode mudar. Mas, salvo alguma novidade, a decisão atual do ex-presidente é não gravar neste primeiro turno um depoimento pedindo votos para Ricardo Nunes.

A promessa é que a gravação ocorra no segundo turno, se a maioria das pesquisas eleitorais se confirmar no dia 6 de outubro e o emedebista avançar para a última etapa da disputa.

A propósito, Bolsonaro segue sentindo-se pouco prestigiado por Ricardo Nunes. O problema é que, se o segundo turno for contra Guilheme Boulos, tudo indica que o emedebista vá se afastar mais ainda do ex-presidente, para tentar fazer prevalecer a imagem de alguém de centro.

•        Nunes foge de perguntas, comemora casas de 18m² e se escora em coronel

O debate da Record TV com os candidatos à Prefeitura de São Paulo, realizado na noite deste sábado (28), manteve um tom civilizado, dentro do possível, e apenas viu a temperatura subir em alguns poucos momentos, mas dentro da “normalidade”. A transmissão começou com o mediador listando uma série de condições preestabelecidas com os participantes, como não sair do local onde foram colocados, não usar apelidos, não fazer acusações desrespeitosas e um rosário de outras imposições.

As mudanças são claramente uma reação ao baixíssimo nível da campanha eleitoral deste ano, sobretudo avacalhada pelo coach Pablo Marçal (PRTB), que depois de muitos xingamentos, acusações infundadas e provocações acabou agredido por uma cadeirada desferida por José Luiz Datena (PSDB) no debate da TV Gazeta, há algumas semanas.

Desde o início o coach goiano condenado por integrar uma quadrilha de fraudes a bando nitidamente estava se segurando para não vandalizar o encontro e descambar com tudo. Chegou até a chamar Guilherme Boulos (PSOL) de “Boules”, se ‘desculpando’ de forma cínica e irônica, mas acabou punido. Já Marina Helena (Novo) desfilou uma caravana de bobagens elitistas e ataques macartistas contra o candidato apoiado pelo presidente Lula, sempre fazendo dobradinha com Ricardo Nunes (MDB).

O atual prefeito, aliás, foi um dos centros do debate, sendo alvo de quase todos os candidatos. No geral, ele fugiu das perguntas e respondia a tudo com discursos desconexos e com supostos feitos de seu mandato. Foi neste momento, num dos ataques a Boulos, que ele resolveu se jactar de ter feito casas de 18m² e passou então a se escorar em seu vice, o coronel da reserva e ex-comandante da Rota Mello Araújo, um bolsonarista que quando estava na ativa assumiu abertamente que a Polícia Militar tem que abordar diferente os cidadãos que moram na periferia daqueles que vivem em bairros nobres.

Uma outra atitude que chamou a atenção foi a da candidata Tabata Amaral (PSB), que procurou de maneira mais direta antagonizar com Boulos e disparar críticas ao seu partido, o PSOL. Ela questionou o adversário de esquerda sobre sua posição em relação a temas caros ao campo progressista, como a liberação de drogas, aborto e o regime venezuelano de Nicolás Madura. Boulos procurou não polemizar e seguiu falando de propostas.

<><> E então Nunes, Bolsonaro vai indicar cargos caso você seja reeleito?

O prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), simplesmente ignorou a pergunta de uma jornalista neste domingo (28), durante debate promovido pela TV Record. Ele agiu como se ela simplesmente não tivesse tocado no assunto. E a pergunta era clara e fulminante:

“O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai indicar cargos na sua gestão?”

Nunes se limitou a defender seu candidato a vice, indicação de Bolsonaro, o coronel Ricardo de Mello Araújo.

E teve que ouvir Guilherme Boulos (PSOL), escalado para comentar sua resposta, lembrar afirmação do coronel de que a abordagem policial na periferia deveria ser diferente do que nos Jardins, região nobre de São Paulo.

Nunes tem se esquivado cada vez mais do apoio do ex-presidente. O bolsonarismo que, em outro momento, trazia votos, virou um problema. E o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Boulos, tem o efeito contrário.

Pesquisa da Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) divulgada pela Fórum neste sábado aponta que, numa mesma simulação de segundo turno, quando os eleitores são informados que Nunes é apoiado por Bolsonaro, ele cai de 41,9% para 40,5%. Boulos, por sua vez, quando o eleitor é avisado que tem o apoio de Lula, vai de 35,3% para 39%. Neste cenário, os dois ficam empatados tecnicamente.

•        PL já descarta 2º turno no Rio com Ramagem

O PL do Rio de Janeiro já perdeu as esperanças de que haverá um segundo turno nas eleições municipais da cidade, conforme reportado por Guilherme Amado, em sua coluna no Metrópoles. O partido avalia que Alexandre Ramagem, seu candidato à prefeitura, dificilmente conseguirá reduzir a larga diferença em relação a Eduardo Paes, atual prefeito e candidato à reeleição pelo PSD.

Na mais recente pesquisa de intenção de voto, Paes lidera com 59%, enquanto Ramagem aparece com 17%. Para que haja segundo turno, o candidato do PL precisaria aumentar sua popularidade em mais de 30 pontos percentuais em menos de uma semana. Diante desse cenário, integrantes do partido consideram a tarefa quase impossível.

Mesmo com o pessimismo predominante entre os aliados de Ramagem, Jair Bolsonaro (PL) pretende intensificar sua presença na capital fluminense na reta final da campanha. De acordo com fontes do partido, Bolsonaro deve participar de uma série de eventos ao lado de Ramagem entre os dias 1º e 6 de outubro, com o objetivo de alavancar o desempenho do candidato.

Apesar dessa movimentação, o clima dentro do PL é de resignação. Muitos acreditam que os esforços não serão suficientes para alterar significativamente o quadro eleitoral. A campanha de Ramagem vinha apostando em sua imagem de "outsider" e em sua trajetória como delegado da Polícia Federal, mas, até o momento, essas estratégias não se mostraram suficientes para ameaçar a hegemonia de Paes.

 

•        Em culto evangélico, Tarcísio prega contra "falsos cristos", "filhos das trevas" e "falsos profetas"

Em um momento decisivo da campanha eleitoral, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), participou de um culto neste domingo (29) na Igreja Mundial do Poder de Deus, localizada na região central da capital paulista. Acompanhado do prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), Tarcísio subiu ao palco ao lado do líder religioso apóstolo Valdemiro Santiago, onde fez um discurso direcionado aos fiéis, alertando sobre "falsos cristos", "filhos das trevas" e "falsos profetas", segundo a Folha de S. Paulo.

Durante sua fala, o governador mencionou que "estamos chegando a um momento decisivo, de pensar no futuro", e reforçou a necessidade de cautela diante de promessas falsas. Citando uma passagem bíblica, ele defendeu que “aquele que é infiel no pouco será infiel no muito”.

Tarcísio de Freitas tem intensificado sua agenda em apoio a Ricardo Nunes, buscando consolidar a base evangélica e neutralizar o crescimento de outros candidatos, como Pablo Marçal (PRTB), que também têm buscado o voto desta fatia do eleitorado. Durante o culto, o governador destacou que "os filhos das trevas são mais astutos que os filhos da luz" e que é preciso estar atento para "falsos profetas" que prometem coisas "mirabolantes".

Ao ser questionado pela imprensa sobre a possível alusão a Marçal, que disputa o eleitorado evangélico com Nunes, Tarcísio evitou a confirmação direta, mas reconheceu que 'toda campanha tem falsos profetas'. O governador também aproveitou para criticar o nível de desrespeito que considera presente na corrida eleitoral, citando que o apelido "goiabinha", atribuído a ele por Marçal, é um sinal da falta de respeito por parte do adversário. "Se a pessoa não respeita ninguém, se não consegue respeitar o mandatário do estado, com quem vai ter de ter relação, como imaginar harmonia lá na frente?", questionou.

O culto, que teve início com cerca de uma hora de atraso, foi marcado por momentos de descontração e interação entre as lideranças políticas e religiosas. Valdemiro Santiago, em sua fala, destacou a importância de orar pelas autoridades, referindo-se a Tarcísio como um "homem de Deus, que gosta de gente. Amém!"

 

Fonte: Brasil 247/Fórum

 

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