terça-feira, 29 de outubro de 2024

José Genoino: 'Fazer aliança com o centro altera o caráter do PT'

"Ter uma tática mais afiada com os novos tempos, ser mais horizontal, investir na formação e na mobilização”. É assim que o ex-deputado José Genoino, 78, descreve os caminhos que, de acordo com ele, deveriam ser seguidos pelo partido que ele ajudou a fundar, o Partido dos Trabalhadores.

Em uma conversa com a BBC News Brasil por telefone a poucos dias do segundo turno, Genoino defendeu que o PT volte à esquerda, enfatizou menos os resultados recentes do partido e mais sua resiliência. Também enviou recados.

Defendeu que a sigla faça alianças "pontuais", ao invés de se abrir mais ao centro e ao centro-direita, como têm defendido nomes como a prefeita petista de Contagem, Marília Campos.

“Sou contra fazer o aliancismo permanente, intocável. As alianças devem ser pontuais, não estratégicas”, disse Genoino.

“Fazer aliança com o centro altera o caráter do PT, e, com a direita, quem sai fortalecida é somente a direita e não o PT", acrescenta.

Para o ex-presidente do PT e parlamentar por cinco mandatos consecutivos em Brasília, o partido deve abrir um diálogo com a juventude que trabalha em plataformas e deveria até rever algumas das privatizações realizadas nas últimas décadas.

"Acho que não temos força para reestatizar, mas temos força para rever os contratos", disse ele à reportagem.

"Mas como vamos questionar o modelo neoliberal, as agências reguladoras, os preços das tarifas, [fazendo aliança com a direita]?"

Essa é uma das razões pelas quais Genoino defendeu uma mudança "profunda" no partido, que se prepara para uma troca de comando no próximo ano.

“Eu não quero curar a ferida com band-aid e esparadrapo. Eu defendo uma esquerda que adote cirurgias, mudanças estruturais."

Às vésperas de completar 45 anos, o PT viveu os quase últimos vinte anos sob turbulências.

Apesar de ter sido a sigla que mais esteve na Presidência da República, é também marcada pelos dois maiores escândalos de corrupção já revelados, além de um impeachment.

Com esse histórico, Genoino acredita que seu partido é um sobrevivente. “O PT é uma experiência vitoriosa. Passou por uma guerra e sobreviveu”, afirmou.

No entanto, ele defende que a sigla precisa “se renovar e se atualizar”, fazendo um “grande debate interno”.

Ex-guerrilheiro no Araguaia durante a ditadura, Genoino enfrentou essa “guerra” do PT na linha de frente. Era presidente do partido quando foi acusado de ter participado do esquema que ficou conhecido como “Mensalão”.

O esquema tornou-se público em 2005, após uma denúncia feita pelo então deputado federal Roberto Jefferson.

Segundo as denúncias, o PT pagava uma mensalidade aos deputados para que eles votassem a favor dos projetos que interessavam ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva entre 2003 e 2004.

O escândalo respingou em muitos políticos, mas colocava o então chefe da Casa Civil, José Dirceu, como líder do esquema.

O Mensalão só começou a ser julgado pelos ministros do Supremo Tribunal Federal em 2012, e, até hoje, é o mais longo julgamento da corte, tendo durado um ano e meio.

Genoino, assim como outras 23 pessoas, dentre elas o ex-ministro José Dirceu, foi condenado. Passou um ano e meio no complexo da Papuda, em Brasília, deixando a prisão em 2014, ano em que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) foi reeleita.

No ano seguinte, sua pena - que ainda estava sendo cumprida em casa - foi extinta pelo STF com base em no decreto de indulto assinado por Dilma Rousseff.

O indulto previa perdão aos condenados que cumpriam pena em regime aberto ou prisão domiciliar, mas que já tivessem cumprido ao menos um quarto da pena e faltassem até oito anos para o cumprimento total.

Apesar de livre da pena, Genoino seguiu recluso onde sempre viveu, no bairro do Butantã em São Paulo, e assim permaneceu por anos.

Naquele momento, o PT mergulhava em uma nova crise: a Operação Lava Jato, que revelou esquemas de corrupção envolvendo a Petrobras. O PT quase teve seu registro cassado pelo Supremo, e Lula acabou preso em 2018.

No ano em que o mensalão ganhou as manchetes dos jornais, o então presidente da sigla, Tarso Genro, chegou a defender que o PT fosse refundado, proposta rapidamente rechaçada pelos controladores do partido.

“Você não refunda um partido com 40 anos de vida e muitas vitórias", disse Genoino. “A última pessoa que falou em refundar o PT deu com os burros n’água."

Direitos dos entregadores

Genoino chegou no PT por meio do Partido Revolucionário Comunista (PRC), uma organização política marxista que funcionava como uma espécie de um partido autônomo ali dentro. Era uma ala bastante radical, mas que se dissolveu poucos anos após a fundação do PT, em fevereiro de 1980.

Participar de alguma corrente é um direito estatutário do PT. Assim, com o fim do PRC, Genoino foi um dos fundadores da Democracia Radical, tendência que perdura até hoje, mas nem de longe é a ala mais à esquerda do PT.

Ela faz parte do campo majoritário do partido, junto à antiga Articulação Unidade na Luta, hoje chamada Construindo um Novo Brasil (CNB), conhecida por ser mais moderada e abrigar grandes nomes do partido.

Na Câmara dos Deputados, seus mandatos ficaram marcados pela defesa das mulheres e das pessoas LGTBQ+.

Hoje, defende a pauta dos trabalhadores de plataformas de entrega e motoristas de aplicativos.

“Essa classe trabalhadora tem que ter direitos, como previdência e proteção de jornada”, disse.

Ao ser perguntado se o governo Lula está obsoleto em relação a essa classe de trabalhadores, não assentiu. Mas também não negou. “O governo está deixando passar uma oportunidade ao deixar de regularizar [essa categoria]”.

Em março deste ano, Lula assinou um projeto de lei que propõe um pacote de direitos para motoristas de aplicativos, na tentativa de cumprir uma promessa de campanha.

A proposta inclui auxílio-maternidade, contribuição ao INSS, representação por sindicato e pagamento mínimo por hora de trabalho. No entanto, o texto ainda tramita na Câmara dos Deputados em meio a protestos da categoria e resistência do Congresso.

“Quais são os direitos mínimos que essa juventude tem que ter? Temos que discutir isso. Como dialogar com essa juventude que está com a vida precarizada se a gente não defende direito nenhum?”

O debate sobre os trabalhadores plataformizados, categoria impulsionada pela pandemia, começou a entrar na agenda da esquerda somente agora.

Na reta final do segundo turno, Guilherme Boulos (PSOL) escreveu uma “carta ao povo de São Paulo”, em que reconhece que a esquerda deixou de falar com a mulher “que foi abrir seu salão, vender salgados na garagem de casa ou na porta do metrô”.

Na mesma linha, o documento menciona o jovem “que financiou uma moto e foi trabalhar sem parar e sem nenhuma proteção”, e cita também o motorista de aplicativo "que pega um carro e dirige a cidade toda".

“A Prefeitura de São Paulo vai reconhecer o seu esforço e te oferecer oportunidades”, dizia a carta.

A atitude de Boulos remete a 2002, quando Lula escreveu uma “carta ao povo brasileiro”, se comprometendo com o mercado financeiro a honrar as dívidas e os contratos nacionais e internacionais do Brasil.

Naquele ano, Lula foi eleito para o seu primeiro mandato. Boulos não teve o mesmo caminho, sendo derrotado por Ricardo Nunes (MDB) no domingo (27/10).

"Apoio crítico"

Após muito tempo em silêncio, os últimos anos têm sido de retomada da militância pública por Genoino, e mais à esquerda do que nos anos em que comandou a legenda, no começo dos anos 2000, no primeiro governo Lula.

Nesta eleição, esteve presente em diferentes agendas, desde São Paulo, passando pelo Rio de Janeiro e indo até seu Estado natal, o Ceará.

Longe das redes sociais, diz não ter nem WhatsApp "graças a Deus". Para ele, a militância na rua é tão importante quanto o debate interno. "O PT tem que estar com um pé na rua e outro na institucionalidade".

“Estou feliz e entusiasmado”, afirmou ele à reportagem, após contar que vinha de um encontro com alunos da PUC São Paulo em que falou sobre a Constituição de 88, tema de seu novo livro Constituinte - avanços, herança e crises institucionais (Kotter Editorial), escrito com Andrea Caldas.

E citou uma frase, atribuindo a um “filósofo francês”, que tem sido recorrente em suas falas públicas. “A prática da felicidade torna-se subversiva quando ela é coletiva.”

Genoino fez questão de cravar seu “apoio crítico” ao presidente Lula, que, para ele, faz um governo “de centro-esquerda com alianças à direita”.

A própria aliança com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), com quem Genoino disputou o governo de São Paulo em 2002 e perdeu no segundo turno, foi criticada.

Encerrando a conversa, fez questão de dizer que não quer "cargos e nem disputar a eleição", embora seu tempo de inelegibilidade já tenha terminado.

"O sentido da minha vida é ser revolucionário.”

 

¨      Boulos: "Recuperamos a dignidade da esquerda"

Derrotado no segundo turno na disputa pela prefeitura da cidade de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) conversou com militantes da esquerda logo após a confirmação do resultado que consagrou mais um mandato para Ricardo Nunes (MDB).

Em sua fala, Boulos afirmou que a sua campanha conseguiu resgatar o contato com o povo. "A gente não ganhou essa eleição, faz parte, eleição se perde, se ganha, o que a gente não perde é a nossa dignidade. Essa eleição, por mais que a gente tenha perdido na urna, a gente teve uma vitória importante, que foi recuperar a dignidade da esquerda, daquilo que a gente acredita, de olho no olho, de ir com o povo na praça pública, falar com as pessoas", iniciou.

Em seguida, o candidato do PSOL revelou não estar triste com o resultado da eleição. "Eu tenho certeza que o futuro é nosso. Eu não estou triste... lógico que a gente queria ganhar, a gente lutou com unhas e dentes para ganhar e é assim que tem que ser... a gente sabe o que a derrota significa para o nosso povo, não para nós, pro nosso povo: pra quem está debaixo da ponte, pra quem está sofrendo nessa cidade, pra quem vai ter que aguentar mais quatro anos de descaso, mas independente da nossa vontade de querer ganhar, eu tenho a convicção de que a gente fez tudo que precisava fazer [...] a gente foi de cabeça erguida e não abrimos mão dos nossos princípios", disse.

No término de seu discurso, Boulos afirmou que há uma batalha em curso contra a extrema direita e que será necessário se voltar para as periferias e fazer com que a esquerda se reconecte com o povo.

"Estamos em uma disputa brutal com a extrema direita, que é histórica, que não é só aqui, é no mundo inteiro, e o caminho que a gente vai ter que seguir nos próximos anos pra reeleger o nosso presidente Lula em 2026, para que a gente consiga livrar o Brasil do atraso, vai ser o caminho de ir pro povo, ir pras periferias e falar com franqueza e sinceridade com as pessoas", concluiu Boulos.

¨      Qual o futuro político de Boulos?

O atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) derrotou o adversário Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno da disputa à Prefeitura de São Paulo e poderá ficar mais quatro anos no cargo da maior cidade do país. O resultado confirmou a tendência já vista nas pesquisas eleitorais durante todo o segundo turno.

Com 93,5% das urnas apuradas, Nunes obteve 59,55% dos votos válidos (3,1 milhões) e Boulos, 40,45% (2,1 milhões) - número semelhante ao que candidato do PSOL tinha obtido há quatro anos, quando disputou o mesmo cargo.

O candidato psolista perdeu em quase todos os bairros da capital, incluindo regiões periféricas que tradicionalmente votavam na esquerda.

"O fato de Boulos ter perdido no extremo da Zona Leste foi a grande novidade destas eleições. Essa é uma área que tradicionalmente a esquerda vencia", avalia Sérgio Simoni Jr., professor do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP).

Boulos também perdeu no distrito do Campo Limpo, onde mora, na Zona Sul.

"A vitória do Boulos era muito difícil. Marçal, que ficou em terceiro lugar com mais de 1,7 milhão de votos, era um cara que estava à direita, então a migração de votos mais lógica realmente era para Nunes", acrescenta o professor.

Boulos enfrentou forte rejeição durante toda a campanha. Na última segunda-feira, 21, na reta final, Boulos publicou uma carta "ao povo de São Paulo", semelhante ao gesto de Lula na campanha de 2002. No texto ele reconhece que a periferia mudou e busca apoio dos pequenos empreendedores.

"Você, mulher, que foi abrir seu salão, vender salgados na garagem de casa ou na porta do metrô, sabe disso. Você, jovem, que financiou uma moto e foi trabalhar sem parar e sem nenhuma proteção, sabe disso. Você que pega um carro e dirige a cidade toda como motorista de aplicativo sabe disso. Muitas vezes nós deixamos de falar com vocês", escreveu.

As discussões no segundo turno ganharam um novo tema explorado por Boulos contra Nunes: um apagão causado por fortes chuvas que atingiram a cidade no dia 11 de outubro, que deixou mais de 2,6 milhões sem energia elétrica, na capital e em outras cidades do estado.

Boulos usou seu espaço em debates e na propaganda eleitoral para criticar Nunes por não cuidar da zeladoria e deixar de fazer a poda das árvores na capital paulista, o que teria prejudicado ainda mais a retomada da distribuição de energia.

Já Nunes rebateu e tentou compartilhar a culpa com o governo federal, já que a concessão para distribuição de energia elétrica na cidade, operada pela empresa Enel, é dada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), e caberia à Aneel a punição à empresa ou eventual suspensão do contrato.

O assunto esfriou na última semana, sem grandes mudanças no resultado das pesquisas.

<><> Qual é o futuro de Boulos?

Boulos é tido como uma das maiores lideranças da esquerda no país e visto como um dos possíveis sucessores do presidente Lula, que o apoiou durante a campanha deste ano, segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil.

Ele já foi candidato à Presidência da República em 2018, junto da vice Sonia Guajajara (hoje ministra dos Povos Indígenas) e terminou a corrida em décimo lugar, com 617 mil votos.

No mesmo ano, estava no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo nos dias que antecederam a prisão de Lula, em 2018, em defesa ao presidente.

Em entrevista à BBC News Brasil no mesmo ano, defendeu que "quando uma ordem é injusta, a resistência é legítima". Em seu último discurso antes da prisão, Lula o elogiou e comparou sua história à dele.

Em 2020, lançou-se candidato a prefeito de São Paulo pela primeira vez, formando chapa com a vice e ex-prefeita Luiza Erundina (também do PSOL) e chegou ao final com 40,6% dos votos válidos (ou 2,1 milhões), derrotado por Bruno Covas (PSDB).

Em 2022, o psolista foi o deputado federal eleito com mais votos em São Paulo, com o apoio de mais de 1 milhão de eleitores. Naquele ano ele cogitou disputar o cargo de governador, mas desistiu para buscar uma unidade de esquerda no estado. O PT acabou lançando Fernando Haddad, que terminou em segundo lugar, com 44,73% dos votos.

"Apesar de todo o tempo de TV, recurso do fundo partidário e um arco de aliança que contava até com Geraldo Alckmin, Boulos foi rigorosamente o mesmo de 2020. Não houve avanço no sentido de furar a bolha do eleitorado. Esse resultado mostra que o chamado campo de esquerda, na cidade de São Paulo, é mais amplo quando se fala em eleição presidencial, e mais conservador quando se fala em eleição municipal", diz o cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas (EAESP-FGV) Marco Antonio Carvalho Teixeira.

Teixeira acredita que, ainda assim, o resultado pode ajudá-lo em outras disputas.

"Ele desponta como a nova liderança capaz, inclusive, de ambicionar, não no curto prazo, e dependendo do vazio que vai ser deixado pelo Lula, um projeto de envergadura maior, que pode ser, inclusive, uma candidatura à Presidência da República."

Para o professor de Estratégia de Comunicação Política da FESPSP (Escola de Sociologia e Política de São Paulo) Beto Vasques, os resultados demonstram que a história de Boulos se aproxima cada vez mais da de Lula.

"O Boulos, como a própria Marta Suplicy reconheceu no ato final da campanha, é o herdeiro. Ele continua sendo, e talvez o que o destino esteja mostrando é que a sina de herdeiro é mais parecida com a do 'pai', Lula, do que se imaginava. Todo mundo achava que talvez ele tivesse a vida mais fácil pelo caminho que o Lula tinha trilhado, mas talvez ele acabe seguindo uma trilha muito parecida, com sucessivas derrotas ao executivo antes de ter a primeira vitória."

Vasques diz que Boulos se forjou como uma liderança de esquerda "altamente reconhecida" por sua capacidade de articulação.

"Embora as pessoas tentem colocar a pecha de sectário, ele tem se mostrado, assim como Lula, alguém muito hábil na negociação, no diálogo. Quando estava no MTST, como líder do movimento ele se especializou em negociar com os policiais, com o governador, com a Secretaria de Habitação. As ocupações [feitas pelo movimento social liderado por Boulos] eram para abrir espaço na mesa de negociação. Assim como Lula, ele nunca fez guerra para tensionar a corda e arrebentar, mas sim abrir diálogo e compor."

Outro trunfo do psolista, segundo Vasques, foi apontar um rumo para a esquerda ao sinalizar para os pequenos empreendedores durante a campanha, ato reforçado na última semana com a carta aos paulistanos.

"O campo progressista, como um todo, historicamente, tem muita dificuldade de entender os empreendedores. Boulos falou que é preciso compreender quais são as dores e demandas desses trabalhadores."

Daniela Costanzo, doutora em Ciência Política pela USP, pesquisadora do Cebrap e da Sciences Po, afirmou que o papel da vice de Boulos, Marta Suplicy, e do PT, não foi muito relevante para o desempenho do candidato.

Isso pode ser visto, segundo Constanzo, como um problema da articulação do PT com PSOL e com a campanha de Boulos.

Ela avalia que o PT nacional não se engajou muito nas campanhas municipais, não teve muita coordenação e nem teve grande apoio do presidente Lula ou de outras figuras do partido envolvidas no governo. "Há uma certa desarticulação, que também refletiu na campanha de Boulos."

"Como as pessoas votam em uma eleição municipal é diferente de como votam pra presidente ou deputado, por exemplo. É uma eleição que expressa bastante comodidade. Em todo o Brasil houve a maior taxa de reeleição e São Paulo expressa isso também. Não acho que a rejeição alta a Boulos seja só rejeição à esquerda. Tem uma rejeição ligada à figura dele, mas também de não mudar, de um contexto municipal."

Ela também diz que é preciso olhar mais para o eleitor de classe média como forma de reduzir a rejeição.

"Desde o lulismo a gente tem uma divisão eleitoral em que as categorias de pobre e rico operam. Muitas pessoas, a partir de três salários mínimos, já não se identificam mais como eleitores pobres. Se o discurso da esquerda é muito voltado aos eleitores mais pobres, essas pessoas podem se identificar mais com candidatos dos mais ricos. Quando o Boulos fala muito de moradia popular, um tema que ficou muito associado a ele, essa parcela do eleitorado acaba não se identificando."

 

Fonte: BBC News Brasil/Fórum

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário