Eduardo Vasco: ‘Brasil não agiu apenas
contra a Venezuela, mas contra todo o “Sul Global”’
Os jornais da direita
(seus inimigos, mas em quem Lula e o governo confiam mais do que em seus
aliados históricos) citam fontes anônimas no Itamaraty dizendo que o Brasil foi
“essencial” para barrar a entrada da Venezuela como parceiro oficial dos BRICS.
O Brasil não foi
“essencial”, foi única e exclusivamente ele quem barrou a Venezuela. Há muito
tempo havia um consenso sobre o convite à Venezuela e o único que se opôs, no
frigir dos ovos, foi o governo brasileiro. Como as decisões fundamentais do
bloco são sempre por consenso, se há um único divergente a proposta não é
adotada.
Na verdade, o Brasil
se isolou. Mas falo sobre isso daqui a pouco.
Foi um crime a postura
brasileira. Um golpe nos princípios da esquerda, de Lula e do PT. Foi também
contra os próprios princípios declarados da diplomacia brasileira, que
supostamente prega a não intervenção na política interna de outros países. Mas
o voto contra a Venezuela foi uma intromissão nos assuntos venezuelanos, como
se Maduro tivesse alguma obrigação de prestar contas ao Brasil ou a qualquer
outro país sobre as eleições venezuelanas – decididas, como ocorreu, pelo povo
venezuelano.
Tanto o “veto” à
Venezuela como a razão deste foram um golpe também nos princípios dos BRICS. O
bloco não integra países em virtude de sua política interna, mas sim de suas
aspirações internacionais. E a Venezuela compartilha das aspirações
fundamentais declaradas por todos os países do bloco – mais do que outros
países a cuja entrada o Brasil não se opôs.
Lula já falou tanto em
acabar com as sanções unilaterais dos Estados Unidos contra a Venezuela, porque
elas são o principal motivo da devastação econômica do país, levando à escassez
de produtos e serviços básicos e à emigração de tantos venezuelanos.
Pois bem, os BRICS
poderiam reduzir significativamente os efeitos nefastos dessa guerra econômica
imposta pelos EUA à Venezuela há mais de dez anos. O acesso de Caracas aos
BRICS como parceiro facilitaria a sua integração econômica com seus membros,
possibilitaria elevar exponencialmente o volume de investimentos e recuperar o
país, econômica e mesmo politicamente. A estabilização da economia conduziria à
pacificação política, ao menos relativa, pois diminuiriam as tensões políticas
e sociais. Não é justamente nisso que o presidente Lula aposta internamente?
Se Lula e o governo se
preocupam com a situação dos direitos humanos no país vizinho, seria uma
obrigação integrar a Venezuela nos BRICS. As causas principais da violação dos direitos
humanos dos venezuelanos são a guerra econômica e as tentativas sucessivas de
golpes de Estado, que empobrecem o povo e geram uma onda de violência.
Os BRICS poderiam
concretizar aquilo que o presidente Lula limita apenas ao discurso. Fica muito
feio para o Brasil, pois parece que tudo o que dizemos ao mundo não passa de
demagogia barata.
E aqui chegamos à
questão do isolamento do Brasil. Além de ser o único que se opôs à inclusão da
Venezuela como país parceiro, também evidenciou que é contrário à rápida
expansão dos BRICS. Assim como no caso da Venezuela, isso denota uma
subserviência do governo brasileiro aos interesses dos Estados Unidos, que não
querem a expansão do bloco – muito pelo contrário, querem o seu
enfraquecimento, enxugamento e destruição.
Muito bem. Ao tentar
agradar os Estados Unidos, o governo brasileiro queima o próprio filme com
todos os cerca de 40 países que estão ansiosos para entrar nos BRICS – além das
dezenas de outros que também querem se alistar. É uma ação contrária ao “Sul Global”,
termo que o próprio presidente tem utilizado, buscando se apresentar como um
líder dessa maioria mundial.
Todos esses países
certamente começam agora a ver o Brasil como um parceiro não muito confiável,
que diz uma coisa e faz outra.
Por último, uma
aspiração histórica do Brasil é ser membro permanente do Conselho de Segurança
das Nações Unidas. Típico de um setor mais avançado da burguesia nacional – o
outro é abertamente capacho e não quer o Brasil no meio dos grandes. Aquele
setor acha que é possível entrar no clube da elite, fazer parte dele de igual
para igual, porque o mundo é justo.
Ultimamente, o governo
Lula tem indicado que já não acha o mundo tão justo assim e exige uma reforma
para que o Brasil possa entrar no clube. Entendendo que um exemplo dessa
injustiça é o poder quase despótico do Conselho de Segurança da ONU, o
presidente quer o fim do poder de veto nas decisões da cúpula. Já criticou os
vetos exercidos por Rússia e Estados Unidos.
No entanto, acaba de
vetar, sozinho, a parceria oficial da Venezuela com os BRICS. Fez o que tanto
tem criticado os outros de fazer.
Essa não é uma
política soberana, independente, não-alinhada. É um pseudonacionalismo barato
que às vezes beira o chauvinismo. Como costuma ocorrer com os chauvinistas,
esse jogo está a serviço de uma terceira força, um poder imperialista.
Durante a campanha, em
2022, Lula disse que a política externa brasileira “nunca permitiu que a gente
falasse grosso com a Bolívia ou com o Uruguai, ou qualquer outro país pequeno;
mas também nunca permitiu que falasse fino com os EUA”. Isso não é bem verdade,
porque em governos lacaios dos EUA o Brasil até enviou tropas como bucha de
canhão para a República Dominicana (1965), ou para o Haiti, em pleno Lula 1.
Mas ele quis dizer que
a diplomacia “ativa e altiva” de seu governo não lhe permitiria adotar dois
pesos e duas medidas a depender da envergadura do país em questão. Porém, está
contradizendo essa norma ao tratar a Venezuela do jeito que está tratando.
Isso pode até dar a
impressão de que está impondo a sua vontade aos outros. Quando, na verdade, se
está agindo como procurador de um outro país.
¨ Por que o Brasil não deve vetar o ingresso da Venezuela no
BRICS, argumenta Marcelo Zero
Muitos irão discordar,
é claro, mas não gosto do governo Maduro.
Em primeiro lugar, me
parece que Maduro é uma liderança que dista muitíssimo da estatura política de
Hugo Chávez.
Em segundo, creio que
o governo de Maduro afastou-se bastante dos ideais profundamente democráticos
da revolução chavista. Uma revolução que implodiu o pacto político oligárquico
de Punto Fijo e investiu fortemente na participação popular e em um sistema
eleitoral moderno. Essa foi uma decisão do povo da Venezuela, a qual quedou
inscrita na nova constituição daquele país. Não foi uma imposição de alguma
potência extrarregional.
Entretanto, os
resultados metafísicos e as atas fantasmagóricas das últimas eleições levantam
a forte suspeita de que o pleito foi fraudado, em clara violação da
constituição chavista e em confronto com os Acordos de Barbados.
Em terceiro, após a
ampla dúvida sobre os resultados das últimas eleições, o governo Maduro passou
a ter um efeito disruptivo na integração regional, rompendo relações com vários
países da região e agredindo governos aliados, que buscavam uma solução negociada,
como o de Lula e o de Gustavo Petro. O procurador-geral da Venezuela chegou ao
cúmulo de acusar Lula de ser um “agente da CIA”.
Sem dúvida, o governo
Maduro tornou-se pouco confiável e traiu o apoio que o Brasil e vários outros
países depositaram nos famosos Acordos de Barbados.
Apesar de tudo isso, e
não é pouca coisa, defendo a ideia de que o Brasil não deva vetar o ingresso da
Venezuela no BRICS.
Por quê?
Pelas mesmas razões
que defendo que o Brasil não deva romper relações com Israel.
Assim como Israel não
deve ser confundido com o governo de Netanyahu, acusado de genocida, a
Venezuela, um importante vizinho nosso, não pode ser confundida com o
desastroso governo de Maduro.
Relações diplomáticas
se dão entre países e Estados, com base em seus interesses de longo prazo. Por
conseguinte, as idiossincrasias políticas e ideológicas de governos específicos
têm de ser abstraídas, nos cálculos estratégicos.
Talvez não se possa
confiar em Maduro, mas pode-se confiar inteiramente no fato de que a Venezuela
tem cerca de 2,200 quilômetros de fronteira conosco e vários problemas que
demandam soluções comuns e coordenadas, como o do fornecimento de energia, o
desenvolvimento das áreas fronteiriças e a questão migratória.
Também pode-se confiar
inteiramente no fato de que as sanções draconianas impostas pelos EUA a esse
país prejudicam a população inocente da Venezuela, constituindo-se em punição
coletiva inadmissível, e prejudicam o potencial de sinergia entre a economia
brasileira e a venezuelana.
Saliente-se que, em
2007, tivemos nosso maior saldo comercial com a Venezuela. Hoje, após a
crise e o rompimento das relações diplomática entre Brasil e Venezuela, na
época de Bolsonaro, perdemos muita presença naquele país. A China e outros
países possuem, hoje, presença muito maior em Caracas.
Também podemos contar
com o fato de que a maior parte da oposição venezuelana também não é muito
confiável, e tampouco demonstra ter compromisso efetivo com a democracia.
Nessas circunstâncias,
o investimento em retaliações e isolamento nos parece contraproducente, tanto
para os interesses maiores da Venezuela quanto para os interesses do
Brasil.
O que o Brasil
ganharia com a não entrada da Venezuela no BRICS? Creio que nada. À esquerda,
com tal veto, o Brasil se desgasta, pois assume atitude antipática e um tanto
autoritária, semelhante à dos EUA e aliados, que insistem em sanções, vetos,
mudanças de regime, intervenções militares etc.
À direita, o simples
veto não é suficiente. O que a direita quer é o que Bolsonaro fez: romper
relações com o governo de facto da Venezuela e reconhecer um governo fictício
(o de González Urrutia), o Juan Guaidó 2. Assim, não se ganha nada com o veto e
ainda se assiste ao desgaste na imprensa reacionária, a qual dá amplo destaque
ao imbróglio e às diferenças de posição entre Putin e Lula.
O Brasil precisa,
mesmo nas atuais circunstâncias difíceis, insistir em negociações e na
cooperação. Não há alternativas racionais.
A entrada da Venezuela
no BRICS, além de fortalecer o grupo multipolar com a maior reserva de
hidrocarbonetos do mundo, poderia possibilitar a redução do impacto de algumas
sanções, que tanto dano causam à população da Venezuela.
Alguns setores mais
conservadores do Itamaraty veem esse veto como uma vitória da “corporação”, em
detrimento de posições menos “centradas”.
Discordo. Tal veto, se
mantido, será uma derrota da nossa tradição diplomática.
O Brasil, soft
power por excelência, destaca-se por sua capacidade de dialogar e
cooperar. Destaca-se por sua atitude sempre propositiva e positiva, no cenário
mundial. Não vetamos, não sancionamos, não intervimos. Praticamos o que
os nossos princípios constitucionais determinam. Investimos em multipolaridade,
em multilateralismo, e na paz Nossa tradição é a de Rio Branco. Não é a de
Theodore Roosevelt. Não carregamos um Big Stick. O fracasso
das negociações é uma derrota da paz e da racionalidade.
Claro está que a
reação ensandecida do governo Maduro de acusar o Brasil de traição e de
comparar Lula com Bolsonaro é ridícula. Quem traiu, por diversas vezes, a
confiança do Brasil foi Maduro.
Contudo, o Brasil,
país líder do nosso subcontinente, tem de ser maior que isso. No quadro da nova
Guerra Fria, com suas sanções, vetos, tentativas de isolamento, conflitos
internos exacerbados etc., a melhor aposta continua ser a do diálogo, a da
inclusão e a da paz.
Na realidade, é a
única que poderia impedir a expansão de conflitos extrarregionais para nossa
região, um ganho geopolítico significativo.
Ainda há tempo de
rever a posição, num quadro de expansão parcimoniosa, porém inevitável do
BRICS.
Afinal, como disse
Voltaire: A tolerância nunca foi causa de guerra civil; ao contrário, a
perseguição cobriu a terra com sangue e carnificina.
¨
Maduro quer riscar o
Brasil do BRICS. Por Alex Solnik
A Venezuela já tachou
Lula de espião da CIA, de mentir sobre o acidente em que bateu a cabeça e agora
Maduro disse que o B de BRICS não é de “Brasil”, e sim de “Bolívar”, c 247ujo
herdeiro, é claro, é ele mesmo.
Trata-se de três
declarações sem nenhuma conexão com a realidade. E muito mais graves e
caluniosas do que todas as ofensas de Bolsonaro somadas.
Maduro não precisava
dizer mais nada para confirmar a suspeita de que o plano de Putin é elevar a
Venezuela a líder da América Latina, e rebaixar o Brasil a coadjuvante, por um
motivo geopolítico evidente: o Brasil não tem as reservas de petróleo da Venezuela,
nem a Rússia tem joint-ventures com a Petrobras e sim com a PDVSA.
E também porque é mais
fácil manter sob controle um país mergulhado na miséria (embora rico em
petróleo e outros minérios) que sempre precisa da sua ajuda do que um país
cujos indicadores econômicos têm melhorado desde a ascensão de Lula e tendem a
continuar melhorando.
Maduro voltou de Kazan
falando grosso contra o Brasil porque tanto ele quanto Putin não só querem que
a Venezuela entre no BRICS; querem riscar o Brasil do BRICS.
¨ Venezuela: tirem as crianças e a política da sala. Por Walter
Pomar
Não bastasse a
realidade, que já é dura...
Não bastassem as
divergências, que já são enormes...
Ainda temos que lidar
com os adeptos da teoria da conspiração.
Estes tipos abundam na
direita.
Mas há exemplares
também na esquerda.
Um deles é o
procurador-geral do Ministério Público da Venezuela.
A mais recente deste
cidadão viralizou nos meios brasileiros, o procurador-geral do Ministério
Público da Venezuela acusou - sem apresentar evidências – que o presdente Lula
forjou a queda para não ir à Rússia...
Sabendo que contra
certos argumentos não há fatos, me limito a dizer o seguinte: Lula se feriu, o
ferimento foi grave e ele não pode viajar para participar da cúpula dos BRICS.
A ausência de Lula
causou prejuízos para o Brasil, que teria podido ter maior protagonismo na
reunião de Kazan.
Além disso, a ausência
de Lula pode ter contribuído para o incorreto tratamento dado à Venezuela.
Afinal, mesmo sabendo
que em última instância foi dele a orientação de vetar a presença da
Venezuela, acho possível que - tendo em vista o que sei acerca do motivo do
veto -, se Lula estivesse fisicamente presente, poderia ter dado outro
encaminhamento para a questão.
Neste sentido, é
duplamente lamentável que Lula não tenha podido estar na cúpula dos BRICS.
E é totalmente errada
- do ponto de vista de quem defende a integração regional - a posição adotada
pelo Brasil sobre a Venezuela. Adotada não apenas por Sabóia-o-sherpa, não
apenas por Celso Amorim, não apenas pelo Itamaraty, mas pelo governo brasileiro.
Isto posto, acreditar
que Lula forjaria um acidente para faltar em Kazan, mesmo tendo como efeito
colateral sua ausência na reta final das campanhas eleitorais no Brasil, é
transferir o debate da política para o plano do teatro bizarro.
Entendo que alguns
setores da Venezuela, ao analisar o ocorrido, apelem para o alívio cômico. A
situação está tão ruim, que é necessário fazer piada com a própria desgraça
(tipo o cara estar caindo de um prédio e dizendo, ao passar voando pelo sexto
andar, "até aqui, tudo bem").
Mas difundir teorias
conspiratórias nos conduz a abandonar o debate político, com suas pressões,
opções e inflexões.
O problema real é o
seguinte: na maioria dos países latinoamericanos e caribenhos onde a esquerda
governa, estamos passando por grandes problemas.
No Brasil, a situação
é conhecida.
Na Venezuela, além das
sanções do império, a oposição chegou bem perto de ganhar.
Em Cuba, o cerco do
império, somado à outras variáveis, está criando situações cada vez mais
terríveis.
O cerco também está
presente na Nicarágua, servindo de argumento para uma situação em que o
"extraordinário se torna cotidiano", mas não no sentido utilizado por
Che.
Na Bolívia,
aprofunda-se o conflito entre os diferentes setores da esquerda.
Na Colômbia, o
presidente tem falado publicamente que há um golpe em marcha.
No Chile, apesar de
todas as ginuflexões do atual presidente, tudo indica que a direita vai ganhar
as próximas eleições.
Em Honduras, a pressão
é crescente.
À exceção do México
(e, esperamos, de outros países que venhamos a conquistar, como o Uruguai, onde
teremos eleições neste domingo 27 de outubro), o quadro onde somos governo na
América Latina e Caribe é muito difícil.
E, para complicar o
que já é difícil, as relações entre os governos de esquerda e progressistas da
região não estão, ao menos até aqui, contribuindo para melhorar a situação.
Sendo assim as coisas,
quem quiser ajudar a resolver o problema, tem que começar enfrentando a questão
com a seriedade que merece.
O estilo Tarek William
Saab é, deste ponto de vista, um completo desserviço. Adotado, melhor tirar as
crianças da sala. E pedir que elas levem junto a política.
¨
Maduro volta a
provocar Lula: 'Brics se escreve com B de Bolívar'
O presidente
venezuelano, Nicolás Maduro, lançou uma nova provocação ao presidente Lula,
após o governo brasileiro, segundo os relatos da mídia, ter vetado o ingresso
de Caracas no bloco de países emergentes Brics.
"Brics se escreve
com B de Bolívar. O Brics", disse Maduro após desembarcar de Kazan, na
Rússia, onde participou da cúpula do bloco.
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Maduro diz que discutiu com Putin cooperação energética e militar
O presidente
venezuelano Nicolás Maduro disse que discutiu questões de cooperação, incluindo
nos setores de energia e defesa, com seu colega russo, Vladimir Putin, à margem
da Cúpula do BRICS em Kazan.
"Discutimos com o
presidente Putin os esforços para o desenvolvimento abrangente de nossa
cooperação, inclusive nos setores de energia e defesa", disse ele em uma
entrevista ao jornalista Pavel Zarubin, que foi publicada em seu canal no
Telegram.
"As sanções
criminosas impostas pelos Estados Unidos à Venezuela e à Rússia são herança do
mundo passado, onde os países ocidentais buscam dominação, manipulação da
liberdade, manipulação com o uso do dólar para impedir o movimento
progressivo", disse ele.
Maduro foi a Kazan
para participar da Cúpula do BRICS, de 22 a 24 de outubro. Ele se encontrou com
o presidente russo Vladimir Putin em 23 de outubro e discursou na sessão
plenária no formato BRICS Plus.
Fonte: Sputnik
Brasil/Brasil 247
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